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Já conhecia, de passagem, a capela de Nossa Senhora do Loreto, mas a necessidade de a fotografar, a fim de poder ilustrar uma entrada, levou-me até lá e, se por um lado fiquei desiludido, porque, como o templo se encontrava Coimbra: Capela de Nossa Senhora do Loreto e Quinta
fechado, não consegui ver o seu interior, por outro tive uma surpresa, pois deparei-me com a, para mim desconhecida, Quinta do Loreto, conforme se pode ler num letreiro de azulejo que ali foi colocado.
Quando pensamos que tudo conhecemos, Coimbra tem sempre algo escondido para nos surpreender e encantar.
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CAPELA DE NOSSA SENHORA DO LORETO — no sítio do Loreto.
Por escritura de 18 de maio de 1548, D. Leonor Cabral, viúva, moradora em Coimbra, doou a Fr. Ma¬nuel certo terreno para construir uma capela.
Este eremitão está sepultado na capela-mor. Por sua morte tomou posse o cabido, na pessoa de Brás Pereira, correndo o ano de 1564.
O grande reformador da capela, como diz o his¬toriador António Brandão e os letreiros confirmam, foi o cónego Manuel Teles; a capela em 1596, a casa do eremitão em 1617, vindo a falecer em 1625 e sendo igualmente sepultado na capela.
O elegante conjunto da capela, cruzeiro e casa, vendidos os terrenos, está perdido. A capela ameaça ruína.
Capela do fim do séc. XVII, composta de alpendre, corpo e santuário
Capela do Loreto fachada principal
Alpendre de três vãos de frente, divididos por pilares, de capi¬téis jónicos, com o cheio das volutas para fora. Dá-lhe acesso escada de dez degraus. Na modesta sineira lê-se a data de 1596, além de restos de letreiros.
Capela do Loreto alpendre
Três retábulos de pedra do fim do séc. XVI, secundários. Os dois laterais de três nichos, diversificados em pormenores. Da ermida an¬tiga deve ser a Virgem que foi recolhida no Museu. As esculturas são secundárias e da¬quela época: Santo Amaro e uma santa; S. Brás, S. Roque e Santa Luzia; acima do arco cruzeiro um Crucifixo.
Numa lisonja do santuário lê-se: S(EPVLTVR)A / DO PA/DRE FREI / MANOEL.IRMI / TÃO.Q.FOI DESTA CA / ZA.DI-ZEM Q(VE) FOI / O INSTITVII / DOR DE / LLA.
A campa do corpo diz: S(EPVLTVR)A. DE M(ANV)EL TELLEZ. CONE / GO.Q(VE).FOI.DA SEE.DE / COIMBRA.REFORMA / DOR.DESTA.IRMIDA / E FALLEÇEO A DE MAIO / 1625.
Capela do Loreto vista geral
A capela, posta em terreno declivoso, completa-se de um cruzeiro, sobre coluna, a meio da parede que segura uma dupla rampa;
Capela do Loreto templete
na estrada, que lhe passa inferiormente, há um templete com grande nicho de Almas. Na base do cruzeiro lê-se: M(ANO)EL TELLEZ O FEZ.
A casa do eremitão, um pouco afastada e desnaturada, com alpendre de duas colunas, tem na porta: EMANVEL.TELLES. / ME FECIT.1617.ANO
CASA ANTIGA — no Loreto.
Pertence ao séc. XVII. Mostra para a estrada quatro saca¬das com cornija e ferros recortados, do tem¬po, e mais uma janela que corresponde à va¬randa. Esta de cinco vãos inferiormente, formados de arcos sobre colunas dóricas, e de seis no andar de cima, divididos por colu¬nas (um de serviço da escada), com friso de pedra. Fica em frente da arcada, separado por um pátio, um vasto celeiro do séc. XVIII, de elegante sacada, vendo-se no topo posterior um brasão.
Quinta do Loreto casa antiga
Quinta do Loreto celeiro
Quinta do Loreto brasão
Três esclarecimentos:
- A capela foi restaurada tendo as suas paredes exteriores sido totalmente rebocadas;
- Da casa do eremitão não encontramos vestígios;
- O termo lisonga só foi encontrado no Dicionário Ilustrado de Belas Artes, de Luís Manuel Teixeira, significando no contexto, peça heráldica diminuta com a forma de losango.
Gonçalves, A. N. e Correia, V. Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Coimbra, vol. IV. 1953. Lisboa, Academia Nacional de Belas-Artes, p. 56.
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