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É já depois de amanhã, 6.ª feira, dia 27 de janeiro que às 18h00, se iniciam as Conversas Abertas deste ano que irão decorrer na Sala de D. João III, do Arquivo da Universidade de Coimbra.
E para bem começar o Dr. Mário Araújo Torres irá falar de três personalidades ligadas a Coimbra, que se tornaram marcantes na vida cultural nacional na segunda metade do século XIX, todos autodidatas.
AUC. Pormenor da Folha de Sala
Sobre o Palestrante já tivemos ocasião de escrever, em 17 de fevereiro de 2022
Dr. Mário de Araújo Torres
Sendo a importância da reedição de textos, há muito esquecidos e esgotados, de autores que escreveram sobre Coimbra, inquestionável, lembra-se, mais uma vez, que após a sua jubilação o Dr. Mário de Araújo Torres, se dedicou à recolha e reedição – à sua custa, hoje, com mais de 10 títulos publicados – de autores que em Coimbra desenvolveram a sua atividade.
É exemplo um dos primeiros que editou: a produção etnológica e pedagógica do poeta Afonso Duarte.
Embora sabendo que Mário Araújo Torres é avesso a agradecimentos, temos repetidamente afirmado, e mais uma vez o fazemos, que Coimbra lhe deve um institucional: OBRIGADO.
Na modéstia do conimbricense que somos, pelo nosso lado, aqui fica esse reconhecimento, acrescentando que o Dr. Mário Araújo Torres é credor de todos os conimbricenses de uma palavra simples, mas que diz muito: OBRIGADO.
Agradecimento, que é feito perante o silêncio do Município já tantas vezes alertado para este seu dever.
Coimbra não pode, nem deve, continuar a ser madrasta quer para os seus filhos, quer para quantos fizeram de Coimbra a sua cidade.
Rodrigues Costa
Esperando voltar, daqui a cerca de um mês, às publicações regulares de entradas neste blogue, faço hoje uma breve interrupção no silêncio que as circunstâncias me impuseram.
A razão deve-se à recente publicação do livro O Antiquário Conimbricense seguido de Elvenda ou Conquista de Coimbra por Fernando Magno, que constitui o quarto volume da série de livros antigos sobre Coimbra, resultante da recolha dos textos e notas levadas a cabo por Mário de Araújo Torres, que além disso patrocina a sua publicação.
Trata-se de mais uma reedição que Coimbra fica a dever àquele conimbricense de alma e coração, a quem a Cidade ainda não fez o agradecimento público pela meritória tarefa a que se propôs e já realizou.
Numa Nota Prévia, é traçada uma biografia de Manuel da Cruz Pereira Coutinho (1808-1880), o autor das obras ora reeditadas, das quais respigamos as seguintes passagens.
Nasceu na freguesia de Almagreira, concelho de Pombal, em 1808, no seio de uma família de parcos recursos, tendo, ainda moço, vindo para Coimbra trabalhar como caixeiro de um botequim, à Sé Velha. Por ocasião do seu falecimento, em 24 de janeiro de 1880, recordou Joaquim Martins de Carvalho que "na primeira quadra deste século, e ainda alguns anos depois, havia um botequim ( ... ) à Sé Velha", onde se via "a servir os fregueses, um mocinho, chamado apenas Manuel da Cruz ( ... ). Nos intervalos de aviar os fregueses agarrava-se logo aos livros, que lia com avidez, e, à falta de mestres, pedia a alguns frequentadores da loja para o ensinarem. O mocinho de então, totalmente desajudado e limitado exclusivamente aos seus próprios esforços, acaba de falecer nesta cidade ( ... ) na idade de 72 anos. Do pobre filho do povo, do caixeiro do botequim, saiu o sr. P.e Manuel da Cruz Pereira Coutinho, amanuense da Administração-Geral deste Distrito em 1837, Vice-Reitor do Colégio dos Órfãos a cargo da Misericórdia, secretário particular do Reitor da Universidade, Conde de Terena [Sebastião Correia de Sá, 1.° Conde de Terena, Reitor da Universidade entre 1841 e 1848], prior de S. Pedro, prior de S. Cristóvão, cónego honorário da Sé de Coimbra, associado provincial da Academia Real das Ciências, sócio efetivo do Instituto de Coimbra, vice-presidente da secção de arqueologia, distintíssimo paleógrafo, investigador e escritor incansável! Tanto podem o trabalho e a força de vontade." (O Conimbricense, n." 3390, janeiro de 1880).
Obra editada, capa
A iniciativa bibliográfica de maior vulto de Manuel da Cruz Pereira Coutinho foi indubitavelmente a edição de O Antiquário Conimbricense (1841-1842), por ele fundado, dirigido e inteiramente redigido.
Imagem acedida na obra ora editada, pg. 15
Foi a segunda mais antiga publicação periódica impressa em Coimbra (a seguir à Minerva Lusitana, de 1808-1811) e "a primeira publicação periódica portuguesa dedicada exclusivamente a antiguidades medievais que foi editada entre nós" (Mário Jorge Barroca, Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422), vol. lI, tomo I, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2000, pág. 1659).
Imagem acedida em: https://www.eclecticaleiloes.com/pt/auction/lot/id/22234
Em 1869, Manuel da Cruz Pereira Coutinho editou um prospeto anunciando uma sua nova iniciativa: o lançamento de uma publicação que deveria intitular-se Epigrafia Conimbricense ou Coleção de inscrições lapidares.
…
Na presente edição, reproduz-se integralmente o conteúdo de «O Antiquário Conimbricense, mas como nova disposição gráfica: na primeira parte, inserem-se, pela ordem em que surgiram nos diversos números, as inscrições lapidares, transcrevendo-se as respetivas leituras e notas históricas; na segunda parte, surgem, sem quebras de sequência, os documentos e notícias divulgados, agrupados por ordem cronológica e proximidade temática. Manteve-se a grafia dos documentos históricos reproduzidos, mas atualizou-se a dos textos da autoria de Manuel da Cruz Pereira Coutinho. Atribuiu-se numeração sequencial às notas de rodapé e completaram-se as referências bibliográficas, com menção completa dos nomes dos autores, títulos, editor, local e data da edição.
Quanto à projetada publicação Epigrafia Conimbricense ou Coleção de Inscrições Lapidares, reproduz-se o prospeto que anunciava essa iniciativa, em digitalização cedida pela Biblioteca Universitária João Paulo II, da Universidade Católica Portuguesa, que penhoradamente se agradece.
…
Da vasta colaboração de Manuel da Cruz Pereira Coutinho em publicações periódicas, reproduzem-se três artigos, diretamente relacionados com a história de Coimbra: "Ponte de Coimbra" (O Instituto, vol. I, 1853), "As Emparedadas de além da Ponte de Coimbra ou as Agostinhas Calçadas do Convento de Sant' Ana" (O Instituto, vol. XII, 1863), e "Chão da Torre" (O Zéphyro, n." 8, 31 de maio de 1872), este último sobre a Torre dos Sinos do velho Convento de S. Domingos, em Coimbra.
Mário de Araújo Torres
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