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[Finalmente] a Câmara Municipal presidida por João José Dantas Souto Rodrigues, encetou uma nova e decisiva fase, não só para o abastecimento de água, mas para o futuro da cidade. Fruto também do amadurecimento do papel da administração municipal na construção da cidade e da experiência da construção do novo Bairro de Santa Cruz, o município resolveu assumir a responsabilidade da execução deste melhoramento e empreender com os seus próprios meios a construção da nova rede de captação e distribuição de água a partir do Mondego.
O município de Coimbra tornou-se assim pioneiro na administração municipal ao assumir o papel reservado às companhias privadas, consideradas na época o único meio de levar a cabo a construção e exploração dos novos serviços urbanos. Neste sentido, o novo presidente, Luís da Costa e Almeida, depois de conseguir a rescisão do anterior contrato, continuou a estratégia de Souto Rodrigues e solicitou a Adolfo Loureiro que revisse o seu plano e o orçamento para o abastecimento de águas a partir do rio. Em Setembro desse mesmo ano foi aberto o concurso e a adjudicação das obras de canalização, fornecimento e instalação de máquinas para o abastecimento de água, foi feita no dia 5 de Janeiro do ano seguinte a Eugène Béraud.
Planta de reconstituição da rede de captação e distribuição d’águas a partir do rio mondego. Início da década de 1890
Louis-Charles Mary, “Ville de Coimbra, Avaint-Projet de distribution d’eaux. Type de Station des Pompes”
Easton & Anders engineers. “Abastecimento de Aguas a Coimbra. Reservatório de Distribuição. 1866
As obras de captação e dos depósitos iniciaram-se em Março desse mesmo ano e no ano seguinte estavam concluídas. Nove anos depois da cidade de Lisboa e três anos depois da cidade do Porto também Coimbra começou a abastecer a cidade a partir do rio e pelas novas técnicas mecânicas. A água era captada no Mondego, elevada a partir de uma estação elevatória para dois reservatórios, um no Jardim Botânico para abastecer a cidade baixa e outro na Cumeada para a cidade alta e o novo bairro de Santa Cruz.
Imagem atual da entrada do reservatório do Botânico
Reservatório da Cumeada 1
Reservatório da Cumeada 2
Depois da captação e da elevação foi adjudicada a construção das redes de canalizações para os domicílios, de acordo com o regulamento aprovado em Maio de 1889 e pouco a pouco a rede foi-se expandindo por toda a cidade.
No início do século XX o abastecimento chegou ao Calhabé, a Santo António dos Olivais e a Santa Clara, implicando a construção de um terceiro reservatório em Santo António dos Olivais.
Reservatório dos Olivais
De notar que o projeto de Adolfo Loureiro, de 1887, tinha sido estudado para abastecer um total de 16 mil habitantes com um consumo diário de 100l/dia, calculado de acordo a previsão de crescimento de população para os 30 anos seguintes, no entanto o crescimento foi muito mais alto e em 1890 já tinha ultrapassado os 17 mil habitantes.
Calmeiro, M.I.B.R. 2014. Urbanismo antes dos Planos: Coimbra 1834-1924. Vol. I. Tese de doutoramento em Arquitetura, apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, pg. 264-271
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