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A' Cerca de Coimbra


Quinta-feira, 06.01.22

Coimbra: “Monteiro dos Milhões”, estudante na Universidade

O documento referente ao mês em curso, da série Documento do Mês, que o Arquivo da Universidade de Coimbra vem divulgando é um interessante desenho guardado naquela Instituição e sobre o qual são apresentadas as seguintes imagens e texto.

DOCUMENTO DO MÊS - JANEIRO - 2022

Carvalho Monteiro, gravura 1.JPG

Diapositivo4.JPG

1871 – Desenho com as iniciais de AACM e as palavras Universidade de Coimbra, no 1.º plano, com as armas do Brasil e os anos 1870 e 1871, no 2.º plano. PT/AUC/APF/JV – Jardim de Vilhena (F); Desenhos e Gravuras (Col), cx.1, n.79 – cota AUC–VI-3.ª-2-4-1

O desenho que se apresenta, de elaborada idealização, com entrelaçados a tinta negra, deixando entrever, em alguns pontos, o traço original a grafite não foi identificado pelo seu anterior possuidor, João Jardim de Vilhena, como o refere no texto que redigiu no verso, o qual termina: “Como nele se exprime Universidade de Coimbra, acho que ele muito bem está no Arquivo ou Museu d’Arte da mesma Universidade”.

A alusão a Museu de Arte deve-se ao facto de o Arquivo ter sido também Museu de Arte Sacra, entre 1911 e 1960.

Ignoramos a forma como Jardim de Vilhena terá adquirido este desenho que pertenceu a Carvalho Monteiro mas isso é quase irrelevante, perante a dádiva feita ao AUC pelo colecionador. No entanto, Jardim de Vilhena reconheceu o desenho das armas do Brasil, apesar de a coroa não ser a de Imperador, bem como o ano de 1870-1871.

As iniciais correspondem ao nome de António Augusto de Carvalho Monteiro (1848-1920), natural do Rio de Janeiro que concluiu naquele ano letivo, de 1870-1871, o curso de Direito, na Universidade de Coimbra.

Muito provavelmente, este desenho destinava-se a ser pintado na pasta de luxo do então estudante de Coimbra ou teria como finalidade algum outro trabalho artístico, com o propósito de evocar esse momento.

Carvalho Monteiro, a quem popularmente se cognominava “Monteiro dos Milhões”, numa alusão à sua vasta fortuna, destacar-se-ia ao longo da sua vida por obras de mérito que deixaram o seu nome para a posteridade. Era um conceituado bibliófilo, mas também um investigador, colecionador de arte, etc.

A sua ligação à Universidade de Coimbra perdurou e os seus descendentes ofereceram à instituição uma bela coleção de borboletas, hoje existente no Museu da Ciência. Era uma apaixonado por borboletas (pertenceu a várias sociedades internacionais entomológicas) e fazia saídas para o campo para as estudar e capturar, sendo muito rara uma sua fotografia, colhida no Luso, em 1870, com todo o equipamento de entomologista.

Carvalho Monteiro.png

Imagem acedida em: https://archive.org/details/AntonioAugustoCarvalhoMonteiro-UmNaturalistaPioneiro/AacmColecesVr/page/n1/mode/2up?view=theater

 Publicou algumas obras sobre lepidópteros, a par com verdadeiros cientistas do tema, tendo sido pioneiro no estudo e elenco das borboletas em Portugal.

Quanto à sua Quinta da Regaleira (Sintra) onde mandou construir um Palácio, com desenho do arquiteto Luigi Manini, mas sob suas instruções, não existirá edifício que mais interpretações suscite, face a toda uma prolífica simbologia esotérica e maçónica que apresenta.

O mesmo se diga do seu jazigo, com desenho do mesmo arquiteto, construído no Cemitério dos Prazeres (Lisboa), onde ficou sepultado em 1920, após o falecimento no seu Palácio da Regaleira.

Arquivo da Universidade de Coimbra. Documento do Mês – Janeiro – 2022. Acedido em https://www.uc.pt/auc/article?key=a-74e04b2ad5

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por Rodrigues Costa às 11:42


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