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A' Cerca de Coimbra


Terça-feira, 16.02.21

Coimbra: Personalidades. Amílcar Matias

Amílcar Duarte Matias nasceu em Casais do Campo, Coimbra, a 1 de Abril de 1931. Estudou na Escola Comercial e Industrial Avelar Brotero, em Coimbra. Desenhador publicitário e artista gráfico com extensa obra executada e complementada com atividade no domínio da pintura, cerâmica, ilustração e do cartaz.

Amilcar Matias a.jpg Amílcar Matias (Espólio fotográfico do Arq. J. Morais Sarmento) 

IMG_9565 c.jpg

Amílcar Matias, assinatura utilizada nos seus trabalhos

Expôs individualmente na Delegação de «O Primeiro de Janeiro», em Coimbra, em outubro de 1968.

Com o MAC - Movimento Artístico de Coimbra, participou em exposições coletivas na Casa da Cultura de Cantanhede (1986); no Edifício Chiado, Coimbra (1986).

Encontra-se representado no Museu Municipal Dr. Santos Rocha (Figueira da Foz) e em coleções particulares.

Faleceu em Coimbra a 25 de Abril de 2004, estando sepultado no cemitério da Igreja de S. Martinho do Bispo.

[A sua obra mais visivel são os] painéis de azulejos de arte contemporânea, integrados no muro da Escola Jaime Cortezão.

Formam um conjunto de catorze painéis sem cercadura, de composição figurativa, monocromática, em azul-cobalto sobre fundo branco.

AM vista geral.jpgAmílcar Matias. Painéis do muro da Escola Jaime Cortesão, vista geral

 Cada um dos painéis representa um monumento da cidade de Coimbra, sendo sequencialmente: Universidade, Igreja de Santa Cruz, Sé Velha, Arco de Almedina, Palácio Sobre Ribas, Mosteiro de Celas, Museu Machado de Castro, Convento de Santo António dos Olivais, Sé Nova, Jardim da Sereia, Aqueduto de São Sebastião, Igreja de Santiago, Mosteiro de Santa Clara-a-Velha e Torre do Anto.

AM arco da Almedina.jpgAmílcar Matias. Arco de Almedina

 

AM aqueduto.jpgAmílcar Matias. Aqueduto de São Sebastião

AM Universidade.jpgAmílcar Matias. Universidade

 Através das datas que constam nos painéis induz-se que tenham sido realizados entre 1983 e 1985, sendo executados com a colaboração da Fábrica da Viúva de Lamego.

Carlos Ferrão

xxx

À biografia atrás traçada julgo oportuno juntar o seguinte testemunho.

A iniciativa da colocação dos painéis de azulejos e a escolha do seu autor foi da responsabilidade do então Presidente da Câmara Municipal, Dr. Mendes Silva, a quem Coimbra ainda deve a homenagem e o reconhecimento do muito que fez pela Cidade.

A obra foi realizada de acordo com um projeto do Arquiteto António José Monteiro, que previa o enquadramento dos painéis por uma cercadura em pedra. Para a elaboração da proposta teve a ajuda do já falecido António Firmino Batista, à data dono de uma empresa especializada em trabalhos de pedra.

Constata-se, pois, que a obra nunca foi concluída, não obstante os pedidos que ao longo dos anos, nomeadamente, enquanto vereador municipal, dirigi ao Município.

A Câmara Municipal de Coimbra financiou a execução dos painéis que Amílcar Matias desenhou e pintou durante cerca de dois anos, no edifício Chiado, onde, ao tempo, funcionava o Departamento de Cultura, Desporto e Turismo que eu, nessa data, tinha a honra de chefiar.

Jornadas spbre cerâmica.JPGJornadas sobre a Cerâmica em Coimbra. 1981. (Foto Imagoteca Municipal de Coimbra)

A participação da cerâmica Viúva Lamego, de Lisboa, limitou-se à venda dos azulejos prontos para serem pintados e à sua posterior cozedura.

Amílcar Matias nasceu e viveu nos Casais, freguesia de S. Martinho do Bispo, estando sepultado no cemitério daquela freguesia. Estamos perante um artista de mérito, cujo valor Coimbra ainda não reconheceu e até já esqueceu. A sua personalidade, bem marcada, passava por uma extrema modéstia que contrastava com o seu talento.

Para além das áreas artísticas referidas por Carlos Ferrão era ainda um caricaturista de mérito.

IMG_9560 b.jpgRodrigues Costa. Caricatura de Amílcar Matias (Coleção particular)

Rodrigues Costa

 

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por Rodrigues Costa às 11:16

Terça-feira, 08.12.15

Coimbra, o edifício Chiado 2

Em Março de 1978, um grupo de cidadãos, encabeçado pelo Delegado da Direção-Geral dos Desportos, Fernando Mendes Silva, iniciou um movimento cívico, a “Operação Chiado” com o intuito de salvar o edifício: “Dêem-nos 4 meses e mostraremos o que se pode fazer disto”, terá pedido Mendes Silva. Em colaboração com várias entidades foi elaborado um programa de animação com atividades variadas. Para além dos Serviços de Turismo da Câmara Municipal de Coimbra foram envolvidos na definição do programa: a Fundação Calouste Gulbenkian, a Secretaria de Estado da Cultura, a Universidade, o Museu Nacional de Machado de Castro, entre outras … Assim se realizaram, finais de xadrez, exposições … ciclos de cinema e até concursos de doçaria regional.
Enquadrado neste clima de mobilização cívica … a 5 de Junho de 1978, a “Noite de Coimbra” evento realizado na Praça do Comércio e em defesa da renovação urbanística e remoção do estacionamento, com o objetivo de lhe devolver a função de centro cívico e de convívio. Neste evento o banco “entregou” simbolicamente a chave ao impulsionador deste movimento, Fernando Mendes Silva, ficando os Serviços de Turismo da CMC encarregados da sua dinamização.
Na sequência da “Operação Chiado” e da consequente ocupação do edifício, com atividades culturais, a Câmara Municipal comprometeu-se com o Banco Pinto & Sotto Mayor em adquirir o edifício o que só aconteceu em 1984, já no mandato do próprio Mendes Silva como presidente da autarquia … Entretanto a Câmara Municipal solicitara no dia 11 de maio de 1978 a classificação do edifício como de “interesse público” … O Instituto de Salvaguarda do Património Cultural e Natural deu um parecer positivo a este pedido no dia 14 de Junho de 1978 … a sua classificação só se concretiza em 1997, sendo publicado o decreto de classificação como imóvel de interesse público em 2002 … a sua aquisição ao Banco fez-se através da permuta de um terreno na Avenida Fernão de Magalhães … Depois da sua aquisição pela CMC passou a ser um espaço expositivo de temas e obras diversificadas até que, em 2001, inaugurou como Museu Municipal.

Sendo à data o responsável pelos Serviços Municipais de Turismo, seja-me permitido um testemunho.
No final da “Noite de Coimbra” o Dr. Mendes Silva depois de entregar as chaves procurou-me e disse-me: “A minha tarefa está terminada. Agora é com a Câmara”. E, acrescentou, com aquele seu inconfundível linguarejar coimbrão: “Aguente-se à bronca”.
Rodrigues Costa

Magalhães, R. 2010. Edifício Chiado. Uma das curiosidades de Coimbra. In Caminhos e Identidades da Modernidade. 1910. O Edifício Chiado em Coimbra. Actas. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra, pg. 217 a 220

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por Rodrigues Costa às 10:10

Quinta-feira, 26.11.15

Coimbra, Mosteiro de Santa Cruz e a demolição das suas dependências 2

Algum tempo depois da extinção do mosteiro, ocorrida em 1834, resolveu a Câmara, em 13 de Junho de 1840, que as vendedeiras de cereais de Sansão passassem para o então denominado Pátio de Santa Cruz, situado no local que é hoje o início da Rua Olímpio Nicolau Rui Fernandes, entre a atual fachada lateral dos Paços do Concelho e o edifício fronteiro, onde se encontra instalada a P.S.P. Este último estava ligado à esquina do mosteiro, que a sede da edilidade veio substituir, por um edifício que mais tarde foi demolido, sendo a entrada para o pátio feita através de um arco nele existente … Não tardaria muito que o edifício de ligação fosse demolido, facto ocorrido em 1856 … nova alteração surgiu, com a mudança do mercado dos cereais para a antiga horta do mosteiro, pertença da Câmara.
… A horta de Santa Cruz estava longe de tudo (não nos esqueçamos que na época não existiam a atual Avenida Sá da Bandeira, a Praça da República e todas as ruas que nela convergem, constituindo todas essas artérias a antiga Quinta de Santa Cruz, então propriedade particular); o Bairro de Montarroio era então um pequeno aglomerado; o acesso à Alta era feito por um apertado caminho que ia dar à Rua do Colégio Novo. E a própria comunicação com a Baixa fazia-se por uma estreita ligação, que só mais tarde viria a ser alargada com a demolição do lanço norte do Claustro da Manga e do arco que o ligava ao edifício que é hoje a Escola Jaime Cortesão.
… No ano de 1882, é apresentada na sessão de 23 de Agosto uma proposta do Barão de Matosinhos, em que este solicita a concessão de um ascensor para acesso à Alta, construído a expensas suas. O referido ascensor, que facilitaria o acesso do público, ligaria o local junto à Fonte Nova até a Couraça dos Apóstolos. A ideia de então não iria avante, mas veio a ser concretizada nos nossos dias, quase 120 anos depois, com a construção do atual elevador.
… Os acessos da Baixa são em 1888 facilitados com o alargamento, já atrás referido, da então denominada Rua do Mercado, com a demolição das construções que fechavam pelo lado norte o Claustro da Manga, e do chamado Arco do Correio, que lhe ficava adossado, e que permitiria mostrar o Jardim, tal como hoje acontece.
…Procedera-se, entretanto, no ano de 1924, à mudança da Fonte Nova para junto do mercado, encostada ao muro da rua que tem o seu nome. Até então, encontrava-se no início da Avenida Sá da Bandeira, no local onde seria construído o prédio em que viria a funcionar o posto das Caixas de Previdência.
… Era então presidente da Câmara o Dr. Mendes Silva, que entre 1984 e 1986 viria a proceder a significativas alterações na zona envolvente do mercado. Foi o caso da colocação de painéis de azulejo, com reproduções de monumentos da cidade, da autoria de Amílcar Martins, no muro da cerca da Escola Jaime Cortesão, da construção duma escadaria no local em que se erguera a Torre de Santa Cruz, para onde foi transferida a Fonte Nova, o ajardinamento do espaço em frente do pavilhão do peixe.

Andrade, C.S. 2001. Mercado D. Pedro V. Uma História com História Texto publicado em suplemento especial no Jornal de Coimbra de 14 de Novembro de 2001

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por Rodrigues Costa às 10:09


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