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A' Cerca de Coimbra


Terça-feira, 10.05.16

Coimbra e as invasões francesas 5

A 26 de Junho de 1808 …alistaram-se num batalhão académico os estudantes que ainda se encontravam em Coimbra.

… No dia 28, um destacamento de 15 estudantes com um furriel, saiu de Coimbra para fazer aclamar o príncipe regente em Pombal e Leiria, tendo prestado, com o auxílio do povo, relevantes serviços nessa expedição.

… Com muita valentia – segundo se lê em fidedigna fonte de informação – puseram cerco ao forte da Nazaré, tomado aos franceses, fazendo 50 prisioneiros.

... «Enquanto o exército anglo-luso marchava contra os franceses, ficou a brigada académica – caçadores, cavalaria, artilharia e artífices – de guarnição a Coimbra, por ser um ponto importante que convinha manter bem defendido…»

… No princípio de Agosto ainda de 1808, chegou à praça de Almeida, o batalhão académico organizado em Coimbra. E, a 24 desse mês, expediu o marechal Beresford, de Castelo Branco, a seguinte ordem do dia:

«O marechal comandante em chefe do exército, querendo dar descanso à parte do corpo académico de linha, que se acha presentemente em armas, e que tem servido depois da última invasão dos franceses com um patriotismo, um desinteresse e uma vontade que lhe fazem a maior honra, deseja que o corpo passe, para depositar as suas armas, a Coimbra, para que aí estejam prontos, se o inimigo tentar ainda a invasão deste reino, não duvidando que a mesma lealdade ao seu príncipe e amor da pátria, que têm dirigido este corpo, o reanimarão para tornar às armas. O marechal deseja que todo este corpo, que serviu debaixo das ordens do coronel Trant sobre o Vouga, e depois no Porto, que marchou voluntariamente para as fronteiras, receba a sua aprovação e agradecimento por seus serviços.

… Por aviso régio de 11 de Outubro seguinte, foi concedido perdão de ato aos estudantes da Universidade, a pedido das diferentes Faculdades, em atenção aos distintos serviços que haviam prestado os estudantes que se alistaram, e ao valor de patriotismo que desenvolveram.

Nota: Perdão de ato em linguagem atual significaria passagem administrativa.

Loureiro, J. P. 1967. Coimbra no Século XIX. Separata do Arquivo Coimbrão, Vol. XXIII. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 58 e 59, 64 e 65

 

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por Rodrigues Costa às 20:49

Sexta-feira, 06.05.16

Coimbra e as invasões francesas 3

No dia 26 (de Junho de 1808) não havendo pólvora para a luta a travar iniciaram-se no Laboratório Químico da Universidade os trabalhos da sua produção, sob a direção do Doutor Tomé Rodrigues Sobral, lente da Faculdade de Filosofia. Nesse dia de tarde, veio da Quinta de Santa Cruz, ainda então propriedade dos frades crúzios, uma carrada de vides para se fazer carvão. Às 10 da noite já havia alguma pólvora feita, faltando contudo o pessoal para a encartuchar. Por isso se mandaram vir do hospital dois soldados portugueses convalescentes, para se lhes incumbir essa tarefa, bem como todos os ourives e funileiros para fundirem as balas. Nessa faina levaram a noite inteira, sem descanso algum, preparando as formas, fundindo metal e ensinando outras pessoas.

Na mesma noite se cuidou de produzir metralha para as peças que se esperavam da Figueira; e às seis horas da manhã estavam feitos mais de 3.000 cartuchos … Até ao dia 14 de Julho estavam já feitos 60.000 cartuchos …

«Além do material de guerra fabricado … foram consertadas grande número de espingardas e preparado um número extraordinário de objetos necessários para a campanha, na fábrica de fiação de Manuel Fernandes Guimarães, estabelecida na Rua João Cabreira…»

No mesmo dia 26, tocando-se a rebate em Coimbra, por haver chegado a Viseu o general Loison (o odiado e temido “maneta”) que segundo voz corrente se encaminhava para Coimbra, o Governador da Cidade, Doutor Manuel Pais de Aragão Trigoso, publicou uma proclamação ordenando a todas as autoridades civis e militares que convocassem às armas as ordenanças, milícias e quaisquer militares que tivessem tido baixa desde o ano de 1801 e todos os corpos civis. E no dia seguinte – maravilha foi presenciá-lo – 15.000 a 20.000 paisanos se apresentaram, «armados de lanças e roçadoiras, armas que não erram o tiro» ávidos de lutarem contra os inimigos.

… Nesse mesmo dia, alistaram-se numerosos estudantes, posto que a maioria se encontrasse já ausente, em gozo de férias. E com os inscritos organizou o Doutor Tristão Álvares da Costa Silveira, lente de cálculo e major de engenharia, um corpo académico.

 

Loureiro, J. P. 1967. Coimbra no Século XIX. Separata do Arquivo Coimbrão, Vol. XXIII. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 55 a 57

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por Rodrigues Costa às 10:08

Segunda-feira, 04.04.16

Coimbra e as suas personalidades: Joaquim António de Aguiar

Grande estadista nacional, Joaquim António de Aguiar nasceu em Coimbra a 24 de Agosto de 1782, e morreu a 26 de Maio de 1874 … sendo o corpo trasladado para a terra natal.

Aquando da invasão napoleónica seguia, ainda, os estudos preparatórios, que abandonou para se alistar no Batalhão Académico … Acabada a guerra matriculou-se em leis na Universidade, doutorando-se em 1815. Habilitado para lecionar na Faculdade de Direito, viu preterida a sua pretensão por ter abraçado as ideias liberais. Admitido no Colégio de S. Pedro foi mandado sair, em 1823, quando se restabeleceu o regime absolutista. Abandonou o magistério e refugiou-se no Porto

… em 1826, e proclamado o governo de D. Pedro IV, regressou a Coimbra e foi nomeado Regente da Faculdade de Leis. Eleito deputado às Cortes pela província da Beira, ocupou o lugar na Câmara parlamentar em 13 de Março de 1828

… Naquele ano, D. Miguel regressou a Portugal, e dissolveu as Cortes. Aguiar teve de fugir e emigrou para Inglaterra, sendo banido da Universidade para sempre … alistou-se … sendo um dos chamados ‘7.500 bravos do Mindelo’.

Em 1833 foi nomeado Ministro do Reino e depois Ministro da Justiça … elaborou e mandou executar o célebre decreto de 30 de Maio de 1834, que extinguiu as Ordens Religiosas em Portugal, cujos bens foram incorporados na Fazenda Nacional

… Este decreto valeu-lhe a alcunha ‘Mata-Frades’. Reorganizou os Municípios. Foi Par do Reino em 1851 e, diversas vezes, deputado às Cortes pela Estremadura e Coimbra. Desempenhou, também, o cargo de Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em 1859.

Por deliberação camarária … o monumento em sua honra, na Portagem … terminaram em 21 de Junho de 1913, com o assentamento da estátua. O projeto escultórico pertenceu ao escultor Costa Mota (tio) … A estátua em bronze simboliza o momento em que Joaquim António de Aguiar assina o decreto de extinção das Ordens Religiosas (8 conventos e 22 colégios em Coimbra).

 

Nunes, M. 2005. Estátuas de Coimbra. Coimbra, GAAC – Grupo de Arqueologia e Arte do Centro. Pg. 163 a 165

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por Rodrigues Costa às 12:35


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