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A' Cerca de Coimbra


Quinta-feira, 01.09.22

Coimbra: Arquivo da Universidade de Coimbra, documento do mês de agosto de 2022

Prosseguindo na séria “Documento do mês” o Arquivo da Universidade de Coimbra, divulgou esta preciosidade

AUV. Documento mês de Agosto.png

Séc. XVI (?) – Letra capital iluminada de um fólio de pergaminho que foi recuperado para servir de encadernação. PT/AUC/DIO/CST – Colegiada de São Tiago (F); Escritura de obrigação de missas (DC) – III-1.ªD-8-5-23. Acedido em: documentodomesdeagosto2022 (uc.pt)

Estamos em presença do reaproveitamento de um fólio de pergaminho, de livro litúrgico com notação musical, para ser utilizado como capa de uma escritura de obrigação de missas.

A escritura de obrigação, datada de 15 de novembro de 1633, estabelece o cumprimento de um legado pio, de celebração anual de três missas rezadas, feita por Bernarda de Vargas, viúva do impressor Jorge Rodrigues. Para cumprimento desta disposição, deixa em legado, à Colegiada de São Tiago, umas casas “de sobrado”, na Rua do Corpo de Deus.

O documento foi redigido na Rua da Moeda, em Coimbra, pelo tabelião Lopo de Andrade, perante Bernarda de Vargas e a seu pedido. As missas seriam celebradas na igreja Colegiada de São Tiago, da seguinte forma: uma pelo Natal, outra pela Páscoa e outra pelo Espírito Santo, sendo a esmola por cada missa cinquenta réis.

Apesar de se poder ler “Obrigação das missas das cazas do P.e Domingos Fernandes”, este título não corresponde ao conteúdo da escritura, mas sim um outro título que se encontra no início do volume, na capa, no plano superior: “Cazas da Rua do Corpo de Deus tem três missas”.

O acervo desta Colegiada de São Tiago inclui documentação para o período cronológico de 1511 a 1854, tendo sido, neste último ano, suprimidas todas as colegiadas de Coimbra, por decisão do Bispo D. Manuel Bento Rodrigues. Abrange outra documentação relativa a disposições pias, mas o acervo é formado, sobretudo, por livros de escrituras de emprazamento, aforamento e venda, livros de receita de foros e rendas, tombos de medição e demarcação, livros de receitas e despesas, etc.

O fragmento de pergaminho com uma bela iluminura da letra capital A (dim. 200 mm alt. X 160m larg.) numa policromia de cores vermelha, azul e sépia, denota algum desgaste, por manuseamento e sujidade. No entanto, ainda é possível apreciar pormenores do filigranado da decoração, em motivos vegetalistas e pássaros, num trabalho de desenho muito meticuloso.

O pentagrama da notação musical, em linhas a vermelho, com notação quadrada, a sépia, permite atribuir ao fragmento e volume ao qual terá pertencido, a datação do séc. XVI, muito provavelmente. São ainda visíveis os atilhos da encadernação, em pele escura, dos quais apenas resta um completo. Não é de descartar a hipótese de o próprio livro em pergaminho, a que pertenceu o presente fragmento, ter sido um livro de cantochão da Colegiada que já estaria inutilizado e, por isso mesmo, foi reaproveitado.

Documento acedido em : documentodomesdeagost

 

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por Rodrigues Costa às 10:50

Quarta-feira, 26.04.17

Coimbra e as suas Personalidades: José Barata

De seu nome completo José dos Santos Sousa Barata, foi sócio fundador e um dos primeiros e dos mais ilustres alunos da Escola Livre das Artes do Desenho fundada em 1878 por António Augusto Gonçalves de quem foi um discípulo dileto.

Joaquim Martins Teixeira de Carvalho refere ainda que foi aluno da Escola Brotero e discípulo de João Machado.

Na Exposição de 1884, expõe um busto da Vénus de Milo, estudo feito em pedra de Outil, obra que foi premiada.

A primeira grande obra conhecida em que participou data de 1886 e foi a casa neomanuelina da Rua do Corpo de Deus.

A partir de 1897 colabora na obra do que é hoje o Palace Hotel do Buçaco, sendo referido em O Conimbricense, de 8 de Julho de 1899 como um dos artistas que mais se têm distinguido pela mestria e perfeição com que têem executado delicadissimos lavores em pedra.

Em 1898, em parceria com João Machado e sob a batuta de António Augusto Gonçalves, interveio no restauro do pórtico principal da Sé Velha.

Em 1904, Joaquim Martins Teixeira de Carvalho refere-o como um dos artistas conimbricenses que trabalha nas obras do Palácio da Regaleira, em Sintra, afirmando, que lavra como nenhum outro artista portugues, em estilo manuelino

Em 1916 esculpiu a fonte do palacete Garcia (hoje Vila Marini).

José Barata. Palacete Garcia. Fonte  cor.TIF

Fonte do Palacete Garcia

 Em 1927 concluiu a magnifica pia batismal da igreja de Santo António dos Olivais.

José Barata. Ig. S. Anto. Olivais. Pia baptismal

 Pia batismal da igreja de Santo António dos Olivais

 No Despertar de 26 de Fevereiro de 1930 é referido numa nota necrológica: Decorador distinto do manuelino, tendo também executado diversas esculturas, deixou espalhada pelo país (Buçaco, Sintra, etc.) obras admiráveis de beleza e elegância. A pia batismal da paróquia de Santo António dos Olivais, a ornamentação de um prédio na Rua Alexandre Herculano e um jazigo em manuelino foram as suas últimas obras, revelando nelas o seu talento de artista, José Barata, pode também dizer-se, foi quem melhor interpretou o estilo manuelino.

Nota: Esta entrada só foi possível pela investigação e disponibilidade da Senhora Professora Doutora Regina Anacleto que, para a mesma, me cedeu as fotografias e as suas fichas referentes a José Barata.

O meu profundo agradecimento.

 

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por Rodrigues Costa às 22:02

Terça-feira, 28.02.17

Coimbra: Hospital real

O hospital de Coimbra, hospital de D. Manuel, hospital real, hospital novo, hospital d’el-rei, hospital geral, hospital público, hospital da Praça, hospital de Nossa Senhora da Conceição ou hospital da Conceição, aparece fundado, ou pelo menos profundamente reformado, por el-rei D. Manuel, em 1508 ou poucos anos antes, na praça de S. Bartolomeu, hoje Praça do Comércio, num edifício que este monarca mandou construir à sua custa ... Faz esquina com a rua das Azeiteiras, e compreende aquele grupo de casas até ao largo do Romal.

Antigo Hospital Real 02.jpgHospital Real

... o primeiro «regimento» deste hospital, de 22 de Outubro de 1508, onde se vê a expressa declaração de D. Manuel, de que tinha mandado construir o edifício à sua custa; e que o havia dotado com as rendas de pequenos hospitais existentes na cidade, e com cem mil réis da sua fazenda.

... o primeiro hospital da cidade ou primeiro do estado em Coimbra (excluindo as gafarias) teria sido a pequena albergaria dos «Miléos», que já existia muito antes de 1468.(1)

... o «Conimbricense» ... tinha publicado uma relação dos hospitais e albergarias incorporados no hospital real ... em 26 de Dezembro de 1866 e 2 de Janeiro de 1867. É a seguinte: «Hospital de Santa isabel da Hungria (paços de Santa Clara); de Nossa Senhora da Vitória (rua do Corpo de Deus); dos Mirléos (defronte da porta principal da igreja de S. Pedro, junto ao paço das Alcáçovas); de S. Lourenço (próximo da capela do Senhor do Arnado); de S. Marcos (ao cimo do beco de S. Marcos); de Santa Maria de S. Bartolomeu (na freguesia de S. bartolomeu); de Montarroio (em Montarroio); albergarias e hospitais de S. Gião (rua das Azeiteiras); de Santa Maria da Vera Cruz (proximo da igreja de S. João); de S. Cristóvaão (perrto da igreja de S. Cristovaão=; de S.Nicolau; de Santa Maria da Graça; da Mercê; e de Santa Luzia.»

... apesar do seu carater de obra real, nem por isso tomou grande vulto, porque foi aberto e conservou-se por muitos anos com 17 camas somente, 12 para homens e 5 para mulheres; não entrando nesse número de camas para alojamento dos transeuntes ou da albergaria propriamente dita.

... Supondo que o hospital da Conceição ou primitivo hospital de D. Manuel fora fundado na praça de S. Bartolomeu em 1508, tudo leva a crer que, sem interrupção, ali se conservasse até à sua mudança em 19 de Março de 1779, para o edifício dos Jesuítas, no angulo N.O., com entrada pela Couraça dos Apóstolos.

Simões, A.A.C. 1882. Dos Hospitaes da Universidade de Coimbra. Coimbra. Imprensa da Universidade, pg. 16-20, 73-74

 

 

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por Rodrigues Costa às 21:05


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