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Prosseguindo na sua cruzada – porque é isso mesmo, uma cruzada em prol de Coimbra e da sua história – o Dr. Mário Araújo Torres acaba de editar com recolha de textos e notas suas, mais um volume do conjunto de livros esquecidos ou raros que ajudam à compreensão da nossa Cidade, no passado e no presente.
Capa do livro
Na contracapa podemos ler.
Imagem de parte da contracapa
Na presente edição reproduz-se o único exemplar conhecido da «Descripcam e debuxo do Moesteyro de Sancta Cruz de Coimbra», impressa em 1541 nas oficinas tipográficas do próprio Mosteiro, atualmente conservado na «Greenlee Collection» da «Newberry Library» de Chicago, e procede-se à transcrição integral do opúsculo, com atualização da grafia.
Imagem da pg. 29
Mas a obra ora publicada não se fica pela transcrição desta raridade bibliográfica, pois é enriquecida com os seguintes trabalhos em anexos.
Reproduzem-se os capítulos da «Crónica da Ordem dos Cónegos Regrantes do Patriarca Santo Agostinho» (1668), onde D. Nicolau de Santa Maria alegadamente reproduziu a «Descrição» de D. Francisco de Mendanha, com aditamentos sobre alterações entretanto ocorridas;
Imagem da pg. 85
O estudo de Sousa Viterbo (1890) sobre a descoberta do opúsculo, com anexos documentais dos reinados de D. Manuel I e de D. João III; e extratos de manuscritos de Jerónimo Roman (1588), de D. José de Cristo (1622) e do Cartorário D. Vicente, sobre as novas obras no Mosteiro posteriores a 1540.
Concluindo. O estudioso de Coimbra ou o simples amante das coisas com ela relacionadas, encontra reunido num só volume tudo o que foi escrito relacionado com a descrição do que era o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, nos séculos XVI e XVII.
Pelo meu lado, mais uma vez, o meu obrigado ao Dr. Mário Araújo Torres, pelo muito que está a fazer em prol da divulgação da história da nossa Cidade.
Rodrigues Costa
Mendanha, F. Descripcam e dubuxo do Moesteyro de Sancta Cruz de Coimbra. Reedição com recolha de textos e notas de Mário Araújo Torres. 2021. Lisboa. Edições Ex-Libris.
É sabido que os mosteiros e conventos ocupam os melhores troços de paisagem: vales férteis, outeiros com vistas soberbas, e, em regra geral, assegurando a presença de água dentro das suas cercas – bem cumprida no caso do Mosteiro de Santa Cruz.
... sempre seguro na sua excelente localização ao longo do vale da Ribela, vale largo de terras férteis para onde corriam águas de nascentes, formando um pequeno afluente que terminava no Mondego.
Vale da Ribela, atual Av. Sá da Bandeira
A escolha do lugar merece ser contada e Ilídio de Araújo transcreve-a de D. Nicolau de Santa Maria, que, por sua vez, conta como D. Tello, varão amigo e contemporâneo de D. Afonso Henriques, escolhe o sítio: «(...) achou hum fora da cidade, nos arrabaldes dela, onde chamavam os Banhos da Rainha, que lhe contentou mais que todos, por ter da parte Norte hum monte coroado de oliveiras, árvores bem afortunadas e ditosas que sempre pronosticavão grandes felicidades; porém a principal razão que o moveu a escolher este sítio foi aver nelles hua Igreja antiga de invocação de Sta. Cruz, que no tamanho e no estar fundada junto de hua horta se parecia com o Santo Sepulcro, que D. Tello trazia estampado na alma (...)». Razões da qualidade física e espiritual da paisagem misturam-se na origem da escolha do lugar.
Planta do Mosteiro de Santa Cruz em meados do séc. XIX
Os espaços exteriores deste convento foram mantidos intactos até meados do século XIX, garantindo séculos de utilização ao serviço da comunidade monástica. É certo que a área a área construída em redor da igreja passou de uma unidade com um claustro a três claustros com os respetivos edifícios em redor, mas a horta que comovera D. Tello, o parque e o cabeço das oliveiras mantiveram-se intactos de cima abaixo do vale.
É certo, também, que neste longo percurso de séculos, outros monarcas representado por outros religiosos deixaram a sua marca no convento e na cerca.
Castel-Branco. C. Os jardins de Coimbra. Um colar verde dentro da cidade. In: Monumentos. Revista Semestral de Edifícios e Monumentos. N.º 25, Setembro de 2006. Lisboa, Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, pg. 108-121
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