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O Dr. Mário de Araújo Torres colocou mais uma pedra, a quinta pedra, no caminho que vem percorrendo na divulgação de obras sobre a história de Coimbra.
Caminho a todos os títulos louvável e muito meritório que passa pela reedição, acompanhada por comentários da sua responsabilidade, de obras há muito esgotadas. Redições por inteiramente custeadas.
Refiro-me, hoje, ao lançamento do livro Contributos para a toponímia da região de Coimbra.
Obra que Mário de Araújo Torres descreve da seguinte forma.
Prosseguindo a reedição de obras sobre a história da cidade de Coimbra e sua região, recolhem-se na presente coletânea um conjunto de textos relacionados com a toponímia conimbricense.
Trata-se de testos originariamente saídos em publicações periódica: os de José Leite de Vasconcelos e de Amadeu Ferraz de Carvalho na revista «O Instituto» em 1934, o de Vergílio Correia na revista «Biblos» em 1940, e o de Joaquim da Silveira na «Revista Lusitana» entre 1913 e 1941, tendo dos três primeiros sido extraídas separatas de reduzida tiragem, o que torna difícil o seu acesso à generalidade do público.
Apesar de esses textos partilharem diversificadas preocupações cientificas (arqueológicas, etnográficas, filológicas e etimológicas), em todos se recolhem importantes contributos para a toponímia de Coimbra e região.
Em complemento, reproduzem-se nas partes correspondentes à área do atual distrito de Coimbra, os dados constantes do «Numeramento do Reino de Portugal», ordenado por D. João III, em 1527, integrados nos registos das então designadas Comarcas da Estremadura e da Beira. Esse primeiro censo populacional feito em Portugal, documento fundamental para a história da demografia portuguesa, reveste-se de relevante interesse para o estudo da evolução da toponímia da região.
Pela minha parte fica um agradecimento público, o qual julgo partilhado por muitos outros conimbricenses.
Rodrigues Costa
Plínio, na sua ‘História Natural’, descrevendo a fachada atlântica da Península Ibérica, fala de ‘Aeminium’ e do rio que banhava o ‘oppidum’, rio a que chama Aeminiun num passo e ‘Munda’ em outro. Esta é a mais antiga referência à cidade; e se o nome dela não põe problemas, porque se encontra confirmado por Ptolomeu, pelo ‘Itinerário Antonino’ e por diversas inscrições (para citar apenas fontes da época romana, excluindo as visigóticas e medievais), o nome do rio suscita uma dúvida: seria o Mondego conhecido indistintamente por ‘Aeminium’ e ‘Munda’? Este último nome aparece igualmente em Mela e Ptolomeu, sob as formas, respetivamente, de ‘Monda’ e ‘Munda’ … Estrabão não menciona a cidade; refere-se apenas ao rio …
… Borges de Figueiredo viu em ‘Aeminium’ um elemento céltico, ‘meneiu’, que significaria elevação, altura, e que se encontraria também em ‘Herminiu (mons)’ … O nome de ‘Munda’ é também pré-romano, segundo Leite de Vasconcelos. Dele, ou da sua forma equivalente ‘Monda’, derivou, pela adjunção de um sufixo também pré-romano, - aec – e de uma desinência latina, - us -, o nome de ‘Mondaecus’.
… o ‘Itinerário de Antonino’ situa ‘Aeminium’ a dez milhas de ‘Conimbriga’, na estrada de ‘Olisipo’ a ‘Bracara Augusta’. A situação exata … foi muito discutida … o problema, porém, ficou definitivamente resolvido com o achado, em Abril de 1888, de uma lápide que servia de cantareira numa casa então demolida em Coimbra, ao fundo da Couraça dos Apóstolos. A lápide, fazendo menção da ‘civitas aeminiensis’, demonstrou ser este o nome antigo de Coimbra. Calaram-se então as vozes que identificavam a antiga ‘Aeminium’ com Águeda, Macinhata do Vouga ou Montemor-o-Velho.
Alarcão, J. 1979. As Origens de Coimbra. Separata das Actas das I Jornadas do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro. Coimbra, Edição do GAAC. Pg. 23 a 25
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