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Lição tecida com Imagens de Linha (Tapeçaria da Sala do Conselho da autoria de Guilherme Camarinha).
Esta é uma espécie de joia que se expõe na parede da Sala do Conselho, sala, íntima e nobre, das deliberações dos corpos dirigentes da Faculdade de Letras.
Sala do Conselho da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Op. cit., pg. 129
A técnica que ali se quis utilizar não foi a pintura, mas a tapeçaria … De entre os vários artistas que, nos meados da centúria de Novecentos fizeram cartões para tapeçaria, aparece o que mais trabalhou esta técnica, autor escolhido para progenitor da tapeçaria das Letras: Guilherme Duarte Camarinha.
…. É a representação simbólica que a tapeçaria de Camarinha encerra que mais nos interessa, não obstante o traçado do autor ser manifestamente feliz.
Campo pictórico central da tapeçaria. Op. cit., pg. 137
“Onde o Espírito sopra, acende-se a palavra”, diz a filactéria que preside ao tecido … A chama incendiou todo o painel. O fogo propaga-se em todo o quadro quer de um lado, quer do outro, mas o cromatismo que o autor utilizou confere-lhe bem duas ideias distintas; mais ainda, contraditórias – quer nas cores do «bem» quer nas cores do «mal» – são chamas, fogo vivo que avança e recua para mostrar as cenas representadas; contudo chamas, com formas de arestas vivas, línguas de fogo, imagens do «espírito» que move, «acende» a «palavra».
… A «tela» não termina na representação destes mundos que ladeiam a vista central. Em ambas as extremidades da tapeçaria que, no espaço da Sala do Concelho, ocupam já as paredes laterais, representam-se duas alegorias relacionadas com o espaço do mundo apresentado no lado em que se encontra.
Do lado esquerdo de quem se vira para a tapeçaria, aparecem as figuras identificadas da «Ciência» e da «Arte».
Figuras que ocupam a parede lateral: Ciência e Arte. Op. cit., pg.15.
Do posto em frente, permanecem a «Religião» e a «Filosofia».
Op. cit., pg. 157
Em redor de cada um destes conjuntos de duas figuras, desenha-se uma silhueta, não muito marcada, mas visível, mais uma vez do “infinito” ( ), entrelaçando-se as alegorias como que significando a sua interconexão.
Duarte, M.D. 2003. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra: Ícone do Poder. Ensaio iconológico da imagética do Estado Novo. Prefácio de Regina Anacleto. Coimbra, Câmara Municipal.
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