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Folheto, pormenor
Mais uma vez em Coimbra, procura um destino profissional duradouro, tirando uma especialidade: "Dispus-me, finalmente, a meter o corpo aos varais. Comecei a praticar no consultório de um colega otorrinolaringologista".
…. Concluída a especialidade, nova fase surge m sua vida. Como não era fácil abrir consultório em Coimbra, vai para Leiria, onde "montou a sua tenda", segundo as suas próprias palavras. Foi determinante para a escolha da cidade a proximidade de Coimbra, o que lhe permitia. ir aí todas as semanas, para o convívio literário de que necessitava e pela proximidade das livrarias, das tertúlias e da tipografia onde imprimia os seus livros. E um deles, saído em 1939, «O Quarto Dia da Criação do Mundo», narração da sua viagem pela Europa, da Espanha franquista e da Itália de Mussolini, bem como do encontro em Paris com os exilados do regime salazarista, iria levá-lo à prisão do Aljube, em Lisboa, onde passou o Natal desse ano e escreveu alguns dos seus mais significativos poemas.
Liberto da prisão, regressa a Leiria. No ano de 1940 a vida de Miguel Torga iria tomar um novo rumo, com o casamento com Andrée Crabbé, uma jovem belga que conhecera em Coimbra em casa de Vitorino Nemésio, de quem era aluna em Bruxelas. E nesse ano publica um livro de contos, Bichos, um dos mais representativos da sua obra. A censura não dormia e, no ano seguinte, um outro livro do escritor, «Montanha», é apreendido.
Continua a viver, agora casado, em Leiria. Mas a cidade não preenchia os seus anseios. E quando pensa em mudar de ares, a resposta surge naturalmente: "Coimbra, como não podia deixar de ser. Era ela, quer eu quisesse quer não, a, minha Agarez alfabeta, o húmus pavimentado que os meus pés pisavam com mais amor".
E assim, mais um nome vinha, juntar-se aos clínicos da cidade. Num primeiro andar do Largo da Portagem estava agora o seu consultório. Na parede, uma placa: "Adolfo Rocha - Ouvidos, Nariz e Garganta".
Em frente, o pequeno jardim, com a estátua de Joaquim António de Aguiar, mais além o Mondego e, em fundo, o verde do horizonte de Santa Clara.
Não longe, no n.º 32 da Estrada da Beira, num caminho bordejado pelo Parque da Cidade, instalara-se o casal. Nas traseiras, a vista descia até ao Mondego numa paisagem inspiradora.
O seu consultório era não só um local de alívio para os seus doentes, mas também um ponto de reunião com os seus amigos e com sucessivas levas de estudantes, onde tudo se discutia, da política à literatura, e sobretudo, as suas janelas eram os olhos com que Miguel Torga viu, no decorrer dos anos, o mundo à sua volta e as alterações que se iam desenrolando e de que, observador atento, deu conta nos seus livros … O seu consultório era também a sua oficina de escritor.
Numa cidade que mudava, também ele mudara de residência. E na Rua Fernando Pessoa, para os lados da Cumeada, passa a ter o seu novo lar, em 1953, a que, em breve, o sorriso de uma filha vem dar nova vida.
O reconhecimento da sua obra não tardaria, com a atribuição de vários prémios, quer nacionais quer internacionais, e a sua universalidade está bem patente na tradução dos seus livros nas mais variadas línguas e nos mais diversos países.
… O tempo corria, inexoravelmente. Para trás iam ficando as longas jornadas de caça, o subir dos montes, a descida dos vales. O médico usaria menos vezes o bisturi, daria maior descanso ao estetoscópio. E um dia o velho consultório da Portagem deixaria de ser o seu posto de observação. Estávamos em 1992: "Desfiz-me do escritório. Mil circunstâncias adversas conjugaram-se encarniçadamente nesse sentido. E adeus, meu velho reduto, onde durante tantos anos lutei como homem, médico e poeta". Mais do que uma porta que se encerrava, era uma vida que se escoava, fechadas que estavam as janelas por onde o mundo entrara pelos seus olhos iluminando as paredes do que fora espaço de tertúlia, alívio de dores e oficina de poesia.
Andrade. C.A. Passear na Literatura. Miguel Torga. Sem data. Coimbra, Câmara Municipal.
Um dos itinerários organizados por Carlos Santarém Andrade, no âmbito da iniciativa Passear na Literatura, foi dedicado a Miguel Torga. Dessa iniciativa tão meritória, para além da memória, resta um pequeno e muito bem ilustrado folheto com o título … A ver correr Serenas, as Águas do Mondego.
É dele que nos socorremos para, mais uma vez, lembrar Torga e o seu percurso pela terra que adotou como sua.
Folheto, capa
Adolfo Correia da Rocha nasceu em São Martinho de Anta, em Trás-os-Montes, em 1907. Depois de concluir a escola primária na sua terra natal e após uma breve passagem pelo Seminário de Lamego, ruma ao Brasil, com 13 anos de idade. Em 1925 regressa a Portugal, chegando a Coimbra no Outono desse ano, a fim de tirar um curso.
Para ingressar na Universidade precisava primeiro de fazer o curso liceal. Instalado num pequeno colégio na Estrada da Beira (hoje Rua do Brasil), faz os cinco primeiros anos em apenas dois.
Morando depois numa casa ao fundo da Ladeira do Seminário, conclui num só ano os dois que lhe faltam, frequentando o Liceu José Falcão, então sediado no antigo Colégio Universitário de S. Bento, sobranceiro ao Jardim Botânico.
Matriculado na Faculdade de Medicina, em 1928, publica então o seu primeiro livro, «Ansiedade». Frequentador da tertúlia literária da «Central», não tarda a sua colaboração na «Presença», em 1929, altura em que muda para a república «Estrela do Norte» (na sua ficção «Estrela de Alva»), também na Ladeira do Seminário, n.º 6. Com a chancela da «Presença» vem a lume o seu segundo livro, Rampa, em 1930. No entanto, em breve se dá a sua cisão com o movimento presencista, juntamente com Edmundo Bettencourt e Branquinho da Fonseca. Com este, que usa o pseudónimo de António Madeira, edita a revista «Sinal», de que apenas sai um número. A par dos estudos médicos a sua obra literária. prosseguia, com os contos de «Pão Ázimo» e os poemas de «Tributo», em 1931, ou «Abismo», também de versos, saídos dos prelos da Atlântica. Em todos eles usa ainda o seu nome civil, Adolfo Rocha. Finalmente, conclui o curso, em dezembro de 9933.
Formado em Medicina, regressa a S. Martinho de Anta. Mas não cabiam na terra natal as suas ambições. E pouco depois está de novo em Coimbra. Sem uma situação profissional definida, numa terra em que abundavam os médicos, a escrita continuava, e mais uma vez a «Atlântida» lhe iria imprimir um novo livro. Escritor e médico, como depois escreveria, "serviria devotadamente a dois amos". Mas sentia que era necessário separar os nomes de quem empunhava o bisturi e de quem manejava a caneta. Adolfo Rocha seria o clínico, cuidando dos corpos. Para o escritor iria buscar na admiração por Cervantes e por Unamuno o nome de Miguel, a que acrescentaria Torga, matriz transmontana das urzes selvagens das suas origens. E quando em 1934 sai o livro A Terceira Voz, encimava o título o seu nome literário. "Com um Ósculo vo-lo entrego. Chama-se Miguel Torga'', escreveu pela última vez Adolfo Rocha no prefácio.
No mesmo ano vai substituir, temporariamente, o médico de Vila Nova, no concelho de Miranda do Corvo, tomando todos os fins de semana, quando as obrigações médicas não o impediam, o comboio para Coimbra, onde tinha um quarto para as suas pernoitas na A C. E. (hoje A C. M.), na Rua Alexandre Herculano. E do convívio à mesa da «Central», bálsamo semanal para o isolamento da aldeia, nascia mais uma revista, «Manifesto», que funda em 1936 com Albano Nogueira. Nesse ano, mais um livro, «O Outro Livro de Job». Não se demoraria muito em Vila Nova. O regresso do médico permanente, as intrigas aldeãs e a falta de saúde fazem-no regressar à cidade do Mondego.
Andrade. C.A. Passear na Literatura. Miguel Torga. Sem data. Coimbra, Câmara Municipal.
Coimbra é muito bela.
Se fosse preciso comprovar esta afirmação, uma das maneiras possíveis seria a leitura do livro EnCantada Coimbra. Colectânea de Poesia sobre Coimbra, editada em 2003, no âmbito da Coimbra 2003. Capital Nacional da Cultura, numa organização de Adosinda Providência Torgal e Madalena Torgal Ferreira.
Na altura da sua publicação, enredado que andava nas minhas idas e vindas profissionais entre Lisboa e Coimbra, não me apercebi da sua publicação.
Só agora que se aproxima um Natal, triste e necessariamente diferente, aqui fica uma sugestão de prenda natalícia para todos os que amam a nossa Cidade.
Dos textos publicados selecionei alguns que, no meu gosto pessoal, me pareceram mais significativos.
Aqui ficam na esperança que despertem os Conimbricenses para a leitura desta obra.
XXX
Miguel Torga
Acedida em: https://www.bing.com/images/search?q=miguel+torga&qpvt=miguel+torga&FORM=IQFRML
O Mondego secou
ESTIAGEM LÍRICA
O Mondego secou.
Outro Camões agora que viesse,
Tinha apenas areia
Com que apagar a tinta da epopeia
Que escrevesse.
Pobre da linda Inês já sem ervinhas
Onde pastar a lírica saudade!
Tão verdade
É morrer neste mundo a própria morte…
Nem ao menos a água que bebia!
Vejam que negros fados
Da Poesia
E da sorte …
XXX
João José Cochofel
Acedido em: https://www.lusofoniapoetica.com/poetas-de-portugal/joao-jose-cochofel.html
Não me venham dizer que os choupos despidos lembram mágoas
CAMPOS DE COIMBRA
Não me venham dizer
que os choupos despidos lembram mágoas,
se o sol os veste, solitários e altivos,
erguidos sobre ás águas.
Longe vêm vindo os barqueiros,
metidos no rio até às virilhas,
Nas ínsuas correm em liberdade os potros,
embora mais tarde vão pelas estradas,
seus flancos cingidos pelas cilhas.
Encantada Coimbra. Colectânea de Poesia sobre Coimbra. Organização e Nota Prévia de Adosinda Providência Torgal, Madalena Torgal Ferreira. 2003. Lisboa, Publicações Dom Quixote. Pg. 51,52.
António Correia Rocha, nasce a 12 de Agosto de (1907) em S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real … Frequenta o curso de Medicina (1928-1933) … Com o livro «A Terceira Voz» (em 1934), “despede-se” literariamente do nome civil que usou nas primeiras edições e adota o pseudónimo de Miguel Torga … Miguel Torga morre (em Coimbra) a 17 de Janeiro (de 1995). A 18, é sepultado em campa rasa no cemitério de S. Martinho de Anta.
Miguel Torga (por ele próprio)
Nasceu em S. Martinho de Anta, Trás-os-Montes.
Casado.
Altura: 1 metro 77.
Magro como um espeto.
Perfil de um contrabandista espanhol.
Médico.
Anda que se desunha.
Fuma, sobretudo quando está com amigos ou quando escreve.
Gostava de ser pintor, e chegou mesmo a pintar um autorretrato, que atirou ao mar, no Portinho da Arrábida.
Vai muito ao cinema, e ri-se perdidamente com os desenhos animados.
Só ajudou uma vez a mulher a enxugar a louça, e há dez anos que lhe mata o bicho do ouvido com essa avaria.
Na sua biblioteca, pequena porque não cabem mais livros na exígua casa da Estrada da Beira, em Coimbra, onde mora, contém o essencial das principais leituras do mundo.
Em pintura moderna admira Picasso, Siqueiros, Orozco e Portinari.
Tira o chapéu a Euclides da Cunha e a Machado de Assis.
Gosta de música, particularmente de Bach.
Mas o que gosta a valer, é de calcorrear os montes do seu Douro transmontano, os pauis dos campos do Mondego, à caça de perdizes e narcejas.
Nunca fez uma tratantice a um colega das letras. Em compensação, têm-lhe feito muitas.
Entre os autores que venera: Dostoiewski, Proust, Cervantes, Unamuno e Melville.
É contra os caçadores de autógrafos, contra os álbuns, contra a publicidade.
O “contra” é mesmo o seu forte.
Gosta de solidão, e preza muito quem lha respeita.
Não acredita em fantasmas.
Anda sempre a morrer, e não há ninguém que gaste mais energia.
Se pudesse recomeçar a vida gostaria de ser mais poeta ainda.
Um dos seus títulos de glória é ter passado a adolescência no Brasil (Leopoldina – Minas).
Vive pelos nervos.
Não há ninguém mais amigo dos seus amigos, e tão mal compreendido por eles.
A arte para ele não é uma ambição: é um destino.
A sua terra é para ele como uma planta: sítio de deitar raízes.
Tinha 20 anos quando escreveu o primeiro livro, que se chama «Ansiedade».
Portas brasileiros que admira: Manuel Bandeira, Cecília, Ledo Ivo.
Romancistas brasileiros que admira: Graciliano, Lins do Rego e Jorge Amado.
Gosta de deuses pagãos, a quem tem cantado nas suas Odes.
Mas não conta com eles para o dia da morte, que teme como uma noite sem madrugada.
Rocha, C. 2000. Miguel Torga. Fotobiografia. Prefácio de Manuel Alegre. Lisboa, Publicações D. Quixote. Pg. 13, 45, 58, 98 a 101, 183
"De todos os cilícios, um, apenas,
Me foi grato sofrer:
Cinquenta anos de desassossego
A ver correr,
Serenas,
As águas do Mondego"
Miguel Torga
"Oito horas de sonambulismo nos campos do Mondego, cobertos de quietude e de toalhas de água, onde a alma se embebeda de silêncio e os choupos se narcisam.” ...
"Esta paisagem coimbrã tem o diabo dentro dela. No Alentejo caminho; em Trás-os-Montes, trepo; aqui, levito”, confessa Miguel Torga noutra passagem dos seus “Diários”.
Conheci Miguel Torga há cinquenta anos e, precisamente, em Coimbra. Recordo-me de o ver passar, como uma águia do Marão, pelas ruas da Baixa da cidade e de o ver, magnânimo e trágico, sentado no café, junto dos seus amigos de tertúlia: Paulo Quintela, Afonso Duarte, António de Sousa e outros mais.
… ao passar no Largo da Portagem, o via estático e sonhador, com o olhar distante, na janela do seu consultório. Realizaria, dentro de si aquilo que num dos seus romances o levou a escrever:
"À direita, a fachada lívida do Banco de Portugal, com o relógio no topo a marcar as horas sonolentas; à esquerda, a velha ponte de ferro a transpor a fita branca do areal por onde o Mondego serpeava minguado e preguiçoso; em frente, a verde perspetiva do horizonte rural, pasto bucólico de imaginação…”
Porque desde sempre a amou, Coimbra – e a sua tão lírica e bucólica região – tem sido para Miguel Torga quase uma paixão; ama-a porque a descobriu em todos os seus aspetos, porque a tem vivido e sentido. Coimbra – poderíamos dizer – é para Miguel Torga, em muitos aspetos, o brasão de Portugal e das gentes portuguesas. No seu impressionante livro “Portugal” – obra fundamental para o 'entendimento' do nosso País – Torga testemunha …
“Coimbra é uma linda cidade, cheia de significação nacional. Bem talhada, vistosa, favoravelmente colocada entre Lisboa e o Porto … Mais do que razões sociais, foram razões geográficas que a fadaram. Uma terra de suaves colinas, de verdes campos, banhada por um rio plano, sem cachões, a meio de Portugal, tinha necessariamente de ser a cidade espiritual, universitária, da pequena pátria lusa. Também a nossa alma é de suaves relevos, de frescas paisagens, e banhada por uma corrente doce de amor e conciliação. Nenhuma outra terra como Coimbra testemunha tão completamente, na sua pobreza arquitetónica, na sua graça feita de remendos e pitoresco, nos seus recantos sujos e secretos, os limites da nossa capacidade criadora, a solidão da nossa alma, e o camponês com que nascemos para tirar efeitos cénicos do próprio gosto de erguer uma videira.”
Ribas, T. (1991?). Coimbra Vista por Miguel Torga. Lisboa, Inatel, pg. 1, 5 a 8
Muda-se para Coimbra (em 1940). Mora numa pequena casa no n.º 32 da Estrada da Beira, com vista das traseiras para os laranjais do Mondego. Aí recebe intelectuais e amigos: Ribeiro Couto, Eugénio de Andrade, Ruben A., etc.
… Coimbra é assim vista por Torga, no volume Portugal (1950:
Passeando Coimbra a certas horas do dia e da noite, é flagrante que um manto de luz sedativa a ilumina. Tanto o sol como a lua se esforçam por mantê-la numa irrealidade poética, feita do alvoroço das sementeiras e da melancolia das desfolhadas. Cenário para um perpétuo renascimento do espírito que, além da pureza de um céu límpido e aberto, poderia ter a Grécia e a Itália reunidas na mesma colina debruada de choupos e de oliveiras. Mas aproveitaram a oferenda apenas o ópio sentimentalista. E o Penedo da Meditação, a Lapa dos Esteios, o Jardim Botânico e o Parque de Santa Cruz vivem permanentemente num banho-maria nostálgico que, sendo uma realidade física local, é simultaneamente a atmosfera mental do português” (Portugal, Coimbra, 6.ª ed., 1993, p. 90).
Abre consultório no Largo da Portagem, n.º 45. Aí exercerá a especialidade de otorrinolaringologia durante mais de cinquenta anos … Torga vai todos os dias ao consultório, de elétrico ou de trolley, passando primeiro pela tipografia ou pelas livrarias da Baixa, e detendo-se na Central, e mais tarde no café Arcádia, onde se junta a uma pequena tertúlia.
Com vista sobre o rio e a cidade, o consultório é a sua “janela” sobre o mundo. É também um dos seus lugares de escrita, sobretudo nos últimos anos, quando tem menos clinica, e de encontro com amigos, intelectuais e políticos. Aí recebe jovens poetas que o procuram, admiradores conhecidos e desconhecidos, escritores estrangeiros e, mais raramente, jornalistas, em longas conversas por vezes documentadas nas páginas do Diário.
… Passa a morar (1953) na rua Fernando Pessoa, nº 3.
Rocha, C. 2000. Miguel Torga. Fotobiografia. Prefácio de Manuel Alegre. Lisboa, Publicações D. Quixote. Pg. 76, 80 e 81, 117
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