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No início do século XIII o local onde atualmente se ergue a igreja de Santo António dos Olivais já era conhecido pelo nome de Olivais, mas ignora-se a partir de que data se agregou ao sítio o epíteto de Santo António ou Santo Anton. Tratava-se do António ou Antão, um ermita que tinha a sua capela numa zona deserta. O templo situa-se a nordeste da antiga cidade, assenta numa pequena elevação, domina subdivisões de velhos caminhos e pertence ao tipo dos “santuários dos altos”.
Santo António dos Olivais. Bilhete-postal antigo
A mais antiga referência documental que lhe diz respeito encontra-se na Vita Sancti Antonii, escrita no século XIII.
As grandes ondulações laterais dos terrenos antigos, integrantes do forte e largo maciço da meseta peninsular, a que se encostam rochas mais recentes, da época terciária, vêm morrer pela altura dos Tovins e o seu pregueado, a partir daí, vai-se desdobrando em curvas menos acentuadas e em alturas cada vez menores.
Desses mesmos Tovins desenvolve‑se uma linha de cimos que, elevando‑se em São Sebastião, tem o ponto dominante na igreja de Santo António. Corre depois pela Cumeada até ao Penedo da Saudade, descai à garganta dos Arcos e sobe, para o alto do antigo castelo. Ergue aí a cabeça como que a despedir‑se das serras de onde veio e passa a olhar o rio em que se vai sumir, quer deslizando pelas linhas do morro da Sé Nova, quer pelas da antiga alcáçova real.
Do ponto de vista geomorfológico, Santo António nunca foi um ermo perdido, pois situava-se num local obrigatório de passagem para os que, descendo do Roxo ou do Agrelo, buscavam os vales húmidos de Coselhas ou do Calhabé. Os caminhos trilhados hoje, coincidem, grosso modo, com os de outrora e as linhas naturais de trânsito vinham dividir-se na base do pequeno morro da igreja: a principal, cortava ao lado para nordeste, descendo a calçada e a outra, voltava-se para noroeste.
Certamente que, também e desde sempre, o morro arredondado se impôs ao espírito religioso, até porque os altos são, naturalmente, pousadouros de culto, sítios que o homem consagra à divindade, talvez porque assim lhe pareça que se aproxima mais de Deus. Neste contexto, não se mostra despiciendo tentar desvendar qual teria sido a latria que acampara neste cimo, antes de se haver erguido a capelita de Santo António ermita.
... a charneira dos séculos XII-XIII não funcionou como um começo, mas como uma continuidade, pois luso-romanos e visigodos já ali devem ter feito subir as suas preces ao Ser Supremo.
Nos primórdios da nacionalidade existiu nesta pequena e destacada elevação uma capelinha dedicada a Santo António, o ermita, e, ao lado, erguer-se-ia um tugúrio para o ermitão, certamente homem pobre, sem recursos, que se prontificava a guardar o oratório a troco de alguma esmola e de um teto que o protegesse das intempéries.
O conjunto pertencia ao cabido catedralício, tal como acontecia com um outro modesto templo, o do Espírito Santo, que se erguia um pouco mais abaixo, logo ali no vale; a este, nem mesmo os brasões de D. Fernando e de Leonor Teles, apostos na fachada, lhe conferiam grandeza.
E se, a capela de Santo António marcava o cimo, a do Espírito Santo assinalava o talvegue penumbroso.
Anacleto, R. 2005. Santo António dos Olivais: De Ermitério a Freguesia. Conferência na cerimónia comemorativa do aniversário da criação da freguesia.
A Fonte de S. Jerónimo, de uma beleza surpreendente, está situada na quinta com o mesmo nome. Esta quinta fica situada imediatamente a seguir à Quinta da Mãozinha, no sentido norte sul ... na Cumeada, numa das leves pregas do lado nascente.
Pertenceu ao Colégio Universitário de S. Jerónimo.
... A data da primitiva construção não foi possível comprovar, mas a remodelação efetuada no séc. XVIII é evidente, uma vez que os azulejos dos rótulos das várias legendas são dessa data ... A fonte está cavada no talvegue da depressão do terreno. O topo do corte tem três arcos fundos: o do meio maior, é o da bica mais pujante, ornamentada por mascarão, bem como os outros dois que debitam menos água para dois tanques.
No rótulo de azulejos que encima o tanque central está a legenda:
ANTRA FUGIT, CLAUSIS NE ...EAT UNDA
FUENTIS
INTERDUM, UT PRAESTES ROBORE LINQUL-
LARE (SIC)
Sobre a bica vêem-se restos duma pintura.
Acima do arco da direita existe outro rótulo que diz.
DIVES ERAM, PAUPER ME NUNC CAPIT NA-
GULUS ORBE
QUID FIRMUM EST? MUTAT, CEU LEVIS UNDA
VICES
Num outro plano, inferior, fica um grande tanque.
Nota: Mais a baixo do referido tanque, foi criado um grande lago onde, normalmente, nadam muitos patos. De salientar, ainda, a magnifica recuperação que foi feita de todo o espaço e a bela ponte sobre o mesmo. Um local a visitar!
Lemos, J.M.O. 2004. Fontes e Chafarizes de Coimbra. Direção de Arte de Fernando Correia e Nuno Farinha. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 65
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