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A neorrenascença foi profundamente utilizada em Coimbra.
Um dos melhores exemplares é a casa da Família Marta, situada na Praça João Paulo II (hoje sede da AAC-OAF) ... que ostenta na sua fachada pedras requintadamente cinzeladas. «Os quatro largos panos que ladeiam a porta e a grande janela que se rasga no seu corpo médio» são do maior interesse, bem como «as oito pilastras (...) e sobretudo os capiteis do andar térreo, onde do meio da folhagem surgem ternos amores, de uma surpreendente delicadeza».
A ornamentação da fachada do palacete da Família Marta é um dos mais interessantes exemplares neorrenascença. Foi esculpido nas oficinas de mestre João Machado.
Quase toda a decoração coimbrã neorrenascença saiu do cinzel de Mestre Machado ou dos seus discípulos. A casa da Família Marta não é exceção, como também o não é a decoração dos claustros[1] da então residência dos Condes do Ameal.
O edifício encontra-se hoje, e depois de adaptado, com funções de Palácio de Justiça, mas as cantarias lavradas por João Machado
Claustro baixo do Palácio da Justiça de Coimbra, decoração neorrenascença
ou as que após a sua morte, ocorrida em 1925, o filho continuou a trabalhar, ainda atualmente ali se podem observar.
Claustro alto do Palácio da Justiça de Coimbra, decoração neorrenascença
Medalhões, gárgulas, molduras de portas, normalmente ornamentadas com festões de tipo naturalista, capitéis finamente esculpidos, emprestam ao conjunto grandiosidade e, para além de deleitarem todos quantos ali se deslocam e possuem um mínimo de sensibilidade, honram os artistas que tão minuciosa e belamente talharam a pedra.
Anacleto, R. 1982. Arquitectura Revivalista de Coimbra. In Mundo da Arte, 8-9. Coimbra, 1982, p. 3-29.
[1] Só o claustro baixo. O superior foi esculpido pelo filho já depois de Machado haver morrido e de o imóvel haver sido comprado pelo Estado
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