Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

A' Cerca de Coimbra


Terça-feira, 10.12.24

Coimbra: Cristianização de Coimbra e do seu aro 1

Na série de entradas que agora iniciamos, iremos abordar um trabalho de Augusto Filipe Simões (1835-1884), intitulado Relíquias da Arquitectura Romano-Bysantina em Portugal e Particularmente em Coimbra.

Reliquias. capa.jpgOp. Cit., capa

Reliquias. augustofilipesimoes-2.jpgAugusto Filipe Simões. Imagem acedida em: https://www.bing.com/images/searchview=detailV2&ccid=71m%2FVdQs&idFbad.pt%2Fwpcontent%2Fuploads%2F2023%2F09%2Faugustofilipesimoes

Utilizando uma linguagem romântica própria da sua época, em 6 de junho de 1870, o autor dedica o referido livro “À Cidade de Coimbra”, acrescentando que o mesma ilustra uma das épocas mais remotas e obscuras da sua história; persuade com as provas irrefragáveis, deduzidas do adiantamento das artes, que serviu de berço á civilização portuguesa; patenteia, enfim, que esses homens esforçados, que alevantaram o glorioso edifício da independência nacional, foram, a vários respeitos, muito menos bárbaros que certos apologistas do presente, que assim os reputam.

Inicia a obra com uma longa Introdução, na qual procura explicar o enquadramento histórico da evolução arquitetónica religiosa até ao século XI, no espaço que hoje é Portugal.

Dedica o Capítulo I a Coimbra que analisa até ao final dos séc. XII. No primeiro tema «A imperfeição da arquitetura cristã … o templo … o conimbricense até ao século XI», destaca a relevância atribuída a D. Sesnando, referido como o «povoador e edificador». Dessa parte inicial transcrevemos os primeiros parágrafos.

Raiou muito cedo na cidade de Coimbra a luz do cristianismo. Seus bispos autênticos principiam a ser conhecidos no meado do século VI; já, porém, antecedentemente tinha Sé anexa à de Mérida.

Nessa antiguidade tão remota diminutíssimo deveria ser o número das igrejas pertencentes á diocese conimbricense.

Primeiro que a nova religião se fortalecesse, teve de sustentar porfiosas lutas, resistindo á violência com que reciprocamente se combatiam os povos bárbaros, afrontando suas seitas e heresias, conquistando, enfim, palmo a palmo, o terreno, onde por tantos séculos obtiveram culto geral os deuses dos romanos.

No Capítulo II aborda, especificamente, as igrejas de S. Tiago, de S. Salvador e de S. Cristóvão, textos que serão objeto de entradas próprias, tal como acontecerá com o Capítulo seguinte, dedicado unicamente à Sé Velha de Coimbra.

A problemática das edificações religiosas do norte do País, consequentemente já fora da área de Coimbra, é estudada no Capítulo IV.

Em nota de rodapé à transcrição que acima fazemos de parte do Capítulo I, seja-nos permitido acrescentar, a fim de exemplificar o que seria a religiosidade dos povos então a integrar o aro de Coimbra antes da emergência do cristianismo, um pequeno excerto da nossa publicação, Murtede. O concelho que foi, a freguesia que é.

Referimo-nos, especificamente, à descoberta, em 1957, junto à igreja de Murtede (atualmente uma freguesia do concelho de Cantanhede), de uma ara erigida por Caius Fabius, consagrada a Tadudicus, divindade lusitano-romana.

Reliquia. ara votiva. Imagem cedida por José Enca

Trata-se de uma ara votiva erigida por aquele cidadão romano, descrita por José Rodrigues como sendo uma coluna de 80 cm. de altura, de base quadrada e fuste cilíndrico cingido a meio, por uma grinalda airosamente esculpida, que apresenta a seguinte inscrição:

TADVDICO

FABIVS VIATOR

LA DD

O Doutor José d’Encarnação apresentou a seguinte leitura da epígrafe:

A Tadudico.

O viajante Caius Fabius

Consagra fervorosamente ao Deus Senhor

O mesmo Autor explica, ainda, que se trata de um interessante monumento religioso mandado erigir por um cidadão romano desta região que metido em aventurosa viagem fez um voto à divindade venerada na sua terra, para o caso de sair são e salvo.

Acrescentamos, como refere a Professora Doutora Regina Anacleto, que, frequentemente, as igrejas primitivas cristãs eram edificadas em locais onde, anteriormente, já era praticado algum tipo de culto.

Terá sido esse fator que interferiu na localização das igrejas primitivas de Coimbra?

Rodrigues Costa

Simões, A. F. Relíquias da Arquitectura Romano-Bysantina em Portugal e Particularmente em Coimbra. 1870. Typographia Portugueza, Lisboa.

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 11:05

Terça-feira, 15.10.24

Coimbra: Arzila, uma freguesia que tem memória 1

No limite poente do concelho de Coimbra, na margem direita do Paul de Arzila, situa-se a freguesia com o mesmo nome.

A comunidade rural que ali existe desde tempos imemoráveis, sempre conviveu com o paul e, com um saber cimentado por séculos de trabalho árduo, soube salvaguardá-lo e vivificá-lo.

Paul onde todos detinham um bocado de terreno, as “sortes”, medidas anualmente em varas e côvados, onde pescavam, a fim de melhorar a dieta alimentar e de onde extraiam, o bunho e a “junção”, que estiveram na origem do renome da aldeia, enquanto principal produtora de esteiras, no Baixo Mondego. 

Paul de Arzila.jpgReserva Natural do Paul de Arzila. Imagem acedida em https://www.visitportugal.com/pt-pt/content/reserva-natural-do-paul-de-arzila

Paul de Arzila 2.jpgReserva Natural do Paul de Arzila. Foto Manuel Malva. Acedida em https://www.nationalgeographic.pt/viagens/paul-arzila-reduto-um-vale-outrora-selvagem_2948

Paul de Arzila 3a.jpgReserva Natural do Paul de Arzila. Foto Manuel Malva. Acedida em https://content.nationalgeographic.pt/medio/2023/06/05/paul-arzila_00000000_230605223419_1200x630.jpg

Da freguesia rural que sempre foi, conhecida por aquela produção, está a caminho de se transformar, como as demais que naquela zona se localizam, num dormitório de Coimbra.

Contudo, Arzila é uma freguesia que tem memória e orgulho do seu passado. Memória que resulta, essencialmente, do trabalho que o Grupo Folclórico e Etnográfico de Arzila, vem realizando e que se encontra bem evidenciado quer na recente integração da terra no projeto “Aldeias de Portugal”, quer na organização e realização, ao longo do ano em curso, do programa “50 anos, 50 eventos”.

GFEA., logtipo.jpgGrupo Folclórico e Etnográfico de Arzila, logotipo

GFEA., cartaz 50 anos.jpg50 anos, 50 eventos. Cartaz. Imagem acedida em https://www.facebook.com/photo/?fbid=709837067933197&set=pcb.709844331265804

Estas realidades podem se verificadas no atalho https://www.facebook.com/gfearzila/, onde se encontra o pograma delineado pelo Grupo, a fim de lhe poder proporcionar o ponto de partida de um caminho ainda mais exigente e rigoroso que pretende seguir.

Esta introdução, não laudatória, embora mais do que merecida relativamente ao trabalho realizado por todos os elementos do Grupo, tem em vista um projeto que está a nascer e passa pela dignificação do espólio etnográfico recolhido ao longos dos anos.

Este propósito implica não só um trabalho rigoroso de inventariação e de catalogação, mas também a criação de condições expositivas adequadas, face à importância do espólio e ao testemunho que outorgam.

Neste contexto, numa primeira fase, encontra-se em organização uma ação de formação destinada a todos os elementos do Grupo, mas aberta a elementos de outros agrupamentos similares, que decorrerá sob a orientação da Senhora Dr.ª Virgínia Gomes (Técnica superior responsável pelas coleções de Pintura, Desenho e Gravura do Museu Nacional de Machado de Castro).

Sede do Grupo de Arzila.JPGGrupo Folclórico e Etnográfico de Arzila, sede

No mesmo enquadramento, mas agora com a ajuda da Senhora Arquiteta Isabel Anjinho, realizou-se no passado dia 8 de outubro, uma primeira reunião de trabalho, tendo em vista a elaboração de um projeto de construção de um espaço onde se possa instalar um núcleo interpretativo que permita a exposição, com o necessário rigor e qualidade, do material recolhido e que se erguerá no terreno pertença do Grupo, anexo à sua sede.

Ter-se-á em consideração a existência de 3 áreas temáticas:

. O paul e as esteiras de Arzila;

. Carpinteiros de Arzila. Da construção da casa à construção do barco do paul;

. Agricultura e agricultores de Arzila, memória de um modo de vida.

 

Rodrigues Costa

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 10:53

Quinta-feira, 04.01.24

Coimbra: Milésima entrada do blogue A’Cerca de Coimbra

A fim de assinalar a milésima entrada do blogue “A’Cerca de Coimbra”, entendemos, em jeito de balanço, solicitar a alguns dos qualificados leitores habituais, um breve comentário sobre o caminho já percorrido.

Pela nossa parte comprometemo-nos a prosseguir o trabalho encetado, enquanto a saúde nos permitir, embora admitamos introduzir alguns ajustamentos que se considerem pertinentes.

Aos Autores dos comentários, apresentados por ordem alfabética, simplesmente, o nosso muito obrigado.  

Rodrigues Costa

 

António Cabral de Oliveira

Cabral de Oliveira a.jpg

Faz anos que sou frequentador assíduo, sempre com renovado interesse e o maior provento, de A’Cerca de Coimbra, o blog de Rodrigues Costa que, com coerência e determinação, tanto tem contribuído para o aprofundamento dos saberes sobre esta cidade – e seu termo –, também para um maior enraizamento do que alguns, poucos, ainda chamam, imagine-se, de orgulho coimbrão.

A ele recorro, sistematicamente, precioso auxiliar numa vida dedicada ao jornalismo, sobretudo de proximidade, para fonte confiável, não raro inspiradora, esclarecer dúvidas, ganhar conhecimentos, melhor me entrosar na realidade histórica e quotidiana de Coimbra.

A quem goste de Coimbra, de conhecer mais intrinsecamente a sua cidade, recomendo, como leitura obrigatória, uma circunstanciada e permanente consulta do blog. É indizível, em verdade, o quanto se aprende, o tanto que havia – há sempre – ainda por descobrir.

Gosto de visitar o site. Só lhe falta, mas talvez um dia, sistematizadamente, o alcance, o toque que a materialidade do papel propicia, aquele resto de cheiro a tinta que nos arrebata no livro.

Dispensado de encómios pessoais – em nome da consideração, respeito e amizade que há décadas nos une –, obriga-me, contudo, uma palavra de grande elogio, na simplicidade que só poucos alcançam, ao trabalho desenvolvido, persistência da regularidade, à excelência alcançada.

Por ocasião da entrada milésima, parabéns, Rodrigues Costa, pelo empenhamento e persistência afirmados. E, permitindo-me falar não apenas a título pessoal, um bem-hajas por mais um serviço, enorme – se isto não é servir Coimbra, não sei, então, o que o será – à cidade que nos enleva.

Longa vida – queira Deus – para nossa inteira vantagem pessoal, essencialmente enquanto inquebrantável esteio na defesa dos superiores anseios de Coimbra, ao A’Cerca de Coimbra.

António Cabral de Oliveira

 

Carlos Ferrão

CF a.jpg

Promover a Cultura é um desafio interminável, que convoca o melhor da inteligência humana a surpreender-se sobre o passado, agir no presente e preparar-se para o futuro.

Durante séculos o mais importante veículo de disseminação da cultura escrita, era o papel em livros, revistas, jornais ou panfletos. O seu uso foi posto em causa durante muito tempo e com o início da era digital, "a morte do papel" tornou-se um conceito plausível de ser discutido por vários teóricos e especialistas, trazendo novos domínios vantajosos, como a mobilidade, a pesquisa, a edição e a partilha.

Com a utilização maciça do computador, o uso do papel não foi totalmente suplantado, mas surgiram espaços próprios e originais para a escrita e apareceram novas ou diferentes convenções do texto que revolucionaram a própria escrita.

A escrita eletrónica e o texto digital parecem potenciar, de facto, a diferenciação de géneros e audiências. No atual contexto de publicação, estão contemplados os textos digitais, os websites, os chats, as redes sociais e em particular os blogs.

Os blogs passaram a ser o “coração” de uma estratégia em ambiente web, uma vez que, dirigidos a audiências especificas e segmentadas, alimentam as redes sociais e permitem a interação entre o editor e o leitor.

Aqui chegados, escolhida a ferramenta para criar e editar e a plataforma de alojamento, o blog “A’ Cerca de Coimbra”, faz o seu primeiro “post” em 15 de Maio de 2015, para um amplo projeto de partilha cultural.

Apoiado na História, na Sociologia ou a Antropologia, e focado no património material e imaterial faz despertar a atenção dos leitores para a enorme e rica herança cultural que a cidade possui, e passou a ser um espaço de excelência onde se procura, ou conquista o saber em conteúdos de qualidade e consistência e onde se encontra uma porta aberta para opinar.

“A’ Cerca de Coimbra”, regista neste mês de dezembro a sua 1000ª entrada. Não pode deixar-se passar em claro este tão relevante facto, e destacar o seu importante papel na transmissão de conhecimento que a partir de um enorme trabalho continuo de investigação, enriqueceu e continua a enriquecer a comunidade.

Parabéns ao Dr. Rodrigues Costa, fundador e editor do blog “A’ Cerca de Coimbra”, pelo empenho e por esta importante conquista que alcançou e faz acreditar que no mundo virtual, esta é uma forma real e transparente do que deve ser a divulgação da cultura.

Venham mais 1000, 2000 ou 3000 “postagens”!

Carlos Ferrão

 

Isabel Anjinho

FotoIAnjinho BlogueACerca a.jpg

Numa época em que todos fazem blogues, mesmo que sejam “blogues acerca de nada”, como pude constatar recentemente, é justíssimo enaltecer e falar um pouco sobre o blogue A’Cerca de Coimbra, iniciado em Maio de 2015, na sua milésima entrada.

Mas, em primeiro lugar, uma palavra sobre o seu autor, António Rodrigues Costa, que me honra com o tratamento por “Filha”, de que já não prescindo. Homem de convicções, “salatina” de gema, na sua modéstia pouco fala sobre os altos cargos que desempenhou na Câmara Municipal de Coimbra, nomeadamente de Vereador e Director de Cultura. Durante a sua passagem pela Praça 8 de Maio, um dos legados que nos tentou deixar e que, infelizmente, os que o seguiram não entenderam manter, foi o saudoso Museu dos Transportes Urbanos de Coimbra. E talvez tenha sido a sensação de um trabalho não reconhecido, nem na sua maioria continuado e até mesmo por vezes deliberadamente escondido, que o levou a encetar este magnífico blogue sobre a história de Coimbra. Nesta empreitada, a que se propôs, esteve apoiado pelos Amigos de sempre, Regina Anacleto e Nelson Correia Borges (permitam-me não usar os títulos, sobejamente conhecidos, dos três protagonistas desta história).

O blogue A’Cerca de Coimbra teve o seu começo em 13 de Maio de 2015, sendo o seu objectivo “recolher referências à cidade do Mondego existentes em obras publicadas e divulgá-las utilizando os recursos que as novas tecnologias disponibilizam”.

Bem organizado, por datas e/ou por temas, apresenta uma escrita clara e objectiva, com as “fontes bibliográficas” sempre no final de cada entrada. A sua leitura é um prazer, sendo igualmente um excelente auxílio à investigação. De facto, basta recorrer ao índice de “tags” para, rapidamente, se chegar ao assunto desejado.

De entre tudo o que pude ler no blogue, destaco uma entrada, de 20 de Setembro de 2022, que me impressionou, pelo implícito grito de dor do autor, que o levava a quebrar a sua tão característica descrição no que respeitava aos cargos desempenhados: «... A sua consulta levou-nos a constatar que nesse Inventário [da Documentação de Turismo no AHMC ] se encontra omitido a esmagadora maioria de um significativo número de processos respeitantes ao período situado entre 1974 e 1983, processos esses que se encontravam devidamente organizados e arquivados e que patenteavam evidente e relevante interesse histórico. Em suma, os anos [entre 1977 e 1988] em que tive a honra de dirigir aqueles serviços [municipais de turismo] foram, pura e simplesmente ignorados». Percebemos, depois, que a documentação referente a esses anos simplesmente desaparecera do conjunto arquivístico a tratar, razão porque não pudera ser incluída.  Seria da maior justiça a revisão dessa publicação bem como um agradecimento público, por parte da edilidade ao António Rodrigues Costa.

Isabel Anjinho

 

Mário Araújo Torres

Mário Torres a.jpg

Iniciado em 13 de maio de 2015, o blogue «A’ Cerca de Coimbra», criado e mantido ao longo de quase nove anos por António Rodrigues da Costa, um reconhecido especialista apaixonado por assuntos conimbricenses, atinge a sua milésima publicação.

Nascido na Couraça dos Apóstolos, “na casa da Cerca, adossada à muralha”, “muito jovem, aos 16 anos, tive como primeiro emprego a responsabilidade de dactilografar os difíceis originais do historiador de Coimbra, Dr. José Pinto Monteiro, que rapidamente também me encarregou de fazer pesquisas, nomeadamente nesse magnífico jornal que foi «O Conimbricense». Nasceu daí o meu gosto pela história de Coimbra.” (publicação de 20 de maio de 2015).

Aplicou-se ao longo dos anos, no seu blogue, a dar a conhecer dados sobre a história de Coimbra, recolhendo e divulgando as informações que ia coligindo, enquanto leitor compulsivo que sempre foi. 

Se as primeiras publicações quase se limitaram à reprodução de breves extratos das obras que ia lendo, com o tempo foram aumentando em extensão e enriquecidas com informações bibliográficas e pertinentes imagens.

É insuscetível de enumeração nesta breve nota a quantidade e variedade dos temas tratados, sempre centrados em Coimbra: as vicissitudes da sua história, a origem e beleza dos seus monumentos, as suas paisagens e tradições, as suas personalidades (do Conde Sesnando a José Afonso), a sua bibliografia.

Acresce a pertinência, a riqueza e a qualidade das ilustrações, sempre com a preocupação de indicação das fontes.

E, por último, o completo domínio dos instrumentos informáticos, com inserção de palavras-chave que, com um clique, nos remetem para os textos que tratam as centenas de temas, e um índice cronológico das publicações.

Por ocasião da milésima publicação de “A’ Cerca de Coimbra?”, os seus leitores agradecem a António Rodrigues da Costa o seu ingente esforço e aguardam que finalmente as autoridades municipais manifestem publicamente o seu reconhecimento.

Mário Araújo Torres. 

 

Regina Anacleto

aa. Regina Anacleto.jpg

O blogue “A’ Cerca de Coimbra”, da responsabilidade do Dr. Rodrigues Costa, começou a ser publicado em 2015 e regista hoje a sua 1000.ª entrada.

Esta plataforma digital tinha e continua a ter como objetivo principal a divulgação de temas de recorte específico, maioritariamente relacionados com a história da cidade de Coimbra.   

Utilizando textos de múltiplos autores, sempre devidamente identificados, o blogue procura estabelecer uma conexão profunda com o leitor, disponibilizando-lhe, através desta forma de comunicação, conhecimentos diversificados e, por vezes, de difícil acesso. Para estimular esse diálogo vivo com o público, os textos são, sempre que possível, acompanhados de imagens ilustrativas dos conteúdos.

No blogue, o seu responsável procura dar uma visão global da história da urbe, caldeando textos mais antigos com publicações atuais, portadoras de novas visões e achegas. A História não é uma ciência estática. Está em constante movimento face a novos achados e a novas interpretações, resultantes, algumas vezes, das modernas tecnologias colocadas à disposição do investigador. Convém esclarecer que a perfeição é inatingível e que ninguém consegue saber tudo nem dizer tudo. Por isso, o facto de o Dr. Rodrigues Costa se encontrar umbilicalmente ligado à sua cidade natal e ao estudo da sua história alia-se, no seu blogue, a uma perceção clara dos movimentos da História e do modo como se articulam com a história local.

Saliente-se, de resto, neste contexto, que a história local, durante longos anos ostracizada, tem vindo a despertar o interesse dos investigadores, desde meados do século XIX, na exata medida em que contribui para um mais profundo entendimento da História (em sentido global), tornando-se num precioso auxiliar capaz de aportar múltiplos esclarecimentos aos campos político, económico, social e mental. Os indivíduos, assim como as sociedades, procuram preservar o passado como um guia que serve de orientação para enfrentar as incertezas do presente e do futuro.

Acrescente-se ainda, na esteira da dinâmica deste blogue, que a memória coletiva de uma determinada população estende-se aos territórios onde vive, aos seus monumentos, aos vestígios do passado e do presente, aos seus problemas, à cultura material e imaterial e, também, às pessoas.

De tudo isto dá conta “A’ Cerca de Coimbra”.

Por isso, na ocasião da publicação desta 1000.ª entrada do blogue “A’ Cerca de Coimbra”, não podemos deixar de parabenizar o Dr. Rodrigues Costa pela transmissão de tão grande volume de saber relacionado sobretudo com a cidade do Mondego e de salientar o enorme esforço de criteriosa investigação a que a publicação em causa o tem obrigado.

Resta-nos esperar a possibilidade de continuar a aprender com tão pertinentes ensinamentos.

Regina Anacleto

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 11:01

Sexta-feira, 19.05.23

Coimbra. Conversas Abertas. Castelo de Coimbra

É já na próxima 6.ª feira, dia 26 de maio, pelas 18:00, que irá decorrer no Arquivo da Universidade de Coimbra, na Sala D. João III, a penúltima das Conversas Abertas desta série, como sempre com entrada livre e aberta a participação de todos.

A palestrante será a Arquiteta Isabel Anjinho, que vem realizando uma notável obra da investigação sobre o passado da nossa Cidade e que, desta vez, falará sobre o CASTELO DE COIMBRA.

CartazA3_26.05.2023 a.jpg

Além da exposição oral, as imagens em 3D permitirão conhecer o que era o castelo e como o mesmo se inseria na malha urbana de então.

Apresentamos a folha de sala que estará à disposição de todos os participantes.

CA. 2023.05.26. Isabel Anjimho folha de sala 1 a.j

 

 

CA. 2023.05.26. Isabel Anjimho folha de sala 2 a.j

Folha de sala

Participe e ajude na divulgação deste evento.

Rodrigues Costa

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 12:04

Quarta-feira, 27.04.22

Conversas Abertas: Arco romano de Coimbra

Numa iniciativa do blogue “A’Cerca de Coimbra”, que conta com o apoio do Arquivo da Universidade de Coimbra e do Clube de Comunicação Social, vai decorrer na Sala D. João III daquele Arquivo (localizado por baixo e nas traseiras da Biblioteca Geral da Universidade, com entrada pela Rua de S. Pedro, n.º 2), a partir das 18h00, da próxima sexta-feira. mais uma sessão do evento “Conversas Abertas”,

A entrada é livre, até ao limite da lotação e a sessão decorrerá no formato habitual, ou seja, intervenção inicial da Palestrante, seguida de período aberto à participação dos assistentes.

A palestrante será a Arquiteta Isabel Anjinho que abordará a temática relacionada com o “Arco romano de Coimbra”, cujas fundações terão sido identificadas, em 2001, na confluência entre a rua da Couraça de Lisboa e a rua da Estrela.

ArcusQuadriforis IsabelAnjinho.jpg

Pormenor da imagem do livro “Romanae Urbis Topographia et antiquitatum” (Boissard, 1597, s.p) de um arco supostamente igual ao arco triunfal de Aeminium."

Na escavação então realizada – a que se seguiram outros estudos – foi descoberta uma estrutura com quatro degraus e um almofadado de acabamento característico das construções romanas, que poderá pertencer às fundações de um arco romano de dimensões significativas, com uma vista privilegiada sobre o Mondego e erguido no cimo de uma rampa.

Solicito e agradeço a todos os leitores do Blogue “A’Cerca de Coimbra”, a ajuda na divulgação desta iniciativa.

Com o obrigado do

Rodrigues Costa

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 11:06

Segunda-feira, 18.04.22

Coimbra: Conversas Abertas, segundo debate

No âmbito do evento “Conversas Abertas”, iniciativa do blogue “A’Cerca de Coimbra”, com o apoio do Clube de Comunicação Social e do Arquivo da Universidade de Coimbra, vai decorrer na Sala D. João III do Arquivo da UC, às18h00, na última sexta-feira do corrente mês, dia 29 de abril.

AUC. Deposito.jpg

Arquivo da Universidade de Coimbra. Depósito

A entrada é livre, até ao limite da lotação, e serão respeitadas todas as diretivas em vigor emanadas pela Direção Geral de Saúde e a sessão decorrerá no formato habitual, ou seja, intervenção inicial da Palestrante, seguida de período aberto à participação dos assistentes.

A palestrante será a Arquiteta Isabel Anjinho que abordará a temática relacionada com o “Arco romano de Coimbra”, cujas fundações terão sido identificadas, em 2001, na confluência entre a rua da Couraça de Lisboa e a rua da Estrela.

Na escavação então realizada – a que se seguiram outros estudos – foi descoberta uma estrutura com quatro degraus e um almofadado de acabamento característico das construções romanas, que poderá pertencer às fundações de um arco romano de dimensões significativas, com uma vista privilegiada sobre o Mondego e erguido no cimo de uma rampa.

Solicito e agradeço a todos os leitores do Blogue “A’Cerca de Coimbra”, a ajuda na divulgação desta iniciativa.

Com o obrigado do

Rodrigues Costa

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 09:52

Quinta-feira, 27.06.19

Coimbra: Reconquista de Fernando Magno

O manuscrito original do texto que hoje se divulga foi escrito nos anos 20 do século XVII, por António Coelho Gasco, jurisconsulto, licenciado pela Universidade de Coimbra, homem naturalmente inclinado ao Estudo da genealogia e que antes de partir para o Brasil, onde viria a falecer, deixou um conjunto de obras escritas pela sua mão entre as quais se encontra o manuscrito intitulado Conquista. É a este que nos reportamos, chamando a atenção para o facto do mesmo se encontrar redigido no estilo próprio da época.
Apesar de, ao longo dos séculos, esse texto ter sido editado e reeditado, a verdade é que há muito tempo desapareceu do mercado livreiro.
Graças ao amor que Mário Araújo Torres dedica a Coimbra fica-se-lhe a dever a recolha e a reedição do texto de Gasco, bem como as relevantes notas que o acompanham.
A cidade tem obrigação de lhe agradecer o esforço despendido na divulgação desta interessante obra.

De quem era filho El-Rei D. Fenando Magno, e de como os Monges de Lorvão o persuadem a vir sobre Coimbra

Fernando I de Leão.jpgFernando I de León. Acedido em
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c3/Ferdinand_Leonsky.jpg

A Mui famosa, e sempre leal Cidade de Coimbra, celebre entre as da Europa, jaz em huma insigne Costa de agradavel sitio em extremo, airosa, e fortalecida pela natureza, lavada de favoráveis ventos, e estrellas, plantada em Clima benigno de ares, com a fronte ao tão conhecido por suas claras, e amorosas aguas, como na verdade ellas o são, para quem em lembrança traz o espirito cançado. Foi conquistada por hum nobre Imperador, homem de heroicas virtudes, e de grandes feitos em armas, chamado por excellencia D. Fernando o Magno, que foi o primeiro Rei que felizmente reinou em Castella, filho do Conde D. Sancho, o qual estendeo grandemente seus Reinos, e Estados, com as continuas victorias, e novas conquistas.
… vierão ter com elle em Carion dois Religiosos do antigo Mosteiro de Lorvão, que fica duas leguas, e meia além de Coimbra. Em segredo lhe disseram o estado em que a Cidade estava … porque como hião la, vião bem a pouca vigilancia, e presidio que tinha.
… Promettendo-lhes, que sendo Deos servido, a iria cercar com seu Exercito.


Castelo de Coimbra maqueta.JPGMaqueta do Castelo de Coimbra proposta por Isabel Anjinho

Como El-Rei D. Fernando ganhou Coimbra, e o que nella lhe succedeo.
Tanto que El-Rei D. Fernando o Magno, juntou seu Exercito, veio sobre Coimbra no anno do Senhor de 1064, e por espaço de sete mezes a teve mui apertada com contínuos assaltos, e combates. Defendendo-se sempre os Mouros animosamente com seu Rei Cide Arabum Arabe, guerreiro Africano; porque he natural de corações esforçados quererem morrer com liberdade, que viver em captiveiro, assim pelo inexpugnável sitio da Cidade, como pella boa cavalaria que dentro tinhão. Faltando neste tempo mantimentos, mandou El-Rei lançar pregão, que dahi a quatro dias presentes, levantava seu arraial, e marchava com elle a Leão. O que sabendo o Abbade de Lorvão fez uma avisada partida a seus Monges, em que summariamente lhes relatou o muito que importava ao bem da Christandade de Hespanha ser conquistada Coimbra. Com a qual vierão todos em claustro pleno, que lhe levassem os mantimentos, que então tinhão.

Arco da Traição, planta.jpg

Pormenor do arco da Traição no perfil DA 22 dos desenhos pombalinos

… continuou outra vez o cerco, e antes que acabasse a semana, entrarão os nossos victoriosos pela porta, que hoje se chama da traição, que era a vinte e oito de Junho, dia mui assignalado, por ser véspera dos Apostolos S. Pedro, e S. Paulo.
Alvorárão as Bandeiras, Estendartes, e Pendões sobre os altos muros, invocando nelles com grande vivas, e vozes o nome de Fernando.

Nota:
Com a ajuda da Isabel Anjinho acrescenta-se: o cerco de Coimbra começou a 20 de janeiro de 1064 e durou quase 6 meses; quanto à data da tomada de Coimbra existem divergências entre historiadores, sendo que a Nova História Militar de Portugal refere o dia 9 de julho de 1064. Data que é considerada a mais correta.

Gasco, A.C. Conquista, Antiguidade, e Nobreza da mui Insigne, e inclita Cidade de Coimbra… Recolha de textos e notas por Mário Araújo Torres. 2019. Lisboa, Sítio do Livro. 43-45

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 09:41

Quarta-feira, 08.05.19

Casa da Escrita: Conversas abertas, 6.ª feira, 10 de maio, às 18h00. Fortificação de Coimbra com Isabel Anjinho

Casa da Escrita: Conversas abertas,
6.ª feira, 10 de maio, às 18h00
Tema: Fortificação de Coimbra

Fortificação de Coimbra. Proposta.jpg

Palestrante: Isabel Anjinho

transferir.jpg

Após a intervenção inicial, seguir-se-á um debate, estimulado pelos participantes.
Entrada livre.
Organização: Casa da Escrita de Coimbra, com o apoio do Blogue A’Cerca de Coimbra.

Local: Casa da Escrita

Foto de Pormenores da Casa da Escrita 5.jpg

(Rua Dr. João Jacinto Nº 8, telefone 239 853 590)

Foto de Pormenores da Casa da Escrita 11.jpg

Casa da Escrita. Teto

Outras Conversas Abertas
6.ª feira, 07.06.2019
Palestrante: Ana Maria Bandeira
Tema: Fontes documentais para a história da cidade de Coimbra no Arquivo da Universidade
Interrupção de Verão

6.ª feira, 06.09.2019
Palestrante: Regina Anacleto
Tema: Reforma Pombalina da Universidade de Coimbra

6.ª feira, 04.10.2019
Palestrante: Rodrigues Costa
Tema: Herdade de Enxofães: a sua importância para a subsistência do Hospital de S. Lázaro de Coimbra

6.ª feira, 08.11.2019 (a primeira 6.ª feira é feriado)
Palestrante: Nelson Correia Borges
Tema: João de Ruão um escultor de Coimbra

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 09:56

Sexta-feira, 26.04.19

Casa da Escrita: Conversas abertas. Primeira Conversa Isabel Anjinho: Fortificação de Coimbra

Ciclo de “Conversas abertas” vai acontecer nas primeiras sextas-feiras de cada mês, às 18h00.
Após a intervenção inicial do orador convidado, que ocupará aproximadamente 20 minutos, seguir-se-á um debate, estimulado pelos participantes, com a duração máxima de 60 minutos.
Entrada livre.

Organização: Casa da Escrita de Coimbra, com o apoio do Blogue A’Cerca de Coimbra.

Casa da Escrita.jpg

Casa da Escrita
Rua Dr. João Jacinto Nº 8, telefone 239 853 590)


Primeira conversa aberta, 6.ª feira, 03.05.2019, às 18h00

Isabel Anjinho

Isabel Anjinho.jpg

Tema: Fortificação de Coimbra

Fortificação de Coimbra.jpgFortificação de Coimbra

 

Casa da Escrita. Jardim interior.jpg

 


Casa da Escrita. Jardim interior

Outras Conversas Abertas

6.ª feira, 07.06.2019
Orador: Ana Maria Bandeira
Tema: Fontes documentais para a história da cidade de Coimbra no Arquivo da Universidade

Interrupção de Verão

6.ª feira, 06.09.2019
Orador: Nelson Correia Borges
Tema: João de Ruão um escultor de Coimbra

6.ª feira, 04.10.2019
Orador: Regina Anacleto
Tema: Reforma Pombalina da Universidade de Coimbra

6.ª feira, 08.11.2019 (a primeira 6.ª feira é feriado)
Orador: Rodrigues Costa
Tema: Herdade de Enxofães: a sua importância para a subsistência do Hospital de S. Lázaro de Coimbra

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 09:13

Quinta-feira, 01.02.18

Coimbra: Arco Romano e Torre de Belcouce

Há uma bela vista de Coimbra, desenhada pelo artista florentino Pieri Maria Baldi, que visitou Portugal vindo na comitiva do príncipe Cosme, herdeiro do soberano Gran-Duque da Toscana... demorando-se em Coimbra três dias, no mês de Fevereiro de 1669. Foi nestes dias que fez o desenho. 

Pier Maria Baldi 1669 02.jpg

 Gravura de Baldi

 Nele se sê a verdadeira feição do afamado arco romano de Belcouce, que é, pura e simplesmente, a porta principal do «oppidum» Emínio; as casas que lhe ficam por trás e ao lado, ocupando precisamente o local do velho palácio (que em 1537 pertencia ao Reitor Garcia de Almeida que mandou dar as lições das Faculdades jurídicas e médica em salas do seu próprio palácio, onde residia, sito à Estrela, próximo da torre e do arco romano «de Belcouce»), são casas vulgares apenas.

[Aquando da construção do Colégio de S. António da Estrela], das antigas edificações, que aqui havia, foi poupado o arco romano, que permaneceu a Sul do novo edifício, e a parte inferior, que restava, da célebre torre quinária de Belcouce, ficando mais de metade do seu corpo embebida na alvenaria da fachada ocidental, de modo que se conservou à vista, a salientar-se, o ângulo ocidental; aproveitou-se habilmente para mirante o terraço triangular que sobre ela ficou descoberto. Também pouparam a interessante inscrição comemorativa da construção da torre, que se edificou por ordem de D. Sancho I. Para datar esta construção, esculpiram-se na lápide comemorativa três elementos cronológicos, que não se adaptam bem entre si, embora a discrepância não seja grande: o início do reinado de D. Sancho I, a tomada de Coimbra aos mouros por Fernando Magno de Leão, e a era hispânica de 1249. Oscilam entre os anos de 1209 e 1211. Parece que aquela primeira data se reporta ao começo da obra, e esta ao assentamento da inscrição, quando se havia concluído a torre, na era de 1249 a.D. 1211. Muito se discreteou sobre a concordância destes três dados cronológicos.

Arco romano trabalho de Isabel Anjinho.jpg

 Arco romano, apresentação de Isabel Anjinho

 ... A 10 de Junho de 1778, mandou a Câmara demolir o arco romano da Estrela! Assim desapareceu estupidamente o monumento histórico mais precioso e interessante no seu género que Coimbra possuía; mas, em compensação, exultou a vereação por ter aumentado com esta desastrada medida a receita municipal deste ano, entrando em cofre a quantia de 30$000 reis, que pagou Miguel Carlos pela compra da pedra da demolição!

Hoefnagel arco romano.JPGPormenor da gravura de Hoefnagel, apresentação de Isabel Anjinho

 É possível marcar-se aproximadamente o local onde se erguia o arco, tendo em consideração que esse local foi depois da demolição aproveitado pelos frades para ali construírem uma casa suplementar ao Colégio, na extremidade sul deste, a qual se vê em estampas que ilustram este capítulo. Ainda existe, no jardim... um marco de referência precioso: um cubelo de suporte da muralha, que se encontra à mão esquerda, quando da Couraça se transpõe a porta de entrada do jardim. Este cubelo se vê nas respetivas estampas, marcando o vértice do ângulo S-O da dita casa.

Colégio de S. António da Estrela.jpg

 Colégio de S. António da Estrela

 As fachadas ocidental e meridional estende-se nesta estampa quase lado-a-lado, no 1.º plano, desde a parte posterior da igreja, à nossa esquerda (onde se salienta a pequena capela-mor, e ao lado a pequeníssima sacristia com as suas 2 janelas), até ao topo S, quase completamente escondido detrás duma casa com três filas de 5 janelas em cada um dos seus 2 andares, e por baixo destas mais outra fila de janelas simuladas. Esta casa foi construída, no último quartel do século XVIII, a ocupar o local onde se erguia o afamado arco romano ou de Belcouce; ficou quase encostada ao topo meridional do Colégio, construindo- entre um e outro edifício a porta larga e a passagem de entrada para o grande pátio do Colégio, e para esta nova casa. Um cubelo, que se vê no ângulo deste pequeno prédio, ainda hoje existe, e serve de marco para fixarmos o lugar da casa, e consequentemente do arco de Belcouce.

O Colégio era composto de 2 corpos contíguos, um com a orientação S-N, o outro E-O, formando assim um ângulo reto. No topo ocidental deste último corpo, divisa-se a parte restante da torre de Belcouce.

Esta fotografia foi tirada do areal do rio, a montante da ponte, alguns anos depois do incêndio que devorou o edifício em a noite de domingo, 27 de janeiro de 1895, deixando ficar somente as paredes.

 Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 274-276, 404 do Vol. I

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 10:07


Mais sobre mim

foto do autor


Pesquisar

Pesquisar no Blog  

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

calendário

Julho 2025

D S T Q Q S S
12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031