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A' Cerca de Coimbra


Quinta-feira, 03.03.16

Coimbra e o teatro que aqui se fez 2

Surgidos de improviso e mediocremente apetrechados, instalaram-se teatrinhos de amadores, às dezenas, por todos os recantos da cidade e subúrbios. Só em Santa Clara se registou a existência de três dessas humildes instalações, funcionando uma delas por forma a tornar-se conhecida por «Teatro do Curral da Vaca», numa alusão pungentemente irónica a um estábulo subjacente, e muitas em condições de tal sorte precárias que entrou na gíria corrente o termo «cardanhadas», significando os espetáculos que se realizavam em verdadeiras espeluncas ou «cardanhos». Algumas irromperam nos pontos mais inverosímeis, só por si constituindo indicio seguro do que deviam ter sido, como as do Beco da Imprensa, do Beco do Castilho, do Arco do Ivo, da Rua das Rãs, do Largo do Romal, da Azinhaga dos Lázaros, etc.

Essas instalações, se tomaram por vezes designações próprias, quase pomposas, como «Teatro da Graça», na Rua da Sofia, «Teatro Garrett», em Celas, «Escola Dramática Afonso Taveira», na Rua da Sofia, e «Teatro Popular», na Rua dos Grilos (hoje Rua Dr. Guilherme Moreira), outras vezes cingiram-se às denominações dos grupos ou coletividades a que pertenciam, como «Teatro da Boa-União», Teatro Académico, etc.; e outras tiraram as suas designações dos locais em que funcionavam, como «Teatro da Trindade», «Salão da Trindade», «Teatro do Paço do Conde», Teatro da Rua da Moeda, etc.

... a enorme variedade de associações dramáticas, ora optou designações consagrando notáveis vultos do teatro («Grupo Dramático Gil Vicente», «Grupo dramático Almeida Garrett», «Grémio Taborda», «Grupo Dramático Augusto Rosa», «Grupo Dramático Musical Eduardo Brasão», etc.) ora se limitou a pôr em evidência modestas figuras de amadores ou profissionais do palco «(Grupo Dramático César de Sá», «Sociedade Dramática Adelino Veiga», «Troupe Dramática Seta Silva», etc.) E uma vez («Grupo Dramático Martins de Carvalho») se homenageou por essa forma o autor do primeiro dos trabalhos ... sobre teatro em Coimbra ... inventariou-se mais de uma centena de agremiações de amadores dramáticos.

... A par de empresas promotoras de espetáculos públicos de feição dramática («Teatro de D. Luís», «Teatro-Circo Conimbricense» e «Teatro-Circo Príncipe Real») e a par dos barracões erguidos por companhias ambulantes, que aí exibiam os seus repertórios, instalam-se também inumeráveis «teatrinhos» sem quaisquer requisitos de segurança ou de conforto, tanto em casas particulares, como em celeiros e oficinas, e que apareciam e desapareciam à mercê das combinações e desentendimentos dos componentes das numerosas associações dramáticas e do mais diverso nível social e cultural.
No período áureo dessas agremiações, (meados do século XIX) era enorme o entusiasmo pelos teatrinhos particulares. Os operários que promoviam as representações divertiam-se juntamente com suas famílias e amigos, passando noites de agradável convívio.

Loureiro, J.P. 1959. O Teatro em Coimbra. Elementos para a sua história. 1526-1910. Coimbra, Câmara Municipal. Pg. 16 a 19

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por Rodrigues Costa às 10:42

Quinta-feira, 18.06.15

Coimbra, comunidade judaica 2

Se D. Fernando, na década de 1370, demarcou uma outra judiaria na Rua Direita – bairro que na bibliografia coimbrã é conhecido como Judiaria Nova -, o antigo bairro judaico da Rua de Corpo de Deus não foi, porém, inteiramente abandonado … O Livro do Almoxarifado mostra que, em 1395, havia aí casas «derrubadas» … Mas havia ainda muitas casas habitadas, umas por Judeus, outras por Cristãos … regista também uma «albergaria» e uma «carniçaria» dos Judeus
… revela a existência de várias ruas na Judiaria … Quem sobe a rua atual, encontra à sua esquerda um curto beco. Este é, possivelmente, tudo quanto resta de uma antiga rua … Mas havia ainda, em 1395, uma rua da Moreira … outra da Marçaria (isto é de pequeno comércio), outra do Pintosinho, além das «azinhagas» que seriam becos sem saída.
A primitiva torre dos sinos de Santa Cruz, construída antes de 1166 em terrenos adquiridos a Judeus, ficava possivelmente nessa rua hoje desaparecida mas designada em 1395 como “caminho público que vai para a ermida do Corpo de Deus”.

Se é certo que ainda havia moradores na judiaria do Corpo de Deus em 1395, não é menos verdade que D. Fernando delimitou na rua Direita uma outra judiaria, que os historiadores da cidade de Coimbra designam por Judiaria Nova, mas a que documentos do século XV chamam “judiaria do arravalde”, “judiaria de Sansam” ou “judiaria acerca de Sansam”. Desta judiaria que D. Fernando mandou instalar do lado norte da rua Direita não são conhecidos os limites exatos. Talvez tenha sido demarcada pelas ruas que hoje se chamam Nova … Direita e do Arco do Ivo, bem como pelo Terreiro do Marmeleiro e pela travessa do mesmo nome
… Documentos do século XV (desde 1405) falam da Porta Mourisca para a Judiaria … Esta “porta” que já existia no século XII … ficava, talvez, na confluência das atuais ruas Direita e João Cabreira … A Judiaria de Sansão tinha a sua sinagoga.

J. Alarcão. As Judiarias de Coimbra. In Coimbra Judaica. Actas. 2009. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra, pg. 21, 22, 24

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por Rodrigues Costa às 09:53


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