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Num dos seus passeios de fim-de-semana um nosso familiar deparou-se com um edifício localizado a sul de Tentúgal e como tal no concelho de Montemor-o-Velho que lhe despertou a atenção pela sua grandiosidade e estado de destruição em que se encontra. Do mesmo fez, entre outras, com as seguintes imagens.
Paço de Tentúgal, 1. Foto Dora Matos
Paço de Tentúgal, 2. Foto Dora Matos
Paço de Tentúgal, 3. Foto Dora Matos
Paço de Tentúgal, 4. Foto Dora Matos
Paço de Tentúgal, 5. Foto Dora Matos
Paço de Tentúgal, 6. Foto Dora Matos
As fotografias vinham acompanhadas de um desafio: “deve dar para uma entrada do seu blogue”. Desafio que pelo presente assumo.
As fotografias são – segundo o site www.monumentos.gov.pt – do Paço do Infante D. Pedro, também designado por: Quinta do Paço, Paço dos Condes de Tentúgal, Paço dos Duques de Cadaval e Paço de Tentúgal.
Mais ali é referido que se trata de um imóvel classificado por Portaria de 31 de julho de 2013, como MIP – Monumento de Interesse Público e está localizado em zona "non aedificandi", sendo o monumento assim descrito:
O Paço de Tentúgal, originalmente constituído por casa, eira, celeiro e capela, já referidos em documentação do último terço do século XV, fazia parte da extensa Quinta do Paço, integrada nos férteis campos do Mondego, tudo indica doada em 1413 por D. João I ao Infante D. Pedro, futuro duque de Coimbra, e que em 1417 obteve a jurisdição da vila.
O conjunto arquitetónico terá sido reconstruído por D. Pedro na mesma época, quando patrocinou igualmente a construção da igreja matriz local, cujo portal principal apresenta modelo muito semelhante ao da capela do paço. Apesar das obras de reedificação levadas a cabo no século XIX, que se seguiram a duas centúrias de abandono e vandalização, tendo alterado profundamente as suas características estruturais, e embora atualmente se conservem apenas as paredes da capela e do celeiro e uma parte do paço, é ainda possível distinguir no notável conjunto, de volumetria intacta, diversas estruturas quatrocentistas e quinhentistas de grande interesse.
Nelas se inclui a capela tardo-gótica, dedicada a São Miguel, de que restam as paredes, de altura invulgar, e o pórtico ogival, que constitui talvez o primeiro exemplar de um ciclo arquitetónico que abrange a igreja do Convento de Santiago de Palmela, igualmente patrocinada por D. Pedro.
O palácio, um dos raros paços conservados em Portugal, é composto por diversos corpos pontuados pela disposição das aberturas ogivais e pelas altas chaminés, dominando um pátio nobre formado por um conjunto de arcadas com capitéis ornados de folhagem e motivos de inspiração andaluza que se repetem nas colunas de mármore branco da loggia de gosto renascentista. No vasto celeiro situado à direita do paço, já datado de finais do século XVI, destacam-se o portal clássico e o curioso interior, com três naves separadas por colunas dóricas com arcos de volta perfeita, tipologia única em construções de caráter agrícola.
Para quem estiver interessado em aprofundar o seu conhecimento sobre este imóvel, poderão ser consultados os seguintes sites:
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=5214, para além de apresentar 11 fotografias e um mapa são referidos outros dados.
Onde, nomeadamente, é referida a existência de uma eira (com 100 m de comprimento por 60 m de largura), onde, em tempos idos, se granjeava não só o milho, como se procedia à secagem dos dízimos. Atualmente, este local está ocupado por uma vinha.
Um artigo publicado pelo Doutor Rui Lobo da Universidade de Coimbra, sob o título Paço Ducal de Tentúgal: património a proteger com urgência (2011), no qual é contada a história do imóvel e do processo que levou à sua classificação onde, nomeadamente, é referido que o conjunto foi muito alterado ao longo dos anos. Estaria já em ruínas em 1721, tendo sido incendiado pelos liberais em 1834. Foi depois reconstruído sem critério, ainda no século XIX, na forma atual.
Antes de terminar não posso deixar de lamentar, profundamente, que um edifício tão carregado de história esteja na situação em que se encontra, não se vislumbrando um fim feliz para o mesmo.
Rodrigues Costa
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