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Breve explicação
Com a presente é iniciada uma sequência de 28 entradas dedicadas aos Colégios Universitários de Coimbra.
Este conjunto de entradas têm como principal fonte um muito interessante texto sobre o tema do Doutor António de Vasconcelos, o qual é parte do seu livro Escritos Vários.
Os Colégios são apresentados na ordem definida por aquele Professor, a qual respeita a sequência cronológica do ato fundador de cada colégio.
Transferida para Coimbra a Universidade portuguesa em 1537, logo em 1539 vem o primeiro Colégio colocar-se à sua sombra, seguido doutros, que sucessivamente se vão fundando e anexando, construindo-se edifícios próprios, sempre sob a proteção e, geralmente com subsídios e amparo do grande Rei-mecenas D. João III
... em 1557, já em volta do gigantesco tronco da florentíssima e frutífera Universidade de Coimbra, vegetavam, exuberantes de vida, como vigorosas vergônteas, à roda de feracíssima oliveira, nada menos de 14 colégios universitários!
O número foi depois crescendo sucessivamente, de forma que, ao findar o século XVI já eram 16, quando terminou o século XVII contavam-se 20, e no século XVIII atingiu o número de 23; aqui parou.
Planta com a localização dos Colégios Universitários de Coimbra e respetiva legenda
Não eram todos os Colégios do mesmo tipo; se bem os considerarmos, temos de os agrupar em três classes ou tipos distintos. Vejamos:
Entre eles havia 1 Colégio inconfundível, que era o principal, e parecia dever estar solidamente unido à Universidade, como parte essencial e indispensável. Era o Real Colégio das Artes ... onde se ministrava o ensino das línguas e literaturas, da filosofia e humanidades, o que constituía a 5.ª das Faculdades académicas, a Faculdade das Artes. Por isso se dava a este Colégio a denominação de «Escolas menores», em contraposição às «Escolas maiores», onde residiam as 4 faculdades principais.
... Era pois singular este tipo de Colégio universitário.
... Ao segundo tipo pertenciam 2 colégios – o de S. Pedro e o de S. Paulo ... Ali faziam os colegiais a sua preparação e tirocínio para o professorado universitário.
Trajos dos colegiais dos dois Colégios Reais, de S. Pedro, e de S. Paulo
... Havia um terceiro tipo colegial, que era o mais numeroso. Colégios de alunos ou leigos, que neles viviam agremiados, para seguirem os estudos universitários, sustentados pelas rendas das respetivas instituições, rendas estas devidas quer à munificência régia, quer à caridade doutros benfeitores, quer a consignações feitas por entidades religiosas interessadas.
Alguns deste Colégios se fundaram primitivamente para abrigar e sustentar rapazes seculares pobres, geralmente clérigos.
... Outros foram desde o princípio fundados pelas Ordens monásticas, para ilustração e ensino daqueles de seus frades, para isso escolhidos.
... Também as Ordens militares tiveram Colégios universitários para os seus freires estudantes.
... Os edifícios dos Colégios das Ordens religiosas e militares não eram habitados exclusivamente pelos frades e pelos freires alunos; ali residiam também, com os estudantes, os lentes das Ordens respetivas. Lá viviam ainda os frades leigos e serviçais necessários, constituindo cada Colégio uma família numerosa.
... À frente de cada um destes Colégios estava um prelado, que em geral se apelidava Reitor, em linguagem académica; excetuava-se o do Colégio das Artes, que era tratado por Principal.
Todo o seu pessoal: prelado, lentes, estudantes, familiares e serviçais, eram considerados pessoas da Universidade, para o efeito de gozarem os respetivos privilégios, foro e isenções.
Cada Colégio tinha os seus estatutos ou regulamentos privativos ou especiais, mas estavam sujeitos às numerosas prescrições dos «Estatutos da Universidade».
Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 161-165, do Vol. I
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