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Conclusão do texto assinado pelo Professor Doutor Pedro Dias, publicado na revista Munda em novembro de 1981.
Até 1537, o aglomerado urbano de Coimbra manteve-se sem grandes alterações: pequenas e acanhadas ruelas que serpenteavam nas encostas, adaptando-se às construções que sempre, precediam e definiam os traçados das vias. Nunca a almedina esteve superlotada. Continuando a existir, intramuros hortas e quintais, onde se praticou a horticultura, até à atualidade. O crescimento era moderado e fez-se sem sobressaltos. Mas nesse ano, D. João III reinstalou os Estudos Gerais, na cidade e a sua fácies começou a mudar. Frei Brás de Braga, reformador do mosteiro crúzio, com o beneplácito do monarca, abriu a Rua da Sofia que viria a ser o orgulho dos conimbricenses quinhentistas, cantada mesmo. em versos latinos, por Inácio de Morais. Aí se edificaram os Colégios de S. Miguel e de Todos os Santos, de S. Bernardo, do Carmo, da Graça, de S. Pedro, de S. Boaventura e de S. Tomás, além do Convento Novo de S. Domingos e a nova igreja de Santa Justa. O frade reformador urbanizou outras áreas, como a de Montarroio. incluindo o largo que se viria a chamar Pátio da Inquisição, as ribas de Corpus Christi e das Figueirinhas, o Largo de Sansão, etc. Já antes, o Bispo D. Jorge de Almeida dera maior dignidade ao adro da Catedral, e a Camara arranjara de novo a ponte, os cais do Mondego e algumas ruelas que calcetou.
Mas foi a partir de 1537 que se operou a grande mudança. com a instalação de inúmeros colégios universitários, que todas as ordens religiosas quiseram fundar na cidade, para alojarem os seus religiosos que, em Coimbra, buscavam o Saber e os graus académicos.
Grandes edifícios, planeados por arquitetos de mérito e construídos com apreciáveis meios económicos por construtores hábeis, surgiram, em poucas décadas. em zonas desabitadas do arrabalde ou mesmo na almedina, cabendo salientar os grandes complexos da Companhia de Jesus, e de Santa Cruz.
Os próprios burgos vizinhos de Celas e Santa Clara, que tinham nascido à sombra de mosteiros, desenvolveram-se fornecendo mão de obra para os trabalhos de construção.
Em poucos anos, o número de habitantes de Coimbra duplicou, e aos 5.200 de 1527 opunham-se os 10.000 de 1570. Não eram só estudantes, mas também todo um grupo social que nascera, para garantir a alunos e mestres os serviços necessários para a sua permanência na cidade. No fim do séc. XVI a zona urbana crescera e redefinira-se, para não mais se alterar até ao final do séc. XIX. As zonas agora ocupadas, além das que já o eram em 1537, situavam-se entre o Mondego o a parte final da Rua da Sofia, nos arnados, que foram sendo conquistados para a construção e para pequenas hortas, e na encosta de Montarroio.
Terminou-se a ligação entre os adros de Santa Justa, o largo de Sansão e a Praça Velha, formando-se um aglomerado contínuo.
Largo de Sansão no final do séc. XVIII. Op. cit., pg. 6
No séc. XVII a evolução é lenta e a população aumenta gradual e sistematicamente, mas, para além de construções pontuais, algumas de grande volume, viário ou os limites da urbe não sofrem alterações, o mesmo se passando ao longo de toda a primeira metade do séc. XVIII. Em 1765 os alunos matriculados na Universidade eram já 4.629 que, juntos com os dos colégios, perfaziam o elevado número de cerca de 8.000, ou seja, metade de toda a população de Coimbra. A vocação académica da cidade mantinha-se.
Foi nesta época que o Marquês de Pombal, desejou mudar o aspeto e a estrutura da sua cidade universitária, mas dos seus planos mais não resultou que a criação da praça que hoje tem o seu nome, em terrenos e edifícios da Companhia de Jesus, onde fez levantar dois institutos universitários ao gosto da moderna Europa de além-Pirenéus. Na Quinta dos Bentos levantou também o Jardim Botânico que seria um novo polo de atração e iria fazer a ligação com novos bairros da cidade contemporânea, mas antes, ainda, no séc. XVIII, com o Seminário e o Colégio de S. José dos Marianos.
Durante o séc. XIX a cidade só aumentou o seu número de habitantes em 6.000 e ao ser implantada a República viviam aqui 29.115 almas. Foi a partir de 1880 que a fácies de Coimbra mudou e acompanhou a modernização que também Lisboa conheceu, quem sabe se não influenciada pelas obras que corriam na capital. É o momento em que a malha quinhentista rompe os seus tradicionais limites e se espalha por zonas antes desabitadas ou, quando muito, onde se implantavam algumas moradias rodeadas de quintas de pleno carácter rural.
Junto ao rio, arranjam-se as margens, sobretudo a do lado Norte, alarga-se a Portagem e a avenida e parque juntos, cujas obras se prolongam durante váriasdécadas, a partir de 1888. Aí nasce a estação de caminho de ferro e se instalam as unidades hoteleiras mais importantes da cidade novecentista. Em 1882. na Quinta de Santa Cruz, começa a abrir-se a que haveria de ser a mais larga e bela das novas artérias citadinas, hoje a Avenida Sá da Bandeira. que termina na Praça da República, local onde, já em 1901 os académicos disputavam as suas partidas de um novo desporto importado das Ilhas Britânicas: o futebol. As vias adjacentes, de traçado regular e com largura invulgar para a época. em breve servidas por transportes públicos, são projetadas e começam a ser abertas, a partir de 1889: Rua Castro Matoso, Rua Alexandre Herculano Rua Garret, etc. A ligação da Praça da República com Celas – a rua Lourenço Almeida Azevedo – inicia-se em 1893, e a vizinha Rua Tenente Valadim é traçada entre 1894 e 1903. É toda uma nova zona onde se vão levantar prédios elegantes, uma escola, na esquina da Rua da Manutenção Militar que, em 1901 vai estabelecer a ligação com Montarroio e com a Conchada, e um teatro circo, já inaugurado em 1892.
Em 1918 a zona residencial estende-se a outras áreas, sendo nesse ano regularizada a Alameda do Jardim Botânico. e dois anos depois, a região da Cumeada, com a definição da sua espinha dorsal, a Avenida Dias da Silva.
Só em meados do século. Coimbra conheceria novas alterações em alguns dos seus pontos mais centrais, multo especialmente na Alta, onde. para se construíram novos edifícios universitários, se destruíram grandes áreas de antiga ocupação. incluindo muitos edifícios notáveis, como as igrejas de S. Bento e de S. Pedro, e os Colégios dos Militares e dos Loios.
Planta da Alta com indicação das áreas destruídas, para a construção dos novos edifícios universitários. Op. cit., pg. 10
É também, por outro lado. o momento em que se constrói o primeiro bairro periférico dentro de um plano ordenado e com finalidade de alojar condignamente, em moradias. famílias de recursos médios;
Urbanização inicial do Bairro Marechal Carmona. Op cit., pg. 9
nascia assim o Bairro Marechal Carmona, ao dobrar-se o meado do século.
Dias, P. Evolução do Espaço Urbano em Coimbra. In: Munda, Revista do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro, n.º 2, pg. 5-11.
Entretanto, o Reitor, D. Francisco de Lemos (1735-1822), consciente do tempo que levaria a pôr de pé tal equipamento mandou construir para uso das aulas um pequeno observatório interino (de caracter provisório) no terreiro do Paço das Escolas.… A solução para o definitivo Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra (OAUC) passava por fixar a sua localização no topo Sul do Paço das Escolas.
…. No espaço de quatro anos (17881792) são conhecidos quatro projectos arquitectónicos (três deles em menos de meio ano): uma primeira versão em 1788; uma segunda versão em Setembro de 1790; uma terceira em Novembro de 1790; e uma quarta versão em Fevereiro de 1791 e Setembro de 1792 (que corresponde à versão construída).
… A forma final do edifício – o projecto final do OAUC é aprovado pela Junta da Universidade em 5-2-1791, estando em 1799 concluído o edifício – será constituída por um corpo horizontal com um piso e cobertura plana, e uma torre com três pisos definida a partir do vão central, também com cobertura plana.
Planta do Observatório Astronómico que a Universidade mandou fazer dentro no seu pátio no anno de 1791. [BGUC Ms. 3377-44]
Prospecto ou vista do pátio a Universidade. [BGUC Ms. 3377-44]
Prospecto ou fasia da rua da Trindade e Expecato emtrior por A B. [BGUC Ms. 3377-45
Este edifício é um bom exemplo do desfasamento entre as ambições iniciais da Reforma Pombalina e a nova realidade. Pensado no seu início como um edifício destacado de todos os estabelecimentos científicos, o Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra acabava no mais modesto de todos eles. Abdicava-se da carga simbólica e da função urbana iniciais e concentrava-se a atenção na criação de um estabelecimento astronómico [Martins & Figueiredo 2008].
Figueiredo, F.B. 2013. O Observatório astronómico (1772-1837). Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra. Acedido em 2018.10.28, em http://hdl.handle.net/10316.2/38513.
A ideia de criar um Observatório Astronómico surge desde logo nos Estatutos Pombalinos (1772) a propósito da Faculdade de Mathematica e da respectiva cadeira de Astronomia (4.º ano). A sua criação tinha dois objectivos distintos, a leccionação e o desenvolvimento da ciência astronómica. Os Estatutos Pombalinos encaravam a ciência como a força motriz para uma mudança de mentalidades essencial à modernização do país e a astronomia desempenhava um papel fundamental pelas “consequências tão importantes ao adiantamento geral dos conhecimentos humanos, e à perfeição particular da Geografia, e da Navegação”. Por isso o Observatório Astronómico era representativo desse modo de ver a ciência, constituindo simultaneamente um meio para o seu desenvolvimento.
… Hoje, a maior parte dos muitos visitantes que franqueiam a Porta Férrea da Universidade e olham, ao entrar no Pátio das Escolas, à sua esquerda e se aproximam do varandim para desfrutar a imensa vista sobre a baixa da cidade e do rio Mondego, não faz ideia que aí era durante muitos anos (quase 150) o Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra (OAUC) – um edifício de configuração rectangular, “constituído por três corpos contíguos em que o central é três vezes mais alto do que os laterais.” [Bandeira 1943-1947, p.129] –, e que foi demolido aquando das obras de requalificação da Universidade de Coimbra nos anos 50 do século XX.
Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra
Porém, este edifício não foi aquele que a Reforma Pombalina previu edificar. O sítio que se determinou primeiramente para a construção do Observatório foi o Castelo da cidade [Lemos 1777, p.260], que se situava na vertente da Alta de Coimbra oposta ao Paço das Escolas, onde hoje é o Largo D. Dinis (no cimo das Escadas Monumentais).
… O Castelo era constituído por duas torres: a de menagem quadrada, de construção afonsina, a que se chamava Torre Nova; e uma segunda, de configuração pentagonal que embora fosse de construção mais recente, pois havia sido erguida nos tempos de D. Sancho I, era designada por Torre Velha [Lobo 1999, p.4].
Planta do Castelo e Casas a ele contíguas em a Universidade de Coimbra (Elsden, 1773). [BGUC, Ms.3377/41]
Alçado do Observatório do Castelo (Elsden, c.1773). [MNMC, Inv. 2945/DA 23]
Em 1775 (a partir do mês de Setembro) quando estava realizado o essencial do piso térreo, com o edifício erguido até ao 1.º piso, “a uma altura não inferior a 8 metros”, as obras param. O elevado custo dos trabalhos atingido em cerca de dois anos e meio, e quando estava ainda por realizar parte significativa da obra, é a principal causa para a interrupção de tão ambicioso projecto.
Figueiredo, F.B. 2013. O Observatório astronómico (1772-1837). Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra. Acedido em 2018.10.28, em http://hdl.handle.net/10316.2/38513
É tradição dizer-se que o Jardim Botânico de Coimbra foi projetado por Vandelli. Uma análise mais aprofundada mostra, no entanto, que o Jardim que vimos hoje já nada tem que ver com Vandelli e foi sendo feito pelos sucessivos diretores. O projeto (c. 1773) ... foi chumbado pelo marquês de Pombal, por excesso de luxo.
... a proposta de Vandelli ficou reduzida a um terraço, a que se chamou o “Quadrado”: na encosta da cerca do convento beneditino, onde se instalara a universidade por altura da Reforma Pombalina. Deste projeto restam os muros de suporte, pois o espaço foi totalmente remodelado, correspondendo hoje ao tabuleiro mais largo com fontanário central e canteiros em arco, desenhados na altura em que o professor Abílio Fernandes foi diretor do jardim (de 1942 a 1974)
Jardim Botânico planta executada em Agosto de 1807
Felizmente, encontra-se também no arquivo uma planta do Jardim Botânico, que segue as instruções de contenção do marquês e foi mandada desenhar sob orientação de Brotero. Este sim foi o primeiro impulsionador da maior parte do Jardim Botânico, construído e plantado para o ensino da Botânica na Universidade de Coimbra.
Jardim Botânico, canteiros
... Das descrições de Brotero sob a forma de preparar um jardim, confirmamos ainda hoje, no terreno, algumas partes, e o belíssimo resultado de um jardim bem planeado, mesmo passados duzentos e quarenta anos. Os tabuleiros que hoje vimos quando entramos na porta central do jardim, onde uma estátua foi erguida ao grande mestre Brotero, são preenchidos por canteiros longitudinais ladeados de buxo. Apesar de hoje não existirem as três mil espécies que Brotero ali juntou, o traçado é bom, a rega foi pensada, a exposição é a melhor da colina que desce para o Mondego, a drenagem funciona: quando for possível refazer a coleção broteriana, não haverá grande dificuldade em plantar as famosas escolas, segundo o sistema de classificação que se entender.
... No século XIX, Júlio Henriques melhora o sistema de águas e, no século XX, Abílio Fernandes manda construir a estufa fria ... Durante a direção deste professor, é colocada uma fonte no centro do Quadrado e são efetuadas melhorias de canalizações, hoje visíveis.
... a estufa que hoje vemos, à direita da grande escadaria, é um belo exemplar da arquitetura de ferro de meados do século XIX.
Jardim Botânico bambuzal
... quando um dia abrir (a mata) os seus 13,5 hectares e ligar a parte alta da cidade às margens do rio, por onde, no passado, chegavam as remessas de plantas, a visita poderá oferecer um passeio pelo mágico bambusal de «Phyllostachys bambusoides», e, escondida no meio deste ambiente oriental, permitir encontrar a capela de São Bento abobadada e coberta de musgo. Relembra-nos a presença dos beneditinos, que mais abaixo deixaram também uma fonte alimentada por uma mina de água, com parede e banco forrados a azulejos do século XVII, local de paragem antes de subirmos para o miradouro.
Castel-Branco. C. Os jardins de Coimbra. Um colar verde dentro da cidade. In: Monumentos. Revista Semestral de Edifícios e Monumentos. N.º 25, Setembro de 2006. Lisboa, Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, pg. 177-180
Desde os primeiros tempos em Portugal, ainda com Xavier (S. Francisco Xavier), que a ideia de fundar um colégio junto da Universidade de Coimbra parecia ... de capital importância.
... Finalmente, a 9 de Junho de 1542, Simão Rodrigues (português que foi o provincial da primeira província da Companhia de Jesus no mundo, a Província Lusitana) e doze companheiros, em expressiva atitude simbólica, partem de Lisboa a caminho de Coimbra, entrando na cidade universitária no dia de S. António desse mesmo ano ... Hospedaram-se no Mosteiro de Santa Cruz, para o que levaram carta de recomendação de D. João III ... o soberano recomendava que os mandasse agasalhar na hospedaria do mosteiro ... Aí estarão três semanas.
... Simão Rodrigues rapidamente procurou, na parte alta da cidade, casas apropriadas para se instalarem ... alugam-se e depois compram-se duas casas ... na denominada Rua Nova d’El Rei, a qual viria mais tarde, a desaparecer com a construção do grande edifício do Colégio de Jesus. As casas para onde se mudaram ... a 2 de Julho de 1542, eram novas, mas pouco espaçosas.
... A 11 de Março de 1543 dará entrada no noviciado o primeiro aluno da Universidade.
... Por fim, a 14 de Abril de 1547, quinta-feira depois da Páscoa, procedeu-se ao lançamento da primeira pedra do novo colégio ... a primeira foi lançada à honra do nome santíssimo de Jesus ... Estava assim fundado o Colégio de Jesus, o primeiro que os Jesuítas tiveram em Portugal.
Colégio de Jesus, primeira pedra
In: Coutinho, J.E.R. 2003. Sé Nova de Coimbra. Colégio das Onze Mil Virgens.Igreja de Jesuítas. Coimbra, Paróquia da Sé Nova, pg. 34
Perderam-se os primeiros planos, elaborados pelo arquiteto régio ao serviço da Universidade, Diogo de Castilho, como se perdeu também uma visão concreta da estratégia inicial para a estrutura colegial ... Muito rapidamente, a 17 de Junho do mesmo ano, estabeleceram-se os limites da cerca que “começará detrás do muro, que vem da Porta Nova, onde ha um cunhal do dicto collegio, abaixo das casas de João de Sá, conego, e irá até o caminho que vem do Corpo de Deus e vae para a egreja de S. Martinho, que está fora do muro, e seguirá o caminho até que defronte da outra cerca, que o dicto collegio tem sobre o muro, a qual vai entestar com a ermida de S. Sebastião.
... Quando, finalmente, todo o espaço (colégio das Artes, colégio de S. Miguel e colégio de Todos-os-Santos junto ao Mosteiro de Santa Cruz) é entregue à Inquisição, a Companhia de Jesus transporta consigo o colégio das Artes para a parte alta da cidade ... A partir daqui, numa ação conjunta e articulada, os dois colégios, das Artes e de Jesus, crescerão separados fisicamente mas unidos pela mesma fonte de proteção e de autoridade
... A defesa da união dos colégios .. obrigará ... à reformulação dos projetos ... A primeira pedra (do novo colégio das Artes), lançada em 1568, significará também o começo de um percurso construtivo longo e pautado por reconversões de vária índole.
... Por outro lado, as alterações a que o complexo jesuítico foi submetido até ao século XVIII mostram a ausência de rigidez programática da Companhia de Jesus tanto como a sua capacidade de adaptação a novas circunstâncias. A estrutura que viria globalmente a manter-se sofreu diversos ajustamentos já visíveis na conhecida gravura romana de Carlo Grandi, datada de 1732.
Colégio de Jesus e Colégio das Artes em 1732
Os mais significativos passam pela deslocação do eixo da igreja para poente originando a assimetria entre os pátios formados pelos blocos perpendiculares.
... Em 1732 já estavam também operativas as ligações estabelecidas com a zona das cozinhas e refeitório ... e com o grande bloco do colégio das Artes.
... Praticamente sem alterações, a força deste conjunto chegaria a 1772 ... A Reforma Pombalina da Universidade deu diferente ocupação aos espaços.
Craveiro, M.L. e Trigueiros, A. J. 2011. A Sé Nova de Coimbra. Coimbra, Direção Regional de Cultura do Centro, pg. 13-17, 29-31, 39
Notáveis exemplares de Cerâmica Coimbrã … Trata-se do revestimento azulejar, setecentista, da época pombalina, de uma sala do antigo Paço Episcopal, edifício onde … 1911 se instalou o Museu Nacional Machado de Castro.
… Representam as cartelas destes painéis de azulejos os alçados dos edifícios universitários mandados fazer aquando da Reforma do Marquês de Pombal … são importantes estes azulejos: para a história do Paço Episcopal … para a história da Universidade, para a história de Coimbra, para a história da Arte.
… Situa-se a sala onde se encontram estes azulejos no 1.º andar do Museu, no ângulo Nascente-Norte do edifício antigo … Esta sala seria de «curiosidades» aquando da instalação do Museu.
… Havia numa sala do paço, feitos em azulejos todos os planos de todos os edifícios que mandou edificar em Coimbra para Universidade o marquês de Pombal …
… Estes azulejos, obra portuguesa, obra das olarias de Coimbra valiam para a história da arte em Portugal, eram um documento histórico de uma grande reforma … Supunha-se já então que os desenhos dos edifícios dos azulejos tinham sido copiados dos próprios projetos que serviram às obras pombalinas.
… Os desenhos das plantas e alçados dos vários edifícios da reforma pombalina são da autoria do então Tenente-coronel engenheiro Guilherme Elsden, o inglês diretor das obras da Universidade de Coimbra.
Encontram-se colocados em nove painéis de azulejos …
… a planta n.º IV do álbum representa a «Elevação Geométrica do Edifício destinado para as Sciencias Naturaes – Lado principal»…
… a planta n.º 5 representa o «Prospecto da obra nova do Museu, e edifício velho do Hospital na frente do lado septentrional…
…a planta n.º VII intitula-se «Spaccato cortado pelo meio de todo o edifício, e olhando para a frente principal» …
… a planta n.º XI designa-se «Elevação Geométrica do Laboratório Chymico. Lado principal» …
… na planta n.º XIX … representa-se a «Eelevação Geométrica da frente principal do Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra».
… a planta n.º XXVIII, com a data de 1773, representa a Elevação Geométrica do Cabido da Sé.
Figueiredo, M.P. Da Cerâmica Coimbrã. Uns notáveis azulejos do Museu Nacional de Machado de Castro. In A Cerâmica em Coimbra. 1982. Coimbra, Comissão de Coordenação da Região Centro. Pg. 53 a 60.
Em 29 de Março de 1773, inicia-se a demolição do Castelo e, em Outubro seguinte, estavam a dar-se os últimos retoques num dos projetos do Observatório, cujas obras arrancavam a 7 de Janeiro
… Em 1777, D. Francisco de Lemos escreve “ … Achase feita ate o primeiro Plano … Para o uso interino da Lições e Observações Astronómicas fiz construir um pequeno Observatório no Terreiro dos Paços das Escolas o qual tem servido até aqui para o dito fim”
… Arrasar o velho castelo tornou-se tarefa difícil e, apesar de se terem gasto na obra avultadas somas, a Torre de Menagem “formidável e compacta, cortada porventura a um terço da sua altura” permanecia, em 1932, dentro das ruínas do inacabado Observatório.
Anacleto, R., 2009. Universidade de Coimbra: Primeiras Propostas Arquitetónicas da Reforma Pombalina. Separata do IV Congresso Histórico de Guimarães. Do Absolutismo ao Liberalismo, pg. 32
Os edifícios destinados às faculdades onde se procedesse a “Observações, Experiências e Demonstrações de Sciencias Naturaes”, constituíam prioridades …
O edifício construído apresenta uma longa fachada de cento e onze metros de comprido, dividida em três corpos, bem marcados por pilastras. A zona central exibe, no piso térreo, outras tantas aberturas em arcaria …Demarcam eta zona, intervalando as aberturas, quatro pilastras dóricas adossadas à parede e remata o conjunto um largo frontão triangular, ornamentado no seu tímpano, com um relevo atribuído a Machado de Castro, representando a Natureza.
…
No antigo Colégio de Jesus, para o efeito incorporado no “perpétuo domínio da Universidade” abrigavam-se os institutos ligados à Faculdade de Medicina: o Hospital, o Teatro Anatómico e Dispensário Farmacêutico.
O Teatro Anatómico já funcionava nos inícios de 1774 … Ao lado, mesmo junto à Couraça dos Apóstolos situava-se o “jazigo” ou cemitério. Interessa salientar aqui o facto de, em Coimbra, se projetar, já em 1772 ou 1773, uma necrópole.
…
Para construir o Laboratório Químico “aplicou o Marquez Vizitador a parte septentrional do Collegio, que compreendia o Refeitório, e a mais officinas adjacentes”, mas como não se tornou viável proceder a uma racional utilização, “foi precizo demolir tudo, e Edificar de novo o Edificio” … o imóvel que atualmente se ergue na Praça Marquês de Pombal, continua a ter a assinatura do inglês (Guilherme Elsden) e resultou do modelo “… de Vienna de Austria” … O responsável pelo seu bom apetrechamento foi em 1800, o lente de Metalurgia, José Bonifácio de Andrade e Silva.
Anacleto, R., 2009. Universidade de Coimbra: Primeiras Propostas Arquitetónicas da Reforma Pombalina. Separata do IV Congresso Histórico de Guimarães. Do Absolutismo ao Liberalismo, pg. 29 e 30, 34 e 35
Transferência da Sé Episcopal para a Sé Nova
… o rei, através de uma carta assinada em Mafra a 11 de Outubro (de 1772) … fizesse “applicação da sumptuoza Igreja (atual Sé Nova) e de tudo o mais necessário que necessário fosse em benefício da Sé Catedral, que para ella deve ser transferida”.
Transferência da Misericórdia para a Sé Velha e instalação da Imprensa da Universidade e do Instituto
… o Marquês de Pombal, por Provisão de 15 de Outubro de 1772, concedeu ao provedor e irmãos da confraria da Misericórdia de Coimbra, até aí instalados na igreja de S. Tiago, o edifício da Sé Velha e destinou o claustro para nele ser montada, depois das necessárias adaptações, a Imprensa da Universidade.
…
A Universidade comprou, para o efeito, várias casas nas ruas da Ilha e do Norte, tendo construído, com desenho de Elsden, o edifício onde funcionou O Instituto.
Anacleto, R., 2009. Universidade de Coimbra: Primeiras Propostas Arquitetónicas da Reforma Pombalina. Separata das Actas do do IV Congresso Histórico de Guimarães. Do Absolutismo ao Liberalismo, pg. 15 e 31
Transferência da Sé Episcopal para a Sé Nova
… o rei, através de uma carta assinada em Mafra a 11 de Outubro (de 1772) … fizesse “applicação da sumptuoza Igreja (atual Sé Nova) e de tudo o mais necessário que necessário fosse em benefício da Sé Catedral, que para ella deve ser transferida”.
Transferência da Misericórdia para a Sé Velha e instalação da Imprensa da Universidade e do Instituto
… o Marquês de Pombal, por Provisão de 15 de Outubro de 1772, concedeu ao provedor e irmãos da confraria da Misericórdia de Coimbra, até aí instalados na igreja de S. Tiago, o edifício da Sé Velha e destinou o claustro para nele ser montada, depois das necessárias adaptações, a Imprensa da Universidade.
…
A Universidade comprou, para o efeito, várias casas nas ruas da Ilha e do Norte, tendo construído, com desenho de Elsden, o edifício onde funcionou O Instituto.
Anacleto, R., 2009. Universidade de Coimbra: Primeiras Propostas Arquitetónicas da Reforma Pombalina. Separata das Actas do do IV Congresso Histórico de Guimarães. Do Absolutismo ao Liberalismo, pg. 15 e 31
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