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A' Cerca de Coimbra


Terça-feira, 26.02.19

Coimbra: Estalagens Coimbrãs e do seu termo 1

O problema da instituição e administração das estalagens ou «estaos», era antigo e frequentemente levantado pela administração municipal junto do poder régio. É assim que D. Duarte numa sua carta de 1436, «mandamos que taes pessoas pousem nos Estaos que há pelo caminho, ou da dita cidade [de Coimbra] e não nas aldeias e casais que estão fora das estradas».

Estalagem de caminho px de Cª.jpg

Estalagem de caminho. De salientar os diferentes tipos de meios de transporte


Estalagem de caminho em Espanha.jpg

Estalagem de caminho em Espanha

Nas Cortes de Lisboa de 1440 pediu-se o «estabelecimento de estaos para pousadas nas cidades, vilas e aldeias e a taxa dos mantimentos, camas e mais serviços presentes neles».
…. Há notícia da existência na cidade, nos princípios do século XVI de três estalagens, da sua localização e nomes dos proprietários:

- Estalagem Nova

Capela do Senhor do Arnado 01.jpg

Capela do Senhor do Arnado que se situava cerca do local onde hoje se encontra o monumento a Cindazunda

Situar-se-ia na entrada da cidade para quem viesse do norte, próximo da «goleta» [Então o «porto dos oleiros», teria algum pequeno canal que ligava ao rio, e assim o topónimo «goleta»], próximo do local onde existia um crucifixo em pedra, a céu aberto, que levou à edificação da Capela do Arnado no meado do século passado [século XIX]
Aquela zona era desde a Idade Média domínio dos oleiros, até que no século XVIII se mudaram para a zona do Terreiro de Santa Justa e foram ali substituídos pelos cordeeiros vindos da sirgaria de Santa Clara, destinada a outros fins.

- Estalagem do Pintor

Estalagem da Donata.jpgA quinhentista estalagem do Pintor, que no século XIX era estalagem da Donata

[Situava-se] na, na Rua de Tinge-Rodilhas, depois Rua da Louça … que muito anos depois seria conhecida pela «estalagem da Donata», alojada em edifício ainda hoje existente, muito degradado, e que merecia recuperação para fins turísticos.

Nota 1
Quando era muito jovem, as camponesas que vinham vender à praça – ao Mercado D. Pedro V – guardavam neste edifício os burros onde transportavam os legumes, as galinhas, os ovos e a fruta destinados a serem ali comercializados. Atualmente, e depois de obras de recuperação, com entradas pela Rua da Moeda e pela da Louça, funciona no edifício um estabelecimento que vende, entre outras vitualhas, leguminosas, batatas e rações para animais.

Nota 2
De assinalar que esta estalagem na parte inicial do texto é designada por «Pintor» e na parte final do mesmo texto por «Prior».

- Estalagem do Paço do Conde

No centro do casario quinhentista, o gravador [Hoe

No centro do casario quinhentista, o gravador [Hoefnagel] fez ressaltar o Paço do Conde de Cantanhede com seu claustro, depois Estalagem do Paço do Conde.

Em 1662 estabeleceu-se uma das melhores estalagens do país no que fora o rico paço do Conde de Cantanhede, D. Pedro de Menezes, no centro mais vivo da cidade, próximo da praça, da Câmara, dos açougues, da «casa-do-ver-do-peso», ponto de reunião obrigatório a mercadores e vendeiros, por ali chegarem e estacionarem os carros e azémolas que vinham do sul, do norte e das Beiras com a maior parte dos géneros de que se alimentava a cidade. Era o terminal dos grandes carroções, já que eles, por disposição camarária não podiam ir até à Praça.
O edifício magnífico, fora construído nos anos do meado do século XVI …. Parece que a ocupação do edifício por tão nobre família não chegou a efetivar-se … nos primeiros meses do ano de 1622, escreveu a Filipe III … «que fizera uma estalagem para agasalhar os passageiros e caminhantes e almocreves com muitos aguazalhados [quartos] e camaras fechadas para fidalgos e pessoas graves que fica sendo dos melhores deste reino por estar na melhor passagem da cidade e junto da praça dela…».

Silva, A.C. As Estalagens Coimbrãs e do seu termo. Separata da Munda. 1988.

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por Rodrigues Costa às 11:13

Quinta-feira, 14.04.16

Coimbra: propriedades régias em 1395

 

Localização

Número de propriedades

Madalena

(corresponde a parte da atual Fernão de Magalhães … troço delimitado a Norte pela Rua da Moeda e a Sul pelo Largo das Ameias)

 

8

Rua da Moeda

7

 

Rua dos Tanoeiros

(troço da atual Rua Adelino Veiga)

3

Rua dos Caldeireiros

(troço da atual Rua Direita)

1

Rua dos Piliteiros

(entre a igreja de S. Tiago e o rio Mondego)

1

Montarroio

 

2

Rua de Coruche

(atual Rua Visconde de Luz)

1

Judiaria Velha

(atual Rua Corpo de Deus)

24

Rua Nova da Ferraria

(“rua que se começa aa porta dalmedina e se vai finir na rua da moreira” … corresponderia à atual Rua Fernandes Tomás)

 

20

Rua da Almedina

(… na bibliografia consultada não existe qualquer referência à Rua da Almedina)

 

15

Da sota, acima da Porta de Almedina ao adro da Sé

 

4

Do adro da Sé aos Paços do Rei

 

22

Dos Paços do Rei ao Castelo

 

10

S. Gião

(atual Rua das Azeiteiras)

1

 

Total das propriedades inventariadas

 

119

 

 

Composição das propriedades régias

Tipo de bem

Número

Casas

87

Tendas

9

Pardieiros

8

Chãos

9

Cortinhais

4

Casa de falcoaria e pombais

2

Total dos bens arrolados

119

 

… verifica-se que a totalidade dos chãos referidos se situam extramuros: seis na Judiaria Velha, os restantes três dispersos pelas Ruas da Moeda, dos Tanoeiros e de Coruche. De cinco deles sabemos que foram casas, noutro teria existido uma tenda. O mesmo acontece com o grosso dos pardieiros contabilizando-se seis no Arrabalde e dois na Almedina … concluímos que à exceção de dois casos, todas as propriedades régias que nessa data se encontravam em ruína têm em comum a mesma situação geográfica: o arrabalde. Se procurarmos as causas da degradação destes imóveis surge-nos invariavelmente a mesma explicação: «… derrubados cando el rey Dom Anrique veio a este regno», que «jaz ora em campo por que foy destruída pola guerra» ou «… que queimarom os castelaaõs…»

O tombo descreve-nos que o raio de ação do exército castelhano por ocasião do cerco de Coimbra. A ausência de muralhas no arrabalde facilitou certamente o avanço do inimigo cujo rasto de destruição deixou vestígios desde a zona ribeirinha, na Madalena e Rua da Moeda, até aos muros da cidade, na Judiaria Velha.

 

Trindade, L. 2002. A Casa Corrente em Coimbra. Dos finais da Idade Média aos inícios da Época Moderna. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 118 a 119, 124 e 125

 

 

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por Rodrigues Costa às 10:37


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