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Foi este Colégio fundado por D. João III para os «Franciscanos Conventuais da Província de Portugal» (em calão académico denominados os «Venturas»), cerca do ano de 1550.
Colégio de S. Boaventura, na Rua da Sofia e na atualidade
Construiu-se o edifício primitivo deste Colégio a meio da rua da Sofia, à mão esquerda de quem caminha de Santa Cruz para o Carmo, em frente do Colégio do Espirito Santo. Está atualmente transformado em casas de residência particulares, mas ainda se distingue a parte que foi igreja, pelo timpano triangular que lhe remata a fachada, pela grande janela poligonal que a ilumina, e pela porta de arco semi-circular da sua entrada.
... Era bastante modesto este edificio; as portas que se acham abertas no rés-do-chão da sua fachada, são indicadas pelos n.ºs 73 a 85. O «bêco de S. Boaventura» indica-nos o limite e lado N-O da casa; o limite S-E é determinado pelo cunhal de cantaria, que se conserva bem visivel.
... passado algum tempo aqueles, que tinham edificado a casa, e a quem esta pertencia ... resolveram abandoná-la, e passaram em 1616 a viver numas casas que lhes foram emprestadas no começo da mesma rua ... Ali residiram, até que se mudaram para o Colégio definitivo, perto da Universidade.
Nesse tempo existia na rua Larga ... no quarteirão compreendido entre a rua de S. João e a que veio a denominar-se dos Loios, o modesto «Colégio Amiclense», fundado em 1552 ... Os religiosos Venturas pensaram em adquirir esta morada, e outra vizinhas ... Feitas as reparações indispensáveis na casa, para ela mudaram o seu Colégio universitário.
Depois planearam erguer no mesmo local um novo edifício, próprio e mais amplo, cuja primeira pedra foi solenemente benzida e colocada a 14 de Julho de 1665 ... A 7 de setembro de 1678 deu-se por concluída a obra.
Colégio de S. Boaventura, na Rua Larga
Desde cedo fora o Colégio de S. Boaventura contado em o número dos Colégios da Universidade, na qual o incorporara a carta-régia de 20 de maio de 1566.
Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 234-238, do Vol. I
Colégio de S. Bernardo
Separado do Carmo pela ladeira do mesmo nome, erguia-se outro grande edifício, o «Colégio de S. Bernardo» ou do «Espirito Santo», pertencente aos cistercienses. Está hoje muito adulterado, mantendo apenas uma parte da fachada. O lado do edifício junto à Ladeira do Carmo foi transformado num palacete oitocentista. Era uma grande construção, mas simples, adaptada ao declive, com dois claustros interiores. A sua fundação deve-se ao cardeal D. Henrique, que financiou as obras “à custa da sua própria fazenda”.
Colégio de S. Boaventura
Sofrendo de igual descaracterização está o «Colégio de S. Boaventura», do outro lado da rua, logo a seguir ao Beco de S. Boaventura. Igreja e parte residencial estão transformadas em lojas comerciais e habitações … Ocuparam-no os franciscanos da Província dos Algarves, que tinham por apelido os «frades pimentas».
Colégios de S. Miguel e Colégio de Todos-os-Santos
Na mesma linha do Colégio de S. Bernardo se encontra o «Palácio da Inquisição», de que restam partes, sobretudo no lado que dá para o pátio do seu nome. Para se entender a sua localização há que referir as construções que o antecederam. No cotovelo formado entre a Rua da Sofia e a subida de Montarroio levantaram-se dois colégios do Mosteiro de Santa Cruz: o de S. Miguel, ao longo da Rua da Sofia, destinado a canonistas e teólogos, e o de Todos-os-Santos, na rampa de Montarroio, para alojamento de alunos de Teologia e Artes. Projetaram-se cerca de 1535 e ainda decorriam obras em 1547, quando o rei D. João III pediu os edifícios ao Prior de Santa Cruz para aí instalar o Colégio das Artes
…O tribunal da Inquisição estabeleceu-se em Coimbra, em 1541, andando por sedes provisórias, até vir ocupar este edifício desafeto, em 1566. Das velhas construções pouco resta, para além de um lanço de claustro, no pátio interno. As instalações foram sendo adaptadas.
Para a Rua da Sofia ficava a «Porta da Bica», por onde entravam os presos. Havia outra entrada pelo Pátio de S. Miguel, que já não existe, mas o núcleo principal voltava-se para o Pátio da Inquisição … À entrada do pátio, à direita, situavam-se os «aposentos dos secretários» - prédio renovado, no estilo dos séculos XVII-XVIII, de boas linhas. No topo ficavam os «aposentos dos inquisidores», com um terraço avarandado, tendo do baixo a «casa do tormento». Os cárceres e galerias do lado sul e poente desapareceram já.
Borges, N. C., 1987. Coimbra e Região. Lisboa, Editorial Presença. Pg. 82 e 83
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