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A' Cerca de Coimbra


Segunda-feira, 18.04.16

Coimbra: propriedades do município em 1529

… inventário dos bens, rendas e foros do concelho, ordenado por previsão de D. João III, em 3 de Dezembro de 1529 … Das 174 propriedades arroladas restringiu-se a análise às 130 consideradas relevantes para o estudo da casa corrente. Para além das habitações propriamente ditas e dos espaços anexos como chãos e quintais, optou-se por contabilizar, azinhagas, andaimes de muros e torres ou até mesmo edifícios administrativos como o paço dos tabeliães e a casa de ver o peso … De lado ficaram os dois rossios camarários tal como olivais e vinhas quase sempre situados no aro periurbano em Banhos Secos, Água de Maias, Carrapito, Fontura ou S. Martinho de Eira de Patas.

 

Tipo de propriedade

Número

Casa

52

Pedaços de casa

3

Botica

3

Chão

19

Pardieiro

1

Azinhaga

9

Quintal

9

Cortinhal

7

Ar sobre azinhaga

1

Torres

5

Andaimo de muro

9

Barbacã

2

Alicerce de casa

4

Açougue

1

Paços dos Tabeliães

1

Casa de ver o peso

1

Casa da Gaiola

1

Forno de pão

1

Estrabaria e palheiro

1

Total

130

 

… cerca de dois terços dos bens arrolados situam-se no exterior das muralhas ou arrabalde. Embora se espalhem por uma vasta área, desde a igreja de São Bartolomeu ao convento de São Domingos, surgem claramente concentradas na Rua da Calçada, a mais importante e dinâmica artéria da cidade quinhentista. De ambos os lados da rua a câmara é proprietária de um total de quarenta e três propriedades, na sua esmagadora maioria casas de moradas de vários sobrados, algumas na situação singular de confrontarem na parte posterior do lote com a Praça da cidade, o que as torna particularmente atrativas.

Um segundo núcleo de concentração, numericamente muito inferior, pode ser detetado junto à saída Norte da cidade, na Rua da Figueira Velha (1), também local de passagem obrigatório de gentes e mercadorias.

… interior da cerca verificamos que para além de serem em número muito inferior, representam apenas um terço do total, são também de natureza diversa: predominam os chãos, azinhagas, cortinhais e pedaços de terra sendo escassas as casas de morada … ganham peso os aforamentos relativos à barbacã, muralha e respetivas torres

 (1) José Pinto Loureiro propõe a seguinte identificação "... na via de comunicação que do Terreiro de Santa Cruz seguia para o Arnado: a Rua dos Caldeireiros a sul, a Rua da Figueira Velha a norte, e a Rua Direita ao centro.

Trindade, L. 2002. A Casa Corrente em Coimbra. Dos finais da Idade Média aos inícios da Época Moderna. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 132 a 136

 

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por Rodrigues Costa às 10:17

Quinta-feira, 24.03.16

Coimbra, produção agrícola

O azeite produzido na cidade e no termo, ao contrário do que se passava com o pão e o vinho, chegava para abastecer as áreas produtoras … O azeite … constituía já no fim do século XIV o maior rendimento agrícola da cidade. Os conimbricenses consideravam-no ainda, em 1556, como o seu principal rendimento.
… A produção excedia as necessidades de consumo. Talvez nem sempre, porém. … Com efeito, o azeite podia ser «exportado» para diversos pontos do País ou para o estrangeiro … em 1535 o azeite é um dos produtos que se evidenciam na saída da alfândega de Buarcos. Com efeito, pelo menos cerca de 2.700 alqueires foram embarcados com destino ao Algarve, às Ilhas Adjacentes, a Arzila, à Galiza, Biscais e Inglaterra.
… O azeite era sobretudo consumido na alimentação, em cru ou cozido, na iluminação e no preparar de certos produtos industriais, como o sabão.

…Os legumes e os frutos eram largamente consumidos em Coimbra … Os produtos hortícolas cultivam-se na própria cidade e arredores. As hortas da Arregaça, na continuação das quintas da Alegria, e as de Coselhas «que produzem muita hortaliça e dão muitos rendimentos».
… Nem todas as quantidades criadas na cidade e no termo eram produzidos em quantidade suficiente … Mas outros, pelo contrário, excediam as necessidades. Dentro destes destacavam-se os alhos e as cebolas … Estes alhos, dos «maiores & mais grados que se podem ver», tinham larga exportação para Castela e Leão.
… Nas «hortas» conimbricenses cultivam-se melões. Em 1605, certamente, os melões de Inverno … Em redor da cidade, em direção ao campo, «além dos lírios, & alguas rosas», havia tanta «erva» cidreira que em qualquer parte do campo se deitavam «homes sobre camas della» … Pela mesma época as favas e ervilhas eram também cultivadas.
… Coimbra, que produzia camoesas (maçãs), exportá-las-ia também? No termo da cidade havia outras qualidades de maçã «de muita dura de q há grãde abastãça & barato» Algum renome deviam ter as cerejas de «saco» e certa espécie de pêssegos … no tempo das uvas chegou a não ser permitido aos moleiros o trânsito pela estrada de Banhos Secos.

Oliveira, A. 1971. A Vida Económica e Social de Coimbra de 1537 a 1640. Primeira Parte. Volume II. Coimbra, Universidade de Coimbra, pg. 325 e 326, 329 a 333

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por Rodrigues Costa às 16:16


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