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A' Cerca de Coimbra


Quinta-feira, 17.12.15

Coimbra, a Escola de Canteiros de Coimbra 2

A obra do “Monteiro dos Milhões” (o Palacete da Regaleira) começava a dar brado, e, em 1904, ‘O Século’, na correspondência de Sintra, escrevia:
… Os artistas de cujas mãos sáem éssas óbras primas em pédra são da Batalha …

… transcrito na ‘Resistência’, mereceu uma violenta réplica, saída certamente, porque o tom o deixa adivinhar, da pena do seu diretor, Joaquim Martins Teixeira de Carvalho.
“ … Os artistas que fizérão as obras que o critico cita são de Coimbra e châmão-se António Augusto Gonçalves, João Machado, Jozé de Souza Barata e José Fonseca. João Machado e Jozé Barata são discipulos de António Augusto Gonçalves e estudárão na Escola livre das artes do desenho. Jozé Fonseca foi aluno da Escóla Brotéro e discipulo de João Machado. Jozé Baráta, lavra como nenhum outro artista português, em estilo manuelino. João Machado é um artista de sensibilidade artística rára, compreendendo e sentido as belezas de todos os estilos, como demonstrão as suas obras (…). Fonseca é um rapás muito novo, já oje um canteiro de valor e que mais poderá elevar-se, se continuar a estudar e não perder no meio lisboeta a modestia e a capacidade do trabalho”.

Mas o autor do artigo olvidara-se de um nome e, certamente a sensibilidade do artista visado terá sofrido com o esquecimento, pelo que no mesmo jornal, dias depois, voltou à carga … esqueceu-nos o nôme de um artista, injustiça que ôje reparamos. Chama-se êle João das Neves Machado; foi aluno da Escóla Brotéro, e é ôje socio da Escóla Livre das Artes do Desenho. É, com J. Fonsêca, um discipulo tambem de João Machado, na sua oficina completou a educação insuficiênte da Escóla Brotéro …”

… Um outro aspeto, quiçá bem importante, relaciona-se com a escola de canteiros de Coimbra que desde sempre se teve como ligada à obra … A maior parte dos artistas, encontravam-se associados à Escola Livre e praticamente todos a João Machado … Mas se alguns, como José Barata e António Gomes que se haviam deslocado para Sintra, a fim de trabalhar na Regaleira, regressaram à cidade, outros, como José e Luís Fonseca por lá se quedaram, o primeiro na vila e o segundo em Lisboa.
Mestre Fonseca acompanhou os trabalhos da Regaleira, pode bem dizer-se, desde o princípio até ao fim.
Esta verdadeira escola de canteiros de Coimbra, durante a sua vigência, assume tal importância na vida artística do país que ouso perguntar-me se ela, dentro destes parâmetros, se pode considerar periférica.

Anacleto, R. 1997. Arquitetura Neomedieval Portuguesa. 1780-1924. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian / Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica. Pg. 335 a 337

 

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por Rodrigues Costa às 10:30


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