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A' Cerca de Coimbra


Quinta-feira, 08.07.21

Coimbra: Alargamento do espaço urbano no cotovelo dos séculos XIX e XX. 27

Casa-Museu Bissaya Barreto

 Pegada ao Aqueduto de S. Sebastião, paredes meias com o Largo João Paulo II, ergue-se a casa que outrora foi residência do doutor Fernando Baeta Bissaia Barreto Rosa (1886-1974), atual Casa-Museu Bissaya Barreto.

O conhecido professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra adquiriu o terreno à edilidade, em 1923, por 51.615$18 escudos e o requerimento a pedir a autorização para a moradia ser erguida deu entrada na Câmara Municipal de Coimbra em janeiro de 1925; assinava-o, em nome do requerente, o construtor civil diplomado António Maia que também se responsabilizava pela segurança dos operários nos termos do regulamento de 06 de junho de 1895.

Tanto o projeto como a orientação da construção da casa foram entregues a um gabinete de arquitetura de Lisboa, “Fiel Viterbo L.da”, que não deixou rasto no panorama arquitetónico nacional.

Fig. 47. Fachada principal.jpg

Fig. 47 – Fachada principal da moradia de Bissaia Barreto. Fiel Viterbo, L.da. [AOCMC. Proc. 01-96/1925].

Fig. 48. Casa de habitação de Bissaia Barreto.[F

Fig. 48 – Casa de habitação de Bissaia Barreto. [Foto RA].

Portão da casa de habitação de Bissaia Barreto.

Portão da casa de habitação de Bissaia Barreto. Foto Maluisbe

 moradia, que apresenta uma planta em forma de “L”, não possui um estilo arquitetónico definido: trata-se de um edifício ambíguo que oscila entre a ‘casa portuguesa’ e o neobarroco, mas ultrapassa, de qualquer modo, os parâmetros costumeiros. A escadaria desenvolve-se no ângulo formado pelos dois braços do corpo do imóvel que é coroado por um largo torreão octogonal fenestrado. O conjunto da casa e do jardim reflete o gosto e o requinte do proprietário que juntou elementos de outrora com peças atuais saídas das oficinas dos artífices conimbricenses. Os ferros forjados, de gosto neorrenascentista, que se observam nos portões e nas aberturas do muro, constituem um bom exemplo.

Portão da casa de habitação de Bissaia Barreto.

Portão da casa de habitação de Bissaia Barreto. Ferros forjados, pormenor. Foto RA

A consulta da documentação existente no arquivo da Fundação permite concluir a omnipresente participação do encomendante na construção da sua residência, mesmo face às orientações do arquiteto, bem como aquilatar a sensibilidade artística de Bissaia Barreto até, e principalmente, quando estavam em causa os pormenores.

Anacleto, R. Coimbra: alargamento do espaço urbano no cotovelo dos séculos XIX e XX. In: Belas-Artes: Revista Boletim da Academia Nacional de Belas ArtesLisboa 2013-2016. 3.ª série, n.ºs 32 a 34. Pg. 127-186. Acedido em https://academiabelasartes.pt/wp-content/uploads/2020/02/Revista-Boletim-n.%C2%BA-32-a-34.pdf

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por Rodrigues Costa às 19:32


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