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1441, Março, 9, Lamego
PT/AHMC/COI/ nº 64
Cartas Originais dos Infantes. 10/24
Carta de D. Afonso, intitulando-se rei de Portugal e do Algarve e senhor de Ceuta, assinada pelo infante D. Pedro, seu tio, tutor e curador e regente do reino, para o Corregedor da Comarca da Estremadura, Mendo Afonso e para os contadores Álvaro Anes, Lourenço Anes, Afonso Vasques e Fernão Vasques, mandando apregoar e registar no respectivo livro da câmara, o novo valor dos leais de prata, lavrados por el rei D. Duarte, (com o valor de um leal equivalente a dez reais brancos), ficando a valer desde agora, um leal doze reais brancos, devendo ser esse o novo valor para calcular o pagamento das rendas e dívidas à fazenda real.
selo: vestígio de dois selos grandes redondos [de D. Afonso ?] e com uma assinatura abreviada, do chanceler?.
escrivão: Rui Vasques
assinatura autógrafa: uma cruz, Infante Dom Pero
1447, Novembro, 23, Soure.
PT/AHMC/COI/ nº 76
Cartas Originais dos Infantes. 48/56
Carta do infante D. Henrique, aos juízes, vereadores, procurador e homens bons da cidade de Coimbra, pedindo que guardassem os privilégios, aos caseiros encabeçados da Ordem de Cristo, em Quimbres, que os escusam dos cargos e servidões do concelho, desculpando se de não remeter prova dos ditos privilégios, por estar o tombo guardado no convento da sua vila de Tomar.
escrivão: o próprio infante?
assinatura autógrafa: I. d. a.[Infante Dom Anrique]
remetente: por o infante dom Amrique duc de Viseu e Senhor de Covilha
[1471], Novembro, 7, Lisboa.
PT/AHMC/COI/ nº 77
Cartas Originais dos Infantes. 50/56
Carta da infanta D. Joana, filha de D. Afonso V, aos juízes, vereadores, procurador, fidalgos, cavaleiros e povo da cidade de Coimbra informando da tomada das praças de Arzila e Tânger aos mouros, e da satisfação do rei e do príncipe D. João e recomendando também aos povos que fizessem preces e estivessem preparados para a guerra.
escrivão: a própria infante
assinatura autógrafa: Infante
remetente: por a infante
Arquivo Histórico Municipal de Coimbra. Catálogo da Colecção. Cartas Originais dos Infantes. [1418]-1485. 2009. Coimbra AHMC.
Atribui-se a criação do hospital de S. Lázaro, ou «gafaria de Coimbra», à munificência de D. Sancho I, que o dotou convenientemente em seu testamento do mês de Outubro de 1209. Parece ter sido esta herança o fundo primitivo, com que se abriu a primeira gafaria em Coimbra, de que o hospital de s. Lázaro representa hoje a continuação, depois de ter passado por muitas fases administrativas e por diferentes mudanças de local. Se antes da instituição de D. Sancho I já existia na cidade algum pequeno estabelecimento desta ordem, que aquele testamento viesse aumentar em rendas, não o pode afirmar.
... Nos arquivos do hospital ... alguns documentos originais de graças e mercês, concedidas a esta instituição por diferentes monarcas, citando com especialidade o «regimento do hospital dos lázaros» de 1329 por D. Afonso IV; outro regimento, sem data, por D. Afonso V; e ambos adicionados em Coimbra por D. Manuel em 1502, constituindo um novo regulamento com esta ultima data.
Ruinas do Hospital dos Lázaros, hoje demolidas
... Em 1774 foi incorporado na fazenda da universidade a administração do hospital de S. Lázaro, «em cumprimento do decreto d’el-rei D. José de 15 de Abril de 1774 e da provisão do marquez de Pombal de 19 do mesmo mez e anno, como consequencia da reforma da universidade de 1772; ficando sujeita aos mesmos regulamentos da administração do hospital Geral, ou hospital de Conceição.
Mais tarde seguiu a sorte d’este ultimo hospital, na mudança da administração dos seus bens para o governo civil, em repartição especial por effeito da portaria do ministério do reino de 22 de setembro de 1851; e ultimamente, na constituição d’uma administração immediatamente subordinada ao referido ministério, por decreto de 22 de junho de 1870.
Consistiam os rendimentos d’este hospital em rendas e fóros de propriedades rusticas e urbanas, rações e laudémios de prasos e casaes, nos logares de Condeixa, Falla, Trouxemil, Zouparria, Enxofães, Alfóra, etc. D’esses direitos foram abolidos os provenientes de doações regias, por decreto de 13 de agosto de 1832; de que resultou grande cerceamento nos recursos d’este hospital».
... De Fora de Portas foi transferido o estabelecimento para o colégio de S. José dos Marianos, em 5 de Dezembro de 1836 ... Deste último edifício foram mudados os lázaros para o colégio de S. Jerónimo, por decreto de 21 de Junho de 1851 ...
De S. Jerónimo foram transferidos os lázaros para o colégio dos Militares ... em 10 de Novembro de 1853.
Simões, A.A.C. 1882. Dos Hospitaes da Universidade de Coimbra. Coimbra. Imprensa da Universidade, pg. 7, 10-11, 56.
Com a reformulação do programa original que resultava da supressão da ala sul – e sem pôr em causa o partido estético «manuelino» e mudéjar nem, muito menos, a desejada relação semiótica com a antiga urbe, que lhe servia de cenográfico escrínio e pedestal –, o Paço Real de Coimbra incorporava, de facto, na sua morfologia, um elemento novo: o deslumbrante trecho de horizonte campestre, riscado pelo curso serpentino do Mondego, que se fruía agora do terreiro, convertido em «mirante» sumptuoso e único. Apropriação humanista da natureza e da paisagem, contaminando, nesses anos de transição estética, os últimos fulgores da arquitetura gótica; mas, também, decerto, finalizados os trabalhos em 1533, espaço apetecível de lazer e desfrute, seja pelos seus moradores, seja pelos escolares vizinhos da frustrada «universidade» de D. Afonso V, alojada nos «Estudos Velhos» adjacentes, que invadiam com o seu bulício a vasta esplanada do edifício régio, onde tinham tomado o hábito de vir “jogar a choqua”. Mas que, porém, “com bestas & espyngardas & pedradas ffazyaom muyto nojo aos telhados & vydraças dos ditos paços” como o descrevia o próprio Rei (D. João III), em carta aos edis de Janeiro de 1536 … Pouco mais de ano e meio volvido, todavia, em 24 de Setembro de 1537, era o próprio soberano – e ao mesmo tempo que se afirmava «determinado de com a ajuda de nosso sñor mãdar logo começar a obra das escolas geraes nesa çidade junto da Igja. de sã po» (com esse fito reconvertendo a velha sede universitária dionisina) –, que decidia transferir para o Paço Real as aulas (e respetivas “cadeiras & bamcos”) do Estudo Geral que, desde Maio anterior, funcionavam em casa do reitor D. Garcia de Almeida, junto à Porta de Belcouce: as faculdades de Leis e Cânones e as cátedras de Matemática, Retórica e Música. Não sem recomendar, contudo, que «nã façã buracos nas paredes nem se quebre ladrilho algum»
… as aulas se acomodavam na parte «livre» do edifício – os aposentos régios –, desajustada como era, por completo, a estrutura celular da «ala dos Infantes» … a 13 desse mês de Outubro e ao som de charamelas a corporação fazia a sua entrada solene no edifício régio, onde nesse mesmo dia se reuniria o conselho, começando as lições, uma após outra, nos dias que se lhe seguiriam.
Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens, ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 446 a 448.
… é ainda no Paço Real da Alcáçova coimbrã que se reúnem as históricas Cortes de 1385, donde, pela hábil intervenção do doutor João das Regras (e oportuna pressão do Condestável), sairia o Mestre eleito Rei de Portugal, sendo, em consequência , «alçado» como tal e entronizado com as vestes e insígnias régias, no decurso da missa solene que sancionaria o acontecimento, celebrada pelo bispo de Lamego muito provavelmente na própria capela palatina. Ao Paço de Coimbra voltaria D. João I, de resto, por diversas vezes, como atesta o avultado número de Cortes convocadas na cidade pelo monarca e a sua conversão em sede de ducado, em 1415, atribuído ao Infante D. Pedro, seu filho … Com a morte do Infante, em 1449, na trágica jornada de Alfarrobeira e a queda em desgraça da família ducal, tudo indica que o Paço tenha encetado um ciclo de abandono. É o que documenta o conjunto de alvarás emanados por D. Afonso V, entre 1455 e 1469, relativos ao provimento da capelania, vaga desde o falecimento do Regente. Mas este facto, bem como conhecimento de o monarca ter convocado Cortes para a cidade ainda em 1472 … atestam, com a presença do Rei, uma interesse pela velha moradia régia, que se salda numa utilização, por parte da Casa Real, prolongada afinal ininterruptamente até quase ao último quartel do século XV … é só com D. João II que, de facto, se enceta uma desocupação continuada que, em quatro longas décadas, iria conduzi-la ao estado de ruína em que, cinco séculos volvidos sobre a edificação embrional, receberia D. Manuel I o histórico palácio dos seus predecessores.
Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 268
… são abundantes as fontes que permitem detetar a ocupação do Paço Real coimbrão por parte dos primeiros monarcas: as crónicas referem a contínua presença em Coimbra de D. Afonso Henriques … Aqui casou, de facto, em 1146 com D. Mafalda; aqui lhe nasceram todos os seus filhos … entre os quais, em 1154, o futuro D. Sancho I; aqui morreu a Rainha em 1157; nasceu D. Afonso II, em 1185 …; recebeu D. Sancho I, em 1196, a visita de seu cunhado, Afonso II de Leão; morreu, em 1198, a Rainha D. Dulce; nasceu, em 1202, D. Sancho II e, em 1210, D. Afonso III; morreu, em 1211, D. Sancho I e, em 1229, D. Urraca de Castela, esposa de Afonso II, que a seguiria, em Coimbra, ainda, três anos mais tarde; aqui se deu, em 1246, o ignominioso rapto da Rainha D. Mécia, esposa de Sancho II; nasceu, em 1261, o Rei D. Dinis; D. Afonso IV, em 1291; D. Pedro I em 1320 e D. Fernando em 1345. Além de inúmeros Infantes e Infantas, incluindo, a crer na tradição, o próprio Afonso Henriques
…
No Paço, igualmente, teriam lugar, em 1211, as primeiras Cortes de que existe documentação e, na cidade, as de 1261, 1283, 1355, 1367 (ou 69) e 1370, aqui as reunindo seis vezes D. João I (1385, 1387, 1390, 1394/95, 1397 e 1400) e ainda D. Afonso V em 1472.
Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 266.
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