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. Painel da Nossa Senhora da Conceição
Painel do primeiro retábulo lateral do lado do evangelho na igreja de Santa Clara-a-Nova. Op. cit., pg. 98.
A figura de Nossa Senhora da Conceição, com nimbo de doze estrelas, que se encontra de pé, olhando o horizonte, com as mãos postas em oração, em cima de uma lua equilibrada sobre três cabeças de anjo que assentam sobre uma esfera azul, rodeada de uma serpente, estando esta alinhada sobre um pedestal, como que se de uma estátua de vulto se tratasse. Como fundo, nuvens e raios de luz e glória saem por detrás da Senhora rodeando-a. À sua volta distribuem-se seis anjos que seguram, cada um, diferentes símbolos. No lado direito, o anjo de cima segura um ramo de oliveira, por baixo dele o anjo carrega um espelho e o de baixo trás uma fonte. No lado esquerdo, e de cima para baixo, os atributos que os anjos guardam são uma folha de palmeira, uma torre e uma casa. Na edícula de remate do retábulo encontram-se lírios.
Painel do primeiro retábulo lateral do lado do evangelho na igreja de Santa Clara-a-Nova, pormenor. Op. cit., pg. 98.
A imagem do painel sugere uma versão correspondente à iconografia da Virgem Imaculada intitulada de «Tota Pulchra», nome derivado do versículo em latim: “(…) toda bela és tu, ó minha amada, e em ti defeito não há (…)” que alude à sua beleza pura e imaculada. Essa tipologia representa a imagem de Nossa Senhora rodeada dos seus atributos e metáforas bíblicas inspiradas no «Cântico dos Cânticos».
. Painel de São Pedro
Painel do segundo retábulo lateral do lado do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova. Op. cit., pg. 108
No segundo retábulo lateral do lado do evangelho figura-se Cristo de pé a entregar as chaves a São Pedro que se ajoelha à sua frente, e que confere uma nítida diagonal compositiva, acompanhados de duas figuras que testemunham o ato. Como fundo, foi representada uma igreja e árvores, introduzindo-se uma palmeira no lado direito do painel.
Na edícula de remate encontra-se representado uma tiara papal.
Painel do segundo retábulo lateral do lado do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova, pormenor. Op. cit., pg. 108
A cena do painel deste retábulo retrata o episódio bíblico da entrega das chaves ao apóstolo São Pedro. Essa passagem desenrola-se quando Cristo se reúne com os apóstolos perto de Cesareia de Filipe onde, segundo São Mateus, anuncia: “(…) Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu. (…)”.
Carvalho A. R. A. Os Retábulos da Nova Igreja do Mosteiro de Santa Clara em Coimbra. Dissertação de Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural. 2015. Edição da Universidade de Coimbra. Acedida em https://www.academia.edu/23902176/Os_Retabulos_da_Nova_Igreja_do_Mosteiro_de_Santa_Clara_em_Coimbra ...
Painel de São Bartolomeu
Painel do terceiro retábulo lateral do lado do evangelho na igreja de Santa Clara-a-Nova. Op. cit., pg. 88
O painel do retábulo alusivo a São Bartolomeu reproduz um portal por onde quatro clarissas recebem São Bartolomeu que se encontra prostrado à porta. Em primeiro plano destaca-se o apóstolo de barba e cabelos curtos que entrega um papel à freira que avança sobre ele. Atras desta, outras três religiosas acompanham e testemunham a entrega representada. O papel que é entregue contém uma inscrição onde se lê: STELLA CÆ/ÆLI EXTI/RPAV[I]T. Na edícula de remate do retábulo figura um coração.
Painel do terceiro retábulo lateral do lado do evangelho na igreja de Santa Clara-a-Nova, pormenor. Op. cit., pg. 88
A cena do painel alude ao episódio milagroso em torno da figura de São Bartolomeu, que se desenrolou no mosteiro de Santa Clara de Coimbra. Segundo relatou Frei Manoel da Esperança em 1666, quando o surto de peste que se alastrava pela Europa chegou a Coimbra, as clarissas dirigiram as suas orações aos apóstolos no sentido de identificar a qual deveriam recorrer para se livrarem do mal que se adivinhava pela cidade. Acendendo círios com os doze nomes, fora o de São Bartolomeu o último a se apagar, elegendo-o como seu advogado.
… A iconografia representada no painel é exclusiva da casa clarissa de Coimbra sendo apenas figurada no seu contexto particular.
Painel de São Pedro de Alcântara
Pormenor do painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa Clara-a-Nova. Op. cit., pg. 92
O painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja [representa] Santa Teresa, no canto inferior esquerdo, é interrompida na sua escrita pela aparição de São Pedro de Alcântara que ocupa mais de metade do painel envolto de nuvens e anjos. Ao fundo, a paisagem é representada com um sol encoberto pela metade por montanhas, por uma igreja e por dois franciscanos que caminham lado a lado estando a figura aureolada do lado esquerdo apontando para o céu e segurando uma vara na mão esquerda. A santa carmelita, envolta de uma estrutura arquitetural em formato de L, traja o hábito da sua ordem, estando ajoelhada junto a uma mesa de toalha vermelha com um livro aberto, uma pena e um tinteiro, representada com auréola de santo e abrindo os braços em gesto de surpresa. De igual modo se encontra o santo franciscano, que abre os seus braços olhando para Santa Teresa por baixo de si.
Circundando-o, os agitados anjos e cabeças de anjo aladas celebram a glória do santo, envoltos em nuvens. Os anjos alados seguram sete objetos simbólicos relacionados com os atributos de São Pedro de Alcântara representando: uma cruz, uma palma, uma coroa de rosas, um ramo de lírio, um livro, o cinto de corda franciscano, e cilício e disciplinas com as quais o santo se martirizava.
A composição apresenta um grande sentido de agitação e movimento.
Pormenor do painel que se encontra a rematar a entrada principal da igreja de Santa Clara-a-Nova, pormenor. Op. cit., pg. 92
Santa Teresa é identificada pelo hábito carmelita, pela pena e o livro, remetendo para a sua vastíssima produção literária. São Pedro de Alcântara veste o seu traje franciscano e é identificado pelos atributos que os anjos seguram. A cena do fundo remete para um milagre da vida do santo em que este caminhou acompanhado sobre as águas do rio Guadiana.
Carvalho A. R. A. Os Retábulos da Nova Igreja do Mosteiro de Santa Clara em Coimbra. Dissertação de Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural. 2015. Edição da Universidade de Coimbra. Acedida em https://www.academia.edu/23902176/Os_Retabulos_da_Nova_Igreja_do_Mosteiro_de_Santa_Clara_em_Coimbra ...
Painel de São João Capistrano
Painel do retábulo dedicado a S. João Capristano na igreja de Santa Clara-a-Nova. Op. cit., pg. 80
No quinto retábulo lateral do lado da epístola figuram São João Capistrano e Nossa Senhora. Do lado esquerdo o santo é representado ajoelhado a estender os braços na direção da aparição, trajando hábito franciscano e acompanhado de um estandarte em forma de cruz com uma bandeira vermelha e inscrição central: IHS. A Virgem eleva-se do lado direito do painel e é acompanhada de uma comitiva de anjos e cabeças de anjo aladas. Apresenta-se aureolada, sentada em nuvens e segurando um cálice nas suas mãos. O fundo do painel ilustra uma paisagem de flores, árvores e montanhas. O gesto da personagem franciscana define uma diagonal marcada em direção à figura divina. Na edícula de remate é representada uma espada, uma cruz e uma palma
Painel do retábulo dedicado a S. João Capristano na igreja de Santa Clara-a-Nova, pormenor. Op. cit., pg. 80
O santo é representado acompanhado de uma cruz e/ou de um estandarte com o cristograma difundido por São Bernardino de Siena. Veste hábito franciscano e carrega uma cruz vermelha ao peito. É também frequente a alusão à sua participação na batalha contra os turcos através da representação do santo de armadura, armado com uma espada ou espezinhando um turco. Menos comum é a sua representação junto com a Virgem Maria, relacionando o santo com a sua devoção a Nossa Senhora.
Painel de Santa Coleta
Painel do retábulo dedicado a Santa Coleta na igreja de Santa Clara-a-Nova. Op. cit.
O último retábulo lateral do lado do evangelho ostenta um painel com uma composição representada por cinco figuras, duas femininas e três masculinas. Ao centro, o papa veste traje, luvas e coroa papal e encontra-se sentado num trono de dossel e ladeado por dois bispos que o acompanham. Aos seus pés, ajoelham-se duas figuras femininas, vestindo o hábito de clarissas, sendo que a da direita recebe das mãos da figura entronizada um papel onde se percebe a seguinte inscrição: S.COLETA, FR/EYRA DE Sª CL/ARA, AQVAL DEI/TOY OHABITO O/ PAPA, ELHE FES/ PROFISAM E MAN/DOY REFORMAR/ A SVA RELIGIAM. O fundo do painel e as vestes das personagens são preenchidos com enobrecida padronagem. Na edícula de remate eleva-se uma coroa de flores.
Painel de S. Coleta, pormenor. Op. cit., pg. 84
A santa que nos é exibida corresponde a Santa Coleta Boylet, como é referido na inscrição do painel. Santa Coleta é aqui representada recebendo a autorização das mãos do papa Bento XIII para reformar a sua ordem.
Carvalho A. R. A. Os Retábulos da Nova Igreja do Mosteiro de Santa Clara em Coimbra. Dissertação de Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural. 2015. Edição da Universidade de Coimbra. Acedida em https://www.academia.edu/23902176/Os_Retabulos_da_Nova_Igreja_do_Mosteiro_de_Santa_Clara_em_Coimbra ...
Painel de Santo António
Painel do retábulo de Santo António na igreja de Santa Clara-a-Nova. Op. cit, pg. 72
A cena do painel do segundo retábulo lateral do lado da epístola faz alusão à aparição do Menino Jesus a Santo António. Representa-se Santo António ajoelhado em frente a um altar com uma cruz, esticando o braço direito para a terna figura jovial do Menino aureolado envolto em nuvens, anjos e cabeças de anjo aladas.
No pedestal onde se ajoelha jazem umas disciplinas e, por cima da sua cabeça, encontra-se um anjo que segura uma coroa de flores. Por detrás das nuvens onde figura o Menino, lançam-se raios de luz que se estendem na diagonal. Toda a cena é enquadrada por um portal e tanto a vestimenta do santo como o fundo da cena são revestidos de padronagem a ouro.
Painel do retábulo de Santo António na igreja de Santa Clara-a-Nova, pormenor. Op. cit, pg. 72
A cena do milagre da aparição do Menino Jesus a Santo António invadiu as igrejas franciscanas pois resumia a vida do santo no momento de maior climax entre ele e a entidade divina. Tal como a cena da estigmatização está para S. Francisco, a aparição do Menino está para Santo António como o episódio de maior aproximação a Cristo, credibilizando a sua santidade.
Painel de S. Luís de Tolosa
Painel do retábulo dedicado a S. Luís de Tolosa na igreja de Santa Clara-a-Nova. Op. cit., pg. 76
O painel do quarto retábulo lateral na igreja de Santa Clara-a-Nova retrata a cena de S. Luís, bispo franciscano, auxiliando o Rei D. Dinis de um ataque de um javali. O Bispo S. Luís, no canto superior direito, apresenta-se com hábito franciscano e coroa de bispo, segurando na mão direita um báculo e na esquerda um livro. Abaixo deste, dispõem-se em diagonal as restantes três personagens. Em cima, no lado esquerdo, envolto de árvores vislumbra-se uma cabeça de cavalo e, no lado oposto da diagonal, estica-se um javali em direção à figura do rei. D. Dinis apresenta-se de bigode, ricamente vestido, usando uma capa vermelha, botas com esporas e trazendo duas espadas: uma à cintura e outra na mão direita, que empunha em direção à figura do javali. A seus pés, um cetro e uma coroa denunciam o seu estatuto e jazem no chão da cena.
Painel do retábulo dedicado a S. Luís de Tolosa na igreja de Santa Clara-a-Nova, pormenor,. Op. cit., pg. 76
Esta cena retrata a lenda em que D. Dinis é atacado por uma fera e é salvo pela interceção divina de S. Luís de Tolosa. Existe alguma divergência no que toca à localização do episódio desta lenda, uns referem que se desenrolou em Monte Real (Leiria) outros afirmam que se passou em Baleizão (Beja). A lenda conta que um dia o rei D. Dinis saíra para caçar montado a cavalo e fora surpreendido por um monstruoso urso que o fez cair da sua montada. Aflito com o animal selvagem por cima de si, o rei invoca a proteção de S. Luís, Bispo de Tolosa e parente de sua esposa, que lhe aparece e lhe indica que matasse o animal com a espada que trazia à cintura. O rei assim o fez e consegue vencer a fera.
Carvalho A. R. A. Os Retábulos da Nova Igreja do Mosteiro de Santa Clara em Coimbra. Dissertação de Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural. 2015. Edição da Universidade de Coimbra. Acedida em https://www.academia.edu/23902176/Os_Retabulos_da_Nova_Igreja_do_Mosteiro_de_Santa_Clara_em_Coimbra ...
Painel da Rainha Santa Isabel (Milagre das Rosas de Alenquer)
Painel do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova. Op cit., pg. 61
De frente para a porta de entrada encontra-se o terceiro painel lateral do lado da epístola, alusivo à Padroeira, acompanhada por 6 pedreiros. Em primeiro plano, a Rainha Santa Isabel, apoiada no seu bordão de peregrina, oferece uma rosa a um mestre pedreiro que se ajoelha à sua frente com o chapéu pousado no joelho e com a sua cesta de ferramentas,
Painel do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova. Op cit., pg. 61
Painel do terceiro retábulo lateral do lado da epístola da igreja de Santa Clara-a-Nova, pormenor. Op cit., pg. 61
Fazendo-se acompanhar de uma personagem mais nova, remetendo para a representação de um mestre e o seu aprendiz. A composição destas figuras é marcada pela carregada diagonal que a entrega da rosa confere aos braços das personagens. Na cena de fundo identificam-se quatro pedreiros através do material em que trabalham e das ferramentas que utilizam.
… É o Milagre das Rosas de Alenquer que se encontra representado em Santa Clara-a-Nova, tal como fora pedido em contrato, identificando-se a temática através das rosas que os pedreiros trazem consigo, aludindo ao momento em que a rainha as distribui. A santa é vestida com roupas nobres, sem coroa e identificada através dos atributos das rosas e do bordão de peregrina.
Painel de Santa Isabel de Portugal
Painel do retábulo que se encontra no fundo da igreja, na parede de separação dos coros, no lado do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova. Op. cit., pg.66.
Painel do retábulo que se encontra no fundo da igreja, na parede de separação dos coros, no lado do evangelho da igreja de Santa Clara-a-Nova, pormenor.. Op. cit., pg.66.
É composto pela imagem de Santa Isabel que se ergue entre pilastras, vestida de clarissa, coroada e com auréola, segurando na mão direita o bordão de peregrina e rosas no regaço. Elevada sobre um pedestal tem a seus pés 3 personagens (que aparentam ser uma criança, um homem de moletas e uma senhora) que erguem seus olhos, mãos e taças para a personagem principal, formando um triângulo compositivo.
De fundo foi retratada uma paisagem com árvores e montes. Na edícula de remate do retábulo foi representado o brasão régio que une a casa de Portugal com a de Aragão.
Carvalho A. R. A. Os Retábulos da Nova Igreja do Mosteiro de Santa Clara em Coimbra. Dissertação de Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural. 2015. Edição da Universidade de Coimbra. Acedida em https://www.academia.edu/23902176/Os_Retabulos_da_Nova_Igreja_do_Mosteiro_de_Santa_Clara_em_Coimbra ...
Chamamos hoje a atenção dos nossos leitores para uma série de sete entradas, extraídas de uma dissertação que versa o tema em epígrafe.
De assinalar que este trabalho vai para além do mero estudo dos retábulos existentes na Igreja do Mosteiro, sendo complementado não só pela análise do todo da igreja, das razões que levaram D. João IV a determinar a sua construção e ainda por estudos comparativos com outras igrejas.
Nessa análise é, nomeadamente salientado, que o novo mosteiro é construído numa cota mais elevada, em confronto direto com o polo da Universidade, onde o poder régio é reforçado pela presença sistemática do brasão real, tal como acontece na entrada da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova, demarcando o patrocínio do monarca na edificação. O impacto e a monumentalidade do mosteiro na malha urbana de Santa Clara confere à paisagem um equilíbrio de complementaridade com a Alta de Coimbra, sendo já pertencente à representação iconográfica da cidade e atuando como uma espécie de polo de ligação entre as duas colinas, separadas pelo rio mas unidas pela mesma tutela.
O Autor apresentada a localização do conjunto retabular existente.
Reconhecendo o menor conhecimento do público em geral, pelo conjunto retabular do corpo da igreja que na obra se encontra a partir da página 44, será ao mesmo que estas entradas serão dedicadas
Os retábulos que envolvem a nave da igreja de Santa Clara-a-Nova apresentam notória homogeneidade na sua composição que, em comunhão com a perfeita simbiose entre talha e espaço arquitetónico, deixam transparecer singular sensação de conjunto. Os retábulos do corpo da igreja foram executados de raiz para aquele espaço específico, enquadrando-se na perfeição com o campo arquitetónico a eles destinado. … No contrato de encomenda de 1692, lavrado a 28 de Outubro com os mestres entalhadores António Gomes e Domingos Nunes, estipulava-se que se executassem dois retábulos colaterais e nove retábulos laterais … fazendo-se usar de “(…) pao de Castanho130 Cortado em boa talhadia.
Painel de S. Francisco
Relevo da estigmatização de São Francisco de Assis, da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova. Pormenor. Op. cit., pg. 49.
O primeiro retábulo lateral do lado da epístola corresponde à estigmatização do santo fundador, … é composto pela figura do santo, de frei Leão e de um serafim. Frei Leão encontra-se sentado no canto inferior esquerdo absorvido pela leitura de um livro e ignorando a ação que se desenrola à sua volta. S. Francisco, posicionado no lado direito, estica-se em direção à aparição do serafim envolto em nuvens, que se encontra no canto superior esquerdo, conferindo marcante diagonal na composição. A cena é rodeada de rochas e árvores e, como fundo, apresenta uma paisagem com a representação de casario.
Ambas as figuras vestem hábito franciscano e o serafim é representado cruxificado.
Relevo da estigmatização de São Francisco de Assis, da igreja do mosteiro de Santa Clara-a-Nova. Pormenor. Op. cit., pg. 49.
… No retábulo dos estigmas a importância da liberdade do artista na execução da obra, sem se cingir a uma gravura única, permitiu a oportunidade de mostrar a desenvoltura expressa na qualidade técnica. Isto deveu-se à escolha de uma das mais trabalhadas temáticas franciscanas que não ofereceu dúvidas aos imaginários quanto à sua representação.
Painel da visita do papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco
Relevo do painel sem altar localizado no fundo da igreja, do lado da epístola, relativo à visita do papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco. Op. cit., pg. 55
A figura de S. Francisco ganha destaque num segundo retábulo que não consta do contrato inicial mas que, nitidamente, saiu da mesma oficina, reforçando, mais uma vez, o relevante papel da imagem do fundador da ordem. O painel sem altar do lado da epístola que se encontra ao fundo da igreja na parede de separação dos coros, coroa o túmulo de uma “(…) senhora da dinastia de Avis (…)” . O foco principal do relevo dirige o olhar do espectador para o canto inferior direito onde se destacam as figuras de S. Francisco, aureolado e posicionado sobre um pedestal; e do papa Nicolau V, ajoelhado a seus pés, ricamente vestido e fazendo-se acompanhar da tiara papal que jaz no chão.
Relevo do painel relativo à visita do papa Nicolau V ao túmulo de S. Francisco, pormenor. Op. cit., pg. 55
Num segundo plano e a rodear a cena principal quatro figuras posicionam-se em composição triangular em direção ao canto superior esquerdo do painel, equilibrando a composição e conferindo uma diagonal realçada pelo contraste com a verticalidade e rigidez da figura do santo. Como cenário de fundo, uma parede de pedra com um arco de volta perfeita e uma porta encerram o espaço principal onde se desenrola a cena, iluminada por um candeeiro. No canto superior esquerdo encontra-se uma inscrição onde se lê: FVNERIS S FRANCISCI / PERMIRA CONSTITVT). Na edícula que remata o painel, gravaram-se os símbolos representativos de S. Francisco expostos sobre uma cabeça de anjo alada centrada numa nuvem. Mais uma vez, usou-se a representação dos dois braços cruzados com chagas mas acrescentou-se a Cruz de Cristo.
Carvalho A. R. A. Os Retábulos da Nova Igreja do Mosteiro de Santa Clara em Coimbra. Dissertação de Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural. 2015. Edição da Universidade de Coimbra. Acedida em https://www.academia.edu/23902176/Os_Retabulos_da_Nova_Igreja_do_Mosteiro_de_Santa_Clara_em_Coimbra ...
O Dr. Mário de Araújo Torres colocou mais uma pedra, a quinta pedra, no caminho que vem percorrendo na divulgação de obras sobre a história de Coimbra.
Caminho a todos os títulos louvável e muito meritório que passa pela reedição, acompanhada por comentários da sua responsabilidade, de obras há muito esgotadas. Redições por inteiramente custeadas.
Refiro-me, hoje, ao lançamento do livro Contributos para a toponímia da região de Coimbra.
Obra que Mário de Araújo Torres descreve da seguinte forma.
Prosseguindo a reedição de obras sobre a história da cidade de Coimbra e sua região, recolhem-se na presente coletânea um conjunto de textos relacionados com a toponímia conimbricense.
Trata-se de testos originariamente saídos em publicações periódica: os de José Leite de Vasconcelos e de Amadeu Ferraz de Carvalho na revista «O Instituto» em 1934, o de Vergílio Correia na revista «Biblos» em 1940, e o de Joaquim da Silveira na «Revista Lusitana» entre 1913 e 1941, tendo dos três primeiros sido extraídas separatas de reduzida tiragem, o que torna difícil o seu acesso à generalidade do público.
Apesar de esses textos partilharem diversificadas preocupações cientificas (arqueológicas, etnográficas, filológicas e etimológicas), em todos se recolhem importantes contributos para a toponímia de Coimbra e região.
Em complemento, reproduzem-se nas partes correspondentes à área do atual distrito de Coimbra, os dados constantes do «Numeramento do Reino de Portugal», ordenado por D. João III, em 1527, integrados nos registos das então designadas Comarcas da Estremadura e da Beira. Esse primeiro censo populacional feito em Portugal, documento fundamental para a história da demografia portuguesa, reveste-se de relevante interesse para o estudo da evolução da toponímia da região.
Pela minha parte fica um agradecimento público, o qual julgo partilhado por muitos outros conimbricenses.
Rodrigues Costa
Os seguidores da regra instituída por São Francisco entraram na cidade de Coimbra em 1217, fixando-se, inicialmente, nas proximidades da pequena ermida de Santo Antão, numa circunscrição que podemos situar na atual igreja de Santo António dos Olivais.
O levantamento de instalações próprias iniciou-se 30 anos depois, a partir da edificação do complexo conventual junto à ponte, na margem esquerda do Mondego, próximo do hodierno estádio universitário. Mais tarde, em 1314, terá como vizinhança a morada das clarissas conimbricenses que professavam a mesma regra.
Se a intervenção do infante D. Pedro, já em 1247, nos parece fundamental no impulso dado à fundação e respetiva ereção do convento franciscano, os contributos monetários deixados, em testamento, pela sua irmã D. Constança Sanches (falecida em 1269), auxiliaram na continuação da referida empresa. Em 20 de janeiro de 1362, a igreja foi sagrada por D. Vasco, antigo arcebispo de Toledo, assumindo, à época, o cargo de administrador da Diocese conimbricense.
A austera vida quotidiana presente no medievo convento de São Francisco da Ponte contou, desde cedo, com as várias intempéries trazidas pelo Mondego, entre o assoreamento do leito e as consequentes inundações das margens. Da representação gráfica de Coimbra de George Hoefnagel, datada de 1581, transparecem tais dificuldades, uma vez que as águas ladeiam, já com alguma perigosidade, o seu edifício, bem como o análogo cercano pertencente às clarissas.
Na mesma fonte documental são visíveis os resultados nefastos das investidas fluviais, através da representação do mosteiro de Santa Ana - morada das cónegas regrantes de Santo Agostinho - já em ruínas, totalmente cercado por água, uma autêntica ilha no leito do Mondego.
Gravura da cidade de Coimbra nos finais do séc. XVI… George Hoefnagel
O abandono efetivo das instalações franciscanas mediévas ocorreu nos últimos anos do século XVI. Na centúria seguinte, mais propriamente a 2 de maio de 1602, lançou-se a primeira pedra para a edificação de um novo complexo conventual, nos terrenos na margem esquerda do rio, em local mais defensável das suas investidas
… Graças às esmolas recolhidas pelos fiéis, a construção do espaço foi avante, permitindo, já a 29 de novembro de 1609, a passagem dos religiosos para as novas instalações, ainda em fase de edificação
Epígrafe que invoca a construção do novo convento de Sâo Francisco (foto de António Cal Gonçalves), pg. 66
Em termos estético-estilísticos, podemos enquadrar a nova construção conventual nos cânones estéticos do maneirismo, bem presentes na fachada do edifício, de cuja descrição se encarregou o historiador de arte António Nogueira Gonçalves nos seguintes modos: “A frontaria da igreja, grande mas de simples composição de pilastras, divide-se em três zonas: a baixa, com os cinco arcos do átrio; a das janelas, mais estreita, acolitada de dois torreões cheios, terminados em obeliscos; a terminal, só com o grande nicho, onde se encontra uma fraca escultura da Senhora da Conceição, acompanhado de duas outras menores e independentes, S. Francisco e outro santo da Ordem [Santo Antônio]. A sineira fica recuada da linha da fachada; mostra uma ventana grande e, como apenso, uma outra muito menor, para sineta".
O programa estabelecido para o interior da igreja consubstanciou-se numa nave de grandes dimensões, ladeada por três capelas laterais em cada lado, com ligação à zona conventual no lado da Epístola, localizando-se ainda, sobre o nártex, um coro alto que detinha passagem para os espaços privados dos frades franciscanos.
Fachada principal do convento de São Francsco (foto de António Cal Gonçalves), pg. 67
Importa, de igual modo, compreender as restantes dependências que ladeavam a igreja, insertas numa fachada de três filas de janelas colocadas de modo simétrico. Neste quadrante encontram-se a casa do capítulo, a livraria (ou biblioteca), oficinas, os corredores dos dormitórios e respetivas celas, o claustro e nas suas proximidades outras demarcações de intuito doméstico, identificadas como sendo a cozinha, a dispensa, o ante-refeitório, o lavabo e o refeitório.
Na cerca do convento instalou-se uma pequena ermida, provavelmente dedicada a São João Batista, cuja datação surge marcada na entrada com o ano de 1624. Ainda no exterior, desta vez no adro de acesso à igreja, situou-se um cruzeiro datado da mesma centúria que a edificação do convento, embora, por razões de alteração do trajeto viário e, mais tarde, do foro estritamente funcional – uma vez que se achava implementado à entrada da fábrica -, este fosse apeado do local primitivo.
A ocupação dos espaços conventuais pelos frades franciscanos foi interrompida abruptamente pela lei da extinção das ordens religiosas, assinada por Joaquim António de Aguiar, em 30 de maio de 1834. Antes mesmo da referida data que modificou, sobremaneira, a vida dos seguidores da regra monástica assentes por todo o país e, em particular, o contexto religioso da própria cidade de Coimbra, não deverão ser esquecidas as vicissitudes que ocorreram no complexo conventual nos inícios de Oitocentos, sendo ocupado pelas tropas gaulesas - durante as invasões francesas a Portugal (1807-1811) -, que dele improvisaram um hospital de campanha militar.
Descobertas arqueológicas recentes confirmam a presença do referido contingente, uma vez que se exumaram, em valas comuns, cerca de 600 indivíduos do sexo masculino, cujos vestígios da sua indumentária nos reportam indubitavelmente para um contexto militar. Alguns relatos da época afiançam que foi a própria população conimbricense responsável por tais assassinatos, uma vez que após a saída para sul dos soldados liderados por André Masséna, os feridos da Batalha do Buçaco foram deixados nos aludidos hospitais, à mercê da fúria da população. Tais episódios da história da cidade ainda não se encontram devidamente esclarecidos, revestindo-se mais de "sombras" do que de "luzes", faltando ainda compreender a situação dos próprios frades franciscanos perante a ocupação do seu locus matricial.
Com a passagem dos bens religiosos das casas masculinas para o Estado, através do já referido decreto de 1834, o convento de São Francisco viveu tempos novamente tumultuosos, com a saída definitiva dos seus ocupantes, sujeitando-se, num período inicial, ao abandono e à rapacidade. Deste modo, o ciclo primordial fechou-se e um novo se abriu, onde o murmúrio das orações e de vida em comum ditada por uma regra será substituído pelos sons industriais das máquinas e dos trabalhadores.
Freitas, D. M., Meunier, P.P. e Mendes, J. A. (Cordenação e Prefácio). 2019. O Fio da Memória. Fábrica de Janfícios de Santa Clara de Coimbra. 1888.1994. S/loc, s/ed.Pg. 66-70
Extrato de uma comunicação apresentada no ciclo de conferências comemorativo dos 900 anos de Almedina.
Coimbra. Alta. 1930. Foto Varela Pècurto
A Alta era um bairro, se assim lhe chamarmos, maioritariamente pobre. Muitas das casas eram pequenas para tantos filhos e com muito pouca privacidade, não tinham eletricidade e utilizavam-se, habitualmente, bacios e latrinas.
Ali conviviam, basicamente, três grupos sociais.
O primeiro grupo era o dos donos das grandes casas de famílias de nome conhecido e posses mais ou menos alargadas que incluía alguns Professores da Universidade.
Casa da Família Costa Lobo
Casa do Professor Doutor Costa Pimpão
O segundo grupo eram os estudantes que tanto viviam em Republicas
República dos Kagados
Como em casas que alugavam quartos e ainda em pensões.
Casa da pensão da Aninhas, na Rua da Boavista
O terceiro grupo era os chamados salatinas. Uma mistura de empregados de escritório e de balcão, de funcionários públicos, de operários, de motoristas de táxi, de policias, vendeiras da praça e de artesãos das mais diversas profissões.
Ainda povoam a minha memória.
Quatro sapateiros. O Sardinha, na rua do Loureiro, era o sapateiro da Académica. Perto deste, na mesma rua, havia o sapateiro conhecido por Guilherme e na Rua de Sobre Ribas o Senhor Augusto.
Rua das Flores casa que foi do latoeiro
Latoeiros havia dois. O da rua das Flores que tinha um ramalhete de filhas para as quais os mais crescidos iam olhando. O outro era na ruas das Fangas.
Onde havia uma serralharia, há um bar … vá lá chama-se Bigorna
O Sr. São Bento – seria apelido ou alcunha? – era um serralheiro afamado, junto à Sé Velha, no início da Rua das Covas.
Rodrigues Costa (continua)
Os caloiros que iniciaram a licenciatura em Ciências Físico-Químicas em 1963, reuniram-se ontem e mais uma vez, desta feita em Coimbra. Do programa constou missa e a recordação da bênção das pastas e ainda uma visita ao Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, num retorno aos locais onde tiveram das suas primeiras aulas.
Para esta visita – que se recomenda a quem ainda a não fez – foi elaborado o pequeno guião que aqui se divulga.
Breve síntese histórica
O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra ocupa atualmente dois edifícios: o Laboratorio Chimico e o Colégio de Jesus. Ambos pertenceram ao Colégio dos Padres Jesuítas, também denominados Apóstolos (o nome perpetua-se na Couraça) e ao Colégio das Artes. A primeira pedra do Colégio dos Jesuítas foi lançada no dia 14 de abril de 1547 e a igreja, riscada pelo arquiteto Baltazar Álvares, membro da Companhia; a sua construção iniciou-se em 1598 e prolongou-se durante um século.
Colégio de Jesus e Colégio das Artes em 1732 (gravura de Carlo Grandi)
O Colégio das Artes, entretanto criado por D. João III, ocupou, num primeiro momento, espaços pertencentes a Santa Cruz e foi entregue aos Jesuítas no ano de 1555, ainda antes do edifício (que se ergue quase paredes-meias com o dos Apóstolos e fora iniciado em 1568) estar concluído.
Os imóveis encontravam-se ligados por dois pequenos corpos de passadiço, perpendiculares à fachada oriental. Um fazia comunicar o Colégio de Jesus com o Colégio das Artes e o outro ligava o complexo colegial ao edifício onde, graças aos trabalhos arqueológicos recentemente efetuados, se ficou a saber que estava instalada a sala do refeitório bem como, provavelmente, as cozinhas e a ucharia, ou seja, estamos a referir-nos ao atual Laboratório Chimico.
Os Jesuítas de Coimbra gozaram por pouco tempo da sua igreja e das restantes estruturas, porque, em 1759, foram expulsos do país, o colégio extinto e os bens sequestrados. Os edifícios ficaram abandonados durante treze anos.
Aquando da Reforma Pombalina da Universidade, iniciada em 1772, parte do complexo passou para a posse da Universidade e a igreja, com mais alguns anexos, foram entregues ao Cabido diocesano.
O marquês de Pombal, ao implementar a reforma universitária que, obviamente, necessitava de espaços adequados, apoderou-se de uma parte considerável do Colégio de Jesus. Contudo, ciente da importância do ensino experimental, estava já na posse de planos trazidos de Viena de Áustria por Joseph Francisco Leal destinados à construção do Laboratorio Chimico; no entanto, este projeto não saiu do papel, tendo-o substituído um outro desenhado na Casa do Risco, sob orientação do engenheiro militar tenente-coronel Guilherme Elsden, que se salientou como diretor das Obras da Universidade de Coimbra.
Fachada do Laboratorio Chimico, desenho de G. Elsden e R. F. de Almeida, 1777 in Franco, M.S. “Riscos das Obras da Universidade de Coimbra”, Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra, 1983.
Trata-se de um edifício de grande qualidade, muito elegante e onde se destaca o frontão central, em corpo avançado sobre colunas. No entanto, o projeto original do coroamento do edifício foi alterado e só lhe foi aposto no século XIX.
Guilherme Elsden foi também o responsável pela adaptação dos edifícios preexistentes destinados a acolherem os Gabinetes de História Natural e de Física Experimental.
A estrutura vira para o Largo do Marquês de Pombal e mostra uma longa fachada de 110 metros de comprimento, de nobres linhas protoneoclássicas, onde se salienta o corpo central, coroado por frontão triangular preenchido por um belo relevo da autoria de Joaquim Machado de Castro, representando a Natureza e cinzelado pelo escultor António Machado. Nos gradeamentos das ventanas pode observar-se um pequeno medalhão com o busto do marquês de Pombal.
Frontão alegórico
No interior destaca-se a escadaria de aparato e os alizares de azulejo.
Refira-se ainda que nas alas norte e poente do Colégio funcionaram, inicialmente, os Hospitais da Universidade de Coimbra.
Os objetivos pedagógicos que então se pretendiam atingir encontram-se bem expressos nos Estatutos Pombalinos, datados de 1772, onde se lê que “os estudantes não somente devem ver executar as experiências, com que se demonstram as verdades até ao presente, conhecidas … mas também adquirir o hábito de as fazer com sagacidade e destreza, que se requer nos Exploradores da Natureza”.
A adaptação dos dois imóveis a Museu da Ciência ocorreu nos primeiros anos do presente século, tendo a primeira fase sido inaugurada em 2006 sob projeto de João Mendes Ribeiro, Carlos Antunes e Desirée Pedro. Trabalhos que visaram, essencialmente, reconduzir os espaços ao seu aspeto inicial.
Está classificado, desde 2016, como Sítio Histórico pela Sociedade Europeia de Física.
Recordamos que foi nestes espaços, nos idos dos anos 60, que os caloiros que então eramos, tiveram as primeiras aulas da licenciatura em Ciências Físico-química.
A nossa visita
A duração prevista é de cerca de uma hora segundo o seguinte percurso:
- Gabinete de Física
Foi equipado com seis centenas de máquinas que representavam o que de melhor e mais moderno então existia no campo da investigação científica. Cada uma delas tinha uma conceção que a tornava adequada a um dos capítulos do programa descrito no curso redigido por Dalla Bella.
O Gabinete de Física de Coimbra, mostra bem a profunda influência que as ideias e os instrumentos provenientes das mais diversas zonas da Europa tiveram em Portugal no século das luzes. O que resta dos instrumentos pertencentes ao Gabinete do século XVIII considera-se, atualmente, verdadeiras obras de arte, valorizadas pela riqueza dos materiais e pela perfeição da execução. Ocupam ainda as salas e o mobiliário primitivo, permanecendo no seu espaço de origem e mantendo as suas características específicas desde o tempo da fundação; constituem uma coleção de instrumentos científicos e uma representação notável da evolução da Física nos Séculos XVIII e XIX.
Visitamos o anfiteatro e as salas Figueiredo Freire (séc. XIX) e Dalla Bella (séc. XVIII).
- Gabinete de História Natural
Por força dos Estatutos Pombalinos da Universidade, datados de 1772, os professores da Faculdade de Filosofia deviam coordenar a recolha das espécies. O espólio assim obtido incorporou inicialmente a coleção privada de Vandelli e foi muito enriquecido com a Viagem Philosofica à Amazónia realizada por Alexandre Rodrigues Ferreira.
Os espécimes encontram-se organizados por regiões com recurso às técnicas de conservação e exposição então em uso.
Visitamos as salas das viagens, do mar, de África, das avestruzes e de Portugal.
- Laboratório Chimico
Encontra patente neste edifício a exposição Segredos da luz e da matéria que trata este tema a partir dos objetos e instrumentos científicos das coleções da Universidade de Coimbra, uma das mais notáveis e raras da Europa. Um conjunto de experiências e módulos interativos possibilitam a observação de fenómenos, desde a experiência de decomposição da luz, de Newton, até à neurobiologia da visão.
BORGES. Nelson Correia, Coimbra e região, Lisboa, Presença, 1987.
CORREIA, Vergílio; GONÇALVES, António Nogueira, Inventário artístico de Portugal. Cidade de Coimbra, Lisboa, Academia Nacional de Belas Artes, 1947.
DIAS, Pedro; GONÇALVES, António Nogueira, O património artístico da Universidade de Coimbra, Coimbra, Universidade de Coimbra, 1991.
VASCONCELOS, António de, Escritos vários, vol. I, Coimbra, AUC, 1987 [Reedição].
http://www.museudaciencia.org/index.php?module=content&option=museum&action=project&mid=5
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