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João Augusto Machado, de seu nome completo, nasceu em Coimbra a 7 de Dezembro de 1862. O pai esculpia “bonecos” nas horas vagas, mas era sapateiro … Depois de António Augusto Gonçalves ter fundado a Escola Livre, em 1878, Machado começou a frequentar esse ‘ninho de águias’ e, mais tarde, abriu oficina de canteiro. Na época, todos os artificies da pedra existentes em Coimbra, foram seus discípulos. O arquiteto Augusto da Silva Pinto … afirmava que, apesar de Machado possuir um curso de arte mais ou menos elementar e jamais se ter deslocado ao estrangeiro, conseguiu ser um escultor notável…
Machado, um dos maiores canteiros que se ‘formaram’ na ‘universidade plebeia’ ... Mas não se pode escamotear, em boa verdade, o facto de João Machado, um dos maiores entre os canteiros que se ‘formaram’ na «universidade plebeia’ mondeguina ter sido o responsável pela aprendizagem de quase todos esses lavrantes da pedra, pois a sua oficina funcionou sempre como laboratório da arte de escultor, uma vez que, no ensino oficial, a parte prática se encontrava, por várias razões, omissa.
… João Machado não recebia ‘ao dia’ como os outros, mas as remunerações eram-lhe entregues globalmente e resultava, quase sempre, de trabalho realizado na sua oficina sita então ainda na rua da Sofia, em Coimbra.
… Mestre Machado trabalhou esta alegoria (a Vitória do Palace do Bussaco) num só bloco, trazido das pedreiras de Ançã e que, segundo os carreiros que a transportam para Coimbra, em virtude do seu peso, fizera abanar a ponte da Cidreira, quando a atravessou. A pedra era linda a valer e o artista, enquanto a teve na sua oficina, antes de a ‘rasgar’, ficava-se longo tempo a olhá-la e a acariciá-la; doeu-lhe mesmo o coração começar a cortá-la, porque ele tinha “pela pedra rude a mesma adoração que os ourives pelo oiro fino … Bem sabia elle que a pedra, se a beija a arte, se põe a rir o mesmo riso que canta o ouro fino. Aos primeiros golpes que se lhe dam, a pedra solta gritos ásperos de dôr, como se chorasse o ferro. Mas, pouco a pouco, vai-se amaciando o som, ainda triste, como o cantar das rôlas a distância. E, quando a obra está quasi a acabar-se, a pedra sôa o riso metálico do oiro”.
Anacleto, R. 1997. Arquitetura Neomedieval Portuguesa. 1780-1924. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian / Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica. Pg. 312 a 315
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