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A fundação do primeiro mosteiro de Santa Clara, em Coimbra, foi obra de uma dama da nobreza, D. Mor Dias ... a escolha do local ... na margem esquerda do Mondego, estaria provavelmente relacionada com a proximidade do mosteiro franciscano que lhe deveria assegurar a assistência eclesiástica. Próximo ficava também o Mosteiro de Santa Ana ou das Celas da Ponte ... Obteve autorização para a fundação a 13 de Abril de 1283.
...a 2 de Dezembro de 1311 ...ocorre a extinção do mosteiro de Santa Clara.
... o interesse da Rainha D. Isabel no projeto de D. Mor subsistiu, tendo solicitado ao Papa a devida autorização para fundar uma casa de Ordem de Santa Clara, em Coimbra.
... Entre 1314 e 1318, o mosteiro iniciou um novo capítulo da sua história, graças à refundação conseguida pela Rainha.
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, planta
... A sagração da nova igreja do mosteiro ... realizou-se a 8 de Junho de 1330 ... No ano seguinte, a 18 de Fevereiro, uma grande cheia do Mondego, inundava o templo e submergia o túmulo, que já ali se encontrava. Por este motivo, D. Isabel mandou construir um piso sobrelevado que se estendia transversalmente, entre a igreja e o coro ... Ao centro, do lado da igreja, mandou colocar a sua arca tumular.
... No século XVI, o complexo monástico foi objeto de algumas intervenções de caracter estético que adequaram o espaço ao gosto da época. Na igreja, as paredes, e abside e os absidíolos foram revestidos com azulejos hispano-árabes.
... o nível dos pisos foi sendo alteado na igreja, no coro, no claustro e no refeitório, fazendo assim face à invasão das águas. O espaço do cadeiral, na nave central do coro, sofreu uma subida de sete degraus, utilizando-se esse aterro para o sepultamento das religiosas.
... Em princípios do século XVII, houve necessidade de tomar outras medidas ... Dentro da igreja, foi construído a meia altura um piso que se prolongou em toda a sua extensão o plano do coreto e da capela sepulcral da rainha ... No claustro procedeu-se, igualmente, à mudança das capelas que estavam na planta térrea, agora abandonada, e colocadas no novo terraço construído sobre os arcos e as abóbadas do claustro ... Outros espaços, como a sala do capítulo, foram também dotados de um piso superior.
... Em 12 de Dezembro de 1647, o rei emite um alvará, no qual manda “que se mude e tresllade o dito côvento” para o vizinho monte, chamado da Esperança.
... A transferência das Clarissas ficou concluída em Outubro de 1677, com a trasladação do corpo da Rainha Santa, em procissão solene, embora desde, pelo menos, 1672, a comunidade já se encontrasse as habitar o novo mosteiro ... A partir daqui Santa Clara (a-Velha) entrou em definitiva agonia ... “assim se vão desfazendo os maiores edifícios que pareciam eternos, representando todos, para nosso desengano, a semelhança da morte, que em nós não tem falência”.
Côrte-Real, A. (coordenação). 2009. Mosteiro de Santa Clara de Coimbra. Do convento à ruína, da ruína à contemporaneidade. 2.ª edição. Coimbra, Direção Regional de Cultura do Centro, pg. 19-25 , 63-66
A fundação do primeiro mosteiro de Santa Clara, em Coimbra, foi obra de uma dama da nobreza, D. Mor Dias.
D. Mor recolhera-se em 1250, em S. João das Donas. Convento feminino do Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra … A longa permanência de D. Mor junto dos Crúzios levou-a a elegê-los como principais herdeiros dos seus bens. No primeiro testamento, onde expressava essa intenção, indicava também que pretendia ser enterrada em Santa Cruz. No entanto, entre 1227 e 1283, manifestou o desejo de ser sepultada no Mosteiro de S. Francisco, facto a que os Crúzios se não opuseram. Cada vez mais próxima dos ideais franciscanos, D. Mor acabou por decidir fundar um mosteiro de donas, dedicado a Jesus Cristo, à Virgem, e a Santa Isabel da Hungria e a Santa Clara.
A escolha do local onde D. Mor fundou o mosteiro da Ordem de Santa Clara, na margem esquerda do Mondego, estaria provavelmente relacionada com a proximidade do mosteiro franciscano que lhe devia assegurar a assistência eclesiástica. Próximo ficava também o Mosteiro de Santa Ana ou das Celas da Ponte, onde sua irmã Teresa era prioresa.
Obteve autorização para a fundação a 13 de Abril de 1283 … após ter sido verificado que a vinha adquirida por D. Mor reunia condições para a construção de um mosteiro de donas e que a sustentabilidade futura da instituição estava assegurada.
Os cónegos de Santa Cruz opuseram-se de imediato ao projeto de D. Mor, por se terem apercebido de que uma parte da fortuna desta dama seria desviada para a dotação do novo mosteiro … Apesar da contestação dos cónegos agostinhos, D. Mor deu continuidade às obras do mosteiro e, a 2 de Janeiro de 1287, este foi entregue à Ordem de Santa Clara … foram construídos a igreja, o claustro, o dormitório e outras dependências. No novo mosteiro, junto à ponte, instalou-se então, a primeira comunidade, sendo algumas senhoras provenientes de S. João das Donas.
…
Nos anos que se seguiram (após a morte de D. Mor Dias), o convento viveu alguns momentos conturbados … a 2 de Dezembro de 1311, D. João de Soalhães e o prior de Santa Cruz estabeleceram um acordo, supostamente destinado a pôr fim à contenda. Dele decorrem a extinção do Mosteiro de Santa Clara … encerrava-se assim, o primeiro capítulo da história do Mosteiro de Santa Clara.
Trindade, S. D. e Gambini, L. I., Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Coimbra, Direção Regional de Cultura do Centro, pg. 19 a 23
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