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O traçado das ruas da cidade romana é indeterminável, pois os únicos edifícios romanos descobertos – o criptopórtico e a cave em frente da Sé Velha – são insuficientes para nos determinarem orientações.
A mediévica Porta do Sol era provavelmente, já no período romano, umas das entradas da cidade; ficava situada ao cimo da rampa natural que o aqueduto romano acompanhava. Do facto de quase todas as inscrições funerárias romanas de Coimbra terem sido achadas metidas nos muros do Castelo, ou nos panos da muralha entre este e a Couraça de Lisboa, V. Correia concluiu que o cemitério romano deveria ficar situado na encosta de S. Bento e do Jardim Botânico, isto é a poente da ladeira que subia até à Porta do Sol.
Desta entrada da cidade, divergiam muito possivelmente duas vias: uma delas, que na Coimbra moderna (mas anterior à demolição da Alta da cidade) era chamada Rua Larga, conduzia ao sítio que o edifício antigo da Universidade presentemente ocupa. Aqui, não pode deixar de ter existido um edifício romano importante, provavelmente publico … Outra via descia do sítio da Porta do Sol ao antigo Largo da Feira e daqui, pelo Rego de Água e Rua das Covas ou de Borges Carneiro, ao largo da Sé Velha. Se este era o principal arruamento da cidade romana no sentido leste-oeste, é tentador ver, na Rua de S. João ou de Sá de Miranda e na de S. Pedro, o eixo principal norte-sul. Nogueira Gonçalves, porém, considera esta última um corte artificial, talvez operado no século XVI.
Se o monumento romano à Estrela era um arco honorífico, devia marcar o início de uma rua da cidade. Esta seria a do Correio ou de Joaquim António de Aguiar, que António de Vasconcelos representa na sua planta de Coimbra no século XII. Na mesma planta, um outro arruamento, de antiguidade bem provável, é definido pelas ruas da Trindade, dos Grilos ou de Guilherme Moreira e da Ilha. Da antiguidade da Rua do Cabido, representada ainda na mesma planta, duvidamos algum tanto; inclinamo-nos mais a ver na Rua do Loureiro outra das principais vias antigas.
Tudo isto, porém, é conjetural.
Alarcão, J. 1979. As Origens de Coimbra. Separata das Actas das I Jornadas do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro. Coimbra, Edição do GAAC. Pg. 39 a 40
Desde 1338, pelo menos, existia, porém, uma outra judiaria, intramuros, cuja existência foi revelada por J. Pinto Loureiro … Chamava-se Judiaria da Pedreira. Aquele investigador, citando documentos de 1338 a 1414, localizou-a, com muitas dúvidas, no troço superior da rua do Loureiro, entre a igreja de S. Salvador e o beco do Loureiro. Parece-nos, porém, que a pedreira que deu nome a esta judiaria era a de S. Sebastião. Esta ficava na área onde no século XVI se ergueu o Colégio das Artes e tomava seu nome de uma capela que aí havia dedicada àquele mártir e que foi demolida para se construir o colégio.
…
A delimitação dos bairros judaicos suscita-nos uma questão: seriam tais bairros circunscritos por algum muro, ainda que fraco e só simbólico?
Um documento de 1357 … a judiaria da rua do Corpo de Deus …(os judeus estavam) morando “em sa Cerca apartada e sso chave e guarda d’El-Rey”
J. Alarcão. As Judiarias de Coimbra. In Coimbra Judaica. Actas. 2009. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra, pg. 25 e 26
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