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O Ministério da Justiça adquiriu, a 27 de Janeiro de 1928, um imóvel sito na Rua da Sofia, número 184, com a finalidade de nele reunir todos os serviços judiciais da Comarca e da Relação de Coimbra.
Palácio dos Condes do Ameal, fachada nascente
... Tratava-se de uma construção palaciana que pertencera aos herdeiros do Conde do Ameal, adaptada do antigo Colégio de São Tomás pelo arquiteto Augusto de Carvalho Silva Pinto, em 1895. Em 1920, com o falecimento do primeiro conde do Ameal, as obras foram suspensas e leiloadas a notável coleção de arte e a extensa biblioteca reunidas no recinto palaciano.
No final de 1927 ... descreve sumariamente o estado do imóvel: quatro alas, dispostas em torno do claustro de fundação quinhentista, desenvolvidas em três pavimentos (rés-do-chão, sobreloja e andar nobre). Destas quatro alas, a sul , voltada à atual Rua Manuel Rodrigues, «foi completamente reconstruída» e a sua fachada redesenhada num «estilo moderno que nada tinha de comum com o antigo convento» ... a ala norte, voltada à Rua João Machado, estava totalmente por edificar ... a ala nascente não tinha sido objeto de intervenção, permanecendo a fisionomia da construção original, cuja fachada ostentava um magnifico portal renascentista, posteriormente trasladado para o atual Museu Nacional Machado de Castro.
Palácio da Justiça, planta das casas e terrenos a expropriar
... Os primeiros estudos e projeto definitivo ... datam, respetivamente de Março de 1928 e de 1929, tendo sido executado em 1930 o projeto para a ala nascente ... para além de acomodar o novo programa à preexistência, recompartimentou, pontualmente, o espaço interno, corrigiu as situações de assimetria em planta e desenhou de raiz as alas nascente e norte
Palácio da Justiça, alas nascente e norte
Nas suas linhas gerais ... toma o antigo claustro quinhentista como fonte estruturante, e torno do qual organiza espacialmente o programa ... O edifício desenvolve-se em três pisos hierarquicamente definidos ... Exteriormente, tanto a composição das fachadas, como a articulação volumétrica ou o recurso à simetria prolongam o padrão neoclássico.
Figueiredo, R. Arquitectura judicial. O Palácio da Justiça de Coimbra. In: Monumentos. Revista Semestral de Edifícios e Monumentos. N.º 25, Setembro de 2006. Lisboa, Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, pg. 58-65
Coimbra, do ponto de vista dos ideais, das novas correntes estéticas e das ideias políticas, fervilhava, no terceiro quartel do século XIX … Todavia o seu tecido produtivo continuava a ser o artesanal, muito semelhante ao que sempre fora, desde a Idade Média. Mesmo a Fábrica de Sabão, fundada em 1871 por Augusto Luiz Martha, em Santa Clara (nas proximidades da Feitoria dos Linhos e junto ao futuro Portugal dos Pequenitos) não contribuía para alterar o panorama. Com efeito, aquela não passava de uma grande oficina, que produzia sabão manualmente, como aliás continuaria a fazer, durante mais de um século, mesmo após ter instalado a linha de produção automática … nas unidades artesanais conimbricenses produziam-se artigos de primeira necessidade, sobretudo os relativos à alimentação, ao vestuário, ao alojamento e pouco mais. As fontes coevas mencionam, por exemplo: padarias, refinarias de açúcar, pastelarias e confeitarias, unidades de produção de gasosas, trabalhos de construção civil, alfaiatarias e sapatarias, cordoarias e pirotecnia.
Os produtos destinavam-se, fundamentalmente, ao mercado local ou ao autoconsumo.
… Ao aproximar-se o final de Oitocentos, chegam finalmente a Coimbra os primeiros ecos da Revolução Industrial, através da famosa Fábrica de Lanifícios de Santa Clara que, durante cerca de um século, produziu tecidos de lã, de elevada qualidade, que rivalizavam com o que de melhor se fazia no mundo … A fábrica começou a laborar em 1888 … quando foi constituída a firma “Peig, Planas & C.ª” … tendo encerrado no final dos anos de 1980.
… Além dos lanifícios, a têxtil algodoeira foi igualmente uma das indústrias-piloto da primeira fase da industrialização … Foi a firma Aníbal de Lima & Irmão (sociedade em nome coletivo, estabelecida em 1867) que introduziu a indústria de malhas em Coimbra … instalando a respetiva fábrica, sucessivamente, no Largo do Romal … no Rego de Benfins … e finalmente, na Rua do Gasómetro (futura Rua João Machado).
As suas instalações foram edificadas em 1906-1907, onde se manteve em laboração até 1978.
… Também o Banco Comercial de Coimbra … lutou com enormes dificuldades para sobreviver cerca de um quarto de século (1879-1899).
… Indústria igualmente relevante, nesta fase do desenvolvimento industrial, foi a da cerâmica e da porcelana. Também neste domínio Coimbra tinha tradição. A primeira, que remonta à Idade Média, viria a adquirir certo prestígio do século XVIII para o XIX, graças a Brioso e Vandelli. O seu legado, após uma longa interrupção, viria a ser retomado pela Cerâmica Antiga de Coimbra (Quintal do Prior, também conhecido por Terreiro da Erva), em cujo local se trabalhava o barro, pelo menos, desde 1867.
… merecem destaque, em Coimbra:
a) A Cerâmica Limitada, e a instalação da sua Fábrica no Loreto, junto à Estação de Coimbra B (em 1919), ainda recordada pelo painel de azulejos – visível da referida estação … nela chegaram a trabalhar 1.000 operários, tendo encerrado em 1980.
b) Por sua vez, em 1924, a Sociedade de Porcelanas, Ld.ª … introduziu o fabrico de porcelanas em Coimbra…
Mendes, J. A. 1910. Coimbra Rumo à Industrialização. 1888-1926. In Caminhos e Identidades da Modernidade. 1910. O Edifício Chiado em Coimbra. Actas. 1910. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra, pg. 138 a 143
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