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A' Cerca de Coimbra


Quarta-feira, 30.03.16

Coimbra, venda de vinho 1

As vinhas cresciam no aro citadino … Do vinho colhido nos «olivais da cidade», precisamente na área até onde o guardador da cidade estendia a sua vigilância, os «piães» pagavam a oitava parte ao monarca.

Para vender este vinho – e certamente outro, proveniente dos direitos reais – estavam reservados três meses de relego, a começar em 2 de Novembro. Neste tempo nenhum vinho da cidade ou de fora podia ser vendido atabernado sem avença ou licença de quem superintendia neste direito real ou o trazia arrendado. O vinho de fora «de qualquer parte e sorte», podia livremente ser vendido mediante o tributo, a favor do relego, de um almude por carga maior e meio almude por carga menor, quando as partes contratantes não pudessem ou quisessem fazer avença.

O relego destinava-se exclusivamente a vender na cidade o vinho de el-Rei.

… Passados os três meses do relego, ou acabado de vender o vinho dos oitavos, «o povo e moradores da cidade» podiam livremente transacionar o seu. O que acontecia, por vezes, pouco tempo depois de aberta «a casa e adegua do relego»

… O relego régio excluía a venda do vinho dos cidadãos durante três meses. Mas os governadores da cidade, como proprietários, souberam criar um relego da cidade durante quatro meses, no tempo em que o vinho tinha boa venda, para os moradores «averem algum proveyto de suas novydades».

 

... Pela foz do Mondego exportava-se vinho, provavelmente, pelo menos na época romana … as vinhas estão referenciadas por Edrisi.

Nos meados do século XIV Coimbra exportava-o pelo porto de Buarcos.

 

… Uma parte do vinho gasto pela população citadina era fornecida pelos proprietários conimbricenses ou do termo, diretamente, ou através dos regatões. Mas estes tinham de ir buscar mais longe o que faltava para satisfazer a procura quotidiana. A tarefa aparece confiada … a barqueiros … O que não excluía o transporte por terra … Em 24 de Novembro de 1574, encontramos a Câmara a almotaçar o «vinho de regatia e o que vem de fora de carretos» … O vinho transportado pelo Mondego podia estar sujeito a fiscalização antes de ser metido na cidade … Em Maio de 1611 a Câmara determinou o registo das pipas transportadas nas barcas, rio abaixo, tanto dos obrigados à cidade como dos que compravam vinho na Beira e o traziam pelo rio.

… Algumas fontes dos princípios do século XVII mostram-nos que semelhantes fornecimentos, nesta época, eram praticados em regime de monopólio. Com efeito, em Dezembro de 1610, por exemplo, treze barqueiros, todos moradores na cidade, obrigam-se a vender vinho atabernado, durante um ano, aos preços assinalados no contrato. Mas só eles, além dos proprietários, vendeiros e estalajadeiros o podiam fazer … Em Julho de 1614 deparam-se-nos nove indivíduos, de que pelo menos oito são barqueiros, a assumirem compromisso de venderem apenas vinho «boom e de Lamego» em seis lojas.

 

Oliveira, A. 1971. A Vida Económica e Social de Coimbra de 1537 a 1640. Primeira Parte. Volume II. Coimbra, Universidade de Coimbra, pg. 292 a 295, 297 e 298

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por Rodrigues Costa às 11:07


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