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A' Cerca de Coimbra


Quinta-feira, 23.05.19

Coimbra: Mitra Episcopal de Coimbra 2

Originalmente não estava diferenciado o património do bispo e do cabido da Sé de Coimbra. Se inicialmente não existia uma distinção clara entre o que estava na posse da Mitra e o que era administrado pelo cabido, com o tempo esta destrinça formaliza-se, dando, inclusive, origem a conflitos entre ambas as partes, mas concretizando-se finalmente em 1210 numa divisão de rendas do bispado em 2/3 para a Mitra e 1/3 para o Cabido … Da parte atribuída à Mitra, retirava o bispo uma parte para sua sustentação e a outra era destinada a obras necessárias na Sé e para esmolas.
… A administração e a defesa jurisdicional do património episcopal eram feitas por um conjunto de funcionários que diretamente apoiavam o prelado diocesano, como o seu mordomo, procurador, prebendeiro, ecónomo, tabelião privativo, escrivão da receita e despesa e recebedores de rendas e era apoiado pelo escrivão da Câmara Eclesiástica.
A Mitra pagava vencimentos a ministros e oficiais do Juízo Eclesiástico (provisor, vigário geral, promotor, escrivão das armas, solicitador, porteiro, homens da vara, aljubeiro) e do Tribunal da Inquisição, e também a procuradores e agentes da Mitra em Coimbra, Porto e Lisboa, para resolverem questões administrativas e judiciais. Na Sé de Coimbra, pagava ao guarda da Sé, sineiro e guarda-livros e a todos os membros da capela de música (mestre da capela, subchantre, organista, mestre de oboé, charameleiros, etc.).
O bispo D. João de Melo fundou em 1690 um recolhimento para mulheres convertidas que veio a designar-se posteriormente «Recolhimento do Paço do Conde», quando em 1696 ficou instalado no antigo paço do conde de Cantanhede.

D. João de Melo 01.jpg

D. João de Melo

Paço do Conde. Recolhimento.jpg

Recolhimento do Paço do Conde

… O bispo D. Miguel da Anunciação fundou o Seminário de Jesus, Maria, José, que teve estatutos confirmados por breve do papa Bento XIV de 18 de Dezembro de 1748.

D. Miguel da Anunciação. Pascoal Parente.jpg

D. Miguel da Anunciação

Esteve inicialmente localizado, em 1741, em casas da freguesia de S. João de Almedina e depois em casas na freguesia de S. Martinho do Bispo, ficando definitivamente instalado em edifício próprio construído entre 1748 e 1765.

Seminário 01.jpg

Seminário de Coimbra

O bispo de Coimbra tinha a sua residência no paço episcopal também designado Paço do Bispo, local onde estava instalado o cartório da Mitra. O edifício teve origem em casas compradas na freguesia de S. João de Almedina em 1164, por D. Miguel Salomão, e sofreu diversas alterações nos episcopados de D. Jorge de Almeida e de D. Afonso Castelo Branco, estando nele localizado, desde 1912, o Museu de Machado de Castro. … Possuiu também paço episcopal em Coja e em Arganil, e a quinta de recreio de S. Martinho do Bispo que também foi designada quinta da Mitra.
… Os bens da Mitra eram compostos de rendas dominiais (recolhidas em foros, pensões, rações e laudémios) e rendimentos eclesiásticos (dízimas e primícias). A administração destes bens não deixou de atravessar alguns períodos conturbados, em sede vacante, em que o bispado era administrado por um vigário capitular, sobretudo nos períodos das duas grandes vacaturas, entre 1646-1670 e 1717-1739.

Bandeira, A.M.L., Silva, A.M.D., Mendes, M.L.G. 2007. Mitra Episcopal de Coimbra: descrição arquivística e inventário do fundo documental. Acedido em 2019.04.29, em https://www.uc.pt/auc/fundos/ficheiros/DIO_MitraEpiscopalCoimbra  

 

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por Rodrigues Costa às 10:08

Terça-feira, 21.05.19

Coimbra: Mitra Episcopal 1

A Mitra Episcopal de Coimbra representa essencialmente o conjunto de bens patrimoniais que estavam destinados ao sustento e provisão do bispo de Coimbra.
A diocese de Coimbra teve sede, primitivamente, em Conímbriga, no período de romanização da Península Ibérica, depois em Emínio (Aeminium), durante o domínio dos Suevos, tendo sido nestes períodos sufragânea de Mérida e depois de Braga, e por fim ficou sedeada na cidade de Coimbra, enquanto diocese isenta.
Os limites geográficos do bispado ficaram definidos em 1253, pela bula Provisionis nostrae de Inocêncio IV, de 12 de Setembro, tendo sido retirados a Coimbra os territórios entre o rio Douro e Antuã que foram anexados ao bispado do Porto.

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Inocêncio IV

A área geográfica do bispado de Coimbra sofreu alterações com a criação do bispado de Leiria, pela bula Pro excellenti apostolicae sedis de Paulo III, de 22 de Maio de 1545, no reinado de D. João III, que ditou a saída de seis paróquias (Caranguejeira, Colmeias, Espite, S. Simão de Litém, Souto da Carpalhosa e Vermoil) da diocese de Coimbra que passaram a pertencer ao novo bispado.

Paulo III 01.jpg

Paulo III

Idêntica situação ocorreu aquando da criação da diocese de Aveiro, desmembrando localidades diversas do bispado de Coimbra, por breve de Clemente XIV de 12 de Abril de 1774.

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Clemente XIV

Com a nova circunscrição diocesana ditada pela bula Gravissimum Christi de 30 de Setembro de 1881, na diocese de Coimbra foi integrada parte dos bispados de Leiria e Aveiro, que só voltaram a ser restaurados pelo papa Bento XV em 1918 (Leiria) e 1938 (Aveiro).

As doações patrimoniais à Sé de Coimbra são anteriores à fundação da nacionalidade. A necessidade de sustentação dos bispos, cónegos e mais prelados esteve na origem de várias doações, nomeadamente, a importante doação do Mosteiro da Vacariça, em 1094, por D. Raimundo e D. Urraca, e do mosteiro do Lorvão, em 1109, que apenas por sete anos esteve na posse da Mitra.

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D. Raimundo

No entanto, as propriedades de Santa Comba Dão, Couto do Mosteiro, Midões, Vila Cova e parte da Pedrulha, que eram do dito mosteiro do Lorvão, mantiveram-se na sua posse.
Em 1082, o conde D. Henrique e D. Teresa doam à Sé de Coimbra os castelos de Coja e Arganil, altura em que os bispos de Coimbra passam a designar-se Senhores de Coja.


D. Henrique e D. Teresa. Iluminura da Genealogia d

D. Henrique e D. Teresa

A partir do reinado de D. Afonso V, o bispo de Coimbra passa a acumular o título de conde de Arganil, na sequência do reconhecimento da participação do bispo D. João Galvão nas campanhas do Norte de África (conquista de Tânger e Arzila), em 1471… concedeu também a este prelado, por provisão régia de 18 de Agosto de 1472, a vedoria mor das obras e alcaidaria-mor das comarcas da Beira e Ribacôa, razão pela qual se intitulava alcaide-mor de Avô.

Bandeira, A.M.L., Silva, A.M.D., Mendes, M.L.G. 2007. Mitra Episcopal de Coimbra: descrição arquivística e inventário do fundo documental. Acedido em 2019.04.29, em
https://www.uc.pt/auc/fundos/ficheiros/DIO_MitraEpiscopalCoimbra 

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por Rodrigues Costa às 09:02


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