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De como as Reis de Leão ganharão Coimbra, antes do Imperador D. Fernando, e de como se sustentou na Fé.
Antes que o Imperador D. Fernando Magno libertasse Coimbra, a ganhou aos infiéis D. Ramiro, Rei de Leão [770-850] e a tirou do poder de Haneh, Rei tyranno della.
Ramiro I, Rei de Leão
Acedido em: http://www.barrosbrito.com/1386.html
Depois deste heroico Principe a conquistou outra vez D. Affonso, o Terceiro Rei de Leão [866-910]… quando castigou o traidor Vostisa.
Vindo sobre ela com hum grande exercito no anno do Senhor de 838, a 30 de Dezembro, dia da Trasladação do Apostolo Sant-Iago. Nesta batalha se achou com elle o Conde Hermenegildo seu parente, e seu Capitão General, de Nação Portuguez.
Afonso III, o Magno
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Representação de Hermenegildo Guterres
Acedido em https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/69/Estacao_de_Rio_Tinto_Azulejo_07.jpg
Mas logo foi conquistada por El-Rei Almaçor [938c.-1002], com que chegou a tal desventura, que sete annos esteve despovoada, e quasi arruinada, no fim dos quaes os Mouros a reedificarão.
El-Rei Almanzor, acedido em
https://alchetron.com/Almanzor#demo
Busto de Almaçor em Algeciras de onde era natural
Acedido em https://pt.wikipedia.org/wiki/Almançor#/media/Ficheiro:Question_book-4.svg
…. Vendo-se seus nobres moradores deitados de suas casas, despojados dos sues patrimonios; mas de continuo alegres por terem suas Igrejas, e Mosteiros concedidos de E-Rei Alboacem, neto de Tarif, aquelle forte vencedor de Hespanha, que foi Senhor e Principe della. E toda a mais terra, que banha os rios Alva e Mondego. Hum deles foi de clérigos claustraes, que estava em Santa Justa, que o fez hum D. Rodrigo … Os mesmos Religiosos tinhão em S. Bartholomeu, que o dotou o Sacerdote Samuel a Lorvão nestes infelices dias.
… Aquelle bellicoso Rei Mouro Alboacem … que reinou prosperamente em Coimbra, inda que bárbaro, Principe clementíssimo, foi o que benignamente concedeo nova Lei, que os Catholicos, que estavão debaixo do seu Senhorio, tivessem Condes para com elles serem governados, conforme seus Institutos, e Fóros. E sendo Rei desta Cidade Marvam Ibenzorach, foi Conde della hum generoso varão, chamado Theodoro, descendentes dos Serenissimos Reis Godos.
Gasco, A.C. Conquista, Antiguidade, e Nobreza da mui Insigne, e inclita Cidade de Coimbra… Recolha de textos e notas por Mário Araújo Torres. 2019. Lisboa, Sítio do Livro. 51
Era o ano de 878 … segundo a contagem comum da sucessão dos tempos, ano de novecentos e dezasseis, da hispânica, que nessa época se usava.
Ano glorioso este, ano pedra angular em que assenta o teor da vida moderna da cidade e da região.
Feito de tal grandeza e que, contudo, hoje, passado um milénio e centena de anos, o seu conhecimentos nos é dado por breve nota da ‘Chronicon Laurbanense’: "Era DCCCCXVI prendita est conimbrie ad ermenegildo comité". Na era de 916 foi tomada Coimbra pelo conde Ermenegildo.
Era este conde de Portucale e Tui e procedeu por ordem do rei asturo-leonês D. Afonso III – o grande, aquele que de Oviedo veio assentar a sede do governo em Leão.
Oito palavras somente a rememorar esse facto de extraordinário alcance. Comentado singelamente pelo ‘Chronicon Gotorum’, na ementa de resenha da vida daquele rei … Coimbra, possuída pelo inimigo, fora ermada e povoada a seguir por gente vinda de acima Douro.
Ação epopeica consideramo-lo, como em todos os tempos os vencedores julgaram as suas; porém, nós, com a sensibilidade moderna, meditamos nos morticínios a seguir à tomada e na redução ao cativeiro dos moradores restantes.
… E esse período, essa primeira reconquista cristã, permaneceu por um século, até às razias de Almançor, o que na mesma ementa é comentado sumariamente: … Almançor, pois, tomou Coimbra e, como a muitos foi ouvido dizer, ficou deserta sete anos, sendo reedificada pelos ismaelitas, que a conservaram em seu poder.
Era o ano de 987, como para Montemor se daria em 990. Se foi despovoada a cidade, o território permaneceu com a gente adstrita.
… a tomada de Coimbra, leva-nos … a da restaurada diocese visigótica conimbricense, a qual tinha por limite norte a corrente do rio Douro, desde Gaia (‘Castrum Antiquum’), com o distrito de Aveiro, prolongando-se para sul do Mondego.
… a vida (em Coimbra) podia decorrer normalmente, só entrecortada das lutas domésticas que não foram pequenas e dos ataques muçulmanos na fronteira sul, porque aqui, como diz Gonzaga de Azevedo … «Coimbra, cidade de fronteira com os sarracenos, mudou frequentemente de possuidor no decurso do século X. Libertada por S. Rosendo, em 968, voltou ao poder dos muçulmanos, que a dominaram até 981, e, em 975, percorriam e despovoavam a terra, até ás vizinhanças do Douro, sem obstáculo».
Gonçalves, A. N. 1978. Evocação do XI Centenário da Primeira Reconquista Cristã de Coimbra. Separata das Actas das I Jornadas do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro. Coimbra, Edição do GAAC. Pg. 3 a 5
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