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Na continuação da tarefa a que se propôs, o Dr. Mário de Araújo Torres acaba de editar, a expensas suas, outra obra dedicada a Coimbra, selecionada de entre aquelas que o tempo deslembrou.
Trata-se de mais um serviço prestado às gentes interessadas pela cidade do Mondego. Pela minha parte, conimbricense de nascimento e estudioso da sua história por gosto e devoção, manifesto, publicamente, e mais uma vez, o agradecimento que lhe é devido.
A obra, com o título Corografia Portuguesa: Comarcas de Coimbra e de Montemor-o-Velho, é constituída por uma recolha de textos e notas da responsabilidade de Mário Araújo Torres, a partir da obra homónima, editada em 1708, por António Carvalho da Costa, «Clérigo do habito de São Pedro, matemático, natural de Lisboa», como o próprio se apresenta.
Do livro ora publicado extraímos a seguinte passagem, na qual se referem, nomeadamente, a constituição e as tarefas da Câmara de Coimbra.
O cuidado dos edifícios públicos e sua reparação, o governo político da cidade e dos ofícios, taxa e provisão dos mantimentos e coisas tocantes à conservação da saúde … conselho da Câmara, o qual consta de um presidente letrado, que é o juiz de fora, de quatro vereadores, um da Universidade e três da cidade …
um procurador, um escrivão e dois misteres anuais, tirados por sortes no mês de Janeiro do número dos vinte e quatro; e provê muitos ofícios, como o do juiz do povo
… ; dois almotacéis … também provê um meirinho.
… O governo das coisas militares desta cidade, em cuja comarca se contam noventa e cinco capitães, tem uma pessoa nobre com o título de capitão-mor.
… É este capitão-mor eleito pelo conselho da Câmara e assiste na eleição dos oficiais da milícia, todos os quais lhe estão sujeitos e lhe obedecem, como os capitães de ordenança e os de cavalo.
… Há mesta cidade um sargento-mor, quatro capitães, outros tantos alferes, sargentos, ajudantes e cabos de esquadra; e também muitos oficiais de justiça, como provedor, conservador, chanceler, juiz do fisco, almoxarife, tesoureiro e muitos meirinhos, perto de quarenta advogados e setenta e três escrivães.
… Tem cento e vinte lagares, cinco açougues, treze boticas, dezassete boticários do partido, trinta médicos também do partido, cinco cárceres públicos, trinta e cinco espécies de oficiais mecânicos; tem todas as semanas feira franca, além da anual.
Nota: As imagens das varas foram acedidas em https://www.cm-coimbra.pt/areas/viver/cultura/arquivo-historico/memoria-do-municipio.
Costa, A.C. Corografia Portuguesa: Comarcas de Coimbra e de Montemor-o-Velho. Recolha de textos e notas por Mário Araújo Torres. Lisboa, Edições Ex-Libris. Pg. 48-49.
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