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A' Cerca de Coimbra


Quinta-feira, 04.07.24

Coimbra: Locomotiva Coimbra

A locomotiva à qual veio a ser atribuído em Portugal, o nome de Coimbra e o número 10, foi construída em 1855, por uma empresa alemã criada por Georg Egestorff em 1835, da qual foi a obra número 83.

Locomotiva semelhante à Coimbra. Extraída de DieImagem de uma locomotiva semelhante à locomotiva Coimbra, extraída do livro “Die Entwicklung der Lokomotive”.

A empresa construtora era inicialmente designada por Eisen-und Maschinenfabrik Giesserei Hannover, e foi criada tendo em vista a construção de motores a vapor de pequeno porte, utilizados em máquinas agrícolas.

A partir de 1846 dedicou-se à construção de locomotivas para os caminhos de ferro do Estado de Hannover. Em 1870 já tinha capacidade para produzir e vender 500 locomotivas e, em 1871, mudou o seu nome para Hannoversche Maschinenbau AG, o qual ainda hoje é mantido, tendo a empresa se especializado na construção de veículos automóveis industriais.

A locomotiva Coimbra foi construída tendo em vista a sua apresentação na Exposição de Paris de 1855, numa tentativa de encontrar outros mercados para além dos estados alemães.

Segundo a imprensa da época, a ferrovia francesa tentou, sem êxito, a sua aquisição, mas a mesma viria a adquirida por Portugal em 1856.

Tecnicamente, é semelhante aos motores construídos pela Egestorff para o estado de Hannover e para a Brunswick Railways, com uma caldeira de tráfego misto 2-4-0, de cilindros externos.

Esta locomotiva foi uma das utilizadas em 1856, na viagem inaugural dos caminhos de ferro em Portugal.

Inauguração do caminho de ferro em Portugal 1.JP

Inauguração do caminho de ferro em Portugal 2.jp

Inauguração do caminho de ferro em Portugal 3.jp

Viagem inaugural dos caminhos de ferro em Portugal. Na primeira imagem visualiza-se a locomotiva Coimbra.

Imagens acedidas em: https://www.bing.com/images/search?view=detailV2&ccid=D6J9AE9z&id

Posteriormente, foi convertida para a bitola larga. Desde antes de 1883, é desconhecido o seu paradeiro.

Bas, G. Texto adaptado de uma publicação em 29 de outubro de 2022, com a epígrafe Alguns pensamentos sobre motores portugueses antecipados (parte 2), acedida em:

https://www.facebook.com/groups/1614960195255335/permalink/...

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por Rodrigues Costa às 11:02

Quarta-feira, 25.08.21

Coimbra: Hino dos Quintanistas de Direito do ano de 1876 a 1877

O Arquivo da Universidade de Coimbra apresenta mensalmente um documento do seu vasto e riquíssimo espólio.

No Boletim do mês de agosto deu a conhecer a interessante folha do rosto do Hymno dos Quintanistas de Direito do anno de 1876 a 1877.

Hino.jpg

PT/AUC/COL/SG – Salema Garção (COL); Documentos Relativos a Coimbra (SR) - cota AUC – VI-3.ª-1-2-28

A imagem do documento é enriquecida com o seguinte texto explicativo:

A despedida dos alunos da Faculdade de Direito, no seu último ano de curso, 5.º ano, em 1876-1877, foi marcante no conjunto de todas as manifestações congéneres. Foi assinalada por uma récita de despedida e por um hino em cuja autoria participaram os dois condiscípulos, o elvense António Simões de Carvalho Barbas e o brasileiro, natural do Rio de Janeiro, António Cândido Gonçalves Crespo1.

Ambos os autores, um na colaboração musical e outro em colaboração poética, manifestavam já o que haveria de ser a sua vida futura, em que não singraram tanto pela carreira do direito, mas sim pela artes.

Efetivamente Simões de Carvalho que adotaria o nome de Carvalho Barbas, viria a ser professor da cadeira de Música que estava anexa à Capela da Universidade, lecionando a partir de 1888, sendo também o fundador, nesse ano, da Estudantina Académica.

Estudantina de Coimbra em 1888 (Photo Moderna. Por

Estudantina de Coimbra no ano de 1888 (Photo Moderna. Porto)

Quanto a Gonçalves Crespo, que já era casado com a poetisa Maria Amália Vaz de Carvalho, quando estudante, percorreria junto com sua mulher uma carreira literária e a animação do seu próprio salão literário, até falecer tísico, prematuramente, tendo apenas 37 anos, em 1883. Neste salão conviveram escritores ilustres como Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueiro, etc.

Muitas das récitas de finalistas2 tinham lugar no Teatro Académico que existia no local onde hoje se encontra a Biblioteca Geral e onde antes estivera edificada a antiga Faculdade de Letras.

Alçado Norte.jpg

Colégio real de S. Paulo Apóstolo. Fachada norte (Des. de Giacomo Azzolini)

Teatro Academico. Palco.jpg

Sebastião Sanhudo, apontamento de «As festas do Centenário de Camões em Coimbra», in “O Sorvete”, Porto, nº 157, 14.05.1881.

Mas os alunos deslocavam-se também para Teatros fora de Coimbra, no sentido de angariar pecúlio que lhes permitisse organizar as suas festas de finalistas ou contribuir para atos de filantropia. Não esqueçamos que foi com o contributo de donativos angariados com récitas do Orfeão Académico que, em 1882, foi possível inaugurar a construção do primeiro Jardim Escola João de Deus, em Coimbra.

Jardim Escola em construção.jpg

Jardim Escola João de Deus em construção

Este bifólio, de quatro páginas, do qual se apresenta a folha de rosto, contém a partitura para piano, com indicação das vozes e coro, que foi regido por Simões Barbas. É hoje um raro exemplar, pois estes folhetos apenas sobreviveram na posse de bibliófilos e amantes das tradições coimbrãs, como é o caso do colecionador Eng.º Salema Garção que o doou ao Arquivo da Universidade, integrado num acervo conimbricense3.

Por último, uma chamada de atenção para o belo trabalho litográfico, com motivos vegetalistas e grinaldas de flores pendentes, muito ao gosto da época. É visível uma pasta de estudantes, fitada, e decorada, podendo interpretar-se que seja a “pasta de luxo” que começou a ser usada, no final do séc. XIX.

Hino. Pormenor.jpg

PT/AUC/COL/SG – Salema Garção (COL); Documentos Relativos a Coimbra (SR) – cota AUC – VI-3.ª-1-2-28. Pormenor

Pasta de luxo 03 a.jpg

Pasta de luxo de um quartanista de Direito. 1934 (Coleção particular)

1 Foi já divulgado um exemplar desta récita de sua autoria, existente na BGUC. Foi representada no Teatro Académico, intitulada Phantasias do Bandarra, e ficou registada na exposição A Universidade de Coimbra e o Brasil: percurso iconobibliográfico. Coimbra: IUC, 2010. p. 176.

2 SILVA, Armando Carneiro da – «As Récitas do V ano». Arquivo Coimbrão (1955), vol. 13, pp. 149-281.

3 PAIVA, José Pedro (coord.) - Guia de Fundos do Arquivo da Universidade de Coimbra. Coimbra: IUC, 2015, pp. 150-151.

Hymno dos Quintanistas de Direito do anno de 1876 a 1877 / Música de A. Simões de Carvalho; Poesia de A. Gonçalve[s] Crespo. Coimbra: Lith. Academica, 1877.

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por Rodrigues Costa às 19:15

Terça-feira, 26.06.18

Coimbra: Orfeon Académico

O Orfeão Académico, cuja fundação se deve a João Arroio, em de Outubro de 1880, apresentou-se pela primeira vez em público a 7 de Dezembro, no Teatro Académico.

Orfeon de Arroyo.jpg

Orfeão Académico sob a direção de João Arroio

 ... No programa dos festejos académicos para a inauguração do monumento a Camões, em 1881, constava a 5 de maio, um passeio fluvial até à Lapa dos Poetas. Os barcos largavam do cais da Portagem e, em homenagem à Rainha e a todas as damas que auxiliaram os bazares académicos, partia uma segunda embarcação “conduzindo a sociedade choral do orphéon académico, cantando o hymno de sua Magestade a Rainha e canções populares portuguezas”.

No dia 6 de Maio, teria lugar o ”grande concerto da sociedade choral, orphéon académico” e, nessa noite, no pátio da Universidade iluminado a “sociedade choral do orphéon academico, e uma orchestra de cem a cento e vinte executantes, executarão musicas de compositores portuguezes, canções populares do Minho e Douro, hymnos patrioticos, etc.”.

É no entanto efémera a vida desta primeira formação orfeonista considerada o primeiro grupo coral académico e primeiro orfeão português, já que em 21 de Maio de 1881, realiza a sua última exibição pública.

... Em 1899, o Orfeão Académico, agora sob a fugaz direção de Luís Pinto de Albuquerque, participava no sarau realizado por ocasião do “Centenário da Sebenta”.

... Animado de novo impulso, o Orfeão, em 1908, agora com a entrada de novos estudantes, retomava o ritmo dos ensaios, e, sob a regência de António Joice, então um brilhante aluno do 5.º ano de Direito, tem nesse ano a sua primeira atuação no Teatro Circo em Coimbra... Realizaram ainda viagens a Lisboa, Paris e participaram nas festas comemorativas do centenário de Alexandre Herculano.

Esta segunda formação acabaria igualmente por se dispersar... No entanto, uma importante obra, que felizmente perdura, ficou para testemunho da sua existência, pois aos donativos recolhidos nas suas diversas atuações se deve a edificação do Jardim Escola João de Deus, inaugurado em 2 de Abril de 1911.

O Orfeão ressurgirá de novo, sob a direção de Elias de Aguiar, em 1915.

Orfeon 1918.JPG

 Orfeão Académico em 1918

 ... É a partir de 1919 que adquire um caráter de existência permanente, desenvolvendo grande atividade através de inúmeros recitais; nos programas dos concertos consta com regularidade que “o produto das festas organizadas pelo Orfeon Académico de Coimbra reverte a favor do seu cofre de beneficência”, atestando a mesma persistência na ação benemérita em favor de tantas instituições de carácter assistencial.

 Arquivo da Universidade de Coimbra. Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra. Vol XI e XII.1989/1992. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 317-318

 

 

 

 

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por Rodrigues Costa às 09:49


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