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A' Cerca de Coimbra


Terça-feira, 27.09.16

Coimbra: a Rua da Sota e o Mirante do Fidalgo

Ao pesquisar no Arquivo Histórico Municipal de Coimbra os Títulos originais. 1835-1858, encontrei na página 159 uma escritura datada de 1852.03.08, na qual era dito:

Pelo presente de cláro, q.e concedo licença a Camara p.º fazer huma rua, principiando a sua abertura da extremidade da ponte, lançando uma linha recta desde a quina da caza digo do Mirante do Fidálgo, ate a quina das cazas de Manuel do Vál; e do lado da Ponte tudo até ao cais.

Sendo óbvio que a localização do referido Mirante era na Portagem colocou-se a questão de saber qual a rua que a Câmara estava a abrir. Existiam três hipóteses: o início da Estrada da Beira; o princípio da futura Avenida Navarro; ou uma qualquer outra rua.

Feita uma pesquisa nos Anais do Município de Coimbra, foi possível esclarecer a questão.

Assim na entrada referente à Sessão de 1882.04.16, era referido:

Dada a cedência feita ao Município por José Fortunato Góis Mendonça Pereira de Carvalho de um terreno que fica em linha recta tirada do Mirante dos Fidalgos da Portagem até à esquina das casas de António do Vale, no Beco do Forno, manda-se naquele terreno abrir uma rua que da Ponte vá à Rua do Sargento-Mor. (Silva, A.C. 1972-1973. Anais do Município de Coimbra. 1840-1869, p. 221).

Mas adiante, na página 223, na legenda de um pormenor de uma fotografia da Portagem acrescentou Armando Carneiro da Silva: Mesmo no enfiamento da ponte o «mirante dos Abreus». À direita do encontro da Ponte o «Cais do Cerieiro» e para a esquerda o «Cais das Ameias».

Em conclusão. A rua que então se pretendia abrir era o início da atual Rua da Sota e o Mirante do Fidalgo ou dos Abreus estava localizado no espaço que é hoje o Largo da Portagem e que então tinha uma dimensão muito menor.

 

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por Rodrigues Costa às 10:44

Quarta-feira, 09.12.15

Coimbra, o edifício Chiado 3

Durante os anos que se seguiram (ao 5 de Junho de 1978, a “Noite de Coimbra”) foi fundamental a ação destes serviços (os Serviços de Turismo da CMC) … Terá sido aqui que surgiram eventos que estiveram na génese de importantes programas culturais da cidade, como por exemplo os Encontros de Fotografia e a Feira do Livro. Foi também aqui que funcionou uma escola de fado e o local onde se instalaram os primeiros serviços de cultura da autarquia, o Departamento de Ação Educativa e Cultural.

Magalhães, R. 2010. Edifício Chiado. Uma das curiosidades de Coimbra. In Caminhos e Identidades da Modernidade. 1910. O Edifício Chiado em Coimbra. Actas. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra, pg. 218

 

Tendo tido a honra de liderar a equipa que ergueu os eventos acima referidos importa, para memória futura, enumerar do conjunto de eventos então realizados, os mais relevantes, primeiro no âmbito dos Serviços Municipais de Turismo, depois do Departamento de Cultura, Desporto e Turismo.

- Eventos de temáticas diversas

. Encontros de Música Ibérica
Apoio à organização da II edição em 1978
. Festival Internacional do Filme Amador de Coimbra (FIFAC)
Organização em colaboração com a Secção de Cinema da AAC das edições de 1979, 1980 e 1981.
. Encontros de Fotografia de Coimbra
Organização em colaboração com a Secção de Fotografia da AAC: edição de 1980, comissariada por Zeferino Ferreira; edição de 1981, comissariada por António Miranda.
Apoio às organizações subsequentes
. Curso e Concurso Internacionais de Guitarra de Coimbra
Organização das edições de 1984, 1985, 1986.
. Salão de Pintura Naïve
Organização de quatro edições
. Recuperação e divulgação da Doçaria Tradicional de Coimbra
Exposição no edifício Chiado, Julho de 1982
. Ciclo de palestras sobre História de Coimbra «Descobrir Coimbra»
1º ciclo de Fevereiro a Abril de 1983; 2º ciclo Janeiro a Março de 1984, num total 20 sessões). Programação de Berta Duarte
. Prémio Literário Miguel Torga Cidade de Coimbra
Lançado em 1984 e que continua a ocorrer anualmente
. O Postal Ilustrado. Contributo para a Imagem de Coimbra
Exposição temporária, de 28.06 a 15.07 de 1986. Edifício Chiado.
Recolha e catalogação de Berta Duarte e Carlos Serra.

- Eventos de apoio à Etnografia e Folclore do concelho de Coimbra
. I Seminário sobre a Etnografia e o Folclore de Coimbra e seu termo
Fevereiro de 1978
Na sequência deste evento foram desenvolvidas, nomeadamente, as seguintes ações:
- Esquema de apoio ao Folclore da Região de Coimbra
Assente no funcionamento de uma Comissão de Análise dos Grupos Folclóricos que avaliava o mérito dos grupos e na atribuição de apoios financeiros àqueles que era reconhecido “interesse folclórico”.
- Cursos de Formação de Responsáveis de Grupos Folclóricos
Organização dos cursos realizados
- Recuperação da viola toeira coimbrã
Viabilização da recuperação através da prévia aquisição de exemplares e distribuição destes pelos grupos folclóricos classificados
- II Congresso da Federação do Folclore Português, em 15 e 16 de Setembro de 1979
Organização e publicação das Atas.
. Aspetos do Trajo Popular Feminino em Coimbra
Exposição inicialmente apresentada no Casino Estoril e posteriormente no Edifício Chiado (Outubro de 1984) e no Casino do Funchal (Abril de 1990).
Planificação e textos de Berta Duarte e Nelson Correia Borges.

- Eventos de apoio ao Fado de Coimbra
. Seminário sobre o Fado. Seu passado. Seu futuro
Organização do Seminário que incluiu a realização da primeira serenata na Sé Velha depois de 1969, em Maio de 1978
. II Seminário sobre o Fado de Coimbra
Organização do Seminário, em Maio de 1979
Na sequência destes eventos foram desenvolvidas, nomeadamente, as seguintes ações:
- Edição: do disco “Coimbra tem mais encanto”; do opusculo Fado de Coimbra ou Serenata Coimbrã? da autoria de Francisco Faria; do livro “O Canto e a Guitarra na Década de Ouro da Academia de Coimbra (1920-1930), da autoria de Afonso de Sousa; do disco “Zeca em Coimbra”; viabilização da edição do álbum com seis discos “Tempos de Coimbra. Oito décadas no canto e na guitarra”.
- Escola de Fado de Coimbra
Criação e financiamento da Escola que funcionou no Edifício Chiado de 1979 a 1981, sob a direção de Jorge Gomes e Fernando Monteiro
- Guitarras de Coimbra
Exposição temporária. Edifício Chiado, em 1982, comissariada por Berta Duarte e Carlos Serra (Museu Académico)
- Fado de Coimbra – Memória Fonográfica (1896-1930)
Exposição temporária, em 1986, comissariada por Berta Duarte e Carlos Serra (Museu Académico)

- Eventos de apoio ao Artesanato da Região de Coimbra
. Colóquio sobre o Artesanato
8 a 11 de Novembro de 1979
Organização e publicação das respetivas Atas
. Jornadas sobre a Cerâmica em Coimbra
Janeiro de 1981
Organização e publicação das Atas, editadas pela Comissão de Coordenação da Região do Centro.
. Casa do Artesanato da Região de Coimbra que funcionou no edifício da Torre de Anto de 1979 a 1995
. Exposições sobre as Técnicas Tradicionais da Região de Coimbra, a saber:
-Tecelagem da Região de Almalaguês
Exposição temporária. Edifício Chiado, de 21 de Outubro a 5 de Novembro de 1978. Encenação e catálogo de Henrique Coutinho Gouveia
- Funilaria e Latoaria na Região de Coimbra
Exposição e demonstrações ao vivo realizadas na Casa de Artesanato da Região de Coimbra, a partir de 7 de Setembro de 1979. Organização de Ângela Sobral
- Palitos de Pá e Bico
Exposição itinerante. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, Novembro de 1979.
Organização do Museu e Laboratório Antropológico da Universidade de Coimbra
- Estatuária Popular de Gondramaz
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, 27 de Novembro de 1982.
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral
- Colheres de Pau
Exposição temporária. Casa do Artesanato da Região de Coimbra, Fevereiro, Abril 1985.
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral
- O Último Tamanqueiro de Cantanhede
Exposição temporária. Organização em colaboração com o Instituto Português do Património Cultural. Casa do Artesanato da Região de Coimbra. Janeiro de 1986.
Texto de apresentação da Margarida Coutinho Gouveia
- Barros Vermelhos do Carapinhal
Exposição temporária. Casa do Artesanato da Região de Coimbra. 1987
Planificação de duas exposições sobe o tema a primeira com texto de Berta Duarte
- Barros Vidrados de Casal do Redinho
Exposição temporária. Casa de Artesanato de Coimbra, de 16 de Março a 31 de Maio de 1980.
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral

Deste conjunto de exposições recolhemos a respetiva documentação de apoio. Neste âmbito foram, ainda, organizadas as seguintes exposições em ordem às quais não dispomos de documentação:
- Faiança Esmaltada de Coimbra
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, 1980
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral
- Rendas de Semide
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra.
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral
- Cobres de Oliveira do Hospital
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra.
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral
- Cestaria em Vime
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, de Fevereiro a Setembro de 1980.
Planificação e texto de apresentação de Berta Duarte
- Esteiras de Arzila
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra.
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral
- Serralharia Artística. Homenagem da CMC a José Pompeu Aroso
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, em Julho 1980. Planificação e texto de apresentação de Berta Duarte
- Barros Pretos de Olho Marinho
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, de Dezembro de 1980 a Abril de 1981.
Planificação e texto de apresentação de Berta Duarte
Esta exposição foi posteriormente reapresentada com texto e apresentação de Ângela Sobral.
- Antonino de Castro, Peneireiro
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, em 1989.
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral
- Bordados da Madeira
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, de Outubro a Dezembro de 1983.
Planificação e texto de apresentação de Berta Duarte

- Eventos sobre a salvaguarda do património cultural
. I Encontro sobre a Salvaguarda do Património Cultural
Organização, Dezembro de 1980
. Seminário sobre a recuperação do Centro Histórico de Coimbra
Organização. Fevereiro de 1982
. Museu dos Transportes Urbanos
Planificação, montagem e abertura na antiga remise dos carros elétricos.
Organização e textos de Rodrigues Costa.

- Semana de Coimbra no Estoril, 8 a 17 de Junho de 1984
Evento que para além da apresentação diária de grupos de fado de Coimbra e de grupos folclóricos, da gastronomia regional e da realização de uma Serenata de Coimbra junto à Igreja de S. Estêvão, em Lisboa, integrou as exposições a seguir enumeradas.
. Técnicas tradicionais da Região de Coimbra em que foram apresentados as seguintes mostras: Faiança Esmaltada de Coimbra; Rendas de Semide; Artefactos de Madeira; Cobres de Oliveira do Hospital; Funilaria e Latoaria; Tecelagem de Almalaguês; Cestaria em Vime.
. Coimbra antiga
Textos de A. Carneiro da Silva
. 6 Fotógrafos de Coimbra
Textos de Manuel Miranda
. Pintores de Coimbra
Textos de A.F. Rodrigues da Costa
. Medalhística. Homenagem a Cabral Antunes
Textos de A. Carneiro da Silva

Rodrigues Costa, que agradece a colaboração das Dr.ªs Berta Duarte e Ângela Sobral.

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por Rodrigues Costa às 18:35

Quarta-feira, 24.06.15

Coimbra e as suas muralhas 2

Na verdade e mau grado a diversidade das suas interpretações, as descrições de Virgílio Correia e Nogueira Gonçalves coincidiam em absoluto e mesmo com a que, três séculos antes, elaborara D. Jerónimo Mascarenhas e que constitui a mais antiga referência conhecida sobre a estrutura da muralha coimbrã, “grandes pedras quadradas de mármore mui branco (…), umas inteiras e outras quebradas, lavradas e esculpidas ao modo romano”, em algumas se ostentando “buracos pelos quais se uniam umas com as outras com gatos de ferro (…), postas nos muros desta cidade, sem ordem alguma, e outras por fundamentos dos muros”, em muitas partes se divisando “entre outras pedras algumas colunas, que tudo mostra a grande pressa com que eles foram levantados, e que foram feitos de matéria, que já ali havia”. Posteriormente, contudo, ganharia novo fôlego a defesa da origem romana das muralhas, face ao conhecimento da implementação, em finais do século III e inícios do seguinte, sob Diocleciano e Maximiniano, de um plano geral de fortificação urbana.

Novos contributos viriam, de resto, reforçar essa interpretação, ainda que propondo, em termos de efetiva razoabilidade … um traçado de menor amplitude em relação ao que viria a ser a sai dimensão medieval. Dever-se-ia, porém, a Carneiro da Silva, em 1987 e partindo de levantamento fotográfico infelizmente nunca publicado, a mais recente (e concisa) caracterização técnica dos trechos arcaicos da muralha, em função da qual afirmaria ser “a sua estrutura … constituída por um intradorso de forte cimento, ligado com numerosos restos romanos, como telha, ladrilho, restos de colunas, degraus, vergas e outras cantarias, e uma forra de grossas alvenarias”. A verificação, porém, de que afinal “também pedras visigóticas foram aproveitadas para o enchimento de muros, levá-lo-ia “a considerar que são os árabes que levantam as muralhas de Coimbra, ao servirem-se daqueles materiais de épocas anteriores ao seu domínio”

Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 196

 

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por Rodrigues Costa às 17:20


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