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A' Cerca de Coimbra


Terça-feira, 08.08.17

Coimbra: Colégio de Jesus 2

Pertenceu aos «Padres da Companhia de Jesus» ou «jesuítas».

Fundado em 1542, este Colégio foi o primeiro que a Companhia teve em todo o mundo... Funcionou a princípio provisoriamente numa casa na... Couraça dos Apóstolos.

Por carta régia de D. João III, datada de 16 de Agosto de 1544 foi concedida aos colegiais deste instituto ... «todos os privilégios, liberdades, graças e franquezas ... de que usam ... os lentes e deputados e conselheiros da Universidade»

... A 14 de Abril de 1547 ... lançamento da primeira pedra, a obra do edifício definitivo, o maior e mais grandioso que jamais se ergueu em Coimbra.

...A planta destas construções tem a forma de um retângulo, medindo tanto o lado oriental como o ocidental 108 metros de extensão, e os lados meridional e setentrional 94 metros cada um.

Colégio de Jesus desenho.TIFColégio de Jesus

 ... Mais tarde construíram-se dois pequenos corpos de passadiços ou corredores, perpendiculares à fachada oriental, projetando-se para leste: um dava comunicação do Colégio de Jesus para o Real Colégio das Artes; o outro comunicava com um outro edifício fronteiro, onde estavam a cozinha, a dispensa e outras oficinas, sito aproximadamente onde hoje é o Laboratório Químico.

... A obra ia prosseguindo, embora um pouco lentamente... É preciso que se saiba que do antigo edifício pouco resta além do templo e de parte das paredes, ainda assim profundamente modificadas e enobrecidas.

... Foi este (o templo) a última parte do edifício a construir-se, pois corria já o ano de 1598 quando... colocou «ritu pontificali» a primeira pedra. Decorreram quarenta e um anos enquanto se foi construindo a grande nave com as suas capelas; ... logo este corpo se isolou, por um taipal ... levantou-se um altar provisório ... benzido na tarde de 31 de Dezembro de 1639.

... Continuaram a decorrer as obras durante mais de meio século, até se achar completo o transepto e capela-mor. Foi em 1698, a 31 de Julho, que se fez a inauguração do templo... havia passado um século desde a bênção e colocação da primeira pedra.

Mas estava então ainda longe o complemento das obras, que foram continuando, tanto no exterior como no interior, durante o 1.º quartel do século XVIII. A parte superior da fachada deve ter sido executada no princípio deste século; o douramento do retábulo do altar-mor concluiu-se em 1712, e os retábulos colaterais do transepto foram dourados em 1724.

... Pouco tempo gozaram os jesuítas de Coimbra a sua magnificentíssima igreja colegial, depois de concluída e perfeita.

Presos a 15 de Fevereiro de 1759... foi extinto o Colégio, e os respetivos edifícios ficaram abandonados durante treze anos.

... foi cedido ao Bispo e ao Cabido de Coimbra o templo ... para servir de catedral, com o seu claustro e com o corpo meridional do Colégio que lhe era contiguo, assim como grande parte do edifício que se estendia a ocidente da igreja; à Universidade, para instalação dos museus e mais estabelecimentos das Faculdades de Medicina e de Filosofia, foi concedido todo o resto do edifício.

O Hospital Real de Coimbra... Ficou instalado no ângulo NO do edifício.

Após a proclamação da Republica os serviços universitários ocuparam as partes do edifício que estavam em poder dos cónegos, com exclusão da igreja, torres dos sinos, claustro, sacristia e algumas dependências desta.

Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 190-196, do Vol. I

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por Rodrigues Costa às 10:10

Sexta-feira, 06.05.16

Coimbra e as invasões francesas 3

No dia 26 (de Junho de 1808) não havendo pólvora para a luta a travar iniciaram-se no Laboratório Químico da Universidade os trabalhos da sua produção, sob a direção do Doutor Tomé Rodrigues Sobral, lente da Faculdade de Filosofia. Nesse dia de tarde, veio da Quinta de Santa Cruz, ainda então propriedade dos frades crúzios, uma carrada de vides para se fazer carvão. Às 10 da noite já havia alguma pólvora feita, faltando contudo o pessoal para a encartuchar. Por isso se mandaram vir do hospital dois soldados portugueses convalescentes, para se lhes incumbir essa tarefa, bem como todos os ourives e funileiros para fundirem as balas. Nessa faina levaram a noite inteira, sem descanso algum, preparando as formas, fundindo metal e ensinando outras pessoas.

Na mesma noite se cuidou de produzir metralha para as peças que se esperavam da Figueira; e às seis horas da manhã estavam feitos mais de 3.000 cartuchos … Até ao dia 14 de Julho estavam já feitos 60.000 cartuchos …

«Além do material de guerra fabricado … foram consertadas grande número de espingardas e preparado um número extraordinário de objetos necessários para a campanha, na fábrica de fiação de Manuel Fernandes Guimarães, estabelecida na Rua João Cabreira…»

No mesmo dia 26, tocando-se a rebate em Coimbra, por haver chegado a Viseu o general Loison (o odiado e temido “maneta”) que segundo voz corrente se encaminhava para Coimbra, o Governador da Cidade, Doutor Manuel Pais de Aragão Trigoso, publicou uma proclamação ordenando a todas as autoridades civis e militares que convocassem às armas as ordenanças, milícias e quaisquer militares que tivessem tido baixa desde o ano de 1801 e todos os corpos civis. E no dia seguinte – maravilha foi presenciá-lo – 15.000 a 20.000 paisanos se apresentaram, «armados de lanças e roçadoiras, armas que não erram o tiro» ávidos de lutarem contra os inimigos.

… Nesse mesmo dia, alistaram-se numerosos estudantes, posto que a maioria se encontrasse já ausente, em gozo de férias. E com os inscritos organizou o Doutor Tristão Álvares da Costa Silveira, lente de cálculo e major de engenharia, um corpo académico.

 

Loureiro, J. P. 1967. Coimbra no Século XIX. Separata do Arquivo Coimbrão, Vol. XXIII. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 55 a 57

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por Rodrigues Costa às 10:08

Domingo, 19.07.15

Coimbra, o Museu das Ciências Naturais, a Faculdade de Medicina e o Laboratório Químico

Os edifícios destinados às faculdades onde se procedesse a “Observações, Experiências e Demonstrações de Sciencias Naturaes”, constituíam prioridades …
O edifício construído apresenta uma longa fachada de cento e onze metros de comprido, dividida em três corpos, bem marcados por pilastras. A zona central exibe, no piso térreo, outras tantas aberturas em arcaria …Demarcam eta zona, intervalando as aberturas, quatro pilastras dóricas adossadas à parede e remata o conjunto um largo frontão triangular, ornamentado no seu tímpano, com um relevo atribuído a Machado de Castro, representando a Natureza.

No antigo Colégio de Jesus, para o efeito incorporado no “perpétuo domínio da Universidade” abrigavam-se os institutos ligados à Faculdade de Medicina: o Hospital, o Teatro Anatómico e Dispensário Farmacêutico.
O Teatro Anatómico já funcionava nos inícios de 1774 … Ao lado, mesmo junto à Couraça dos Apóstolos situava-se o “jazigo” ou cemitério. Interessa salientar aqui o facto de, em Coimbra, se projetar, já em 1772 ou 1773, uma necrópole.

Para construir o Laboratório Químico “aplicou o Marquez Vizitador a parte septentrional do Collegio, que compreendia o Refeitório, e a mais officinas adjacentes”, mas como não se tornou viável proceder a uma racional utilização, “foi precizo demolir tudo, e Edificar de novo o Edificio” … o imóvel que atualmente se ergue na Praça Marquês de Pombal, continua a ter a assinatura do inglês (Guilherme Elsden) e resultou do modelo “… de Vienna de Austria” … O responsável pelo seu bom apetrechamento foi em 1800, o lente de Metalurgia, José Bonifácio de Andrade e Silva.

Anacleto, R., 2009. Universidade de Coimbra: Primeiras Propostas Arquitetónicas da Reforma Pombalina. Separata do IV Congresso Histórico de Guimarães. Do Absolutismo ao Liberalismo, pg. 29 e 30, 34 e 35

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por Rodrigues Costa às 23:30


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