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A' Cerca de Coimbra


Terça-feira, 05.07.16

Coimbra e as Repúblicas de Estudantes 2

Mas, a existência dos colégios, se serviu para minorar o problema de falta de habitação em Coimbra no que se refere à população escolar, não significou de forma alguma que não continuassem a existir carências.

Quanto se sabe, nunca os proprietários de casas devolutas tiveram dificuldades em as arrendar... praticar-se-iam preços especulativos, se não mesmo exorbitantes, se não existisse toda uma série de legislação régia que protegia os escolares da especulação dos senhorios. Assim, de três em três anos, quatro taxadores, sendo dois da Universidade e dois da cidade, taxavam as casas do reitor, dos mestres e dos estudantes. Quanto ao senhorio, este recebia a importância da renda em três prestações, não podendo exigi-la junta, ou aumentá-la, sob pena de a perder todo.

... E não eram apenas os indivíduos de linhagem, os nobres, e os de largos proventos que moravam em casas arrendadas. Era uma larga fatia do corpo escolar, seculares e leigos, que, dispondo de tão largos privilégios no tocante a moradas e abastecimento de bens e produtos necessários ao seu suprimento, habitavam em casas de particulares, continuando-se esta situação pelos tempos fora.

Da época de D. João V fala-nos Ribeiro Sanches ... dizendo que os estudantes viviam aos dois e aos três (tal como acontece nas repúblicas), e servia-os uma ama e um, dois ou mais criados como era permitido à sua condição social pelos Estatutos.

... as condições de alojamento evoluíram sempre. Mas, agora é a primeira vez que alguém nos fala duma vida comunitária de estudantes que habitam uma casa e têm uma “ama”, que não será mais do que a “servente” das repúblicas contemporâneas.

... ao tempo da Reforma de Pombal, com o decréscimo do número de estudantes, terá aumentado a oferta de habitação em Coimbra. Mas a situação iria durar pouco tempo. Na realidade, se houve uma inversão no crescimento da população universitária durante a Reforma, com o passar dos anos há um crescendo que volta a trazer-nos à situação anterior.

... este crescendo acaba por atingir ... uma situação... mais gravosa, quando se atinge  a revolução vintista (1820) e, muito particularmente, com a extinção das ordens religiosas e a passagem  dos colégios universitários para as mãos do Estado.

É nesta época que começa a dar-se o nome de “República” à comunidade de estudantes que vivem em regime de autogestão, comungando da mesma casa, da mesma mesa, e quiçá, do mesmo espirito e estilo de vida, àquele conjunto de estudantes com vida em comum que ... existe desde os primórdios da Universidade, ou melhor, do Estudo Geral em Coimbra.

Ribeiro, A. 2004. As Repúblicas de Coimbra. Coimbra, Diário de Coimbra. Pg. 77 e 78

 

 

 

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por Rodrigues Costa às 22:47


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