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Em 21 de Junho de 2015 realizou-se um concerto destinado a apresentar, após o restauro a que, então, fora submetido, o “novo” órgão histórico da Igreja de Santa Cruz.
Folha de sala, rosto
O organista Paulo Bernardino foi o responsável pela execução do concerto que teve como tema “A música para órgão na Europa Ocidental nos sécs. XVI a XVIII”.
Extraímos da “Folha de sala” desta memorável audição o texto que ora apresentamos.
Resenha técnica e intervenção de restauro
O grande órgão de tubos da igreja de Santa Cruz é um instrumento que pela sua idade, história e tamanho tem um lugar especial na organaria portuguesa. As partes mais antigas têm aproximadamente 480 anos.
Igreja e órgão de Santa Cruz. Foto João Santos.
Foi construído ou teve intervenções de importantes organeiros (portugueses, espanhóis, flamengos) e possui 3 registos inteiros e 55 meios registos num total de 2920 tubos sonantes tendo na sua fachada um Flautado de 24.
É nas palavras de D. Dionísio da Glória, em 1726 "este Órgão um monstruo de
harmonia''.
A consola encontra-se na parte de trás do órgão, de forma que o organista não tem contacto visual direto com a ação litúrgica, mas por outro lado toda a superfície é aproveitada para colocar tubos.
Órgão de Santa Cruz. Acervo RA
O instrumento, apesar de ter um só teclado, está subdividido em 4 secções, designadas pelos respetivos registos mais graves: órgão de 24, de 12 e de 6 (palmos), sendo a quarta secção de cornetas. As secções podem ser controladas através da entrada de vento nos someiros.
Existe uma descrição do instrumento, com uma pequena resenha histórica do mesmo, feita numa linguagem peculiar, redigida logo a seguir ao final dos trabalhos de D. Manuel Benito Gomes de Herrera, feita pelo organista e Mestre-Capela D. Dionísio da Glória, na Páscoa de 1726.
Remetemos os interessados para esse capítulo.
A intervenção de restauro
Os trabalhos de restauro do instrumento tiveram lugar entre o verão de 2004 e a Páscoa de 2008.
O objetivo foi devolver a este instrumento a sua integridade histórica, técnica, estética e musical, de acordo com o estado concebido em 1719-24, pelo organeiro Manuel Benito de Herrera.
Órgão de Santa Cruz, pormenor. Acervo RA
Órgão de Santa Cruz, pormenor. Acervo RA
O sistema de vento foi objeto de uma solução nova, tendo em conta que as condições espaciais (local original dos foles) foram alteradas desde essa data (1724) até aos nossos dias.
Atualmente possui 3 foles novos, colocados atrás do órgão. Para além de funcionarem com motor, que lhes fornece o vento, é ainda possível manobrá-los manualmente...
Pedro Guimarães von Rohden
Mestre Organeiro
Von Rohden, P.G. Concerto. Órgão Histórico de Santa Cruz. Folha de sala. 2015. Coimbra.
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