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Entretanto, o Reitor, D. Francisco de Lemos (1735-1822), consciente do tempo que levaria a pôr de pé tal equipamento mandou construir para uso das aulas um pequeno observatório interino (de caracter provisório) no terreiro do Paço das Escolas.… A solução para o definitivo Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra (OAUC) passava por fixar a sua localização no topo Sul do Paço das Escolas.
…. No espaço de quatro anos (17881792) são conhecidos quatro projectos arquitectónicos (três deles em menos de meio ano): uma primeira versão em 1788; uma segunda versão em Setembro de 1790; uma terceira em Novembro de 1790; e uma quarta versão em Fevereiro de 1791 e Setembro de 1792 (que corresponde à versão construída).
… A forma final do edifício – o projecto final do OAUC é aprovado pela Junta da Universidade em 5-2-1791, estando em 1799 concluído o edifício – será constituída por um corpo horizontal com um piso e cobertura plana, e uma torre com três pisos definida a partir do vão central, também com cobertura plana.
Planta do Observatório Astronómico que a Universidade mandou fazer dentro no seu pátio no anno de 1791. [BGUC Ms. 3377-44]
Prospecto ou vista do pátio a Universidade. [BGUC Ms. 3377-44]
Prospecto ou fasia da rua da Trindade e Expecato emtrior por A B. [BGUC Ms. 3377-45
Este edifício é um bom exemplo do desfasamento entre as ambições iniciais da Reforma Pombalina e a nova realidade. Pensado no seu início como um edifício destacado de todos os estabelecimentos científicos, o Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra acabava no mais modesto de todos eles. Abdicava-se da carga simbólica e da função urbana iniciais e concentrava-se a atenção na criação de um estabelecimento astronómico [Martins & Figueiredo 2008].
Figueiredo, F.B. 2013. O Observatório astronómico (1772-1837). Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra. Acedido em 2018.10.28, em http://hdl.handle.net/10316.2/38513.
A ideia de criar um Observatório Astronómico surge desde logo nos Estatutos Pombalinos (1772) a propósito da Faculdade de Mathematica e da respectiva cadeira de Astronomia (4.º ano). A sua criação tinha dois objectivos distintos, a leccionação e o desenvolvimento da ciência astronómica. Os Estatutos Pombalinos encaravam a ciência como a força motriz para uma mudança de mentalidades essencial à modernização do país e a astronomia desempenhava um papel fundamental pelas “consequências tão importantes ao adiantamento geral dos conhecimentos humanos, e à perfeição particular da Geografia, e da Navegação”. Por isso o Observatório Astronómico era representativo desse modo de ver a ciência, constituindo simultaneamente um meio para o seu desenvolvimento.
… Hoje, a maior parte dos muitos visitantes que franqueiam a Porta Férrea da Universidade e olham, ao entrar no Pátio das Escolas, à sua esquerda e se aproximam do varandim para desfrutar a imensa vista sobre a baixa da cidade e do rio Mondego, não faz ideia que aí era durante muitos anos (quase 150) o Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra (OAUC) – um edifício de configuração rectangular, “constituído por três corpos contíguos em que o central é três vezes mais alto do que os laterais.” [Bandeira 1943-1947, p.129] –, e que foi demolido aquando das obras de requalificação da Universidade de Coimbra nos anos 50 do século XX.
Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra
Porém, este edifício não foi aquele que a Reforma Pombalina previu edificar. O sítio que se determinou primeiramente para a construção do Observatório foi o Castelo da cidade [Lemos 1777, p.260], que se situava na vertente da Alta de Coimbra oposta ao Paço das Escolas, onde hoje é o Largo D. Dinis (no cimo das Escadas Monumentais).
… O Castelo era constituído por duas torres: a de menagem quadrada, de construção afonsina, a que se chamava Torre Nova; e uma segunda, de configuração pentagonal que embora fosse de construção mais recente, pois havia sido erguida nos tempos de D. Sancho I, era designada por Torre Velha [Lobo 1999, p.4].
Planta do Castelo e Casas a ele contíguas em a Universidade de Coimbra (Elsden, 1773). [BGUC, Ms.3377/41]
Alçado do Observatório do Castelo (Elsden, c.1773). [MNMC, Inv. 2945/DA 23]
Em 1775 (a partir do mês de Setembro) quando estava realizado o essencial do piso térreo, com o edifício erguido até ao 1.º piso, “a uma altura não inferior a 8 metros”, as obras param. O elevado custo dos trabalhos atingido em cerca de dois anos e meio, e quando estava ainda por realizar parte significativa da obra, é a principal causa para a interrupção de tão ambicioso projecto.
Figueiredo, F.B. 2013. O Observatório astronómico (1772-1837). Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra. Acedido em 2018.10.28, em http://hdl.handle.net/10316.2/38513
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