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A' Cerca de Coimbra


Quinta-feira, 27.09.18

Coimbra: Abastecimento de água 2

[Finalmente] a Câmara Municipal presidida por João José Dantas Souto Rodrigues, encetou uma nova e decisiva fase, não só para o abastecimento de água, mas para o futuro da cidade. Fruto também do amadurecimento do papel da administração municipal na construção da cidade e da experiência da construção do novo Bairro de Santa Cruz, o município resolveu assumir a responsabilidade da execução deste melhoramento e empreender com os seus próprios meios a construção da nova rede de captação e distribuição de água a partir do Mondego.

O município de Coimbra tornou-se assim pioneiro na administração municipal ao assumir o papel reservado às companhias privadas, consideradas na época o único meio de levar a cabo a construção e exploração dos novos serviços urbanos. Neste sentido, o novo presidente, Luís da Costa e Almeida, depois de conseguir a rescisão do anterior contrato, continuou a estratégia de Souto Rodrigues e solicitou a Adolfo Loureiro que revisse o seu plano e o orçamento para o abastecimento de águas a partir do rio. Em Setembro desse mesmo ano foi aberto o concurso e a adjudicação das obras de canalização, fornecimento e instalação de máquinas para o abastecimento de água, foi feita no dia 5 de Janeiro do ano seguinte a Eugène Béraud. 

Planta de reconstituição da rede.jpg

 Planta de reconstituição da rede de captação e distribuição d’águas a partir do rio mondego. Início da década de 1890

Avaint-Projet de distribution d’eaux (2).jpg

 Louis-Charles Mary, “Ville de Coimbra, Avaint-Projet de distribution d’eaux. Type de Station des Pompes”

p. 269 b.jpg

 Easton & Anders engineers. “Abastecimento de Aguas a Coimbra. Reservatório de Distribuição. 1866

As obras de captação e dos depósitos iniciaram-se em Março desse mesmo ano e no ano seguinte estavam concluídas.  Nove anos depois da cidade de Lisboa e três anos depois da cidade do Porto também Coimbra começou a abastecer a cidade a partir do rio e pelas novas técnicas mecânicas.  A água era captada no Mondego, elevada a partir de uma estação elevatória para dois reservatórios, um no Jardim Botânico para abastecer a cidade baixa e outro na Cumeada para a cidade alta e o novo bairro de Santa Cruz.

Reservatório deo Botânico.jpg

 Imagem atual da entrada do reservatório do Botânico

Reservatório de Cumeada 01.jpg

 Reservatório da Cumeada 1

Reservatório de Cumeada 02.jpg

Reservatório da Cumeada 2

 Depois da captação e da elevação foi adjudicada a construção das redes de canalizações para os domicílios, de acordo com o regulamento aprovado em Maio de 1889 e pouco a pouco a rede foi-se expandindo por toda a cidade.

No início do século XX o abastecimento chegou ao Calhabé, a Santo António dos Olivais e a Santa Clara, implicando a construção de um terceiro reservatório em Santo António dos Olivais.


Reservatório dos Olivais.jpg

 Reservatório dos Olivais

De notar que o projeto de Adolfo Loureiro, de 1887, tinha sido estudado para abastecer um total de 16 mil habitantes com um consumo diário de 100l/dia, calculado de acordo a previsão de crescimento de população para os 30 anos seguintes, no entanto o crescimento foi muito mais alto e em 1890 já tinha ultrapassado os 17 mil habitantes.

 Calmeiro, M.I.B.R. 2014. Urbanismo antes dos Planos: Coimbra 1834-1924. Vol. I. Tese de doutoramento em Arquitetura, apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, pg. 264-271

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por Rodrigues Costa às 22:28


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