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Quando os colegiais de S. Pedro, em 1572, deixaram o edifício da rua da Sofia, para irem habitar a sua nova casa junto da Universidade, foi entregue aquele edifício aos «Religiosos da 3.ª Ordem regular de S. Francisco» (franciscanos calçados), vulgarmente denominados «Borras», que ali ficaram tendo o seu Colégio universitário.
Colégio de S. Pedro ou dos Bôrras
Obtiveram mais tarde o alvará de 15 de Outubro de 1697, que os autorizou a ampliar o seu dormitório 14 braças à face da rua, em direção à porta de S.ta Margarida, sem pagarem foro à cidade.
Em 1586 já o Reitor da Universidade passava carta de privilegiado... como sendo do quadro do pessoal universitário.
Extintas em 1834 as Ordens religiosas, não foi logo abandonado... Depois sucedeu a esta casa o mesmo que às suas congéneres: foi abandonada, e por fim vendida em praça.
... Depois foi adquirido por compra pelo Asilo da Mendicidade, que atualmente (em 1938) se encontra instalado neste edifício.
... Na igreja esteve muitos anos estabelecida a «Escola Dramática Afonso Taveira», que organizara o seu modesto teatro popular na mesma igreja
Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 256-257, do Vol. I
Teve o seu início em 1540, sendo fundado pelo Bispo do Porto... que a princípio o destinou a clérigos da sua diocese que viessem estudar na Universidade. Foi depois destinado aos religiosos «Carmelitas calçados».
Dotado por D. João III, não veio entretanto o edifício a ser concluído, senão em 1597.
Colégio de N. Senhora do Carmo
... Está o edifício situado na Rua da Sofia, acha-se muito modificado, e externamente só dele se vê a fachada da igreja. Internamente porém conserva-se o belo claustro e a magnifica igreja, na qual se mantem o culto.
Claustro do Colégio de N. Senhora do Carmo
Abandonados o edifício colegial e a respetiva igreja em 1834, logo os vizinhos, que eram paroquianos da freguesia de Santa Justa, fizeram uma representação ao Governo a pedir a igreja colegial do Carmo, para nela se exercer o culto... Não chegou a efetivar-se este projeto de devoção particular.
... O Definitório da Venerável Ordem Terceira Franciscana da Penitência, e a Assembleia geral da mesma, pediram em 1837 a referida igreja para sua sede. Obtiveram permissão para desde logo nela se instalar a Ordem, e já em Junho desse ano ali se reunia o Definitório. Mas a concessão foi legalizada somente pela carta de lei de 15 de Setembro de 1841, sendo cedida à Ordem a igreja e suas pertenças... Por carta de lei de 23 de Abril de 1845, obteve a mesma Ordem Terceira o edifício do extinto Colégio do Carmo, contíguo à igreja, a fim de nele estabelecer um hospital para os seus irmãos pobres... Meteu logo mãos à obra para a rápida adaptação provisória do edifício a hospital. Estava já capaz de receber alguns doentes, quando rebentou a revolução popular anti-cabralista de 1846... No mesmo dia 17 de Maio, a Junta provisória requisitou o edifício do Carmo, a fim de servir de quartel às forças populares arregimentadas, que se instalaram logo ali, e estregaram tudo, deixando depois a casa arruinada, quando retiraram.
Foi reparado, e em grande parte reconstruído o edifício a gosto moderno, bem pouco feliz, sendo finalmente aberto o hospital... 15 de Junho de 1851.
... Fundou-se em 1855 o... Asilo da Mendicidade... obteve-se da Ordem Terceira licença para ficar provisoriamente ... Ali se conservou até... 15 de Novembro de 1860.
... Finalmente, pela carta de lei de 11 de Agosto de 1860, obteve a Ordem Terceira a cerca que fora do Colégio, excetuada apenas a parte que viesse a tornar-se indispensável à estrada, que se projetava fazer, da azinhaga do Carmo ao cemitério da Conchada.
Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 187-189, do Vol. I
As «Ordenações Filipinas» (1603), livro I, título 88, Parágrafo II, legislavam sobre os filhos ilegítimos, obrigando a família da criança, até ao terceiro grau, tomá-la à sua guarda e criação, e na falta de familiares a serem entregues em hospitais e albergarias. O mesmo princípio era aplicável aos filhos de religiosos ou de mulheres casadas, com os maridos ausentes.
... A Misericórdia de Coimbra tinha já no seu «Compromisso» de 1620 um capítulo que tratava «De como se há-de acudir aos meninos desamparados», e onde se dizia não lhe caber o encargo com os meninos abandonados ou enjeitados, que pertencia sim às Câmaras Municipais, mas tão-somente lhe pertencia a defesa daqueles a quem as mães morriam, ou adoeciam demoradamente, e não tivessem família para as acolher
... as provisões régias de 7 de Maio de e 14 de Novembro de 1708 fizeram passar para o total encargos das Misericórdias o acolhimento de todos os expostos.
... vindo a ser oficialmente reconhecidas as «rodas» no reinado de D. Maria I, através do seu ministro Pina Manique, e, pela lei de 24 de Maio de 1783.
... em 19 de Setembro de 1826 é publicado um decreto que ... criava em cada distrito administrativo, e a ser suportado economicamente pelas Câmaras ... «rodas» para criação de expostos.
... em 19 de Março de 1839 que se «assentou em princípio» tomar conta daquela administração, fazendo publicar um regulamento, contido em 106 artigos, e cujo preâmbulo abria com as palavras «a Câmara Municipal desta Cidade de Coimbra compelida pela lei a tomar sobre seus já sobrecarregados ombros o fardo da Administração dos Expostos, fardo tanto mais pesado quanto é certo o lamentável estado a que por força das circunstâncias se acha reduzido um estabelecimento tão pio...»
... constantes foram as dificuldades da Câmara na sustentação, proteção medico medicamentosa, e até de alojamento, para centenas de crianças, que no clamor horrorizado de Martins de Carvalho «os infelizes expostos estão também sofrendo o péssimo estado da receita das câmaras municipais. Há dias abriu-se o pagamento às amas do trimestre de Outubro a Dezembro de 1856. Pagou-se a quantia de 1.200$000 réis, que existiam em cofre, e suspendeu-se o pagamento às amas que restavam, que eram ainda mais de dois terços.»
E seria o Mesmo Martins de Carvalho que explodindo em raiva, escrevia pouco depois «consta-nos que no mês de Agosto findo entraram na roda desta cidade 24 expostos e faleceram 32! Isto é horrível e extraordinariamente desumano! Por esta forma está a roda convertida em um açougue. Desgraçado do recém-nascido que entre o limiar daquela casa”
... 1863-15/XI – O Asilo da Mendicidade aloja-se na casa da Travessa de Montarroio onde antes estivera a Roda dos Expostos
... 1864-21/III – A Junta Geral do Distrito alija de si a manutenção da Roda dos Expostos que atribui, nos termos legais, à Câmara, mantendo-se assim até 1872, ano em que se passou a denominar de «Hospício»
... 1865-10/III – Muda-se a roda dos expostos da casa de Montarroio para o dormitório do Pilar, de Santa Cruz
... Expostos no período de 1849 a Outubro de 1857
1849 - Expostos entrados, 648; Expostos falecidos, 536
1850 - Expostos entrados, 597; Expostos falecidos, 343
1851 - Expostos entrados, 683; Expostos falecidos, 338
1852 - Expostos entrados, 604; Expostos falecidos, 262
1853 - Expostos entrados, 470; Expostos falecidos, 52
1854 - Expostos entrados, 600; Expostos falecidos, 60
1855 - Expostos entrados, 462; Expostos falecidos, 224
1856 - Expostos entrados, 477; Expostos falecidos, 339
1857 - Expostos entrados, 404; Expostos falecidos, 239
22 de Fevereiro de 1911, é publicado o Decreto que extinguiu o «hospício».
Silva, A.C. 1972-1973. Anais do Município de Coimbra. 1840-1869. Pg. XIX a XXI, LII a LVIII
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