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Eugénio de Castro
Acedido em: https://www.ebiografia.com/eugenio_de_castro/
Dominando o Mondego e seus salgueiros
PALÁCIOS CONFUSOS
Na minha doce Coimbra, a sul virado,
Dominando o Mondego e seus salgueiros,
Há um bairro de humildes pardieiros.
Que «Palácios Confusos» é chamado.
Tão belo nome evoca no passado
Rica chusma de paços altaneiros
Com torres, grimpas, varandins ligeiros
E flâmulas a arder no céu lavado.
O tempo voado, que tudo come,
De tais riquezas só poupou o nome;
Tudo ali hoje é pobre, velho e estreito,
Sem um vislumbre do esplendor extinto!
Ó «Palácios Confusos», também sinto
Uns «palácios confusos» no meu peito!
XXX
Luz Videira
(Nota: não foi possível encontrar uma fotografia da poetisa)
As portas e janelas trabalhadas
PALÁCIO DE SUB-RIPAS
Mino-lhe o porte nobre,
As portas e janelas trabalhadas,
Os relevos de fino lavor.
Vejo, porém, sem ver
Oiço um grito de dor
Ecoando no tempo.
Por inveja, ciúme
E sinistros interesses
Maria Teles acaba de morrer.
Encantada Coimbra. Colectânea de Poesia sobre Coimbra. Organização e Nota Prévia de Adosinda Providência Torgal, Madalena Torgal Ferreira. 2003. Lisboa, Publicações Dom Quixote. Pg. 79, 84.
Illustração Portugueza, 3, Primeiro semestre, 2.ª série, p. 85
Do século XII, a croça do báculo de S. Bernar¬do, em cobre dourado, e o belo cálice românico que na orla da base tem a legenda: «Geda Menendiz me fecit in onorem sci michaelis e MCLXXXX»;
Cálice românico
Do século XIV, o relicário de coral e prata, a imagem da Virgem com o Menino ao colo e a cruz de ágata, objetos que pertenceram á Rainha Santa, e todos eles marcados com as armas de Portugal e de Aragão;
Relicário de coral e prata que pertenceu à Rainha Santa
Do século XV, a grandiosa cruz processional cuja reprodução acompanha estas linhas;
Cruz processional
Do século XVI, a custódia tão sumptuosamente decorativa de D. Jorge d'Almeida, uma caldeirinha de prata com o brasão do mesmo Prelado, uma riquíssima coleção de cálices, e a bacia e gomil também aqui reproduzidos em gravura; do século XVII, a grande custódia e a cruz-relicário do Bispo D. João Manuel, o relicário de Santa Comba e uma grande cruz de azeviche; finalmente, do século XVIII, o jogo de sacras em prata e lápis-lazúli.
Na secção dos paramentos, figura, em primeiro lugar, a capa da abadessa de Lorvão, com sebastos soberbamente bordados, e na das tapeçarias um pano flamengo, representando Marte o Vénus surpreendidos por Vulcano, e uma alcatifa persa, em seda, verdadeira maravilha de brilho e cor.
Referindo-se ao Tesouro da Sé, escrevia há meses o sr. Joaquim de Vasconcelos: «Quem subscreve «estas linhas teve ensejo de visitar repetidas vezes os museus capitulares de alguns dos cabidos mais ricos da Europa; pode comparar sem prevenções e julgar do valor das obras expostas por experiência própria e por algum estudo, adquirido durante longos anos de pacientes investigações; não hesita, contudo, em afirmar que o Museu de Coimbra rivaliza com os mais opulentos».
O mesmo ilustre crítico escrevera também na «Arte e Natureza em Portugal»: «A criação do Museu é um exemplo preclaro, dado aos restantes prelados portugueses, que podem e devem abrir, os tesouros das catedrais ao estudo. O senhor Bispo-Conde soube achar em Coimbra o artista erudito, competente para a difícil obra da Sé Velha. Temos fé que encontrará, sem sair de Coimbra, o arqueólogo sagaz e bem informado, que deve inventariar num índice impresso, luminoso, manuseável o barato as incomparáveis riquezas do museu diocesano».
Castro, E. O Thesouro da Sé de Coimbra. In Illustração Portugueza, 3, Primeiro semestre, 2.ª série, Lisboa, 1906, p. 84-87.
Illustração Portugueza, 3, Primeiro semestre, 2.ª série, p. 86
A primitiva instalação constava apenas de duas salas: na primeira, estavam as tapeçarias e os paramentos; na segunda, as peças de ouro e prata.
Capa da Abadessa de Lorvão
No entanto os últimos conventos iam acabando, e, à proporção que acabavam, ia a coleção crescendo. Não sem o obstáculo de alguns respeitáveis pedregulhos, cuja remoção não foi das mais fáceis, de Lorvão, de Semide, de Santa Clara, de Tentúgal e de Vila Pouca vinha correndo para o Tesouro da Sé uma rutilante enxurrada de alfaias preciosas, relicários, cibórios, turíbulos, cálices, gomis, frontais e dalmáticas, numa estranha confusão em que o ouro, a prata, as pedrarias e os esmaltes se misturavam com o veludo, a seda, a tartaruga, o coral e a malaquite.
Exposição de vários objetos religiosos
A acumulação tornara-se excessiva. Ousadamen¬te, se rasgou en¬tão uma ampla galeria contigua às duas salas, e ao longo dela se dispuseram, em vitrines, os objetos mais preciosos. Entro estes, alguns há que lu¬ziriam como estrelas de primeira grandeza nos mais ricos museus do estrangeiro. Dadas as di¬mensões naturalmente estabelecidas para este ar¬tigo, apenas mencionarei as peças mais notáveis pe¬la beleza e pelo valor histórico.
Castro, E. O Thesouro da Sé de Coimbra. In Illustração Portugueza, 3, Primeiro semestre, 2.ª série, Lisboa, 1906, p. 84-87.
O «Diário do Governo» de 10 de Janeiro de 1889, publicou o decreto seguinte que se transcreve na íntegra.
«... Artigo 1.º É criada uma Escola Industrial que se denominará «Brotero» destinada a ministrar o ensino teórico e prático apropriado às indústrias predominantes na referida cidade.
Art.º 2.º Na Escola de que se trata serão ensinadas as seguintes disciplinas; a) Aritmética e geometria elementar; b) Química industrial; c) Princípios de física, elementos de mecânica; d) Língua francesa; e) Desenho industrial.
Art.º 3.º O ensino teórico na Escola de que se trata será complementado com o ensino manual para o que se estabelecerão junto da mesma escolas oficinas de a) trabalhos em metal (ferraria, serralharia, fundição e outros); b) trabalhos em madeira (carpintaria, marcenaria e outros); c) trabalhos em barro.
Art.º 4.º A aula de desenho industrial «Brotero» que atualmente existe na referida cidade será incorporada na escola industrial de que se trata logo que esta comece a funcionar.»
O decreto é assinado pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios das Obras Públicas ... Emídio Júlio Navarro.
... A primitiva instalação da Escola foi feita em um dos lanços do claustro da Manga, onde então residia o administrador dos correios, sendo demolidas as separações das celas e construídas em seu lugar cinco salas.
... As instalações oficinais conservaram-se no Jardim da Manga até que depois de 1926 passaram para o atual edifício da Escola Industrial e Comercial Brotero. Na Escola Industrial Brotero foi depois criada uma secção comercial ... a secção comercial que funcionava na Escola Industrial Brotero, foi elevada a Escola Comercial, ficando instalada na Rua da Sofia, no segundo andar do edifício onde hoje está o Café Império, e que ao tempo estava ocupado pela Imprensa Académica. No ano de 1926 houve a fusão das duas Escolas, com a designação de Escola Industrial e Comercial de Brotero.
Dos seus antigos diretores e professores que tiveram também projeção nacional, já falecidos, passamos a indicar: O professor António Augusto Gonçalves, que foi ao mesmo tempo jornalista e panfletário de raros méritos, escritor ilustre, notável professor, crítico de arte e artista...; O Doutor Sidónio Pais tomou posse do cargo de professor temporário no dia 3 de Julho de 1902 ... e do cargo de Diretor da Escola em 4 de Outubro de 1905, em substituição do Mestre António Augusto Gonçalves, que mais tarde, voltou outra vez à Direção da Escola. O professor Doutor Sidónio Pais foi lente de Matemática na Universidade de Coimbra, e em 1917-1918 Presidente da Republica ...; O Arquiteto, Diretor e Professor Augusto de Carvalho da Silva Pinto ... Artista e professor de superiores méritos ...; Eugénio de Castro, no seu género, um dos poetas mais notáveis do mundo latino na Idade Contemporânea e Sanches da Gama que na poesia sarcástica foi um dos primeiros do País, talvez o primeiro.
... Não esquecendo também as notabilíssimas individualidades de Charles Lepierre e de Leopoldo Batistini nos altos e relevantíssimos serviços prestados a Coimbra e ao País; o Doutor Mário de Almeida, como jurista; e o dr. Amadeu Ferraz de Carvalho escritor e bibliófilo muito distinto.
Pélico, S. Notas ligeiras sobre a Escola Industrial e Comercial de Brotero, e de alguns dos seus mais notáveis diretores de professores já falecidos. In Brotero. Ano lectivo. Revista Técnica e Cultural. Número 11. Maio.1955. Pg. 57 a 63
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