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A' Cerca de Coimbra


Quinta-feira, 19.09.24

Coimbra: Igreja de S. José 1

O Doutor, em História da Arquitetura, João Alves da Cunha publicou em 2019, na revista Lusitania Sacra editada pelo Centro de Estudos de História Religiosa, da Universidade Católica Portuguesa, o relato do caminho percorrido até à edificação da atual igreja de S. José, o qual aqui relembramos.

S. José do Calhabé é uma paróquia recente na já milenar Diocese de Coimbra, criada no século VI. Constituída a 16 de julho de 1932 por Decreto do Bispo de Coimbra D. Manuel Luís Coelho da Silva, viu erguerse a sua primeira matriz ainda naquele ano, a igreja de S. José do Calhabé, construída com autorização aquele prelado e por ele benzida no dia 16 de outubro de 1932.

Igreja de S. José 1.jpgIgrejas de S. José, velha e nova em construção (c.1962). Fonte: https://www.pinterest.pt/pin/448248969154149659 . Op. cit., pg. 270

…. Situada onde hoje se encontra a faixa ascendente da Rua dos Combatentes da Grande Guerra, com orientação sulnorte, destacavase na sua arquitetura a fachada com torre sineira central de influência Arte Deco. Edifício estreito e de pequenas dimensões, desde logo se considerou pouco adequado para as exigências de uma paróquia em franco crescimento … apenas sete anos volvidos, a Comissão do Culto Católico da Freguesia de S. José tenha decidido promover a construção de uma nova igreja.

A 14 de dezembro do ano seguinte apresentou o arquiteto Alfredo Duarte Leal Machado um primeiro estudo para a futura igreja de S. José do Calhabé. …No mesmo documento, o autor caracterizou a arquitetura que propunha para a igreja como “sóbria, pois as suas linhas gerais não são pretensiosas, sem, no entanto, deixarem de ser harmoniosas”. No entanto, “como esta freguesia se encontra num vale”, o arquiteto sentiu necessidade de situar à direita da fachada uma torre com 30 metros de altura. De igual modo fez questão de referir que “dentro desta simplicidade [a igreja] terá motivos enriquecidos, como seja o pórtico da entrada, todo em baixo relevos, com motivos alegóricos à vida de S. José; nas janelas e frestas, vitrais; altares e púlpitos com baixos relevos, decorados com motivos à vida do Santo que o mesmo altar representa; tanto na nave, como no transepto, como na capelamor levará paneaux de azulejos decorativos e pinturas alegóricas.”

…  Quanto à planta da igreja, também esta foi descrita como simples, “feita como tantas outras dentro da forma Cruz Latina”. Era composta de uma grande nave central e duas laterais com três capelas cada, a que se juntavam mais dois altares nos topos do transepto.

Igreja de S. José, 2.jpgIgreja de S. José, estudo prévio. Plantas e alçado principal (Arq. Alfredo Leal, 1940). Fonte: Arquivo da Igreja de S. José de Coimbra. Op. cit., pg. 271

….  estudo da nova igreja [foi enviado], para apreciação da Comissão de Revisão da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais que o julgou em condições “de poder servir de base a um projeto da obra que se pretende realizar”.

….  No seguimento desta proposta, Januário [Arquiteto Januário Godinho] remeteu … o estudo da nova implantação da igreja de S. José. O local escolhido situavase entre a Avenida dos Combatentes da Grande Guerra e a Estrada da Beira, em terrenos denominados “Quinta das Alpenduradas”. Teria acesso por aqueles dois arruamentos e ainda por um prolongamento da Rua do Teodoro, sendo que a entrada principal se faria “por ampla escadaria ligada à Estrada da Beira, havendo também acesso direto pela Av. C. Grande Guerra, por rampas que descem pela encosta até à igreja … [estudo que mereceu a] concordância.

…. Fixada a localização da nova igreja de S. José no terreno inicialmente previsto pelo Plano de Urbanização – entre o estádio e a igreja então existente –, Januário Godinho desenvolveu para aquele local um estudo de implantação da igreja, que apresentou a 23 de janeiro de 1947.

…. A segunda possibilidade colocada por Januário Godinho propunha uma rotação de 90º do eixo principal da igreja [em ordem à primeira hipótese], ficando esta orientada no sentido sulnorte. Nesta solução agrupou os vários edifícios do programa “de modo a criar um grande adro, espécie de vestíbulo aberto da Igreja”, em que “o edifício para a «Obra da Igreja» fica[va] como fundo do adro, a tapar do lado nascente as traseiras das casas com fachada para o Stadium.

Igreja de S. José. 3.jpgEstudo para a implantação da igreja de S. José (Arq. Januário Godinho, 1947). Fonte: Arquivo da Igreja de S. José de Coimbra. Op. cit., 279

Cunha, J. A. 2019. Igreja de São José, Coimbra: história da sua construção. In: Lusitania Sacra. 39 (janeiro-junho 2019), pg. 269-302. Universidade Católica Portuguesa. Texto e imagens acedidas em:

https://www.academia.edu/77771199/Igreja_de_S%C3%A3o_Jos%C3%A9....

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por Rodrigues Costa às 19:50

Quinta-feira, 16.11.23

Coimbra: a terra que Torga amou 1

Um dos itinerários pela cidade que Carlos Santarém Andrade, um Amigo que cedo partiu, organizou e designou, Passear na Literatura, foi o dedicado a Miguel Torga, com o sugestivo subtítulo de um verso do Poeta … A ver correr, / Serenas, / As águas do Mondego.

MT. Capa.jpg Passear na Literatura. Miguel Torga. Capa

Para além de uma breve biografia do Mestre, foram então recordados os lugares mais marcantes da sua presença em Coimbra. Breve biografia e imagens, algumas com legendas de Carlos Santarém Andrade, que agora recordamos.

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Adolfo Correia da Rocha nasceu em São Martinho de Anta, em Trás-os-Montes, em 1907. Depois de concluir a escola primária na sua terra natal e após uma breve passagem pelo Seminário de Lamego, ruma ao Brasil, com 13 anos de idade. Em 1925 regressa a Portugal, chegando a Coimbra no Outono desse ano, a fim de tirar um curso.

Para ingressar na Universidade precisava primeiro de fazer o curso liceal. Instalado num pequeno colégio na Estrada da Beira (hoje Rua do Brasil), faz os cinco primeiros anos em apenas dois.

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Morando depois numa casa ao fundo da Ladeira do Seminário, conclui num só ano os dois que lhe faltam, frequentando o Liceu José Falcão, então sediado no antigo Colégio Universitário de S. Bento, sobranceiro ao Jardim Botânico.

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Matriculado na Faculdade de Medicina, em 1928, publica então o seu primeiro livro, «Ansiedade».

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Frequentador da tertúlia literária da «Central» hão tarda a sua colaboração na «Presença», em 1929, altura em que muda para a república «Estrela do Norte» (na sua ficção «Estrela de Alva»), também na Ladeira do Seminário, n.º 6.

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Com a chancela da «Presença» vem a lume o seu segundo livro, «Rampa», em 1930. No entanto, em breve se dá a sua cisão com o movimento presencista. juntamente com Edmundo Bettencourt e Branquinho da Fonseca. Com este, que usa o pseudónimo de António Madeira, edita a revista «Sinal», de que apenas sai um número. A par dás estudos médicos a sua obra literária prosseguia, com os contos de «Pão Ázimo» e os poemas de «Tributo», em 1931, ou «Abismo», também de versos, saídos dos prelos da «Atlântida». Em todos eles usa ainda o seu nome civil, Adolfo Rocha. Finalmente, conclui o curso, em dezembro de 1933.

Andrade, C. S. Passear na Literatura, A ver correr, / Serenas, / As águas do Mondego. Sem data. Coimbra. Edição do Departamento de Cultura da Câmara Municipal de Coimbra.

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por Rodrigues Costa às 10:25

Terça-feira, 18.04.23

Coimbra: A Tricana, outra visão 4

Vejamos o tradicionalismo das Fogueiras de S. João.

….. A. A. Gonçalves, na publicação literária, «O Zephyro, n.° 2», Coimbra, 29 de Fevereiro de 1872, sob o titulo «Fonte do Castanheiro».

«O movimento do rapazio, animados pela folgança da sua rua, começava ao pôr do sol. E as raparigas, de roupagens alvas e o tentador lenço branco a comprimir-lhes o seio e a abraçar-lhes a cintura, afinavam a voz pela afinação da viola e ansiavam pela noite.

«O esguio pinheiro lá se ostentava com o pé cercado de lenha. Arcos e grinaldas de folhagens e flores enfeitavam o largo, e as bandeiras variadamente coloridas tremulavam altas.

«E o estalar dos foguetes, anunciando festa, convidava para a reunião, e incitava à vertigem festiva do bailado.

«Aglomeravam-se em massa, eles e elas, em torno da pira; estalavam as fagulhas; redemoinhavam línguas de fogo; redobravam as gargalhadas; todos falavam; ninguém se entendia; moviam-se em redor com lentidão; retiniam violas e cavaquinhos; batiam as palmas; - «Ande roda» - gritava uma voz imperiosa e reforçada.

OS. Tricanas de Coimbra. Op. cit., pg. 584.jpg

Op. cit., pg.584

«Estava começada a dança !... «Agora é vê-las travessas, ruborizadas, ofegantes, mas teimosas e incansáveis naquele lidar frenético!

OS. Tricanas dos arredores, op. cit., pg. 582.jpg

Op. cit., pg. 582

 E ouvia-se então, constantemente, a voz de um «marmanjão», marcando, corno se fosse um besouro, as voltas e reviravoltas:

- E virou!

- E vá de volta!

- E lá vai uma!

- Chegadinhos!

- Ainda outra!

- E vá mais. outra!

Assim até pela manhã! 

OS. Tricanas dos arredores, op. cit., pg. 594.jpg

Op. cit., pg. 594

OS. Tricanas dos arredores, op. cit., pg. 589.jpg

Op.cit., pg. 589

 Pela manhã roda forte e de braço dado para a «Fonte do Castanheiro», um arrabalde, onde as fogueiras todas .se juntavam!» 

OS. Tricanas de Coimbra. Op. cit., pg. 586.jpg

Op. cit., pg. 586

A tradição mandava a visita à Fonte do Castanheiro, ali para os lados da Estrada da Beira, e nessa fonte murmurante, recanto gracioso dessa paisagem de maravilha que é a encosta da Lomba da Arregaça, terminavam os folguedos os ranchos já quando as estrelas se recolhiam, braço dado os pares, corações em uníssono sentir, cantando alegremente a marcha:

Vamos seguindo,

Tocando no pandeiro...

Vamos beber água

À Fonte do Castanheiro.

 Ou então:

Está-nos chamando

Cupido brejeiro...

Cantar e dançar

Na Fonte do Castanheiro.

Sá, O. 1942. A Tricana no Folclore Coimbrão. In: O Instituto, vol. 101, pg. 361-632. Coimbra, Imprensa da Universidade. Acedido em: Acedido em: http://webopac.sib.uc.pt/search~S17*por?/tinstituto/tinstituto/1,291,309,E/l856~b1594067&FF=tinstituto&1,1,,1,0

 

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por Rodrigues Costa às 16:17

Quinta-feira, 24.12.15

Coimbra, caminhos e bairros a nascente da Cidade

Nada mais natural pensar que a antiga estrada da Beira até á Portela tenha seguido um traçado que a atual decalca; o próprio terreno parece indicar esse lógico trajeto; e todavia não se deu isso.
… A estrada da Beira partia não da ponte mas da parte alta, da porta do Castelo … Passada a porta da fortaleza tinha-se logo abaixo ao lado direito o caminho que permitia voltar á cidade pela porta da Traição; à esquerda a estrada de Entremuros que levaria a Fonte Nova, de onde se tomaria para a porta Nova ou rua das Figueirinhas ou ainda se cortaria a norte para o Montarroio.
… Muito naturalmente o sítio, na parte mais plana, a do colo do monte, pedia um agregadozinho populacional. Ao lado direito, aonde vinha bater o muro da velha quinta dos crúzios, havia um, como hoje, em frente ao aqueduto. Prolongava-se mais que agora (e duma demolição recente ainda nos lembramos todos), fazendo uma correnteza de casas, tendo só encostadas aos arcos e em frente portanto das outras umas duas ou três.
Tinha para o lado da Penitenciária a modesta capela de S. Martinho, e em ponto levemente anterior o oratório do Santo Cristo das Maleitas, transformação dum cruzeiro de caminho.
Era este o fatal bairro popular que precedia a entrada das cidades fortificadas. Tabernas, pequenos negócios, gente sem eira nem beira, vivendo em tugúrios e pronta a qualquer serviço humilde, a alombar todos os carregos, a encarregar-se de qualquer recado, tudo isso aí ficaria.
Sigamos o caminho, passando sob o arco principal, pois que a topografia foi modificada com o muro do jardim botânico. Era aqui o ladeirento e pequeno campo de Santa Ana, com o chafariz, donde seguia o caminho de Celas e cortava o da Beira para o novo bairrozinho, o de S. José, tirando o nome do colégio conventual de S. José dos Marianos (hospital militar).
… Começava a descida e, à capela de Santo Antoninho dos porcos (pois que ali se fazia o mercado deles) passava o caminho pelo desvio angular que ainda ali se vê, para depois se meter pela ladeira calçada das Alpenduradas.
No fundo da descida, depois do mercado e das traseiras da fábrica, atingindo o vale, encontrava-se, como hoje, o começo do bairro do Calhabé e que se continuava esgarçadamente até perto da passagem de nível, sítio este aonde todos nós conhecemos umas casa baixas. Numa destas parece que viveu o velho Calhabé, prazenteiro e bebedor, mas que fora homem de representação.
Já outrora ninguém pensaria que ainda fosse cidade o Calhabé, bem ao contrário do que os justos fados talharam e que começa a realizar-se: o Calhabé ser a cidade e Coimbra um pobre bairro do mesmo Calhabé!
Podia-se descansar um pouco que uma nova ladeira esperava o caminhante. Lentamente subia-se á Portela da Cobiça. Lançado um último olhar à cidade afastada, transposto o colo, caminhava-se pelo vale transverso até ao rio, que depois se ia acompanhando para cima das Torres. Em frente aos Palheiros esperava-se que a barca do concelho viesse da outra margem e nos transportasse.
A cidade, aonde ficava ela!
… Lá seguiriam os viandantes, pelo cume, até Carvalho. Por Poiares, Almas da Serra, (S. Pedro Dias) iriam cair na Ponte de Mucela, aonde buscariam agasalho conforme a sua bolsa.
A serra máxima, a da Estrela do pastor, esperava-os.

Gonçalves, A. N. 1952. Antigos Caminhos e Pequenos Bairros a Nascente da Cidade. In Diário de Coimbra, edição de 25.12.1951

 

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por Rodrigues Costa às 10:42

Terça-feira, 24.11.15

Coimbra, o Bairro de S. José, a capelinha de Santo Antoninho dos porcos e a Estrada da Beira

A partir da segunda metade de Oitocentos projetaram-se e começaram a crescer os bairros de S. José e de S. Sebastião; o primeiro encostava-se à cerca do Seminário e abrangeria, outrora, a zona que ia da esquina do Jardim Botânico ao começo da ladeira das Alpenduradas; tirara o seu nome do colégio conventual de S. José dos Marianos (hospital militar). O segundo desenvolvia-se à sombra do aqueduto, quiçá confundindo-se parcialmente com o bairro de S. Martinho.
… O Bairro de S. José, que outrora servia de cenário à feira dos porcos, prolongou-se pela Rua de S. José, posteriormente dos Combatentes da Grande Guerra, até ao Calhabé que, em meados do século XIX, não passava de uma quinta com uma única casa.
… Entre as direções apontadas como possíveis para responder à necessidade do alargamento do espaço urbano pode referir-se o Bairro da Estrada da Beira que, desde 1887, vinha ganhar forma. Nessa data, a conhecida via iniciava-se no Largo Príncipe D. Carlos (Portagem) e estendia-se até ao Calhabé, mais ou menos ao local onde se encontra a passagem de nível; mas nem sempre assim foi, porque, na verdade, a Estrada da Beira partida da parte alta, da porta do Castelo, baixava ao longo do aqueduto, passava sob o arco principal, atravessa o “jardim dos patos” e seguia até à capela de Santo Antoninho dos porcos, cruzava o bairro de S. José e metia pela ladeira calçada das Alpenduradas. No fundo da descida, depois de desenrolar um pouco, subia à Portela da Cobiça, caminhava pelo vale transverso até ao rio que era atravessado numa zona situada um pouco acima das Torres do Mondego.


Anacleto, R. 2010. Coimbra Entre os Séculos XIX e XX. Ruptura Urbana e Inovação Arquitectónica. In Caminhos e Identidades da Modernidade. 1910. O Edifício Chiado em Coimbra. Actas. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra, pg. 169 e 170

 

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por Rodrigues Costa às 10:43

Quarta-feira, 11.11.15

Coimbra, Torga e a cidade 1

Muda-se para Coimbra (em 1940). Mora numa pequena casa no n.º 32 da Estrada da Beira, com vista das traseiras para os laranjais do Mondego. Aí recebe intelectuais e amigos: Ribeiro Couto, Eugénio de Andrade, Ruben A., etc.
… Coimbra é assim vista por Torga, no volume Portugal (1950:

Passeando Coimbra a certas horas do dia e da noite, é flagrante que um manto de luz sedativa a ilumina. Tanto o sol como a lua se esforçam por mantê-la numa irrealidade poética, feita do alvoroço das sementeiras e da melancolia das desfolhadas. Cenário para um perpétuo renascimento do espírito que, além da pureza de um céu límpido e aberto, poderia ter a Grécia e a Itália reunidas na mesma colina debruada de choupos e de oliveiras. Mas aproveitaram a oferenda apenas o ópio sentimentalista. E o Penedo da Meditação, a Lapa dos Esteios, o Jardim Botânico e o Parque de Santa Cruz vivem permanentemente num banho-maria nostálgico que, sendo uma realidade física local, é simultaneamente a atmosfera mental do português” (Portugal, Coimbra, 6.ª ed., 1993, p. 90).

 

Abre consultório no Largo da Portagem, n.º 45. Aí exercerá a especialidade de otorrinolaringologia durante mais de cinquenta anos … Torga vai todos os dias ao consultório, de elétrico ou de trolley, passando primeiro pela tipografia ou pelas livrarias da Baixa, e detendo-se na Central, e mais tarde no café Arcádia, onde se junta a uma pequena tertúlia.
Com vista sobre o rio e a cidade, o consultório é a sua “janela” sobre o mundo. É também um dos seus lugares de escrita, sobretudo nos últimos anos, quando tem menos clinica, e de encontro com amigos, intelectuais e políticos. Aí recebe jovens poetas que o procuram, admiradores conhecidos e desconhecidos, escritores estrangeiros e, mais raramente, jornalistas, em longas conversas por vezes documentadas nas páginas do Diário.
… Passa a morar (1953) na rua Fernando Pessoa, nº 3.

Rocha, C. 2000. Miguel Torga. Fotobiografia. Prefácio de Manuel Alegre. Lisboa, Publicações D. Quixote. Pg. 76, 80 e 81, 117

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por Rodrigues Costa às 22:54


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