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A' Cerca de Coimbra


Quinta-feira, 09.01.25

Coimbra: Colégio de Jesus, construção e transformações 1

O Doutor Rui Pedro Mexia Lobo que exerce a sua docência no Departamento em Arquitetura da FCTUC viu, o trabalho que hoje abordamos, ser escolhido como o de uma primeira série de publicações de Trabalhos Finais, considerados de excelente qualidade, desenvolvidos por alunos finalistas.

Citação que é, mais do que suficiente, para se aquilatar do interesse do mesmo.

Col. 1.jpg

Perspetiva 2 – 1780. [Visualização dos três Colégios estudados, nos finais do séc. XVIII]. Op. cit., pág. 199

Simão Rodrigues [um] dos fundadores da Companhia [de Jesus] fundava em 1542 o Colégio de Jesus em Coimbra para a preparação dos missionários do oriente.

A construção do Colégio de Jesus de Coimbra, também denominado das Onze Mil Virgens, foi iniciada em 1547 a partir de uma primeira planta desenhada por um arquiteto não identificado do rei D. João III. Esta planta seria modificada em 1560, sob a direção do mesmo arquiteto, de forma a acomodar-se melhor à boa ordem, disciplina e desafogo que exiria uma casa religiosa destinada a recolher duzentas pessoas.

No entanto, a primeira fase da construção não terá corrido com a celeridade certamente desejada. Com efeito, foi possível obter na Biblioteca Nacional de Paris, plantas dos dois pisos do Colégio de Jesus de Coimbra e da respetiva igreja, às quais se pode atribuir a data próxima de 1568 ou 1569, que diferem em alguns pontos importantes da disposição geral definitiva adotada na construção do colégio.

…. Atendendo à descrição do Pde. Francisco Rodrigues na sua História da Companhia de Jesus na Assistência de Portugal, respeitante ao processo evolutivo da planta deste colégio, é possível fazer corresponder as plantas de Paris às alterações do esquema do Colégio das Artes efetuadas posteriormente ao início das obras do mesmo, no próprio ano de 1568 ou já em 1569.

Deste modo, ainda terá sido possível integrar a parte do Colégio de Jesus já levantada até essa data no esquema do edifício definitivo, o que leva a supor qua a sua construção estaria muito pouco adiantada na altura, ou seja, vinte anos depois de supostamente ter começado.

Erguendo-se o colégio nos terrenos cedidos pelo rei, sobre a vertente norte da Alta da cidade, os jesuítas tiraram máximo partido de uma posição aparentemente pouco favorável, voltando a sul as fachadas do colégio e da igreja de forma a fazerem frente para a cidade construída, definindo e limitando o antigo Largo da Feira.

Col. 2.jpgGravura de 1732 que mostra o complexo colegial da Companhia de Jesus em Coimbra… Op. cit., pág. 20

…. A fachada da igreja, cujo corpo se insere no volume edificado do colégio, avança oito metros relativamente ao plano da frente principal do mesmo, voltada a sul. Esta disposição, em que a igreja assume um protagonismo conotado com a missão apostólica da congregação, representa uma evolução perante os planos originais em que a frente da igreja alinhava com a frente do colégio. A evolução mais significativa, contudo, prende-se com o desvio da axialidade da igreja. Enquanto que nas plantas de Paris o corpo da igreja é simétrico em relação ao edifício colegial, como seria natural … já na solução construída a igreja coloca-se em alinhamento diferente, chegando-se para o lado esquerdo da frente edificada do conjunto. Este desvio provocou uma série de alterações, de uma situação para a outra, na colocação funcional e dimensão relativa dos diversos pátios interiores que constituem o negativo "vazio" da estrutura “cheia” do edifício.

Col. 3.jpg

Fachada da Sé Nova, antiga Igreja do Colégio de Jesus, no enfiamento da Rua dos Loios. Op. cit., pág. 20

Esta deslocação só pode ser explicada pela necessidade de rematar o Largo da Feira, colocando-se a fachada da igreja (hoje Sé Nova) no prolongamento de duas antigas ruas que nele desembocavam. Tratava-se da mais tarde denominada Rua dos Loios, adjacente ao colégio homónimo, também frontal ao Largo, e da Rua do Marco da Feira, que vinha do Castelo.

 Lobo, R.P.M. Os Colégios de Jesus, das Artes e de S. Jerónimo. Evolução e Transformação no Espaço Urbano. 1999. Coimbra, Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tenologias.

 

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por Rodrigues Costa às 10:26

Sexta-feira, 03.02.17

Coimbra: a Igreja de S. Tiago, localização

 Razões topográficas exigiram a construção das igrejas medievais nos lugares em que se encontram.

O morro da primitiva cidade de Coimbra despega-se das outras colinas pelo colo dos Arcos do Jardim, donde partem os dois vales que o delimitam: o de Santa Cruz e o do Jardim Botânico. Saia um córrego médio do Marco da Feira, corria pela rua que depois tomou o nome de Rêgo-de-Água, depois, já mais volumoso e veloz na Rua das Covas, desfazia-se em espuma nas rochas do Quebra-Costas, e avançava já torrente pelo sítio onde será depois a Porta de Almedina, espraiando-se e depositando os materiais carregados na parte baixa da cidade, juntando-se aos aluviais do Mondego, que iam formando os diversos “arnados” que são o substrato do arrabalde antigo.

Planta da Cidade 1845 2.jpg

Planta da Cidade 1845

De facto, esta topografia é tão intrínseca que, nas grandes tempestades, a Natureza às vezes repõe o que o homem alterou. E assim aconteceu em 14 de Junho de 1411, em que foi tal a quantidade de água e o volume dos materiais transportados, que arrancou as portas chapeadas de ferro da cidade.

Temos assim uma linha de córrego que separa em duas partes, a antiga Almedina. Seguia, este córrego, um traçado que se aproximava bastante de uma reta e que agora está cortada pelo ângulo sudoeste do embasamento romano do Museu Machado de Castro e depois esquina noroeste da Sé.

Do outro lado, o vale de Santa Cruz contorna a colina, com grande bacia de receção pluvial. O vale tinha uma corrente contínua de águas, riacho que antes do seu encanamento pelas obras de Santa Cruz, tinha pelo menos um pontão e cuja corrente movia moinhos em várias épocas. 

Delimitava pois, esse ribeiro, do lado norte, o arrabalde com forma de triângulo, e com duas igrejas: São Bartolomeu e São Tiago.

Ora, quais as razões topográficas da existência de duas freguesias em tão pequeno arrabalde?

O córrego médio da parte alta da cidade, cavado, não pela ação de águas contínuas, mas sim das de género torrencial, tinha à porta de Almedina como que o seu canal de transporte. O cone de depósitos devia ocupar, na sua maior estreiteza o espaço sensivelmente entre a R. das Solas e a das Azeiteiras.

Assim, quando o homem começou a construir no arrabalde, essas águas torrenciais obrigaram a repartir o povoado em dois grupos populacionais, com duas igrejas que até eram de padroado diferente. Sabe-se da existência de São Bartolomeu no séc. X, na primeira reconquista, apesar dos restos mais antigos, até hoje encontrados, serem do séc. XII, do período afonsino. O edifício atual data do séc. XVIII.

Planta da Cidade 1845 1.jpg Planta da Cidade 1845 Pormenor

Quanto à Igreja de São Tiago é do fim do XII, princípio do XIII, do reinado de D. Sancho. Sabe-se, no entanto, que houve uma construção anterior de que nada se conhece, sendo bastante provável que remonte à primeira reconquista.

Anjinho, I.M.M. 2006. Da legitimidade da correção do restauro efetuado na Igreja de S. Tiago em Coimbra. Acedido em 17.01.2017, em

https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/31091/1/Da%20legitimidade%20da%20corre%c3%a7%c3%a3o%20do%20restauro%20efetuado%20na%20Igreja%20de%20S.%20Tiago%20em%20Coimbra.pdf

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por Rodrigues Costa às 09:09


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