Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Na entrada anterior já nos referimos ao projeto que o Grupo Folclórico e Etnográfico de Arzila, “50 anos, 50 eventos”, está a concretizar no ano em curso e que pretende constituir-se como ponto de partida para um caminho ainda mais exigente e rigoroso. No âmbito das iniciativas deste projeto encontra-se inserida a atividade que foi rotulada como “Casa do Lavrador”. Trata-se da instalação de peças recolhidas pelo Grupo ao longo dos anos, relacionadas com o mobiliário existente na habitação de um lavrador arzilense, com alguns haveres, na primeira metade do século XX.
Se a instalação foi conseguida, a casa onde foi efetivada – em conjunto com uma outra que lhe é vizinha e se encontra em adiantado estado de ruína – merecem, por si só, uma visita.
Estamos perante casas muito antigas que nos possibilitam o conhecimento da tipologia das habitações de Arzila, construídas com recurso a materiais que ali abundavam, ou seja, seixos rolados e argila. Estes elementos asseguravam não só uma grande durabilidade do imóvel, como uma adequada qualidade de vida, pois no verão tornavam o seu interior fresco e seco e, no inverno, retinham o calor e absorviam a humidade.
Arzila. “Casa do Lavrador”, fachada virada a sul
Arzila. “Casa do Lavrador”, fachada virada a sul, pormenor. Foto Manuela Gabriel
Arzila. “Casa do Lavrador”, parede lateral virada a nascente. Foto Manuela Gabriel
Arzila. “Casa do Lavrador”, tardoz, virado a norte. Foto Manuela Gabriel
Arzila. Casa em ruína, fachada virada a norte. Foto Manuela Gabriel
Arzila. Casa em ruína, parede lateral virada a poente. Foto Manuela Gabriel
Na construção utilizavam a técnica da taipa, também designada por taipa de pilão, que, de acordo com a revista “História”, n.º 19, da National Geographic, começou a ser usada na Mesopotâmia há 7.500-5.500 AC.
A técnica referida também foi identificada pela Sr.ª Dr.ª Helena Moura, da Divisão de Salvaguarda, Gestão e Conhecimento do Património Cultural da CCRC, como sendo utilizada em casas antigas, localizadas na freguesia de S. Martinho do Bispo.
Se tomarmos como referência, por permitir uma mais fácil leitura, a parede virada a poente da casa em ruína já atrás referida, na análise de um leigo na matéria, o construído poderá ser descrito como se segue.
A parede, constituída por camadas sobrepostas de argila e de seixos, estes com diferentes dimensões, mostra uma espessura da ordem dos 44-45 cm, tem cerca de três metros de altura e cerca de 4 metros de largura.
Na zona superior ainda são visíveis os buracos que, no decurso da construção, serviam para fixar as taipas. Contudo, na parte inferior da parede esses orifícios não são percetíveis e, por isso, provavelmente será de se aceitar que a construção ou seria executada sem recurso à taipa ou esta seria escorada.
Os materiais utilizados na construção desta casa devem ter sido recolhidos em barreiros situados em Arzila, nos lugares conhecido por “Mortal” e “Cova dos Cortiços”. Através de referências que chegaram aos nossos dias sabemos que o barro seria, previamente, amassado no exterior, a fim de se conseguir uma maior homogeneização.
Neste imóvel ainda se torna possível caracterizar três tipos de camadas construtivas.
- Caboucos e camada inferior da parede, esta com cerca de 60 cm de altura, onde foram utilizados seixos rolados com maior dimensão e os espaços intersticiais preenchidos com barro.
- Camada intermédia, com cerca de 50 cm de altura, constituída, predominantemente, por seixos miúdos, aglutinados por argila.
- Camada(s) superior(es), com cerca de 50 cm de altura, utilizando seixos de dimensão um pouco superior aos da camada intermédia e em menor número.
Deve assinalar-se, ainda, a existência de dois outros tipos de camadas.
- Camadas horizontais, separando faixas construtivas, com cerca de 7 cm de espessura e 44-45 cm de comprimento, que utilizam na construção um material branco, muito presumivelmente, cal.
- Camadas verticais e/ou oblíquas, separando faixas construtivas, com cerca de 7 cm de espessura, e 44-45 cm de comprimento.
A constatação da existência deste tipo específico de casas em Arzila constitui uma descoberta que, em nossa opinião, carece necessariamente de uma intervenção de emergência por parte dos serviços municipais e de um estudo mais aprofundado por entidades com competência para tal.
Fica o alerta na esperança de que estes testemunhos do passado e da nossa cultura não sejam rapidamente destruídos, tal como tem acontecido a tantos outros bens culturais do povo que fomos e que somos.
Rodrigues Costa
Agradeço ao Senhor Professor Doutor José António Gabriel e à sua Esposa, Sr.ª D.ª Manuela Gabriel - um dos casais fundadores do Grupo de Arzila -, a ajuda na recolha de informações e de imagens.
No limite poente do concelho de Coimbra, na margem direita do Paul de Arzila, situa-se a freguesia com o mesmo nome.
A comunidade rural que ali existe desde tempos imemoráveis, sempre conviveu com o paul e, com um saber cimentado por séculos de trabalho árduo, soube salvaguardá-lo e vivificá-lo.
Paul onde todos detinham um bocado de terreno, as “sortes”, medidas anualmente em varas e côvados, onde pescavam, a fim de melhorar a dieta alimentar e de onde extraiam, o bunho e a “junção”, que estiveram na origem do renome da aldeia, enquanto principal produtora de esteiras, no Baixo Mondego.
Reserva Natural do Paul de Arzila. Imagem acedida em https://www.visitportugal.com/pt-pt/content/reserva-natural-do-paul-de-arzila
Reserva Natural do Paul de Arzila. Foto Manuel Malva. Acedida em https://www.nationalgeographic.pt/viagens/paul-arzila-reduto-um-vale-outrora-selvagem_2948
Reserva Natural do Paul de Arzila. Foto Manuel Malva. Acedida em https://content.nationalgeographic.pt/medio/2023/06/05/paul-arzila_00000000_230605223419_1200x630.jpg
Da freguesia rural que sempre foi, conhecida por aquela produção, está a caminho de se transformar, como as demais que naquela zona se localizam, num dormitório de Coimbra.
Contudo, Arzila é uma freguesia que tem memória e orgulho do seu passado. Memória que resulta, essencialmente, do trabalho que o Grupo Folclórico e Etnográfico de Arzila, vem realizando e que se encontra bem evidenciado quer na recente integração da terra no projeto “Aldeias de Portugal”, quer na organização e realização, ao longo do ano em curso, do programa “50 anos, 50 eventos”.
Grupo Folclórico e Etnográfico de Arzila, logotipo
50 anos, 50 eventos. Cartaz. Imagem acedida em https://www.facebook.com/photo/?fbid=709837067933197&set=pcb.709844331265804
Estas realidades podem se verificadas no atalho https://www.facebook.com/gfearzila/, onde se encontra o pograma delineado pelo Grupo, a fim de lhe poder proporcionar o ponto de partida de um caminho ainda mais exigente e rigoroso que pretende seguir.
Esta introdução, não laudatória, embora mais do que merecida relativamente ao trabalho realizado por todos os elementos do Grupo, tem em vista um projeto que está a nascer e passa pela dignificação do espólio etnográfico recolhido ao longos dos anos.
Este propósito implica não só um trabalho rigoroso de inventariação e de catalogação, mas também a criação de condições expositivas adequadas, face à importância do espólio e ao testemunho que outorgam.
Neste contexto, numa primeira fase, encontra-se em organização uma ação de formação destinada a todos os elementos do Grupo, mas aberta a elementos de outros agrupamentos similares, que decorrerá sob a orientação da Senhora Dr.ª Virgínia Gomes (Técnica superior responsável pelas coleções de Pintura, Desenho e Gravura do Museu Nacional de Machado de Castro).
Grupo Folclórico e Etnográfico de Arzila, sede
No mesmo enquadramento, mas agora com a ajuda da Senhora Arquiteta Isabel Anjinho, realizou-se no passado dia 8 de outubro, uma primeira reunião de trabalho, tendo em vista a elaboração de um projeto de construção de um espaço onde se possa instalar um núcleo interpretativo que permita a exposição, com o necessário rigor e qualidade, do material recolhido e que se erguerá no terreno pertença do Grupo, anexo à sua sede.
Ter-se-á em consideração a existência de 3 áreas temáticas:
. O paul e as esteiras de Arzila;
. Carpinteiros de Arzila. Da construção da casa à construção do barco do paul;
. Agricultura e agricultores de Arzila, memória de um modo de vida.
Rodrigues Costa
Com esta entrada concluímos a revisitação de um artigo do Professor Doutor Nelson Correia Borges, dedicado a uma tradição popular – a Volta de S. João – que tinha lugar na freguesia de Cernache e que, infelizmente, voltou a ser esquecida.
A «Volta compõe-se de um grupo a cavalo e outro apeado. O grupo a cavalo é constituído por homens que montam cavalos ou éguas. de jaezes enfeitados com fitas ou flores de papel de cores garridas. Um destes cavaleiros é o porta-bandeira e segue no melo dos outros que se dispõem em duas filas de um e outro lado. Os restantes empunham lanças de madeira enfeitadas com duas fitas de seda, em reminiscência das primitivas cavalhadas. Estas fitas, nas cores verde e rosa, eram, no final, oferecidas às pessoas amigas.
No início deste século o trajo dos cavaleiros era formado por botas com polainas ou botas de cano alto, com esporas; calça preta, lisa ou de casimira às riscas, com fivela atrás; camisa branca de linho ou popelina. com peitilho e colarinho simples, sem vira; cinta azul com riscas finas transversais vermelhas e amarelas, de pontas franjadas, enrolada aberta, deixando pender uma ponta ao lado esquerdo; colete simples, ou com pequenina gola na parte da frente, de tecido geralmente igual ao das calças, com costas de riscado de cores vivas; chapéu preto de feltro, de aba larga, ou carapuça.
À frente dos cavaleiros seguia o grupo apeado, constituído por mulheres (as «mulheres da Volta»), igualmente dispostas em duas alas.
O trajo feminino utilizado na mesma época era também multo característico.
Sobre duas ou três saias brancas a mulher vestia uma sala preta de armur ou outro tecido, ou até de chita estampada; a saia atava à altura da anca com uma cinta de tecido de lã nas cores azul ou vermelha, formando grande laço atrás. O chambre era do tipo usual na região, em tecido de algodão liso, com lavrados ou estampados, em cores que podiam ir do rosa ao azul claro, com predomínio do branco; continha um forro interior que só na parte das costas era costurado conjuntamente com o tecido exterior, ficando a parte da frente a formar um corpete apertado sob o tecido solto de fora; muito justo ao pescoço, formava um espelho sobre o peito, enfeitado com rendas, espiguilhos ou favos; as mangas apertavam no pulso com elástico ou botão, colocado de modo a formar um folho rematado com renda, mas habitualmente usavam-nas puxadas até ao cotovelo. Este tipo de chambre, de corte rebuscado para fazer realçar as linhas do corpo, vestia muito justo nas costas e algo folgado à frente, conferindo grande elegância a quem o usava. Por cima da saia levavam ainda um avental de zampa ou outro tecido de algodão de cor clara – as preferências iam para o rosa, o azul e o branco – com terminação arredondada ou em bico, bordado com raminhos e flores. Nos pés calçavam chinelas, que multas vezes levavam na mão para poderem caminhar mais desembaraçadamente. A cabeça era coberta com o cachené de ramagens, atado sob a nuca, a deixar cair uma das pontas sobre o peito. Restam ainda dois complementos indispensáveis a este trajo: o xaile «chinês», ou de quadradinhos pretos e brancos, de oito pontas, levado à cabeça, cuidadosamente dobrado, e a sombrinha para defesa da ardência dos ralos solares.
Trajos da VOLTA DO S. JOÁO de cerca do 1900, apresentados na exposição «Coimbra Etnográfica», realizada pelos Serviços Municipais de Cultura e Turismo, em agosto de 1982. Op. cit., pg.17
Hoje em dia os trajos modernizaram-se em muitos aspetos, mas a maioria das pessoas manifesta a vontade de manter a tradição, utilizando algumas peças talhadas «à moda antiga», ou mesmo antigas, de acordo com as possíbilidades e o gosto de cada um.
Juntam-se ao grupo várias pessoas que vão a cumprir promessas, bem como outros homens e mulheres que queiram acompanhar, a pé.
O cortejo organiza-se junto à capela de Vila Nova e inicia a volta, sempre através de carreiros velhos, pela Feteira, onde o povo o recebe com colchas às janelas e lançando flores sobre a bandeira. Passa em frente da capela de Nossa Senhora da Conceição.
Capela de Nossa Senhora da Conceição. Fotografia de Zizas Bento, acedida em: Capela da Feteira - Google Maps
Aqui os feteirenses presenteiam os cavaleiros e «mulheres da Volta» com bolachas e bebidas e há pessoas que oferecem fitas à bandeira, em pagamento de promessas.
De Feteira seguem para Pousada, onde dão três voltas à capela de S. Pedro.
Pousada, capela de S. Pedro. Imagem acedida em: Rua do Ribeiro - Google Maps
Renova-se o ritual da oferta de bebidas e bolos e cumprimento de promessas, como aliás, em todos os lugares por onde a «Volta» passa.
Cernache é a próxima etapa, com passagem em frente da capela de S. João Evangelista. De uma janela pende a bandeira do titular da capela, a saudar o cortejo.
Continuam em direção a Vila Pouca, onde entram no adro da capela de` Santo António por uma porta e saem por outra.
Vila Pouca, Capela de` Santo António. Imagem acedida em: Capela De Santo António - Google Maps
Aqui os cavaleiros dão três corridas pelas ruas do lugar, enquanto as mulheres vão seguindo para a frente, pela velha estrada da Ribeira do Pão Quente, até atravessar a Quinta das Senhoras, no Orelhudo.
Casconha é a última povoação a ser visitada. Noutros tempos mudava o ritual neste lugar: os cavaleiros apeavam-se, à exceção do porta-bandeira e passavam a levar os animais pela arreata. Uma banda de música que os esperava incorporava-se no cortejo e seguiam todos de regresso a Vila Nova.
A missa da festa marca o ponto final da «Volta». As fitas que ornamentaram as lanças eram oferecidas às pessoas amigas ou às namoradas dos cavaleiros solteiros.
Não é única no seu género esta tradição na zona do campo de Cernache, pois assinalam-se manifestações semelhantes em Vila Pouca, em honra de Santo António, e em Cernache, dedicadas a S. João Evangelista que, todavia, se afastaram um pouco do costume tradicional. De facto, trata-se de um acontecimento típico dos festejos dos santos populares de junho e em especial de S. João Batista, o santo de mais rico folclore.
A «Volta do S. João» de Vila Nova de Cernache é uma expressão coletiva rica de sincretismo onde se caldeiam memórias da velha Cavalaria nas lanças e na carga que tem lugar em Vila Pouca e de antiquíssimos rituais pagãos propiciatórios cristianizados, nas três voltas à capela de S. Pedro da Pousada, com outros costumes menos antigos. Na caminhada através dos campos destes romeiros sem romaria, a cavalo e apeados, há como que o perpetuar de ancestrais ritos quase tão velhos como o próprio homem, como que o ecoar de uma ladainha do maio vinda da própria natureza. É a festa de solstício transformada pela igreja para honra de S. João e dos dois outros grandes santos populares de junho.
Nada disto conta, porém, para as gentes de Vila Nova de Cernache que teimam briosamente em não deixar morrer a tradição, numa afirmação da sua identidade como povo.
Borges, N.C. «A Volta de S. João» em Vila nova de Cernache. In. Munda, n.º 5 Maio 1983. Revista do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro. Pg. 15 a 18
Nesta e na seguinte entrada relembramos um excelente artigo do Professor Doutor Nelson Correia Borges, dedicado a uma tradição popular – a Volta de S. João – que tinha lugar na freguesia de Cernache. Tradição que, infelizmente, entre 1983, data de publicação do artigo na revista Munda, e o presente voltou a ser esquecida.
A tradição é o canteiro onde germinam as sementes dos frutos novos. Neste despertar para a fraternidade como fruto amadurecido da arte de viver, um povo que sabe manter a festa como irmã do trabalho é um povo próximo do futuro.
Numa época voltada para o consumo imediato, como é a que vivemos, em que o automóvel destronou para sempre a diligência, o trator o boizinho pachorrento, a rádio e a televisão alienaram os serões familiares, o motor de tirar água fez parar a nora de alcatruzes gotejantes à beira do rio ou no poço, com o burrico paciente andando à volta horas e horas, e em que a lâmpada elétrica apagou a velha candeia de azeite, o lampião ou o próprio candeeiro de petróleo, causa admiração ver como ainda se pode manter o culto popular de certas velharias que permanecem indiferentes à evolução da vida moderna.
Quando a sobrevivência destas manifestações populares se verifica em aldeias recônditas onde as formas de vivência ainda não foram muito alteradas pelo progresso do presente, o facto poderá ter fácil explicação. Mas, nas imediações dos grandes centros, onde o contacto com as novas ideias e as novas modas de todos os dias é direto e permanente, o caso é de admirar e refletir, evidenciando bem como a prática de certos costumes, fruto de séculos de aculturação, se arreigou profundamente na alma coletiva do nosso povo.
As cavalhadas, que sobrevivem em alguns pontos do país, são um exemplo. Ainda há bem pouco tempo se realizavam na Malveira, às portas de Lisboa e continuam a ter lugar em Vil de Moinhos – Viseu.
Tal é também o caso de Vila Nova de Cernache.
Trata-se de uma pequena povoação, a cerca de 8 quilómetros ao sul de Coimbra, inscrita numa zona agrícola de certa importância que no passado foi um dos principais centros abastecedores do mercado da cidade do Mondego …. Pois aqui em Vila Nova do Cernache, sobrevivem as cavalhadas sob forma híbrida e transformada, numa manifestação anual de cultura popular a merecer registo e atenção.
Vila Nova, Capela de S. Vicente Fotografia de Zizas Bento, acedida em: Capela de S. Vicente - Google Maps
As cavalhadas têm as suas origens na longínqua (e ainda tão próxima...) Idade Média, época em que floresceu a Cavalaria que, com suas justas e torneios lhes serviu de modelo. A Cavalaria, de autêntica lnstituição que era, degenerou para o espetáculo. O povo copiou e parodiou, misturou o sério com o cómico, o profano com o religioso, juntou-lhe reminiscências de lutas entre mouros e cristãos, celebradas nas «mouriscas», fez as mais variadas versões: a corrida ou jogo de argolinhas, jogos de canas, festejos equestres combinados com touradas ou «combates com os infiéis», cortejos de bandeiras, de círios ou alegóricos, etc.
Em Vila Nova de Cernache as cavalhadas são em honra de S. João Baptista,
S. João Batista. Imagem acedida em: https://www.bing.com/images/search?...
seu orago, como aliás em muitas outras terras onde se realizavam, e constituem uma variante da região, isto é, da forma de cortejo de condução da bandeira. Este cortejo podia assumir aspetos que iam desde o carnavalesco, como outrora na Figueira da Foz, ao ar mais compenetrado, como aqui.
Chamam-lhes, expressivamente, a «Volta do S. João».
Não há memória de quando, como ou porquê se deu início a esta tradição, retomada em 1976, depois de mais de três décadas de interregno. Organizada pelos mordomos da festa, tem lugar no dia 24 de junho de manhã e consta fundamentalmente de um cortejo composto por homens e mulheres, envergando trajos típicos e conduzindo a bandeira de S. João que se encontra na capelinha da aldeia. A «Volta, para além de ser uma expressão da religiosidade popular, tem o sabor de uma visita de cortesia às capelas e povoações limítrofes.
Borges, N.C. «A Volta de S. João» em Vila nova de Cernache. In. Munda, n.º 5 Maio 1983. Revista do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro. Pg. 15 a 18
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.