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Belisário Pimenta nasceu em 3 de Outubro de 1879 ... prédio com o número 11 da Praça do Comércio, a velha praça burguesa da Baixa coimbrã. A sua primeira canção de embalar foi o ronronar cadenciado das máquinas da tipografia do avô materno, instalada nos dois andares de baixo.
... Na sessão em que ingressou na Academia Portuguesa de História, em 28 de Janeiro de 1966, Belisário Pimenta apresentou-se como “homem do Século Dezanove" ... Ansiando pelas grandes batalhas, Belisário Pimenta não perdia de vista que a luta se travava também noutros patamares, ainda que menos decisivos. Empenhava-se no movimento para instalação em Coimbra do Jardim-Escola João de Deus ... Participou na instalação da delegação de Coimbra da Sociedade da Cruz Vermelha ... Foi membro da Sociedade de Propaganda e Defesa de Coimbra.
... No Verão de 1900, concluídos os preparatórios na Universidade, foi admitido na Escola do Exército
... Era no Lusitano, nas longas conversas com os seus amigos republicanos, que retemperava o ânimo. Ia do quartel diretamente para lá, muitas vezes ainda com a farda de serviço ou até, como no dia da visita do Rei a Coimbra, de grande uniforme, causando escândalo entre os oficiais talassas, frequentadores do passeio em frente, do outro lado da Calçada.
Os passeios da Calçada não deixavam margem para equívocos ou para manifestações dúbias. Ali, os campos estavam rigorosamente definidos. O Tenente Belisário Pimenta, oficial do Exército e do Regimento de Infantaria n.º 23, nunca largava o Lusitano e nunca ia ao outro passeio. E fazia questão nisso: “O passeio do Lusitano é dos republicanos, tendo como pontos de concentração o café, a relojoaria do Ferreira; ao passo que o passeio do outro lado, do lado da Havaneza, é dos monárquicos, tendo como pontos de reunião principais a Havaneza para a gente fina, intelectuais, a casa das máquinas Singer para os oficiais do exército talassas e a farmácia Donato para uma certa gente ociosa, franquistagem reles e alguns oficiais correspondentes.”
... No Domingo, dia 9 (de Outubro de 1910), foi chamado ... ao gabinete do Governador Civil, este puxou-o para uma das varandas que davam para o Largo da Feira e fez-lhe a proposta que já esperava. Belisário Pimenta alinhou todos os argumentos que pôde para evitar o que entendia vir a ser um desastre. Mas Fernandes Costa opôs-lhe que o momento não era azado para dúvidas e que “achava pouco patriótico e pouco próprio de um republicano não fazer um sacrifício […] quando a República nascente precisava de todos” ... ao descer as escadas do Governo Civil, já com a posse tomada (de Comissário da Polícia de Coimbra) e com o alvará dobrado no bolso, deu ordem ao primeiro guarda que viu para que houvesse, daí a pouco, formatura geral do corpo de polícia, para fazer a sua apresentação. A corporação esperava-o, formada por esquadras no claustro ... Depois dos lugares comuns, fez-lhes “uma antevisão do que seria o serviço policial com o regime democrático, simples missão de cordura e de paz, com prestígio e força moral, com delicadeza e respeito.”
... Por essa altura, em 1932, já Belisário Pimenta dedicava preferencialmente o seu trabalho de investigação à história militar ... legou à Biblioteca Geral da Universidade Coimbra a sua livraria, os arquivos pessoais e a coleção dos seus originais autógrafos ... Aí, está disponibilizado, para além de um conjunto de 67 fotografias obtidas a partir da coleção de negativos de vidro que faz parte do legado, o acervo de originais manuscritos.
Ribeiro, V.A.P.V. 19. 2011. As memórias de Belisário Pimenta. Percursos de um republicano coimbrão. Dissertação de Mestrado em história Contemporânea. Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Pg. 7, 8, 14, 39, 43, 57, 119
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