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Na Introdução à obra O Batalhão Académico de 1645. Jornada da Universidade de Coimbra a Elvas em 1645, por Augusto Mendes Simões de Castro e documentos anexos,
Folha do rosto do livro
Salienta, nomeadamente, Mário Araújo Torres:
No presente volume, recolhem-se elementos relevantes para o enquadramento histórico do Batalhão de 1645, constituído em resposta a solicitação dirigida por D. João IV ao Reitor da Universidade de Coimbra, D. Manuel de Saldanha, que pessoalmente comandou os 630 estudantes, organizados em 6 companhias e enquadrados por alguns professores, que marcharam para o Alentejo, em defesa da praça de Elvas, ameaçada pelas tropas espanholas.
Devemos a Augusto Mendes Simões de Castro (Coimbra, 1845-1932) a primeira recolha e divulgação dos mais importantes documentos sobre a organização e atividade deste Batalhão, que publicou, precedida de um estudo intitulado "Jornada da Universidade a Elvas em 1645", na revista «O Instituto», vol.16°,1875, pp. 91-96, que esteve na origem do seu «Jornada da Universidade de Coimbra a Elvas em 1645» (Elvas, Tipografia Progresso, 1901 ).
Novos contributos foram aditados por Manuel Lopes de Almeida «Notícias da Aclamação e de outros sucessos» (Coimbra, Tipografia Atlântida, 1940) e por Lígia Cruz, «Alguns contributos para a história da restauração em Coimbra – Reinado de D. João IV» (Coimbra, Biblioteca Municipal de Coimbra, 1982).
Partindo desses elementos e desenvolvendo-os através de novas pesquisas, no presente volume reúnem-se o estudo inaugural de Augusto Mendes Simões de Castro, os principais documentos coevos (com relevo para a correspondência entre D. João IV e o Reitor D. Manuel de Saldanha e para os relatos de participantes na jornada a Elvas, a organização e composição do Batalhão Académico e uma seleção da produção poética inspirada por esses acontecimentos. A figura central da jornada da Universidade de Coimbra a Elvas foi indubitavelmente a de D. Manuel de Saldanha.
…. D. João IV confirmou D. Manuel de Saldanha como Reitor em 24 de dezembro de 1640,
Op. cit., pg. 22
reconduzindo-o por duas vezes, em 14 de novembro de 1641 e 17 de maio de 1642 com poderes de Reformador dos Estatutos vigentes, que eram os que haviam sido confirmados em 20 de julho de 1612. Após demorado processo, a revisão dos Estatutos foi finalmente aprovada em 15 de outubro de 1653, tendo D. Manuel de Saldanha promovido a sua edição, no ano seguinte, na oficina de Tomé Carvalho, impressor da Universidade, ostentando no seu frontispício a insígnia da Universidade, desenhada por Josefa de Óbidos.
Op. cit., pg. 23
D. Manuel de Saldanha esteve representado por D. André de Almada, seu antecessor na Reitoria da Universidade, nas Cortes reunidas em janeiro de 1641, e participou pessoalmente nas Cortes de agosto de 1642.
Deputado da Inquisição de Évora e de Lisboa, foi designado por D. João IV como Bispo de Viseu (1642) e de Coimbra, dignidades que não foram reconhecidas pela Santa Sé.
Como Reitor da Universidade, promoveu, a repetidas instâncias de D. João IV, a aprovação do «juramento da Conceição», que viria finalmente a ser decretado no Claustro Pleno de 20 de julho de 1646, e solenemente proclamado no seguinte dia 28, em cerimónia celebrada na Capela de S. Miguel, efeméride comemorada em lápide colocada junto ao altar de Nossa Senhora da Luz.
Lápide. Imagem acedida em https://ar.pinterest.com/pin/448671181621207799/ .
Devem-se à sua iniciativa diversas obras no Paço das Escolas, designadamente na Sala do Exame Privado, em cujas paredes mandou colocar os retratos dos Reitores seus antecessores, e na Sala dos Capelos, onde determinou a construção de novo teto e a abertura de várias frestas ou janelas, no intervalo das quais se inseriram retratos dos Reis portugueses.
Sala dos Capelos. Acervo RA
Em junho de 1649, colocou, em nome de D. João IV, a primeira pedra do novo Convento de Santa Clara, mandado edificar no cimo do Monte da Esperança.
Na Serra do Buçaco, fundou a Ermida de S. José, cuja construção se iniciou em 3 de setembro de 1643 e onde foi sepultado.
Faleceu em 15 de agosto de 1659.
Castro, A. M. Simões. 2023. O Batalhão Académico de 1645. Jornada da Universidade de Coimbra a Elvas em 1645, por Augusto Mendes Simões de Castro e documentos anexos. Recolha de textos, introdução e notas por Mário Araújo Torres. Lisboa, Edições Ex-Libris.
O Dr. Mário Araújo Torres prossegue na sua cruzada de relembrar livros esquecidos relacionados com a história de Coimbra.
Neste contexto, acaba de editar, sob a chancela das Edições Ex-Libris, um livro com o título O Batalhão Académico de 1645. Jornada da Universidade de Coimbra a Elvas em 1645, por Augusto Mendes Simões de Castro e documentos anexos. Recolha de textos, introdução e notas por Mário Araújo Torres.
Estamos perante mais uma pedra do edifício que tem vindo a construir, – a expensas suas, nunca é demais recordar – e que muito honra a Cidade.
No que me diz respeito, fica, mais uma vez, o meu OBRIGADO.
O Batalhão Académico de 1645, capa do livro
Na contracapa é referido:
Ao longo dos séculos, os estudantes de Coimbra, organizaram-se em «Batalhões Académicos», quer para a defesa da independência nacional, como foi o caso de 1645, face à ameaça de invasão castelhana, no âmbito da «Guerra da Restauração» (1641-1668), e em 1808-1811, resistindo às três invasões francesas, no quadro da «Guerra Peninsular (1897-1814), quer para a defesa da liberdade dos seus concidadãos contra ameaças de despotismo, como em 1826-1828 e 1830-1834 enfrentado o «absolutismo miguelista», e em 1846-1847, reagindo ao cabralismo («Revolta do Minho» do Batalhão Académico de 1645, constituído em resposta ou da «Maria da Fonte e Revolução da Patuleia»).
Na sequência da edição de «O Corpo Militar Académico de 1808 a 1811» e de «O Batalhão Académico de 1846-1847», no presente volume recolhem-se elementos relevantes para o enquadramento histórico do «Batalhão Académico de 1645», constituído em resposta a solicitação dirigida por D. João IV ao Reitor da Universidade de Coimbra, D. Manuel de Saldanha, que pessoalmente comandou os 630 estudantes, organizados em 6 companhias e enquadrados por alguns professores, que marcharam para o Alentejo, em defesa da praça de Elvas, ameaçada por tropas espanholas.
Para além da reprodução do estudo de Augusto Mendes Simões de Castro, «Jornada da Universidade de Coimbra a Elvas em 1645» (Elvas, Tipografia Progresso, 1901),
Op. cit., pg. 17
reorganizaram-se e complementam-se as recolhas de documentos coevos, designadamente correspondência entre D. João IV e D. Manuel Saldanha.
Transcrição de uma carta de D. João IV para D. Manuel Saldanha. Op. cit., pg. 50
e relatos da jornada por participantes nela, feitos por Simões de Castro e prosseguidas por Manuel Lopes de Almeida (1940) e Lígia Cruz (1982).
Reelaboraram-se e atualizaram-se os elementos recolhidos por esta última relativos à organização e composição do Batalhão Académico.
Finalmente insere-se uma seleção da vasta produção poética que o evento suscitou, quer de natureza narrativa (poema de Semão Torresão Coelho, quer jocosa (poemas de João Sucarelo Claramonte e de Santos de Sousa).
Castro, A. M. Simões. 2023. O Batalhão Académico de 1645. Jornada da Universidade de Coimbra a Elvas em 1645, por Augusto Mendes Simões de Castro e documentos anexos. Recolha de textos, introdução e notas por Mário Araújo Torres. Lisboa, Edições Ex-Libris.
A emancipação do ensino público da sua influência pedagógica (dos jesuítas), um dos objetivos principais visados pela reforma do Marquês de Pombal. A este propósito, retomaremos as palavras do Doutor Lopes d’Almeida.
“Suprimida a Companhia (Companhia de Jesus, vulgo Jesuítas) e arredada do ensino, impunha-se a criação urgente, por uma série de medidas, dos órgãos necessários a assegurar a continuidade da ação docente e dos modelos novos da evolução pedagógica.
O Marquês de Pombal... pelo alvará de 28 de Junho de 1759 reorganiza o estudo das humanidades – a retórica, as línguas latina, grega e hebraica.
... Em 6 de Julho do mesmo ano é entregue a diretoria geral dos estudos ao principal da igreja de Lisboa, D. Tomás de Almeida. Ainda em 1758, a 1 de Outubro, foi comunicado ao reitor da Universidade... a reforma dos estudos menores.
... A criação do Colégio Real dos Nobres em 7 de Março de 1761 obedece ao mesmo intento renovador.
... A carta régia de 23 de Dezembro de 1770 que criava a Junta de Providência Literária foi o primeiro passo de tal caminho (o da reforma da Universidade).”
“Se é certo que em Coimbra já se suspeitava alguma coisa da preparação e dos objetivos da nova reforma, a Universidade só pela ordem de suspensão dos estudos, assinada em 25 de Setembro de 1771, foi oficialmente notificada...’no Ano que se acha próximo a principiar pelos Novos Estatutos, e Cursos Científicos, que tem estabelecido’ ... Mandava suspender a antiga legislação e que se não procedesse ‘a abertura, Juramentos, e Matrículas... até nova ordem de Sua Majestade’.
... por carta de roboração de 28 de Agosto de 1772 foram mandados executar (os novos Estatutos). Nesta mesma data uma carta régia nomeava Visitador o Marquês de Pombal, com plenos poderes para a nova fundação da Universidade.
Veio o Marquês de Pombal ... para Coimbra, onde chega a 22 de Setembro de 1772, aqui permanecendo durante um mês.
... faz entrega dos “Novos Estatutos” em 29 de Setembro.
... pelos seus despachos de 27 do mesmo mês ... nomeados para as Faculdades de Teologia, Leis, Cânones, Matemática e Filosofia os professores delas, que haviam de tomar posse no dia 3.º.
Em 28 de Setembro publicara a portaria para a jubilação dos Lentes de Medicina e em 3 de Outubro uma disposição semelhante mandava prover nas cadeiras desta última faculdade alguns novos professores, à qual foram agregados depois os italianos Franzini e Vandelli.
... De todas as Faculdades... eram as primeiras (Teologia Cânones e Leis) as que possuíam, à data maior número de professores; por isso se determinou que em 5 de Outubro se procedesse à abertura das suas aulas.
... Por carta régia de 11 de Outubro de 1772, era dada autorização ao Marquês de Pombal para usar o Colégio dos Jesuítas... por outro lado o Colégio de S. Bento cedeu parte da sua cerca para instalação de um “Horto” ... Houve assim oportunidade de estabelecer os Gabinetes de História Natural e de Física e criar um Jardim Botânico.
...”Entre as providências de maior vulto que o Marquês de Pombal promulgou durante a sua estadia em Coimbra, foi a da incorporação do Colégio das Artes na Universidade. A provisão de 16 de Outubro de 1772 que autorizava essa medida correspondia ao voto formulado numa das sessões da Junta de Providência Literária.
Ribeiro, A. 2004. As Repúblicas de Coimbra. Coimbra, Diário de Coimbra. Pg. 43 a 47
Relativamente ao período que se segue à “Restauração”, damos a palavra ao Doutor M. Lopes d’Almeida:
“Na segunda metade do século XVII e na primeira do século XVIII... pode dizer-se que não houve modificações importantes na orientação dos estudos superiores em Portugal ... A corporação académica desviara-se do seu trilho normal e deixara tornar regulares e frequentes certos abusos prejudiciais às boas normas do ensino e à atividade docente.”
... A Universidade tinha então um avultado número de estudantes, que só o eram, os mais deles, por assim se designarem, e a atividade discente empregava-se sobretudo no jogo dos partidos e nas questões extraescolares.
O estudante limitava-se a escrever as “postilas” ditadas e rubricadas pelo mestre de modo a poder provar a sua frequência, mas esta formalidade era iludida frequentemente com a aquisição das “postilas” e a atestação de assiduidade comprovada por dois condiscípulos.
A assistência nas aulas tornou-se por vezes tão rara que no primeiro quartel do século XVIII se deixara quase totalmente de ler nas escolas, chegando os estudantes teólogos a preferir as lições nos seus colégios às da própria Universidade. Houve que obrigá-los a frequentar os gerais.
Uma grande parte dos estudantes só vinha a Coimbra para se matricular acostumados a provar os seus cursos ‘os mais deles sem residir nem cursar’ (as matrículas realizavam-se três vezes por ano: na abertura da Universidade a 18 de Outubro, a meio do ano escolar, e finalmente a 15 de Maio). O mal era já bastante antigo, pois que em Novembro de 1640 Filipe IV... entendia que a ‘causa principal de os estudantes serem menos curiosos procede da falta que os lentes proprietários fazem na lição de suas cadeiras’.
Como só havia exames nos últimos anos e a matéria sobre que versavam era conhecida muitas vezes com antecedência, faziam-se então os estudantes lecionar para esse efeito por um graduado, na generalidade um doutor. Assim, ‘qualquer estudante, por mais ignorante que fosse, podia aspirar ao doutoramento’.
Para obviar à falta de residência dos estudantes ordenou-se que se fizessem duas matrículas incertas... medida não resultara... É que aos estudantes chegava sempre notícia do primeiro dia de tais matrículas, e prevenidos por pressurosos correios pagos apresentavam-se no momento preciso.
Esta irregularidade de frequência escolar corria parelhas com as turbulências provocadas pelos estudantes na cidade, que se agrupavam para cometer os maiores excessos, cuja repressão teve de ser violenta e tenaz.
Em 1648, 1651 e 1671, várias provisões tentaram expungir os escândalos originados pela vida ociosa e libertina dos estudantes, que persistiam ainda na primeira metade do século XVIII, em andar de dia e de noite com capotes por toda a parte, com espadas e outras armas debaixo do braço.
... ‘que todo e qualquer estudante que por sua obra ou por palavra ofende a outro com o pretexto de novato, ainda que seja levemente, lhe sejam riscados os cursos’
Ribeiro, A. 2004. As Repúblicas de Coimbra. Coimbra, Diário de Coimbra. Pg. 36 a 38
O Prof. Doutor Manuel Lopes de Almeida, ilustre Diretor da Biblioteca Geral da Universidade, propôs-se publicar o ‘Índice Ideográfico de «O Conimbricense»', organizado pela Biblioteca Municipal de Coimbra, da minha direção, já há anos a servir em volume datilografado.
Era sem dúvida um passo acertado, o da divulgação de um tal índice por assuntos, que a tantos estudiosos interessa manusear, para não ficar perpetuamente um exclusivo dos frequentadores da Biblioteca Municipal e dos que nela trabalham com permanência. Mas a esta biblioteca não tem sido possível acudir a tudo quanto deseja, obrigada a vazar em confinados moldes as suas ambições publicitárias.
Prontamente anuiu, portanto, e muito me honro de vir agora apresentar este trabalho que faz aparecer em público, e pela primeira vez, na realização de um ato de apreciável alcance cultural, as duas instituições bibliotecárias coimbrãs.
… Já noutro lugar tive ocasião de descrever a formação deste e de outros trabalhos congéneres a propósito dos índices de ‘O Instituto’, publicados em 1937, em condições análogas. Estas duas publicações periódicas, de géneros bem diversos, mereceram à Biblioteca Municipal um tratamento de exceção, mas igual para ambas, por terem a ligá-las traços comuns: publicações coimbrãs de destacada utilidade, contendo numerosos trabalhos de grande interesse. Por essa razão se organizaram os respetivos índices ideográficos, facultando-os ao público frequentador em volumes datilografados, enquanto não chegasse a hora de se poderem apresentar impressos.
… Produto de trabalho fragmentário de equipa em período de desemprego endémico, que permitiu chamar ao serviço numerosos assalariados … o ‘Índice’ agora trazido a público havia de ressentir-se desse mal de origem, logo exigindo um esforço de uniformização que não deixou de ser empreendido. Os anos foram correndo e em notas marginais se foram corrigindo inexatidões, aditando, suprimindo e alterando rubricas, e nele se fizeram transposições e se foram introduzindo todos os melhoramentos que a longa experiência foi aconselhando. E ainda agora, antes de se iniciar a impressão, para corresponder à boa vontade de quem a promoveu, foi novamente submetido a uma revisão severa e laboriosa.
É de justiça declarar que tanto aquele esforço unificador como a última revisão foram confiados à competência do 1.º bibliotecário José Branquinho de Carvalho, que dessa incumbência se desempenhou de bom grado, com aplicação e carinho dignos de apreço.
Loureiro, J.P. 1953. Prefácio de Índice Ideográfico de “O Conimbricense”. Suplemento ao vol. XXI do Boletim da Biblioteca da Universidade. Coimbra, Universidade de Coimbra. Pg. V e VIII
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