Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Reconfiguração da estrutura organizativa
Em linhas gerais, quais foram os grandes marcas impressas pela direção de Fernando Luís Mendes Silva em apenas vinte e sete meses de presidência? Primeiro, reformulou a organização e o funcionamento da estrutura diretiva do OAF, tornando-a mais capaz e mais profissional. Se no primeiro mandato existiam pelouros que integravam áreas de trabalho. No início do segundo mandato passou a existir um organigrama com um desenho preciso e mais profissional da estrutura diretiva, a qual passou a desdobrar-se em sete departamentos, a saber: Futebol, Administrativo, Instalações, Imagem e Relações Públicas, Bingo, Iniciativas, e Jurídico (Cf. Reunião de 03.02.1992, Actas da Direcção da AAC/OAF).
Reunião da Direção da AAC, presidida por Mendes Silva, 1. Acervo Braga da Cruz
Deste modo, percebemos o sentido da modernização a que foi sujeita a estrutura diretiva do OAF sob a sua presidência, pois no espaço de dois anos passou-se de uma estrutura amadora e incipiente para a implementação de um organigrama departamental mais conforme a uma gestão profissional e, por consequência, mais ajustado aos desafios do desporto de alto rendimento e aos enormes desenvolvimentos em matéria de metodologia científica do treino que, entretanto, se verificavam em Portugal. No capítulo das instalações, cabe referir que foi durante a presidência de Mendes Silva que se processou a mudança faseada e depois definitiva da estrutura diretiva e administrativa do OAF das instalações do edifício dos Arcos do Jardim para o Pavilhão Eng.º Jorge Anjinho (Cf. Reunião de 03.02.1992, Actas da Direcção da AAC/OAF).
AAC/OAF, visita a Fábrica da Cerveja de Coimbra. Acervo Braga da Cruz
Ainda do ponto de vista organizativo e administrativo, nota-se o cuidado colocado em suportar documentalmente toda a atividade desenvolvida pela Direção a que Mendes Silva presidiu. Também neste particular, a organização do arquivo e da memória documental produzida ao longo do seu mandato – livros de atas, material fotográfico, etc. – contrastam com a rarefação e a penúria das direções que a antecederam e que se lhe vão seguir ao longo da década de noventa. Aliás, a ausência de um arquivo ou de uma memória documental organizada em suporte digital, constituiu e constituirá um obstáculo real para investigar e escrever no futuro sobre a Académica.
Manuel António, o melhor marcador. Acervo Braga da Cruz
É que a inexistência de um arquivo organizado, em moldes modernos, constitui em si mesmo um fator de opacidade em relação ao passado, presente e futuro da Académica. Facto este que deveria merecer, só por si, a melhor atenção e cuidado por parte dos corpos diretivos da AAC/OAF em tempo de comemorações dos 120 anos da fundação da Associação Académica de Coimbra e suscitar até uma campanha para convocar a disponibilidade de todos os associados e amigos da AAC para cederem material impresso e fotográfico, a título de empréstimo, para ser depois digitalizado e devolvido, de forma a ser criada uma Memória Digital do Futebol da Académica, cujos conteúdos deviam ser, posteriormente, editados em linha e ficarem disponíveis para consulta no site oficial www.academica-oaf.pt. Numa segunda fase do trabalho, não deverá ser esquecida a denominada diáspora academista, de forma a integrar os diversos países que possuem filiais e protocolos estabelecidos com a AAC/OAF e que integram muitos deles os países da CPLP, mas não só, sendo a Internet e o correio eletrónico um recurso renticular e económico para desenvolver em pleno e potenciar este trabalho de organização e edição em linha da Memória Digital do Futebol da Académica. Este é um desafio que deve ser encarado com toda a seriedade para contribuir para suscitar no futuro a investigação histórica, a reflexão, a transparência e o debate em matéria desportiva. Esta seria também uma forma da cidade e da academia encararem e potenciarem o alcance do desporto universitário quando praticado ao mais alto nível, tal como é necessário a Universidade prestigiar-se ao inscrever estudantes-atletas de nível internacional nos seus cursos superiores, no fundo o mesmo procedimento que adota quando promove a investigação e a produção da ciência, das artes e da cultura, por recurso a bolseiros e a investigadores de nomeada.
Equipa de basquetebol feminino da AAC, vendedora da Taça. Acervo Braga da Cruz
A este nível, a criação da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física na Universidade de Coimbra, no ano de 1997, deveria passar a constituir um salto qualitativo em termos de organização, formação e do treino desportivo, a médio e longo prazo. Assim, os responsáveis da AAC em geral e do OAF em particular, saibam tirarem partido, em primeira instância, desta nova realidade de que o país passou a dispor de há dez anos a esta parte.
Jorge Manuel Pais de Sousa. Cidade e Académica, em Fernando Luís Mendes Silva. Ensaio sobre um perfil de um dirigente desportivo. Texto inédito preparado para as comemorações dos 120 anos da AAC.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.