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Informação: Por estar de férias até ao início de Agosto, irei só publicar novos posts aos sábados. Boas férias para quem me lê
Cronologia dos troleicarros
1928: A Câmara Municipal de Coimbra solicita à … Junta Autónoma de Estradas a colocação de carris na ponte de S. Clara, tendo em vista a construção de uma linha de carros elétricos que sirva a zona de Santa Clara. Solução que foi inviabilizada.
1943: O “Relatório e Contas” dos Serviços Municipalizados de Coimbra, sugere a instalação de um novo meio de transporte os “Troley-ómnibus”, como forma de ultrapassar a dificuldade atrás referida.
1945: Aquisição de um novo “retificador de corrente de mercúrio” que possibilitava a produção de energia, em corrente contínua, quer para a rede de carros elétricos, quer para a futura rede de troleicarros.
1946: Início da construção da rede de troleicarros nos percursos: Santa Clara - Estação Nova; e Portagem – Alegria.
1947: Entrega dos dois primeiros troleicarros, de construção suíça e da marca “Sécheron-Saurer”; Inauguração da primeira linha de troleicarros de Coimbra, a linha n.º 6, Estação Nova – Santa Clara (Almas de Freire).
1950: Entrega dos primeiros troleicarros de uma encomenda de seis, de construção inglesa e da marca “Sumbeam-BTH”.
1951: Substituição dos carros elétricos por troleicarros na linha n.º 5, S. José (antiga Calhabé).
1958: Entrada ao serviço dos primeiros troleicarros carroçados em Portugal da marca “Leyland-BUT”
1959: Abertura da linha n.º 5, Portagem – Estádio Municipal; e da linha n.º 5, Praça de República – Liceu (que mais tarde veio a ser a linha 9).
1960: Abertura da linha n.º 5, Praça 8 de Maio – Apeadeiro de S. José (que mais tarde veio a ser a linha 10).
1962: Abertura da linha n.º 1, Portagem – Universidade (via Abílio Roque); e da linha n.º 6T, Universidade – Almas de Freire.
1964: Ano em que, pela primeira vez, os troleicarros são o meio de transporte coletivo que transportam mais pessoas na cidade de Coimbra.
1970: Abertura da linha n.º 8, Portagem – S. António dos Olivais (pela Rua Lourenço Almeida Azevedo e Largo de Celas).
1972: Passagem da “remise” dos troleicarros da “parada” da Alegria para as novas instalações da Guarda Inglesa.
1976: Autocarros … passam a ser o meio de transporte coletivo mais utlizado em Coimbra.
1982: Abertura da linha n.º 3, Portagem – Santo António dos Olivais (via Penedo da Saudade)
1984: Entrada ao serviço de novos troleicarros da marca “Caetano-Efacec”; Abertura da linha n.º 4, Portagem – Celas.
1988: Abertura da linha n.º 46, Santa Clara – Portagem – Celas, com circulação pela Av. Fernão de Magalhães)
1990: Número máximo de troleicarros ao serviço da rede de transportes urbanos de Coimbra, num total de 43 unidades.
1991: Abertura das linhas n.º 7 e n.º 7T, Estação – Tovim.
1993: Extensão máxima da rede de troleicarros de Coimbra com 42 quilómetros de linhas aéreas, em exploração; Início do declínio da rede troleicarros em Coimbra, com a substituição destes por autocarros nas linhas: n.º 7; e n.º 46.
1995: Substituição dos troleicarros por autocarros na linha n.º 5.
1998: Os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra ponderam o fim dos serviços de troleicarros.
1999: Substituição, definitiva, dos troleicarros por autocarros na linha n.º 7.
2001: O Executivo Municipal opta pela manutenção da rede de troleicarros, com um número reduzido de unidades e carreiras, a saber: linha n.º 1, Estação Nova – Universidade; e linha n.º 3, Estação Nova – S. António dos Olivais (via Penedo da Saudade).
2002: Substituição dos troleicarros na linha n.º 8; Reintrodução dos troleicarros na linha n.º 4.
2007: Os SMTUC dispõem de 16 troleicarros, que servem 3 carreiras, a que correspondem 27,4 quilómetros de rede, sendo Coimbra a única cidade da Península Ibérica que dispõe de uma rede de transporte urbano, deste tipo.
Costa, P.M.M.R. 2007. Achegas para a Cronologia dos Troleicarros em Coimbra. In Troleicarros de Coimbra. 60 Anos de História. Coordenação de João d’Orey. Coimbra, Ordem dos Engenheiros – Região Centro, pg. 68 a 73
O tempo dos carros troleicarros
À partida há que assinalar que a opção pelos troleicarros feita pelo Município de Coimbra resultou de uma luta inglória com a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses que, numa discussão de décadas, nunca autorizou a travessia da linha da Lousã, na Portagem, pelos carros elétricos.
Daí que face à necessidade de dotar Santa Clara de transportes públicos, quando no relatório referente ao ano de 1938 se escreveu: "sendo de desejar o aumento da rede de transportes, também é cada vez menos de aconselhar que ele se faça pelo sistema de carros elétricos sobre carris” estava a iniciar-se o caminho que conduziu àquela opção.
…
A primeira referência encontrada sobre a opção dos troleicarros data de 1943 quando se decide que “Nas novas extensões da rede de transportes urbanos a estabelecer quando houver oportunidade – Santa Clara, Calhabé e Bairro do Loreto – se deve adotar-se o sistema de «trolley-omnibus» em vez da via férrea”.
Tal projeto começou a ser concretizado em 1946, com o início da montagem da linha aérea para Santa Clara, que viria a ser inaugurada em 16 de Agosto de 1947 e que foi assim noticiada:
“… Portugal está a ser dotada duma primeira linha de «trolleybus». Para experimentar este novo modo de transporte os Serviços Municipalizados escolheram uma pequena linha de 2,5 km de comprimento.
... a encomenda de dois carros, foi dada à casa S.S. dos Ateliers de Sécheron de Genebre, Suíça, como empreiteira geral e fornecedora da parte elétrica, e à casa S.A. Adolphe Sauren, de Arbon, Suíça, como fornecedora do chassis e da carroçaria.”
A partir daqui a rede de troleicarros foi crescendo tendo atingido o seu auge no princípio dos anos noventa em que a frota era constituída por 43 troleicarros.
Iniciou-se, então, o período em que a opção pelos autocarros quase levou à extinção da rede de troleicarros a qual, ao iniciar o novo milénio, estava reduzida a duas linhas.
Como se depreende do que se afirma a opção por este meio de transporte não poluente não tem sido pacífica para os Responsáveis de Coimbra, sendo evidente a predominância – ao longo dos últimos anos – da opção pelos autocarros.
…
Aqui chegados – enquanto mero Cidadão e sem conhecimentos técnicos a profundados sobre o assunto – que conclusões tiramos desta pequena resenha histórica?
A primeira é a de que numa cidade com as características de Coimbra o recurso a sistemas de transportes públicos não poluentes, é de vital importância para a qualidade de vida dos seus Cidadãos.
A segunda é a de que um sistema de transportes urbanos assente na tração elétrica, deu provas em Coimbra, realidade a que acresce a constatação da eficácia e predominância, nomeadamente, nos cascos urbanos de muitas Cidades da Europa em que estamos integrados, de sistemas de transporte urbano deste tipo.
Costa, A. F. R. 2007. Troleicarros: Um Património de Coimbra. In Troleicarros de Coimbra. 60 Anos de História. Coordenação de João d’Orey. Coimbra, Ordem dos Engenheiros – Região Centro, pg. 63 a 65
O tempo dos carros elétricos
A primeira notícia conhecida sobre a criação de um sistema de tração elétrica em Coimbra data de 1 de Dezembro de 1904 quando a Câmara decide “em princípio na concessão de um subsídio à Companhia dos Carris para a substituição da tração animal pela elétrica”.
Mas a decisão que deu origem à efetiva concretização deste melhoramento foi tomada em 15 de Maio de 1908, quando a Edilidade tendo concluído que “desapareceram todas as ilusões relativamente à possibilidade da instalação elétrica na Cidade por meio da Companhia de Carris de Ferros de Coimbra”, decidiu: “1.º - Que se municipalize o serviço de tração elétrica; 2.º - Que se contraia um empréstimo de 150.000$00 reis”.
… em 23 de Setembro de 1909, veio a ser adjudicado à Firma Thomson Houston Ibérica a instalação de um sistema de tração elétrica, o qual veio a ser inaugurado em 1 de janeiro de 1911, tendo sido assim noticiado:
“A instalação da tração elétrica de Coimbra … compreende 3 linhas: uma da Estação Velha à Alegria, outra da Estação Nova à cidade alta (Universidade) e a terceira da Estação Nova a Santo António dos Olivais. As tarifas … mais baratas … custam 20 reis.
… Os carros (cinco) cujos equipamentos elétricos … saíram das conhecidíssimas oficinas de J.C. Brill de Filadélfia, são elegantíssimos e confortáveis. O seu aspeto, sobretudo quando à noite circulam iluminados pelas ruas de Coimbra, é esplêndido”.
…
Mas o grande salto para o período de oiro dos elétricos em Coimbra – os anos 30 do século passado – foi dado quando foi aprovado o “programa para os anos de 1926 a 29” para cuja realização foi contraído um empréstimo de 6.000 contos que permitiu, nomeadamente, a encomenda do “material para a instalação de oito quilómetros de novas vias de tração elétrica, incluindo a duplicação da via desde a Rua Visconde da Luz aos Arcos do Jardim, um grupo convertidor, de mercúrio, para o serviço da Central Elétrica, 5 carros motores abertos (alcunhados de pneumónicos) e dois fechados …
Assim … em 1 de Janeiro de 1930, existiam as seguintes linhas: Linha 1, Estação Nova – Universidade; Linha 2, Praça 8 de Maio – Estação Velha; Linha 3, Calhabé – Olivais; Linha 4, Praça 8 de Maio – Olivais; Linha 5, Praça 8 de Maio – Montes Claros – Cruz de Celas; Linha 6, Portagem – Calhabé (circulação); Linha 7, Olivais – Cumeada.
Isto é: no início da década de oiro dos carros elétricos a rede de tração elétrica de Coimbra apresentava, nas suas linhas gerais e no que respeita ao casco urbano, a configuração da rede dos transportes urbanos dos nossos dias.
A partir do final desta década iniciou-se um processo que se arrastou por quase quarenta anos, através do qual, gradualmente, foram sendo substituídas as linhas de carros elétricos por troleicarros e autocarros, vindo os elétricos de Coimbra a deixar de percorrer as ruas da Cidade em 9 de Janeiro de 1980, data em que – como afirmou o estudioso deste sistema Pedro Rodrigues da Costa – “ficaram para trás 69 anos de bons serviços tendo o sistema manifestado uma eficácia e uma resistências invulgares”.
Costa, A. F. R. 2007. Troleicarros: Um Património de Coimbra. In Troleicarros de Coimbra. 60 Anos de História. Coordenação de João d’Orey. Coimbra, Ordem dos Engenheiros – Região Centro, pg. 61 a 62
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