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A' Cerca de Coimbra


Terça-feira, 26.09.17

Coimbra: Colégio da Trindade ou da Santíssima Trindade

Em 1552 já havia em Coimbra alguns religiosos estudantes da «Ordem da Santíssima Trindade da Redenção dos Cativos», que se alojavam colegialmente numa casa ... Alguns anos mais tarde, em 1562, começaram as obras de construção do edifício do novo Colégio, no espaço que medeia entra a rua, que mais tarde tomou o nome de rua da Trindade, e a rua da Couraça de Lisboa, ocupando uma grande área, limitada a Leste pela rua de S. Pedro, a Oeste pelo que veio a denominar-se travessa da rua da Trindade.

Colégio da Trindade.jpgColégio da Trindade, fachadas oeste e sul da igreja

 Achava-se o edifício bastante adiantado, quando ... 11 de janeiro de 1575 ...licença... para se assenhorearem dum pedaço da rua e travessa inútil  ... 1630, quiseram os colegiais acrescentar um alpendre ao portal da sua igreja, que abre a Ocidente, sobre a travessa da rua da Trindade.... Cedo foi o Colégio incorporado na Universidade.

Colégio da Trindade loggia.jpgColégio da Trindade, loggia voltada a sul

 ... Depois da extinção das Ordens religiosas o edifício do Colégio foi pelo Estado vendido em praça pública com o quintal anexo, no dia 14 de Maio de 1849 ... pelo preço ridiculamente mesquinho de 3.200$000 reis. A igreja porém com o contiguo claustro e suas pequenas dependências, continuaram durante muito tempo a pertencer à Câmara Municipal, que na sucessão dos tempos lhe deu vários destinos, funcionando lá, durante muito tempo, o tribunal judicial da comarca.

Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 240-242, do Vol. I

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por Rodrigues Costa às 09:17

Quinta-feira, 31.08.17

Coimbra: Colégio Pontifício e Real de S. Pedro

Foi fundado em 1545 pelo canonista Dr. Rui Lopes de Carvalho... Era destinado pelo fundador a 12 clérigos pobres, que viessem estudar teologia ou cânones à Universidade.Principiou a construção do edifício em 1543 ao cabo da Rua da Sofia, entrando os primeiros estudantes em 1545, depois de confirmada a instituição por breve apostólico de 1 de Agosto deste ano. Fez-se a 29 de Junho de 1548 a sua inauguração solene, que ficou comemorada numa inscrição, aberta na base de um belo busto do patrono S. Pedro, que é guardado pela Faculdade de Letras.

Em 1572 sofreu o Colégio profunda remodelação, sendo então transferido para o novo edifício, que D. Sebastião lhe doara junto do paço real, onde se havia instalado a Universidade, passando a ser fundamentalmente um Colégio para doutores ou licenciados, que ali estagiavam a preparar-se para o professorado, etc.

Colegio Pontifício e Real de S. Pedro 01.jpg

 Colégio Pontifício e Real de S. Pedro

Construiu-se-lhe um edifício próprio, que limita por Leste o pátio universitário, desde a porta principal de ingresso, atualmente chamada «porta-férrea», até topar na Rua da Trindade. Ficou a entrada para o Colégio ao lado da «porta-férrea», adicionando-se-lhe depois ali o majestoso portal das cariátides, que, há menos de setenta anos, foi mudado para a fachada ocidental do edifício; mas o sítio, onde primitivamente estivera este ostentoso portal, uma simples porta de serviço. O edifício abandonado pelo Colégio na Rua da Sofia foi aproveitado para a instalação do... Colégio de S. Pedro dos Franciscanos Calçados.

 ... A biblioteca do Colégio de S. Pedro era importante. Tinha abundância de livros clássicos; nela se encontravam não só bons livros de cada uma das ciências professadas nas Faculdades universitárias, mas também de cultura geral, de história, de literatura, de humanidades – cerca de 8.000 volumes, entre os quais espécies bibliográficas preciosas e alguns manuscritos.

... Extinto o Colégio de S. Pedro por decreto de 16 de Julho de 1834, foi o seu edifício entregue à Universidade... o decreto de 10 de Maio de 1855 ordena ... O edifício do extinto Colégio de S. Pedro... fica ... para a acomodação da Comitiva das Pessoas Reais, quando ali forem pousar ou residir.

... Criada de novo na Universidade de Coimbra uma Faculdade de Letras, na reforma universitária de 1911... foi-lhe para este efeito designado o andar nobre.

 Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg.198-206, do Vol. I

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por Rodrigues Costa às 09:18

Quinta-feira, 03.03.16

Coimbra e o teatro que aqui se fez 2

Surgidos de improviso e mediocremente apetrechados, instalaram-se teatrinhos de amadores, às dezenas, por todos os recantos da cidade e subúrbios. Só em Santa Clara se registou a existência de três dessas humildes instalações, funcionando uma delas por forma a tornar-se conhecida por «Teatro do Curral da Vaca», numa alusão pungentemente irónica a um estábulo subjacente, e muitas em condições de tal sorte precárias que entrou na gíria corrente o termo «cardanhadas», significando os espetáculos que se realizavam em verdadeiras espeluncas ou «cardanhos». Algumas irromperam nos pontos mais inverosímeis, só por si constituindo indicio seguro do que deviam ter sido, como as do Beco da Imprensa, do Beco do Castilho, do Arco do Ivo, da Rua das Rãs, do Largo do Romal, da Azinhaga dos Lázaros, etc.

Essas instalações, se tomaram por vezes designações próprias, quase pomposas, como «Teatro da Graça», na Rua da Sofia, «Teatro Garrett», em Celas, «Escola Dramática Afonso Taveira», na Rua da Sofia, e «Teatro Popular», na Rua dos Grilos (hoje Rua Dr. Guilherme Moreira), outras vezes cingiram-se às denominações dos grupos ou coletividades a que pertenciam, como «Teatro da Boa-União», Teatro Académico, etc.; e outras tiraram as suas designações dos locais em que funcionavam, como «Teatro da Trindade», «Salão da Trindade», «Teatro do Paço do Conde», Teatro da Rua da Moeda, etc.

... a enorme variedade de associações dramáticas, ora optou designações consagrando notáveis vultos do teatro («Grupo Dramático Gil Vicente», «Grupo dramático Almeida Garrett», «Grémio Taborda», «Grupo Dramático Augusto Rosa», «Grupo Dramático Musical Eduardo Brasão», etc.) ora se limitou a pôr em evidência modestas figuras de amadores ou profissionais do palco «(Grupo Dramático César de Sá», «Sociedade Dramática Adelino Veiga», «Troupe Dramática Seta Silva», etc.) E uma vez («Grupo Dramático Martins de Carvalho») se homenageou por essa forma o autor do primeiro dos trabalhos ... sobre teatro em Coimbra ... inventariou-se mais de uma centena de agremiações de amadores dramáticos.

... A par de empresas promotoras de espetáculos públicos de feição dramática («Teatro de D. Luís», «Teatro-Circo Conimbricense» e «Teatro-Circo Príncipe Real») e a par dos barracões erguidos por companhias ambulantes, que aí exibiam os seus repertórios, instalam-se também inumeráveis «teatrinhos» sem quaisquer requisitos de segurança ou de conforto, tanto em casas particulares, como em celeiros e oficinas, e que apareciam e desapareciam à mercê das combinações e desentendimentos dos componentes das numerosas associações dramáticas e do mais diverso nível social e cultural.
No período áureo dessas agremiações, (meados do século XIX) era enorme o entusiasmo pelos teatrinhos particulares. Os operários que promoviam as representações divertiam-se juntamente com suas famílias e amigos, passando noites de agradável convívio.

Loureiro, J.P. 1959. O Teatro em Coimbra. Elementos para a sua história. 1526-1910. Coimbra, Câmara Municipal. Pg. 16 a 19

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por Rodrigues Costa às 10:42

Terça-feira, 01.03.16

Coimbra, origens 6

O traçado das ruas da cidade romana é indeterminável, pois os únicos edifícios romanos descobertos – o criptopórtico e a cave em frente da Sé Velha – são insuficientes para nos determinarem orientações.
A mediévica Porta do Sol era provavelmente, já no período romano, umas das entradas da cidade; ficava situada ao cimo da rampa natural que o aqueduto romano acompanhava. Do facto de quase todas as inscrições funerárias romanas de Coimbra terem sido achadas metidas nos muros do Castelo, ou nos panos da muralha entre este e a Couraça de Lisboa, V. Correia concluiu que o cemitério romano deveria ficar situado na encosta de S. Bento e do Jardim Botânico, isto é a poente da ladeira que subia até à Porta do Sol.
Desta entrada da cidade, divergiam muito possivelmente duas vias: uma delas, que na Coimbra moderna (mas anterior à demolição da Alta da cidade) era chamada Rua Larga, conduzia ao sítio que o edifício antigo da Universidade presentemente ocupa. Aqui, não pode deixar de ter existido um edifício romano importante, provavelmente publico … Outra via descia do sítio da Porta do Sol ao antigo Largo da Feira e daqui, pelo Rego de Água e Rua das Covas ou de Borges Carneiro, ao largo da Sé Velha. Se este era o principal arruamento da cidade romana no sentido leste-oeste, é tentador ver, na Rua de S. João ou de Sá de Miranda e na de S. Pedro, o eixo principal norte-sul. Nogueira Gonçalves, porém, considera esta última um corte artificial, talvez operado no século XVI.
Se o monumento romano à Estrela era um arco honorífico, devia marcar o início de uma rua da cidade. Esta seria a do Correio ou de Joaquim António de Aguiar, que António de Vasconcelos representa na sua planta de Coimbra no século XII. Na mesma planta, um outro arruamento, de antiguidade bem provável, é definido pelas ruas da Trindade, dos Grilos ou de Guilherme Moreira e da Ilha. Da antiguidade da Rua do Cabido, representada ainda na mesma planta, duvidamos algum tanto; inclinamo-nos mais a ver na Rua do Loureiro outra das principais vias antigas.
Tudo isto, porém, é conjetural.

Alarcão, J. 1979. As Origens de Coimbra. Separata das Actas das I Jornadas do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro. Coimbra, Edição do GAAC. Pg. 39 a 40

 

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por Rodrigues Costa às 10:31


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